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Morbid: The Lords of Ire | Review

Morbid: The Lords of Ire é um soulslike de ação em terceira pessoa desenvolvido pela Still Running e publicado pela Merge Games. Nele, controlamos uma guerreira com a agradável, leve e nada perigosa missão de sair peregrinando por diversos lugares de um reino destruído e desgraçado enquanto libera as cabeças de cinco malvadões de seus respectivos pescoços. Aquela motivação clássica, não é mesmo?

Mas e aí, será que a jornada vale a pena? É o que tentaremos descobrir agora, em mais uma amável análise do Pizza Fria!.

Nervosíssimos

Mais um ciclo solar e mais um jogo, amadas leitoras e leitores deste excelentíssimo reduto de paz, amor e excentricidade da grande rede de computadores. Hoje, para nossa alegria, vamos estar a falar de um soulslike, um dos gêneros mais quentes e explorados do momento. E não sem razão. Afinal, quando bem aplicada, a fórmula rende experiências de qualidade, capazes de agradar até os mais exigentes.

E é com essa aposta que nosso jogo de hoje, Morbid: The Lords of Ire entra em cena. O título chega como continuação de Morbid: The Seven Acolytes, que aplica a fórmula souls através de gráficos pixelizados e uma visão com a câmera acompanhando a ação de cima. Não cheguei a jogá-lo, mas me recordo de ver pessoas pelas quais tenho diferentes níveis de apreço tecendo críticas promissoras. Será que a tendência irá se manter ?

Algo digno de nota é que Morbid: The Lords of Ire faz uma aposta ousada, ao trocar o esquema de jogo para ambientes totalmente em 3D. Ainda que eu prefira o estilo antigo, acho um ato corajoso por parte da desenvolvedora, principalmente por este se tratar de uma continuação direta de uma série que ainda dá seus primeiros passos. Mas, será que deu bom? Venham e vejam, irados e iradas.

Morbid: The Lords of Ire
Só mais um dia de trabalho. (Imagem: Divulgação)

História

Morbid: The Lords of Ire conta mais um trampo da Striver, protagonista do primeiro jogo e destruidora de aberrações e abominações número um de todos os reinos. Em sua mais nova (des)aventura, nossa chegada precisa fazer a limpa, novamente, através do bom e velho ato de dar fim na existência de cinco grandes malvadões: os senhores da Ira.

Devo admitir que a premissa central não sai tanto além disso, servindo mais como uma linha para nos direcionar e explicar, minimamente, o que temos que fazer e por quê os senhores da Ira merecem conhecer a ponta afiada de nossas diversas armas. E, na verdade, isso acaba por ser um grande desperdício, visto que o mundo que o jogo passa, assim como os sofrimentos e horrores de seu povo, é bem interessante.

Logo no início recebemos uma enciclopédia contendo diversas informações sobre monstros, lendas, aliados, personagens, áreas e tudo que puder imaginar acerca do que nos rodeia. De fato, certos jogos conseguem passar muito bem uma ideia de coesão e profundidade de sua trama mesmo sem apelar de artifícios mais elaborados, tal como feito por muitos jogos da From Software. Contudo, Morbid: The Lords of Ire não o consegue, acabando por deixar boa parte do que o torna interessante escondido das vistas do jogador.

Morbid: The Lords of Ire
De onde será que isso saiu? (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Morbid: The Lords of Ire é um jogo de ação em três dimensões, com fortes influências soulslike. Portanto, passamos boa parte de nosso tempo explorando cenários e enfrentando inimigos impiedosos que reaparecem sempre que damos uma parada para meditar e recuperar nossa vida. Além disso, a gestão da barra de vigor é essencial para poder nos manter em combate, bem como o bom uso dos diferentes armamentos que encontramos.

Nossa protagonista pode lutar através de golpes fortes, fracos, uma arma de disparo único que recarrega ao derrotarmos inimigos, um rolamento e uma esquiva bem sem-vergonha. Toda ação que executamos possui um custo em vigor, que se recupera gradativamente. Diferentemente de outros do estilo, os atributos da protagonista são melhorados através de “bençãos”, representadas por cartas que encontramos em nossas andanças.

Morbid: The Lords of Ire nos fornece uma série de benefícios, com cada carta tendo uma temática e três “níveis”, que podem ser equipados até um máximo de cinco ao mesmo tempo. Matar inimigos nos dá uma certa quantidade de experiência que, após ser convertida em pontos, pode melhorar cada um deles. A ideia é boa, mas na prática significa que temos pouca liberdade de customização, e ficamos dependentes de encontrar cartas com bênçãos novas. Ainda que seja engenhosa, não me agradou tanto.

