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Men of War II | Review

Eu amo jogos de guerra, sobretudo aqueles que tem uma pegada mais voltada para simulação. E, bem, Men of War II, jogo da Fulqrum Publishing e a Best Way disponível para PC via Steam Epic Games Store, apresenta justamente isso, com muita brutalidade e intensidade, tal como em uma guerra. Ou seja, você terá que lidar com uma série de variáveis para dominar o jogo, que continua a conhecida franquia. Assim, Men of War II traz consigo algumas novidades, uma maior complexidade de jogo, diversas funções e gráficos aprimorados.

Sendo assim, é um jogo que traz diversas opções para os jogadores e jogadoras, tanto para jogar sozinho ou com outras pessoas, sendo a parte mais interessante, sobretudo pela dificuldade trazida pelo jogo, que preza pela simulação. Sendo assim, será que essa ideia de ser uma espécie de “simulador” funciona, ou só complica a jogabilidade? Essa pergunta e várias outras serão respondidas nesta análise. Confira!

O cenário de guerra de Men of War II

Uma coisa que sempre gosto de observar em jogos de guerra é o pano de fundo escolhido pelos desenvolvedores. E a Best Way acertou em cheio neste ponto. Men of War II oferece uma experiência narrativa bem rica e baseada em eventos reais da Segunda Guerra Mundial, dividida em três campanhas distintas que retratam toda a brutalidade do maior conflito da história da humanidade. Portanto, cada campanha do jogo proporciona uma perspectiva distinta, mostrando diferentes percepções sobre o que é a guerra.

  • Defesa soviética na Frente Oriental: Esta campanha coloca os jogadores no comando das defesas soviéticas contra a invasão nazista. Assim, você irá liderar as forças soviéticas em uma luta para proteger seu território, enfrentando o início da brutal chacina na frente oriental. Esta campanha destaca a resiliência e a determinação do Exército Vermelho, oferecendo missões intensas onde a improvisação e o uso estratégico de recursos limitados são cruciais para a sobrevivência.
  • Comando dos Estados Unidos na Normandia: Nela, você assume o papel de um comandante dos Estados Unidos durante a invasão da Normandia. Aqui, a narrativa se foca na capacidade de adaptação e improvisação dos soldados americanos ao enfrentarem um território totalmente desconhecido e hostil. Portanto, com recursos escassos, você deve superar a máquina de guerra nazista, utilizando táticas inteligentes e maximizando o uso do terreno para ganhar vantagem sobre o inimigo.
  • A Fuga da Wehrmacht para Berlim: A última campanha oferece uma visão bem diferente dos jogos. Ela nos coloca no papel de um oficial da Wehrmacht em fuga para Berlim. Este oficial, apesar de odiar o regime nazista, encontra-se em uma posição onde suas ações acabam atrasando a inevitável derrota do Terceiro Reich. Assim, esta narrativa explora o dilema moral e a desilusão dos soldados alemães, adicionando uma camada de profundidade emocional e complexidade ao jogo.
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Tática é tudo! (Imagem: Divulgação)

Com essas três campanhas bem interessantes, Men of War II entrega boas histórias, além de perspectivas completamente diferentes da guerra, sendo um grande destaque a última campanha citada, com a Fuga da Wehrmacht para Berlim, um dos episódios finais da guerra no front europeu. Porém, além delas, Men of War II traz também uma experiência mais aberta com as Campanhas Históricas. E elas são inspiradas em fatos reais: pela Operação Bagration Soviética e pela Operação Overlord dos EUA.

Nelas, podemos definir configurações e estratégias de batalhão personalizadas, oferecendo infinitas possibilidades de abordagem, algo maravilhoso para um RTS como Men of War II. Já a campanha dinâmica Conquista e as Invasões de combate garantem que cada partida seja única, dando aos jogadores uma rejogabilidade constante e sempre única. Nesta ponto, Men of War II traz excelentes narrativas, apresentando aos jogadores momentos complexos da Segunda Guerra Mundial, abordando momentos táticos complexos e, além disso, apresenta questões éticas do conflito, destacando todo o caos e brutalidade da guerra. Neste ponto, a Best Way acertou em cheio.

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A destruição é um grande destaque. (Imagem: Divulgação)

Uma guerra complexa… até demais

Logo de cara, Men of War II se pareceu muito com Company of Heroes. Contudo, após me aprofundar no jogo, percebi que ia bem além, embora alguns elementos naturalmente se assimilassem. Mas Men of War II traz mais detalhes, apresentando momentos únicos de estratégia e ação, em campos de guerra caóticos. Neste aspecto, o jogo traz uma imersão incrível, sobretudo ao observarmos os detalhes de suas animações. Há uma preocupação em retratar detalhadamente os horrores das armas e da guerra em si que surpreende. Esses detalhes acabam nos empolgando, demonstrando a perícia da Best Way em criar cenários de guerra.

