Banishers: Ghosts of New Eden | Review
Banishers: Ghosts of New Eden é um jogo de aventura com foco narrativo no qual os jogadores encarnam uma dupla de banidores cuja missão principal é erradicar uma ameaça fantasmagórica significativa na região de New Eden, um local nos Estados Unidos ainda colonial. Desenvolvido pela DON’T NOD, estúdio reconhecido pelo sucesso de Life is Strange, este novo título promete uma trama emocionante, repleta de escolhas que alteram o curso da história. Mas será que Banishers: Ghosts of New Eden consegue proporcionar uma experiência memorável? Descubra a resposta agora, nesta análise antecipada do Pizza Fria!
Red e Antea
A trama de Banishers: Ghosts of New Eden se inicia com Red e Antea, dois banidores cuja missão essencial é exorcizar os fantasmas que atormentam locais ou indivíduos. A dupla apresenta perspectivas quase antagônicas sobre como abordar essas ameaças sobrenaturais. Red adota uma postura mais amena e sensata, frequentemente buscando entender as circunstâncias que levaram o espírito a perseguir um lugar específico. Ele sustenta a ideia de que nem sempre é necessário expulsar os espectros de maneira agressiva, considerando que, em alguns casos, é possível auxiliá-los a alcançar a liberdade e a paz. Por outro lado, Antea discorda, acreditando que os fantasmas apenas desejam consumir a energia vital dos vivos e infligir sofrimento.
Essa divergência de visões entre os protagonistas enriquece os primeiros momentos da narrativa, evidente tanto em diálogos com personagens não jogáveis (NPCs) durante a investigação inicial em New Eden quanto nas interações entre Red e Antea. Após a dupla exorcizar um espírito e coletar informações sobre a principal ameaça da área, Antea resolve confrontar o espectro maligno sozinha, na tentativa de proteger Red. Contudo, a situação se agrava drasticamente: Antea é morta e Red é arremessado por uma janela ao mar, ficando à beira da morte.
Red é resgatado por uma aprendiz de bruxa, que o informa sobre o adversário que deve enfrentar e o lembra de que sua missão ainda não terminou. Durante sua jornada, ele encontra o espírito de Antea, e juntos precisam decidir como proceder. Red cumprirá seu papel de banidor e exorcizará Antea definitivamente, ou arriscará tudo para revivê-la?
Banishers: Ghosts of New Eden explora de maneira profunda o desenvolvimento dos protagonistas ao longo da campanha, permitindo ao jogador perceber a evolução de seus pensamentos e as dúvidas que surgem diante das exigências extremas de seu ofício. Além do embate pessoal entre os banidores, o game também apresenta uma variedade de casos sobrenaturais a serem solucionados, ampliando o escopo da experiência.
Casos sobrenaturais
Em Banishers: Ghosts of New Eden, um elemento crucial é a série de casos sobrenaturais que Red e Antea enfrentam ao longo de sua jornada. À medida que a história se desenrola, eles se deparam com habitantes de New Eden atormentados por entidades fantasmagóricas. A resolução desses casos exige um meticuloso processo investigativo, que inclui seguir pistas, interrogar moradores locais e desvendar as motivações dos espíritos. O título se destaca ao adicionar complexidade a esses casos, introduzindo reviravoltas inesperadas e personagens com tramas mais elaboradas do que inicialmente parecem. Frequentemente, a linha entre o certo e o errado se torna tênue, desafiando os princípios morais dos banidores.
Banishers: Ghosts of New Eden não simplifica a resolução dos mistérios, exigindo dos jogadores uma observação detalhada do ambiente e a análise de documentos dispersos pelo cenário, que podem conter pistas cruciais para solucionar os casos. É essencial reconhecer que, ao concluir cada investigação, decisões deverão ser tomadas, influenciando significativamente o destino dos personagens e o rumo da narrativa. O jogo é eficaz em oferecer conclusões singulares que afetam diretamente o desfecho alcançado pelos jogadores ao final da aventura.
Explorando New Eden
Banishers: Ghosts of New Eden apresenta uma estrutura predominantemente linear, entretanto, oferece ambientes amplos que permitem uma exploração esporádica. Ao explorar, os jogadores podem descobrir tesouros, segredos e documentos ocultos que enriquecem a narrativa. A progressão nos diversos cenários frequentemente envolve a resolução de enigmas ambientais, que vão desde mover objetos para alcançar áreas elevadas até escalar formações rochosas ou descer de alturas utilizando cordas. Os poderes espirituais de Antea são fundamentais em certas seções do game, permitindo a destruição de áreas específicas para abrir novos caminhos ou o uso de uma forma de teletransporte para acessar locais de outra forma inacessíveis.
Durante as incursões pelos cenários, é possível encontrar acampamentos que servem como pontos de descanso para os protagonistas, onde podem reforçar equipamentos e habilidades, além de acessar o sistema de viagem rápida. Apesar do conceito promissor de áreas abertas, a mecânica de exploração não se mostra eficaz, faltando um senso de recompensa genuína que torne a exploração dos cenários mais atraente, tornando-se rapidamente um aspecto repetitivo da experiência de gameplay.
Sistema de equipamentos e habilidades
Em Banishers: Ghosts of New Eden, Red e Antea dispõem de conjuntos de habilidades distintos. Com a aquisição de experiência (XP), os jogadores podem distribuir pontos para aprimorar as capacidades dos dois banidores, inclusive desbloqueando habilidades que podem ser empregadas de forma colaborativa durante os combates. O jogo adota um sistema de progressão relativamente simples, que atende à necessidade de introduzir novas técnicas aos personagens. No entanto, esse aspecto carece de maior profundidade, uma vez que, em determinado estágio, o jogador pode deixar de perceber um aumento significativo no poder dos protagonistas.
