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Broken Roads | Review

Broken Roads, desenvolvido pela Drop Bear Bytes e publicado pela Versus Evil, é um RPG tradicional com foco em narrativa. Nele, os jogadores se aventuram por uma Austrália pós-apocalíptica, enfrentando o vasto território australiano em um sistema no qual precisam sobreviver, formar laços e tomar decisões difíceis que moldarão sua moralidade.

Contando com diversas opções de desenvolvimento para personagens, o destaque fica para a Bússola Moral, que está interligada à inclinação filosófica do personagem. Isso ocorre através das opções de diálogos e escolha de missões, influenciando diretamente a bússola e, consequentemente, seu destino. Entre tantos elementos narrativos e histórias complexas, Broken Roads possui o carisma e a imersão necessários para conquistar o público? Confira a resposta agora, em nossa análise antecipada no Pizza Fria!

História

Em meio à guerra na Austrália, a melhor opção encontrada foi o uso de uma bomba nuclear, algo que teoricamente acabaria com o conflito. No entanto, o efeito foi devastador sobre o país. Quando a bomba caiu, cerca de 80% da população foi exterminada, e aqueles que sobreviveram disseminaram a radiação para locais isolados, como o interior do território, afetando drasticamente a região. O deserto australiano, implacável, também contribuiu para o processo.

Contrariando todas as expectativas, alguns poucos sobreviventes restaram e reconstruíram suas vidas, além de travarem suas próprias batalhas contra a fome e doenças. No entanto, algumas pessoas ainda insistiam em esquecer todos os sacrifícios realizados, entrando em conflitos constantes pela sobrevivência.

Seguindo a força e perseverança de seus antepassados, sua meta será sobreviver e ajudar na reconstrução e na formação de alianças na nova sociedade. Nesse momento, somos direcionados para nossa origem ou experiências obtidas ao longo da vida, entre quatro opções de escolha relacionadas ao personagem que será criado. O especialista em armas é ótimo ao lidar com armamentos e é perspicaz em sua análise tática.

Já o especialista em pesquisas possui o potencial necessário para a exploração na região remota da Austrália, além de conhecimentos específicos sobre animais, vegetação e sistemas de orientação. Em relação à liderança e ao diálogo constante, o especialista em negociações é a pessoa indicada para atividades que envolvam permuta, algo fundamental em uma sociedade com recursos escassos.

Por fim, não menos importante, sua vida pregressa o direcionou ao conhecimento sobre ferramentas, animais, além de um instinto elevado de sobrevivência, sendo um especialista em funilaria e outras atividades de criação, possuindo um forte poder criativo. Após optar por nossa origem, encontramos oito estilos de personagens já prontos, apenas escolhendo seus nomes. Não há um sistema de personalização no início do jogo, apenas a escolha entre as características distintas entre eles e seu gênero.

Broken Roads
Broken Roads é uma jornada pós-apocalíptica singular (Imagem: Reprodução)

Apesar de apreciar histórias com forte apelo narrativo, Broken Roads transmitiu uma sensação mista entre a imersão e eventuais momentos de dispersão. São muitos diálogos e a densidade impressiona. O jogo fundamenta-se em conceitos abrangidos pelo estudo da filosofia. Alguma vez já se questionou sobre o sentido da vida, sobre o conceito de verdade ou sobre entender o que é certo ou errado? A filosofia é uma forma de compreender o mundo, a vida e, principalmente, a nós mesmos. A moralidade também está inclusa e é o conceito que mais surge durante nossa jogabilidade.

Uma jornada e suas consequências

Recentemente, fui questionada sobre o caminho que sigo ao escolher os jogos para análise. Sempre opto por jogos com escopo indie, em um console de última geração. Basicamente, me importo com as pessoas, com os pequenos desenvolvedores e acredito que a experiência em jogos mais simples enriquece o conhecimento e auxilia em minha jornada como redatora. Através de Broken Roads, também obtive um aprendizado importante, pois o jogo investe na experiência mais tradicional de RPG, algo que, particularmente, não tenho jogado há algum tempo, além das questões abordadas durante o progresso no título.

