AnálisesNintendoPCPlayStationSlide

CRYMACHINA | Review

CRYMACHINA é um jogo de ação, com alguns elementos de RPG e plataforma bem leves, desenvolvido pela FURYU Corporation e publicado pela NIS America, Inc. O título nos coloca no controle de um trio de garotas mecânicas que, tal qual um certo menino narigudo feito de madeira, lutam com unhas e dentes metálicos pela oportunidade de se tornarem pessoas de carne e osso.

E aí, será que vale a pena encarar esse rojão cibernético? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.

Chorando se foi…

Aqui estou eu, leitoras e leitores deste ilustre sítio, sentado nesta cadeira vestindo meu melhor cosplay de filósofo grego, e fazendo a famosa pose pensativa, enquanto me faço a seguinte pergunta: será que travei o alarme do carro? Preciso proteger aquela lata velha, só faltam mais duas e já vou quitar. O segundo questionamento que me roda a mente é: o que nos faz ser humanos?

Longe de mim querer responder essa pergunta de milhões, mais antiga que andar pra frente, com o conhecimento que possuo e nosso curto tempo por aqui. Mas, essa é uma coisa que me veio na cabeça após jogar nosso videojogo da vez: CRYMACHINA. Desenvolvido pelos mesmos criadores de Monark e The Calligula Effect, o jogo nos convida a questionar o que é realmente ser humano, os passos que nos levam até isso e se, no fim, realmente vale a pena.

Tudo isso, claro, apoiado por garotas robôs, muita pancadaria e uma trilha sonora com a qualidade que a FURYU sempre entrega. Admito que me surpreendi de diversas maneiras com a experiência, umas para o bem e outras para o mal, e que em certos momentos me senti confuso quanto ao que sentia. Mas, sem mais delongas! Hora de conversarmos para chegar a uma conclusão definitiva.

CRYMACHINA
Acorda, é hora de ler a review do Pizza Fria! (Imagem: Divulgação

A narrativa de CRYMACHINA é mais ou menos assim. O mundo em que vivemos está sendo varrido por uma doença misteriosa, com uma taxa de morte na casa dos cem por cento. Nossa protagonista, Leben Distel, foi uma das vítimas desse mal. Em seus últimos momentos, ela escuta uma voz dizer “você foi escolhida”, logo antes de tudo ficar escuro.

Mas não era o fim, afinal. Nossa garota acorda muitos anos no futuro, em um mundo pós-apocalíptico, recebida por uma androide chamada Enoa. Ao que parece, Leben se encontra em um lugar chamado Eden, no qual máquinas trabalham incessantemente para produzir um “humano de verdade”. Tanto nossa heroína quanto suas companheiras, Ami e Mikoto, são apenas código, dados de personalidade das pessoas que eram em vida.

Daí, CRYMACHINA caminha debatendo o real sentido da palavra humano, se tudo gira em torno de possuir um corpo de carne e osso, ou se ter uma consciência (ainda que baseada em uma de alguém que morreu) já não seria o suficiente para definir nossas amigas como garotas de verdade. Um tema já explorado, de fato, mas que o título trabalha muito bem. De fato, acredito ser um dos pontos mais fortes da obra. Por vezes me vi passando rápido pelos segmentos de ação apenas para acompanhas as voltas e reviravoltas da trama.

CRYMACHINA
Enoa, a androide que nos recebe na nova realidade. (Imagem: Divulgação)

O ciclo de jogo de CRYMACHINA é dividido entre o tempo que passamos dentro do jardim em que as personagens vivem, no mundo virtual, e combatendo inimigos no mundo real utilizando as crymachinas de cada uma. No primeiro, podemos nos focar em coisas mais práticas como melhorar as habilidades de cada personagem, usando experiência para subir de nível ou EGO para melhorar atributos específicos, ou assistir pequenas cenas nas quais Enoa, Leben, Mikoto e Ami conversam entre si. Algumas são necessárias para colocar a trama para frente, mas todas são bem divertidas de ver e ajudam a dar uma aprofundada nas motivações do trio.

Outra coisa que fazemos nesse momento é customizar as crymachinas de cada garota, colocando novas armas e equipamentos. Muitas delas aumentam e diminuem certos atributos, o que faz ter um entendimento do estilo de jogo de cada uma essencial para montar um kit realmente poderoso. Outra coisa que mudamos são os chamados auxiliares, armas que ativamos utilizando os botões L/R do controle e que servem como apoios aos nossos ataques. Por exemplo, alguns atiram sozinhos após carregar, outros servem como lâminas que atacam, e por aí vai.

Na parte da treta, CRYMACHINA se comporta como um jogo de ação. Controlamos uma das três garotas por fases, infelizmente bem curtas e lineares, enquanto enfrentamos diversos inimigos e chegamos até um terminal no qual o chefão do lugar nos espera. Pode ser um inimigo comum fortalecido ou, em momentos críticos, um chefão de fato. A maioria é bem divertida de enfrentar, inclusive.

