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The Bridge Curse 2: The Extrication | Review

The Bridge Curse 2: The Extrication é um jogo de terror que combina elementos de quebra-cabeças e furtividade, transportando os jogadores para as profundezas da misteriosa universidade Wen Hua, um local supostamente assombrado por fantasmas. Ao longo da campanha, os jogadores assumem o controle de quatro personagens diferentes, cujas histórias se entrelaçam na busca pela verdade por trás desse mistério.

O título foi desenvolvido pela Softstar Entertainment e lançado inicialmente em maio deste ano para PC, via Steam, chegando na próxima quinta-feira, 24 de outubro, aos consoles da atual geração, incluindo PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. A pergunta que fica é: será que o jogo realmente oferece uma experiência de terror e investigação que vale a pena? Confira agora em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

As assombrações de Wen Hua

Em The Bridge Curse 2: The Extrication, somos levados à universidade de Wen Hua, um lugar cercado por diversas lendas de fantasmas e criaturas sobrenaturais. Uma dessas histórias envolve até um vídeo supostamente mostrando uma mulher sendo capturada por um fantasma em um elevador. O enredo começa com uma jornalista invadindo o campus em busca de respostas sobre esses mistérios.

O início do jogo se desenrola de forma lenta, introduzindo gradualmente o jogador a certos aspectos da trama por meio de documentos espalhados pelo cenário e conversas ocasionais com um segurança. The Bridge Curse 2: The Extrication utiliza bem esses elementos narrativos para fornecer informações sobre o passado da universidade, abordando tanto os fundadores quanto turmas anteriores, e, mais adiante na campanha, revelando conspirações e assombrações relacionadas ao local.

The Bridge Curse 2: The Extrication
Existem vários documentos espalhados pelos cenários que ajudam a expandir a narrativa do game. (Imagem: Divulgação)

Apesar de o jogo acertar ao construir esse lore opcional, a narrativa central deixa a desejar em alguns pontos. A história é marcada por longas cenas de diálogos entre os personagens, sejam as interações da jornalista ou dos outros três jogáveis, que compõem uma equipe de filmagem em busca de gravar um filme. Infelizmente, muitos desses diálogos acabam sendo superficiais, focando apenas nos objetivos imediatos dos personagens, sem realmente avançar o enredo de forma significativa. Esses diálogos, em sua maioria, servem apenas para indicar ao jogador o próximo objetivo a ser cumprido ou a localização de um novo quebra-cabeça.

Por outro lado, o game acerta ao utilizar mensagens e chamadas telefônicas que os personagens recebem ao longo da trama. Esses momentos ajudam a expandir a história e oferecem ao jogador um entendimento mais claro dos acontecimentos.

A história da bailarina

Embora The Bridge Curse 2: The Extrication careça de profundidade na maior parte de sua narrativa, em um determinado ponto da campanha ocorre uma mudança significativa. A trama, que até então era simples e previsível, surpreende ao trazer um breve momento de excelência. Cerca de metade do jogo, o jogador é apresentado à Bailarina, uma das várias assombrações com as quais é necessário lidar.

Diferentemente dos fantasmas encontrados até esse ponto, a história da Bailarina é desenvolvida de maneira impressionante, com o título incluindo até flashbacks para contextualizar o comportamento da entidade. Essa construção cuidadosa culmina em uma batalha contra um chefe extremamente criativa, que não apenas me impressionou, mas também me deixou com um sentimento agridoce, pois, após esse momento, o jogo retorna ao seu padrão mediano até a conclusão.

The Bridge Curse 2: The Extrication
Infelizmente, a história de The Bridge Curse 2: The Extrication não se mantem consistente em toda a campanha. (Imagem: Divulgação)

Apesar de o jogo não ser particularmente assustador e de abusar de jumpscares previsíveis, momentos como o da Bailarina e os interessantes documentos espalhados pelo cenário mostram que há boas ideias em The Bridge Curse 2: The Extrication. O problema é que o título não consegue manter esse nível de qualidade consistente ao longo de toda a campanha, gastando muito tempo com cenas que pouco acrescentam à trama central.