A gama de opções no título é absurda. Como resultado, sua jornada sempre é afetada com base em sua origem, ações efetuadas anteriormente e depende também do quadrante moral que sua bússola indica naquele momento. São tantos elementos interligados que resultam em diversas soluções viáveis, desde as mais pacíficas até as que direcionam ao combate. Apesar da opção de um caminho pacífico existir, Broken Roads exigirá, em algum momento, que você assuma uma posição mais ativa e inicie um confronto. O combate tático adotado no título baseia-se em um RPG tradicional, onde cada arma, distância e ação infringem um dano específico. Sinto que alguns ajustes deveriam ser implementados para tornar a dinâmica mais responsiva e otimizada.

Broken Roads
Cada diálogo e tomada de decisão afetará a história. (Imagem: Reprodução)

Soube que Broken Roads possui forte inspiração nos jogos iniciais de Fallout, outra franquia que conheço apenas através de vídeos no YouTube, os quais tive a curiosidade de assistir, resumidamente, sobre todos os jogos da franquia, história e características. Apesar do conhecimento adquirido, mesmo assim, não aumentou meu ânimo para encarar a franquia de sucesso.

A Bússola da Moralidade

Broken Roads destaca-se pela Bússola da Moralidade, que é um sistema muito interessante. Fiquei admirada com a forma como afeta o personagem, influenciando suas tendências, especialidades e demais recursos, sempre envoltos em camadas extras de personalização, o que resulta em inúmeras combinações. Dependendo de nossas escolhas, os efeitos adquiridos serão prioritariamente passivos. No entanto, ao assumirmos um papel questionável e agressivo, obtemos efeitos diretos, afetando também nossas habilidades sociais.

Ela aborda quatro áreas, sendo elas: Humanista, Utilitarista, Maquiavélico e Niilista. O Humanista segue uma linha onde cada pessoa importa e merece dignidade. O Utilitarista foca no grupo, no todo, onde a felicidade de todos importa, sempre priorizando o bem-estar coletivo em detrimento de um indivíduo específico. O Maquiavélico assume a posição de que os fins justificam os meios e valoriza apenas o seu grupo, sem considerar outros interesses. Por fim, o Niilista é egocêntrico e não se importa com mais nada além de sua própria sobrevivência.

A interface do usuário adota um estilo simplificado e objetivo, onde gerenciamos o inventário de nosso grupo, contendo dinheiro, armas, mercadorias e itens adicionais como itens de cura. É uma espécie de estoque compartilhado, bloqueado sempre antes de cada confronto, indicando uma preparação prévia antes de ações mais complexas, gerenciando a melhor forma de entrar em combate. Detalhes adicionais são gerenciáveis através de uma aba que fornece informações sobre o personagem, incluindo habilidades, atributos e o próprio nível de experiência. Nossos pontos de habilidade são ganhos ao subir de nível e adicionados de acordo com nosso foco e estratégia.

Broken Roads
A Bússola da Moralidade é o destaque em Broken Roads. (Imagem: Reprodução)

Cada item ganha uma descrição específica sobre seu dano, tipo de uso e valor. Itens de cura, por exemplo, restauram um determinado número de HP, enquanto itens de dano são eficazes no ataque à distância, fornecendo informações detalhadas sobre o dano causado. Uma arma possui informações adicionais, como a capacidade de munição, recarga e outros detalhes sobre seu dano.

Em relação às habilidades, nossos pontos serão investidos em combate corpo a corpo, arremesso, maestria de tiro, conhecimentos em biologia, liderança e diversas outras características em uma linha de progressão que achei intuitiva e bem explicada. Os atributos envolvem características como força, agilidade, conhecimento, inteligência e carisma. Tanto os atributos quanto as habilidades são eficazes e bem implementados, auxiliando e determinando a atuação dos personagens, além de permitir uma liberdade de otimização por parte do jogador.