Lutamos utilizando um botão para golpes fracos, um para golpes fortes, dois para os auxiliares, um para um pulo e uma combinação de dois para dar um finisher em um pobre coitado qualquer. Cada inimigo possui uma barra de stun, como visto em muitos jogos hoje em dia, que ao se completar o coloca num estado enfraquecido, do qual podemos dar um ataque forte para que ele caia no chão e fique aberto para levar uma surra daquelas.

CRYMACHINA
Mikoto atacando com sua espada e os auxiliares. (Imagem: Divulgação)

CRYMACHINA controla relativamente bem, com cada protagonista possuindo seu próprio estilo de combate de vai de um rápido e fraco com a Leben até o oposto com Ami, e Mikoto no meio do caminho. O único problema está quando enfrentamos diversos inimigos, visto que focar em apenas um é perigoso e a câmera tem o hábito de se comportar mal. Contudo, sair esquivando geralmente resolve isso. O problema está quando a esquiva falha ou nos manda para o lado oposto que queríamos.

O título também flerta com algumas seções de plataforma, na qual precisamos pular entre as coisas, ou fugir de um monstro. A ideia é louvável, mas o problema é que me parece que o título não foi feito para ter uma precisão maior nos controles, o que causa uma séria dor de cabeça nessas horas. Mas, esses momentos não são muito comuns, pelo menos.

Por fim, os cenários são bem repetitivos e curtos, com pouca ou nenhuma exploração. Vale a pena caçar uma coisa ou outra porque conseguimos códigos para visitar fases adicionais, mas pouco nos interessa ficar refazendo as fases. Tudo em tudo considerado, ficamos com os sentimentos mistos em relação a esse aspecto do título.

CRYMACHINA
Leben preparando para finalizar um coitado. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais em CRYMACHINA

CRYMACHINA, como ocorre na maioria dos jogos da FURYU, possui um visual bem agradável. Principalmente em se tratando do design dos personagens e de seus retratos, que ficaram muito bem feitos. Os modelos, também, me agradaram bastante. Uma coisa que me incomodou, no entanto, foi uma resolução um pouco baixa no modo portátil, que somada à interface meio cheia acaba por deixar a ação meio confuso.

A trilha sonora também é competente, com músicas muito boas (algumas com vocal) que casam perfeitamente com o clima do jogo. As vozes, também, ficaram muito boas de ouvir e com uma alta qualidade. Isso é essencial para vender a trama do título, e foi um ponto acertado.

CRYMACHINA
Baleias voadoras, cara. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar CRYMACHINA?

É chegada a hora do grande questionamento, filósofos e filósofas do reino da pizza: será que CRYMACHINA vale a pena? Será que seremos mais humanos ao joga-lo, com os sentimentos mistos de amor e ódio? Ah, tantas perguntas em nossos corações, e tão pouco tempo. Bom, sem mais delongas então. Comecemos pelo lado A, depois o lado B.

CRYMACHINA me engajou bastante por sua trama, que combina questionamentos sobre o que configura um ser humano, sobre conceitos como elos familiares e, até, sobre como nossos traumas e dores nos transformam em quem somos. Tudo isso com visuais e sons bem legais. A jogabilidade também é maneira, sendo rápida e até com certa profundidade. Contudo, a câmera é meio desobediente, o que deixa as sessões de plataformas (ainda que poucas) bem piores. Somado a isso, as fases são muito curtas, com pouca variedade de cenários e objetivos. Acabam sendo apenas um corredor ínfimo da entrada até o chefe, com um ou dois inimigos no meio.

Tudo em tudo considerado, eu acredito que meu tempo com CRYMACHINA foi bem gasto, muito obrigado. A narrativa conseguiu me fisgar, e acompanhar as desventuras das quatro protagonistas fez valer o preço da entrada. O combate também é legal, não me entendam mal, mas ele acaba sendo mais do mesmo na maioria do tempo. Se curtir jogos com uma boa trama, pode ir sem medo. Se preferir seus action rpgs com um pouco mais de sustança nas mecânicas de combate, vale a pena também. Só não espere uma variedade muito grande na hora de descer o braço na galera.

CRYMACHINA será lançado no dia 24 de outubro para Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5PC, via Steam.

*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela NIS America

CRYMACHINA

+ R$ 314,90
7.9

História

9.0/10

Jogabilidade

7.0/10

Sons e Visuais

9.0/10

Extras

6.5/10

Prós

  • Narrativa bem legal
  • Sons e visuais agradam, principalmente os modelos
  • Combate é divertido, com boas opções
  • As cenas do tea party, nas quais as protagonistas interagem, são boas de acompanhar

Contras

  • Câmera meio estranha
  • Fases muito curtas, com pouca variação
  • Cenários repetitivos
  • Partes com plataformas penam por conta dos controles
  • Ausência de textos em PT-BR

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.