Já o combate em Men of War II é mecanicamente profundo. E quando digo profundo, não é pouco: existem diversos botões na tela para a gente escolher diferentes funções das unidades e até mesmo do campo de batalha em si. Quando executamos tudo certo, ficamos felizes, é claro. Mas geralmente a coisa é mais complexa, sobretudo se você estiver atacando ou sendo atacado em várias frentes. Isso é o caos. É frustrante um simples tiro de um canhão DESTROÇAR seu tanque, e você sequer saber de onde veio. Mas é claro, é tudo questão de prática, muita prática. Afinal, esse jogo foi feito para é para ser difícil.

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Grandes conflitos motorizados são muito interessantes. (Imagem: Divulgação)

Agora, um diferencial de Men of War II é que você pode assumir o comando de uma unidade específica. Assim, entramos em uma espécie de “modo FPS”, mirando em nossos inimigos como um sniper ou uma arma antitanque. Isso é legal, porém tira um bocado da dinâmica original do jogo, é fato. Sobretudo se considerarmos que o jogo apresenta um cenário de guerra repleto de variáveis e coisas para serem controladas. Portanto, esse é um ponto que pode passar batido aos jogadores, que devem se preocupar com a escassez de tropas e outros desafios.

Por fim, preciso citar os campos de batalha totalmente dinâmicos, que vão sofrendo alterações durante a partida, onde tudo, mas tudo mesmo pode acontecer. Assim, Men of War II até consegue entregar uma boa experiência de jogo, mas algumas coisas acabam sendo frustrantes. Para além do que citei acima, o jogo apresenta detalhes e opções demais, e isso pode simplesmente atordoar os jogadores mais casuais. Mesmo apresentando um monte de tutoriais, isso tira um pouco a fluidez da experiência. Afinal, ninguém quer fazer um curso para aprender um jogo, né? Mas, se quiser aprender, Men of War II traz todas as aulas muito bem divididas.

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Os mapas sofrem danos ao longo do tempo. (Imagem: Divulgação)

Gráficos e outros detalhes

Men of War II não tem gráficos incríveis. No entanto, o que ele apresenta funciona perfeitamente com a proposta de um RTS, trazendo uma infinidade de detalhes, o que pode ser um problema para muitos. Além disso, o game está legendado para o português brasileiro, facilitando a compreensão de todas as informações dadas. Inclusive, a participação do Brasil na guerra é brevemente citada, algo que achei legal. Na parte sonora, o jogo também não deixa nada a desejar, trazendo diferentes sons e efeitos que dão uma incrível imersão para a experiência de guerra. Esse detalhe pode parecer besta, mas faz muita diferença.

Agora, um ponto que me incomodou foram alguns bugs que o jogo apresentou. Em alguns momentos, as unidades não faziam o que eu solicitava e, em alguns casos, simplesmente ela saía andando de ré, quando eu pedia para ela ir de frente, sendo uma presa fácil para os inimigos, que simplesmente aniquilavam meus tanques e unidades móveis. Isso, somado a imensa complexidade de funções apresentadas no jogo, pode nos embolar o meio de campo, causando perdas irreparáveis no campo de batalha. Então, sim, Men of War II é um jogo que pode confundir os jogadores, mesmo com tudo sendo relativamente explicado.

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Reviva episódios complexos da Segunda Guerra Mundial. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Men of War II?

Men of War II é um jogo interessante. Como gosto muito da temática, tive, no geral, uma experiência bacana. Contudo, eu mentiria para vocês se não dissesse que o excesso de detalhes me deixou meio “perdido no pagode”. Além disso, alguns dos bugs mencionados acabaram causando frustrações ao longo do jogo, sobretudo no modo multijogador. São detalhes que podem até passar batidos para alguns, mas que me trouxeram um certo incômodo que precisava ser dito. Um jogo de guerra precisa nos dar poder e dinamismo, já que temos que gerir diversas unidades. Portanto, quem jogar, já vá sabendo que é uma experiência complexa.

No ponto positivo, preciso mencionar que os desenvolvedores da Best Way acertaram em cheio com as narrativas apresentadas, além da imersão criada ao longo dos combates. Mesmo com tantas opções, é surpreendente ver o quanto o jogo se preocupa em apresentar diferentes unidades e funções, algo maravilhoso para um RTS. Assim, parabenizo a escolha ousada de trazer um “outro lado” da Segunda Guerra e, além disso, criar um ambiente de jogo que realmente nos traga a sensação de caos de uma guerra.

Assim, mesmo com toda a complexidade e algumas frustrações, Men of War II traz a gente de volta para saber o próximo capítulo da campanha ou para partidas contra outras pessoas. Não sei explicar direito, mas o jogo entrega coisas boas, mas frustra em outras. E é isso. Se você curte RTS, esse jogo é uma boa saída, mas não é simples como Company of Heroes, tendo muitas funções e coisas que particularmente não acho que fazem lá tanta diferença.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Fullqrum Publishing.

Men of War II | Review

R$ 121,99+
7.6

História

8.8/10

Jogabilidade

7.6/10

Gráficos e sons

7.3/10

Extras

6.5/10

Prós

  • Legendado em português brasileiro
  • Campanhas são interessantes e detalhadas
  • Grande variedade de unidades, cada uma com funções únicas

Contras

  • Muitos detalhes podem assustar os jogadores
  • Alguns bugs frustraram um pouco ao longo das partidas

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.