Broken Roads é singular

O bioma australiano, seu ecossistema e sua cultura foram os elementos chave para minha escolha de receber este jogo para análise. No entanto, a densidade de informações não foi o fator de entretenimento que esperava, resultando em diversos momentos de cansaço significativos. Analisando o título de forma bem antecipada, antes de seu lançamento, presenciei algumas questões envolvendo o áudio ou animações questionáveis, além de eventuais erros de script e outras peculiaridades que, provavelmente, serão resolvidas após seu lançamento.

O idioma PT-BR ou quaisquer outras opções não estavam disponíveis, mas a promessa é de que estarão disponíveis para o lançamento. Ressalto, mais uma vez, a importância de um idioma localizado e, no caso de Broken Roads e sua complexidade narrativa, é extremamente necessário para atrair a atenção do público gamer no Brasil.

Uma implementação adotada, como direcionar os personagens através de cliques na tela, na minha opinião, sempre funciona melhor em suas versões para PC e não para os consoles. Não sou fã de jogos estratégicos ou de construção, justamente por não “abraçar” a forma como são adaptados para os controles, preferindo sempre o uso do mouse e teclado nesses estilos de jogos. Apesar do sistema de movimentação, os personagens respondem bem aos comandos e a visão isométrica mais próxima auxilia na obtenção de detalhes de animação e estéticas únicas.

Broken Roads
Atributos e habilidades são organizados de forma intuitiva. (Imagem: Reprodução)

O conceito artístico utilizado em Broken Roads imprime a velha sensação de arte desenhada à mão e uma estética retrô, envolvendo um clima árido e selvagem encontrado na Austrália. A aspereza se faz presente, tornando elementos de cena destaque entre as direções artísticas perceptíveis que foram tomadas, fugindo do realismo e adotando uma estética ousada em sua arte conceitual, experimentando, ao mesmo tempo, personagens, animações e tudo o que compõe o mundo proposto. Toda a experiência e a sensação de realmente transitar pela Austrália são incríveis.

Vale a pena comprar Broken Roads?

Broken Roads é complexo. Transita entre diversos momentos de consistência narrativa, por vezes se perdendo no processo ao adicionar diálogos em excesso e demasiadas decisões, sem investir em situações mais equilibradas entre ação e direcionamento narrativo. Existe, sim, um forte apelo pela identidade, e o mundo pós-apocalíptico australiano reflete com maestria suas características artísticas únicas; afinal de contas, o mundo mudou e seus habitantes estão em constante evolução.

Será uma experiência desafiadora para novatos em RPGs mais clássicos, especialmente aqueles ávidos por combate. Infelizmente, o título não correspondeu totalmente às minhas expectativas; no entanto, destaco que foi válido por entregar um sistema de bússola moral que nunca havia experimentado antes, além da experiência de fugir do padrão europeu ou americano, o que adicionou um frescor e não me deixou desanimar em meio ao cansaço da leitura. Indico Broken Roads como um título diferenciado entre tantos outros títulos presentes no mercado.

Broken Roads estreia nesta quarta-feira, 10 de abril para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Versus Evil.

Broken Roads

7.5

História

8.0/10

Gameplay

7.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Bioma Australiano pós-apocalíptico
  • História com profundidade
  • Personagens interessantes e intrigantes
  • A Bússola da Moralidade é o grande destaque do jogo

Contras

  • Sistema de movimentação de personagens estilo point 'n' click
  • Narrativa confusa em alguns momentos
  • A quantidade de informação e leitura ocasiona dispersão e cansaço

Vanessa Lopes

    Gamer raiz, assoprava cartuchos e executava jogos no MS-DOS. Carioca que ama dias chuvosos, gostaria de ser paulista e morar na terra da garoa. Cria conteúdos sobre jogos, tenta dominar dados, porém, super noob em Power BI.