Uma exploração que decepciona

Outro ponto fraco de The Bridge Curse 2: The Extrication é a exploração. Embora em alguns trechos o game ofereça um ambiente relativamente aberto, permitindo ao jogador explorar salas e andares em busca de documentos, não há muito mais além disso. Claro, existem os quebra-cabeças, que abordarei mais adiante, mas, fora isso, caminhar pelos corredores da universidade raramente transmite a sensação de tensão que um jogo de terror deveria proporcionar. Isso se deve em grande parte à forma como o jogador interage com o ambiente: o uso da lanterna para encontrar pistas ocultas, repelir fantasmas e desbloquear novas áreas. O ritmo da progressão permanece inalterado ao longo do gameplay, o que rapidamente torna a exploração repetitiva.

A mecânica de se esconder de fantasmas, seja debaixo de mesas ou nas sombras, também perde o impacto rapidamente, uma vez que não são introduzidos novos desafios capazes de tornar a experiência mais envolvente ou desafiadora. O único respiro é o segmento da Bailarina, que traz uma nova dinâmica de enfrentamento. No entanto, o fato de isso ocorrer apenas uma vez durante a campanha deixa uma sensação de desapontamento, pois o potencial para elevar o nível de tensão e variedade da jogabilidade acaba sendo subutilizado.

Os puzzles são bons

Uma das maiores surpresas de The Bridge Curse 2: The Extrication foi a qualidade dos puzzles, que conseguiram oferecer um desafio na medida certa. Considerando que a mecânica de se esconder das ameaças sobrenaturais não conseguiu me envolver totalmente, esse aspecto do jogo foi um alívio. O título oferece uma boa variedade de quebra-cabeças, desde encontrar e combinar itens para descobrir senhas de cofres até montar diagramas que revelam objetos escondidos.

The Bridge Curse 2: The Extrication
Os puzzles são variados e desafiadores na medida certa. (Imagem: Divulgação)

Além disso, há o tradicional “leva e traz” de itens, necessário para desbloquear novas áreas da universidade. Alguns desses puzzles realmente exigem que o jogador pare e pense um pouco sobre como avançar, adicionando uma camada de complexidade que enriquece a experiência.

Lidando com os fantasmas

Outro ponto fundamental do jogo é a forma como os personagens enfrentam as assombrações. Com uma perspectiva em primeira pessoa, a única ferramenta disponível para se defender é uma lanterna, encontrada enquanto exploramos os cenários escuros e opressores. Embora seja possível repelir os fantasmas com a lanterna, a estratégia mais eficaz para progredir é se esconder e avançar de forma furtiva.

Contudo, essa abordagem acaba limitando a diversidade nas interações com as criaturas. O foco excessivo no “esconde-esconde” torna esses momentos menos interessantes do que poderiam ser, uma vez que The Bridge Curse 2: The Extrication não oferece alternativas significativas para lidar com as ameaças. A falta de variedade nessas mecânicas acaba por comprometer parte da tensão que deveria estar presente durante os encontros com os fantasmas.

A atmosfera e progressão da trama são inconsistentes

The Bridge Curse 2: The Extrication leva os jogadores a explorar duas versões distintas da universidade Wen Hua: uma versão comum, onde encontramos puzzles e documentos, e uma versão sombria e alternativa, habitada por diversas assombrações. Infelizmente, o jogo falha em manter um ritmo consistente entre essas duas realidades. Enquanto jogos como Silent Hill são mestres em equilibrar a alternância entre o mundo real e o alternativo, aqui os trechos fora da dimensão assombrada se tornam entediantes, em grande parte devido aos diálogos pouco relevantes entre os personagens.

Embora seja claro que o objetivo pode ter sido criar um equilíbrio no ritmo, o resultado não é eficaz. Longos trechos de conversas sem impacto real na trama e as seções repetitivas de esconder-se e avançar no mundo das criaturas acabam prejudicando a narrativa.