Em se tratando de equipamentos, Striver encontra, ao longo de suas andanças, uma boa quantidade de armas que pode utilizar para causar dor e sofrimento aos inimigos. Ainda que sejam variadas, elas normalmente variam entre rápidas, lentas, longas e curtas. Além disso, cada uma possui atributos que podem ser melhorados através de runas que achamos e equipamos. Elas, geralmente, melhoram um deles em detrimento do outro, e podem ser fundidas em cada arma através do menu de infusão. Essa mecânica é bem legal, e essencial para termos um chance contra os monstrões.

Morbid: The Lords of Ire
Preciso de uma marreta maior. (Imagem: Divulgação)

O combate de Morbid: The Lords of Ire é bem divertido, rápido, frenético e cheio de exageros, com sangue voando para todo lado e inimigos grotescos. Além disso, o jogo possui uma maneira bem engenhosa de adaptar suas mecânicas de acordo com as ações do jogador, através da barra de insanidade e esclarecimento.

Além de ter um efeito visual, elas mudam alguns atributos de nossa personagem. Bater com cadência, além de dar mais dano, faz Striver ser mais serena. Com isso, vemos os cenários de maneira normal, levamos menos dano e ganhamos mais XP. Do contrário, alta insanidade nos faz ver tudo deturpado e escuro, além de deixar tanto nosso dano levado quanto causado nas alturas. Saber manipular isso é essencial, além de bem divertido.

Por fim, curti bastante a jogabilidade de Morbid: The Lords of Ire. Os controles são bem responsivos, precisos, e trocar tapas com os inimigos nunca fica chato. Em boa parte, por sinal, devido à boa variedade de armas e runas, que facilitam muito na hora de encontrarmos, e aprimorarmos, nosso estilo de jogo. Ainda, a falta de preocupações como alocação de pontos de atributo, armaduras e similares faz com que esse seja um soulslike bem interessante para quem nunca jogou nada do gênero.

Morbid: The Lords of Ire
Vem tranquilo. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Morbid: The Lords of Ire tem visuais não muito originais, mas bem variados e suficientemente competentes. Os inimigos são bem legais, e com uma boa variedade, e os cenários pelos quais passamos possuem temáticas diferentes e bem interessantes. Tudo casa muito bem com a atmosfera do jogo, a ação é boa de acompanhar e não tive problemas com lentidão. Por fim, a interface é um pouco carregada demais, e não muito bonita de se ver.

O departamento de som me agradou, com efeitos potentes e trilhas que embalam muito bem as batidas do jogo. Algumas das músicas realmente brilham e, embora compartilhem da falta daquele fator originalidade, são muito bem feitas.

Morbid: The Lords of Ire
Os cenários são bem legais. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Morbid: The Lords of Ire?

É isso aí que vocês leram, leitores e leitoras. Será que Morbid: The Lords of Ire vale a pena ? Será que a mudança de perspectiva e estilo foi acertada, ou acabou sendo uma espadada no pé ? Bom, nos resta apenas relembrar o que falamos até o momento e tentar chegar a uma conclusão minimamente aceitável. Dito isto, vamos nessa.

Do lado positivo, o jogo possui uma jogabilidade divertida e frenética, com boa variedade de arma e customização de seus atributos por runas. Além disso, temos um universo interessante, uma boa quantidade de tipos de inimigos e chefes, além de cenários legais para visitar. De negativo, cito o sistema de bênção, a esquiva muito curtinha, o ar pouco original da obra e a trama mais escondida do que deveria ser.

Mas, no fim das contas, ainda acredito que Morbid: The Lords of Ire seja uma ótima experiência. Apesar de não ser perfeito, ou ir muito além de seus pares, o título agrada e faz o que se presta com qualidade. Além disso, por ser mais brando com alguns elementos mais punitivos do gênero, ele também pode ser um excelente primeiro soulslike. Recomendo.

Morbid: The Lords of Ire está disponível desde o dia 17 de maio para PC, via SteamPlayStation 4, PlayStation 5Nintendo SwitchXbox One e Xbox Series X|S.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Merge Games.

Morbid: The Lords of Ire

+ R$ 73,99
7.5

História

7.0/10

Jogabilidade

8.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Boa quantidade de runas e armas
  • Sistema de insanidade ficou legal
  • Boa variedade de inimigos
  • Jogabilidade precisa e divertida
  • Bom ponto de entrada para o gênero

Contras

  • Sistema de evolução por bênçãos ficou meio raso
  • Esquiva curta demais
  • Alguns designs não são muito inovativos
  • Sem legenda em PT-BR
  • Trama não mostra tudo que poderia, escondendo boa parte do que realmente impressiona

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.