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Forgive Me Father 2 | Review

Forgive Me Father 2 é um FPS retrô, baseado nos clássicos da década de noventa e com uma pegada lovecraftiana, desenvolvido pela Byte Barrel e publicado pela Fulqrum Publishing. Nele, acompanhamos a jornada pela mente fragmentada de um dos protagonistas do jogo anterior enquanto lida com os efeitos psicológicos dos terrores que enfrentou.

E aí, ficaram interessados? Venham saber mais um pouco, então, em mais uma análise alucinante do Pizza Fria!

Loucura, loucura, loucura

Ah, nada como um dia após o outro nesse belo globo azul no qual vivemos, leitores e leitoras. Os dias passam preguiçosos, os pássaros cantam suas belas canções e os cultistas com roupões pretos continuam carregando desavisados para as profundezas da Terra. Contudo, devo admitir que uma coisa me fez ficar levemente impressionado no meio dessa normalidade: ouvi as velhas vozes, novamente, me sugerindo um videojojo eletrônico para passar o tempo.

E como não confiar em alucinações auditórias, não é mesmo? Principalmente, devo adicionar, quando elas me sugerem a continuação de um dos meus FPS mais confortáveis e apreciados dos últimos anos. De fato, Forgive Me Father 2 chegou para preencher aquele espaço especial em nossos corações que apenas uma boa dose de aberrações cósmicas e chumbo grosso pode dar conta.

Lembro-me de ter jogado um bocado na época do acesso antecipado, e de notar que o título andava em direções diferentes de seu antecessor em alguns pontos. Claro, seguimos a mesma ideia básica de um pobre coitado e seu trabuco contra os horrores das profundezas, mas mudanças mecânicas e narrativas sugeriam que o título tentaria abrir novos caminhos para essa nova franquia. Mas, será que deu bom? É o que veremos agora, adoráveis seres do vazio.

Forgive Me Father 2
O da direita está mandando o passinho do homem-peixe. (Imagem: Divulgação)

História

Forgive Me Father 2 continua a história do Padre, um dos protagonistas do primeiro jogo que acabou sendo consumido pela loucura após encarar as maldades cósmicas que assombravam a cidade de Pestisville. Após ser acusado de cometer um massacre no lugar, nosso camarada acaba sendo jogado em uma cela de um hospício do qual, provavelmente, nunca poderá sair.

Contudo, uma voz misteriosa convida o protagonista à explorar os recessos mais obscuros de sua mente, revivendo tanto os horrores do primeiro jogo quanto outros acontecimentos que o fizeram bater na porta da insanidade. Será que isso vai ser o suficiente para descobrirmos a verdade e redimir nosso chegado? Ou será que é apenas mais um delírio de um cara completamente alucinado? Isso, e muito mais, é o que descobriremos ao longo de uma série de fases pelas quais passamos, enquanto encontramos documentos e ouvimos a narração tanto do padre quanto da voz que o acompanha e assombra.

Forgive Me Father 2 chega com uma pegada muito mais firme para sua narrativa, indo além da narrativa básica da cidade lovecraftiana para uma exploração maior da insanidade que anda junta das experiências que os personagens envolvidos nesse meio possuem. Eu achei uma forma muito mais legal de contar as coisas, além de permitir explorar pontos que foram deixados em aberto e, ainda, ir mais fundo na personagem do padre, suas dores e o que o levou a ser dessa maneira.

Contudo, um ponto negativo foi a retirada da segunda protagonista do game anterior. Isso é um contra tanto na narrativa, que poderia ter uma faceta completamente nova para ser explorada e aproveitada por nós lindos jogadores e jogadoras, quanto para a jogabilidade que perde parte de seu brilho e variedade.

Forgive Me Father 2
Dá um abraço aqui, meu ordenado. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Forgive Me Father 2 é um FPS inspirado fortemente nos dias de glória da década de noventa, tanto em sua gameplay fundamental quanto na filosofia por trás da construção de suas fases e desafios. Com isso quero dizer que, como é costumeiro nessa obras de arte, controlamos um boneco que sempre anda voado e sem ré, enquanto coletamos chaves para abrir portas e encaramos uma infinidade de inimigos grotescos e mau encarados. Ah, e a maioria dos tiros é baseada em projéteis! Logo, o jogador esperto consegue desviar da maioria deles se for jeitoso o suficiente.

Temos uma boa quantidade de armas para lidar com as aberrações que batemos de frente, começando com coisas mundanas como pistolas e espingardas e evoluindo até peixes que cospem chumbo, morteiros em forma de inseto e metralhadoras com projéteis teleguiados. Conseguimos certos itens que permitem aprimorar todo nosso arsenal, conferindo versões únicas de armas que podem ser trocadas quanto quisermos e possuem forças e fraquezas bem definidas. Essa variedade é muito boa, e ajuda muito a deixar a ação mais variada e divertida.