The Bridge Curse 2: The Extrication
A atmosfera de The Bridge Curse 2: The Extrication é inconsistente, principalmente por ter uma gameplay furtiva que fica repetitiva rapidamente. (Imagem: Divulgação)

Visualmente, The Bridge Curse 2: The Extrication faz um bom trabalho ao apresentar uma variedade de ambientes dentro da universidade, tanto em sua versão normal quanto na assombrada. Apesar do predomínio de cenários escuros, o game consegue manter o jogador imerso nos locais, especialmente ao utilizar a narrativa ambiental por meio de documentos e imagens interativas, que ajudam a aprofundar o lore da universidade. O design das criaturas também merece destaque, com uma atenção especial à primeira assombração, um fantasma com a cabeça virada para trás e que caminha de costas, além da já mencionada e elogiada Bailarina.

Trilha Sonora e Desempenho

A trilha sonora de The Bridge Curse 2: The Extrication é bastante simples e, infelizmente, não se destaca. No quesito de sons ambientes e efeitos relacionados aos monstros, o título acaba decepcionando. A falta de variedade no som das criaturas é notável, pois elas emitem apenas um grunhido genérico, o que não contribui para torná-las verdadeiramente ameaçadoras ou memoráveis. Esse aspecto poderia ter sido muito mais trabalhado, com sons únicos para cada tipo de assombração, aumentando a tensão e a imersão.

Além disso, a dublagem em inglês, embora presente, nem sempre se adequa bem aos personagens. Em muitos momentos, há problemas de sincronia labial, o que quebra a imersão. Entretanto, um ponto positivo é que o jogo conta com legendas em português do Brasil, facilitando a compreensão da história. Em relação ao desempenho, minha experiência foi no PlayStation 5. The Bridge Curse 2: The Extrication rodou de maneira fluida em 60 FPS a todo momento e não tive problemas com bugs e nem travamentos.

Vale a pena comprar The Bridge Curse 2: The Extrication?

The Bridge Curse 2: The Extrication tinha um potencial considerável, e em certos momentos do jogo, é possível ver o esforço criativo do estúdio em entregar algo original e imersivo. Porém, esses momentos são pontuais e não conseguem sustentar o game como um todo. A repetição na jogabilidade, combinada com uma narrativa que, apesar de promissora, acaba sendo superficial e mal desenvolvida, compromete a experiência. A história principal, em particular, poderia ter sido mais profunda e envolvente, aproveitando melhor o cenário de uma universidade assombrada e o mistério que a envolve.

Dito isso, ainda existem pontos positivos que podem atrair determinados jogadores. O segmento da Bailarina é um destaque, tanto pela sua construção narrativa quanto pela criatividade na batalha contra o chefe. Além disso, os puzzles são outro ponto alto de The Bridge Curse 2: The Extrication, trazendo desafios interessantes e bem elaborados, que podem agradar aqueles que gostam de resolver enigmas em meio a uma atmosfera tensa.

Em resumo, The Bridge Curse 2: The Extrication é uma experiência que não atinge todo o seu potencial, mas ainda assim pode valer a pena para os jogadores que apreciam bons quebra-cabeças e momentos isolados de tensão. Desde que não espere uma obra-prima do terror, o game pode entregar algo para se apreciar, desde que o jogador esteja ciente das suas limitações.

The Bridge Curse 2: The Extrication, uma aventura de sobrevivência em primeira pessoa que promete levar o terror a um novo patamar, chega para PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch no dia 24 de outubro. O game foi lançado para PC, via Steam, em maio deste ano.

*Review elaborada no PlayStation 5 com código fornecido pela PQube.

The Bridge Curse 2: The Extrication

BRL 73,99
6.3

História

6.0/10

Gameplay

7.0/10

Gráficos e Sons

6.0/10

Extras

6.0/10

Prós

  • O jogo tem segmentos que impressionam, como o da Bailarina que realmente apresenta uma boa história introduzindo o passado da criatura
  • Os puzzles são desafiadores na medida certa
  • Legendas em PT-BR

Contras

  • A trilha sonora é simples demais e problemas de sincronia labial
  • A narrativa poderia ser melhor desenvolvida e perder menos tempo com diálogos que não adicionam nada a trama
  • A jogabilidade furtiva se torna repetitiva
  • O game poderia recompensar mais na exploração

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.

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