O sistema de equipamentos também não atinge as expectativas. Ao longo da campanha, os jogadores têm a oportunidade de adquirir novos armamentos, como espadas e rifles, bem como peças de armadura que proporcionam maior defesa e atributos benéficos. Conforme os recursos são coletados durante a exploração do mapa, é possível melhorar esses itens, reforçando suas características. Contudo, assim como ocorre com o sistema de habilidades, há um ponto em que a sensação de progressão se estagna, passando a sensação que incrementos no dano infligido ou na defesa oferecida acabam não sendo suficientes para transmitir uma evolução palpável na capacidade de combate dos personagens.
O combate não funciona bem
Minha principal preocupação com Banishers: Ghosts of New Eden estava relacionada ao sistema de combate, especialmente considerando que o título anterior da desenvolvedora, Vampyr, deixou a desejar neste aspecto. Apesar de haver uma melhoria significativa em relação ao projeto anterior, o sistema de combate ainda está longe do ideal. O jogo adota uma mecânica de movimentação e combate semelhante à encontrada nos títulos mais recentes da série God of War, permitindo caminhar, correr, e realizar ataques leves e pesados. À medida que golpes são desferidos nos adversários, um medidor de ataque especial é preenchido, possibilitando a execução de um poderoso ataque de banimento quando completo.
Um elemento inovador nos confrontos é a presença de Antea em sua forma espectral. É possível alternar entre os protagonistas em tempo real, cada um mostrando-se mais eficaz contra certos tipos de inimigos. Com o avanço do jogo, ataques especiais conjuntos tornam-se disponíveis, incluindo golpes em área, disparos com armas de fogo e combinações de movimentos. No entanto, apesar de teoricamente promissor, o sistema de combate apresenta falhas significativas na prática. A movimentação dos personagens é rígida e a resposta aos comandos muitas vezes é insatisfatória, especialmente no que diz respeito à esquiva, que nem sempre evita dano mesmo quando executada corretamente.
A variedade de inimigos é limitada, com as lutas contra chefes sendo os momentos de destaque, oferecendo designs de criaturas únicos e exigindo estratégias variadas. Esses confrontos evidenciam o potencial dos combates, desafiando os jogadores a dominarem as habilidades dos banidores. No entanto, os problemas de movimentação persistem, mesmo nas batalhas mais intensas e dinâmicas.
Trilha Sonora
A trilha sonora de Banishers: Ghosts of New Eden é um dos seus pontos fortes, imergindo os jogadores no enigmático mundo sobrenatural de New Eden. As composições instrumentais elevam a tensão durante os confrontos e embates com chefes, enquanto o design sonoro da ambientação capta com maestria a sensação de adentrar o desconhecido, reforçando a atmosfera misteriosa do game.
Gráficos e desempenho
No quesito gráficos, Banishers: Ghosts of New Eden apresenta uma performance variável. A recriação da atmosfera dos anos 1600 é, em grande parte, bem-sucedida, retratando o nascer das colônias e a emergência do comércio. No entanto, uma inspeção mais detalhada dos cenários, especialmente em áreas mais confinadas, revela falhas como atrasos na renderização e bugs visuais, como objetos que atravessam paredes.
A repetição de certos ambientes também compromete a diversidade do título, com áreas como os arredores de um acampamento na floresta parecendo excessivamente similares, o que pode dar a impressão de que o jogador está circulando o mesmo local repetidamente. Apesar desses problemas, o game consegue, de forma geral, manter os jogadores envolvidos no universo proposto, contanto que não se analisem os detalhes muito de perto.
Quanto ao desempenho, minha experiência foi no PlayStation 5, onde o game oferece dois modos: qualidade e desempenho. No modo qualidade, apesar da resolução elevada e de uma ambientação mais rica em detalhes, a taxa de quadros por segundo (FPS) sofre quedas significativas durante os combates, podendo até mesmo ocasionar travamentos durante a execução de ataques especiais. O modo desempenho, embora priorize a fluidez com uma meta de 60 FPS, não está isento de problemas, com quedas de FPS ainda presentes, apesar da redução nos detalhes gráficos e na resolução. De modo geral, o modo desempenho oferece uma experiência mais estável e é a opção recomendada para jogadores que priorizam a fluidez.
Vale a pena comprar Banishers: Ghost of New Eden?
Banishers: Ghosts of New Eden se destaca por sua envolvente narrativa. O jogo faz um excelente trabalho ao desenvolver seus protagonistas e os diversos personagens encontrados ao longo da aventura, criando uma experiência memorável repleta de escolhas significativas. Contudo, essa imersão narrativa é parcialmente comprometida por um sistema de combate que deixa a desejar e por problemas de desempenho.
Apesar desses contratempos, Banishers: Ghosts of New Eden é altamente recomendável para aqueles que apreciam uma história bem construída com elementos sobrenaturais, contanto que possam tolerar alguns aspectos menos polidos de gameplay.
Banishers: Ghost of New Eden foi desenvolvido pela DON’T NOD e será lançado no dia 13 de fevereiro para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Focus Entertainment.
Banishers: Ghosts of New Eden
R$ 299,90Prós
- A história é boa
- O game desenvolve muito bem os personagens principais e secundários
- Boas batalhas contra chefes
- Legendas em PT-BR
Contras
- O combate poderia ser melhor
- O sistema progressão de equipamentos e habilidades é simples demais
- Os gráficos deixam a desejar em alguns cenários
- Problemas de performance no PlayStation 5