E precisamos saber como usar nosso arsenal, visto que o jogo atira uma boa quantidade de inimigos em nossa direção que, apesar de um vacilo na inteligência artificial aqui e ali, não perdoam nenhum deslize. Isso é legal na maioria do tempo, principalmente quando encaramos a quantidade certa por vez. Contudo, Forgive Me Father 2 possui um hábito feio de colocar malvadões demais em certos lugares, criando uma dificuldade mais frustrante do que desafiadora.

Além de armas de fogo, Forgive Me Father 2 nos dá acesso à um tomo mágico que nos confere habilidades passivas e ativas. Ele possui uma série de poderes que podem ser comprados e equipados, até um limite de três, e entra substituindo a árvore de habilidades do game anterior. Admito que achei a ideia boa no geral, mas sinto que o modelo antigo era um pouco mais acolhedor e interessante de ser explorado. Talvez um misto dos dois fosse o ideal, em minha visão.

Forgive Me Father 2
Lindinho do pai. (Imagem: Divulgação)

Forgive Me Father 2 também deu uma repaginada legal nas fases e suas estruturas, que estão bem mais expansivas e com coisas para encontrar. Já que o título se passa na mente do Padre, a desenvolvedora pode viajar muito mais, construindo alguns cenários bem legais e divertidos de encarar. Contudo, achei alguns muito enrolados e com certos objetivos que fazem a ação ficar em ponto morto. Em games deste estilo, onde a graça vem da confusão e do caos, isso acaba sendo bem problemático.

Meu sentimento geral, nesse ponto, foi que o título deu alguns passos para frente e outros para trás. Por exemplo, o sistema de armas e o tomo deram mais uma dimensão ao combate, mas a retirada da jornalista como protagonista e da árvore de habilidades acabaram por causar mais perda do que ganho. Essa foi uma sensação que me acompanhou durante todo meu tempo de gameplay.

Forgive Me Father 2
Tentacular. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Forgive Me Father 2 possui visuais bem legais, seguindo aquela pegada mais cartunesca do anterior. Além de fases variadas e com temáticas bem exploradas, temos uma quantidade bem interessante de inimigos, cada um com aparências e maneirismos mais grotescos que os outros. Bônus para a reprodução dos jogos em 2.5D das antigas, que também ficou chique.

A trilha sonora de Forgive Me Father 2 me agradou, mantendo a pegada de heavy metal que casa tão bem com games desse estilo. As músicas que tocam em alguns momentos de ação fazem maravilhas para nos deixar no ritmo, e elevam a experiência como um todo. Pena que são usadas de maneira muito recatada, e que boa parte das fases fique na música ambiente.

Forgive Me Father 2
Capotei. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Forgive Me Father 2?

É isso aí, filhos e filhas das profundezas. Será que Forgive Me Father 2 vale a pena? Bom, devo dizer que fiquei com sentimentos mistos em relação ao primeiro jogo, ainda que tenha me divertido bastante com as novas desventuras do padre mais azarado do multiverso. Para cada boa novidade, encontrei algo que me lembrou do passado para poder balancear.

Forgive Me Father 2 é muito divertido, com uma ação frenética, boa quantidade de armas e inimigos, fases cheias de segredos, uma ambientação chique e uma trilha sonora bombástica. Contudo, a falta de elementos básicos presentes do anterior, mais algumas fases chatas de se passar e um uso conservador das músicas impedem que o título chegue nas alturas que poderia.

De toda forma, Forgive Me Father 2 continua sendo um FPS de qualidade, construído com muito sucesso em cima de bases sólidas e que podem agradar facilmente qualquer um que curta o gênero, tanto pela jogabilidade quanto por sua premissa perturbadora. Ainda que fique aquela sensação de poderia ser mais no ar, nada muda o fato de que o jogo ainda faz bem tudo que se propõe a fazer. Dito isto, posso recomendar com tranquilidade.

A versão 1.0 de Forgive Me Father 2 será lançada para PC, via SteamEpic Games Store e GOG.com, no dia 24 de outubro.

*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Fulqrum Publishing.

Forgive Me Father 2

BRL 73,99
8

História

8.0/10

Jogabilidade

8.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Arsenal com armas variadas e divertidas de usar
  • Visuais passam muito bem aquela vibe lovecraftiana
  • Jogabilidade frenética e divertida
  • Aumenta o universo do jogo, expandindo a personagem do padre e os acontecimentos tanto de sua vida quanto da aventura anterior
  • O tomo oferece uma maneira interessante de mesclar habilidades passivas e ativas

Contras

  • Poderiam ter mantido a jornalista
  • Nem toda mudança em relação ao anterior foi para melhor
  • Algumas fases podem confundir e demorar mais que o devido
  • Senti falta da legenda em português

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.

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