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Farmagia | Review

Farmagia é um JRPG de ação, focado em colecionar e criar monstrinhos, desenvolvido pela Marvelous Inc. e publicado pela mesma em parceria com a XSEED Games. Nele, acompanhamos as aventuras de um grupo de domadores de monstros que decidem se rebelar contra um déspota e seu governo tirano. O bom e velho conto da luta do oprimido contra o opressor, não é mesmo?

Mas, e aí. Será que essa insurreição vai dar bom? É o que saberemos agora, em mais uma análise caprichada do Pizza Fria!

Reis do rancho

Nada como um dia após o outro, leitores e leitoras. As estações mudam, as estranhas luzes neon brilham no céu e a paz dos reinos é ameaça por velhos malucos, seus exércitos cheios de ódio e uma sede incansável de conquista e dominação. De fato, nada além de mais um dia de trabalho na vida do herói médio operário. Quem diria que essa era uma vida glamurosa estava levemente enganado, não é mesmo?

Um camarada que passar por essa rotina pesada é Ten, o protagonista de nosso jogo da vez: Farmagia. E que jogo curioso, queridos e queridas. Uma combinação de fazendinha com JRPG? De treinamento de monstrinhos com combate envolvendo uma galera, e outros elementos típicos do gênero? Com artes feitas pelo autor de Fairy Tail ? Intrigante, de fato.

Devo admitir que meu interesse foi fisgado na hora que comentaram sobre mecânicas de plantação, sendo sincero. Como vocês sabem, caros amigos e amigas da Pizza (e outros que estiverem vigiando), sou um grande apreciador de jogos nesse estilo. Mas, principalmente, acho interessante quando misturam as mecânicas com algo mais focado na ação. Rune Factory, por exemplo, representa bem essa visão. Agora, feitas as introduções, vamos ver do que se trata essa aventura.

Farmagia
Corre, tem review nova chegando! (Imagem: Divulgação)

História

Farmagia se passa em Félicidad, um grande reino que acabou de perder seu monarca. Como costuma ocorre nesse tipo de situação, um dos membros de um grupo que havia jurado proteger as terras decide que o melhor curso de ação, naturalmente, é dar um golpe e tomar o poder para si. Além disso, o cara também decide começar a oprimir o povo e agir como um déspota de marca maior. Que coisa mais terrível, não é mesmo? Deplorável, senhor. Deplorável.

Mas, não temam! Entram em cena Ten, nosso destemido protagonista, e seus amigos. Preocupados com o bem estar do povo do continente em que vivem, nossos heróis decidem iniciar uma rebelião para tirar o tal tirano do poder e retornar o poder ao povo, como é de direito. E eles não farão isso sozinhos. Afinal, como os Farmagia que são, eles terão a ajuda de monstrinhos amigos que, no fim das contas, serão os que de fato trocarão mordidas, patadas e bafos de fogo com os inimigos da liberdade.

Talvez bebendo da fonte de sua inspiração maior, Farmagia possui uma trama que lembra muito algo que veríamos em um anime shonen. Temos personagens definidos por uma ou duas características principais, o poder da amizade, reviravoltas esperadas e tudo que faz o estilo ser tão querido. Ainda que não vá fazer o queixo de ninguém cair, tampouco ser visto como uma narrativa inovadora, a história do jogo diverte e serve como motivador para a ação que se segue.

Farmagia
Vai encarar? (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Ainda que possua elementos de fazendinha e monster taming, Farmagia é mais um JRPG de ação do que tudo. Ao lado de nossos companheirinhos, saímos por uma série de fases lineares, nas quais apenas escolhemos uma rota com suas recompensas específicas, enquanto ordenamos que nossos grupos de monstros (um para cada botão de ação do controle) ataquem o alvo que quisermos. Cada unidade tem sua especialidade, como ataque ou suporte por exemplo, e saber qual usar para derrubar qual inimigo é essencial.

O combate, em sua essência, é bem simples. Antes de cada combate selecionamos quais monstros vamos levar, e a quantidade de unidades de cada um até o limite máximo que a fase permite. Na hora da ação, controlamos nosso Farmagia e usamos os botões de ação para mandar os bichos baterem, para defendermos, usarmos habilidades especial (blitz) ou um poder fortíssimo chamado Fusion. Esses últimos, inclusive, precisam de recursos para serem invocados. Além disso, cada fase conta com melhorias temporárias que podemos aplicar em nossas unidades. Algumas são boas e ruins, e outras apenas boas mesmo.

Ainda que seja simples, o combate de Farmagia foi o que mais me agradou. É divertido ver aquele monte de monstros voando para cima de um alvo, e saber montar o time certo para encarar os desafios de cada fase foi bem realizador. Admito que por vezes senti que meu trabalho era mais focado apenas em defender e andar, mas compreendo que isso seja a filosofia do trabalho de equipe de domador e monstros, e não enxergo como algo ruim.

Os monstrinhos que podemos usar se dividem nos que atacam normalmente, e nos que utilizamos nos especiais que falei anteriormente. Isso é ligado diretamente ao sistema de fazendinha, que comentarei logo após, e no do rancho. Este último é o local onde treinamos nossos monstros, dando itens e tomando conta de sua satisfação e felicidade. O sistema, contudo, é muito básico e não inova demais. Isso, conforme veremos, é uma tendência de outros aspectos do título.

Farmagia
Pra cima deles, minha gente. (Imagem: Divulgação)

Outro pilar de Farmagia é o sistema de fazendinha. Temos um pedaço de terra no qual podemos plantar diversos monstrinhos que, após um tempo, nascem e são adicionados ao nosso arsenal. O sistema é bem simples, com um diferencial maior sendo a árvore de habilidades de nosso boneco, que é bem extensa, e no fato de que podemos utilizar uma série de itens para facilitar o processo. Fazer os monstros crescerem mais rápido, mais fortes, evoluírem para formas mais cabulosas, e por aí vai. Contudo, o processo é bem básico e, conforme vamos avançando, não tem muito mistério ou real evolução.

O mesmo dizemos das missões secundárias que, embora em boa quantidade, raramente vão além de derrotar x inimigos ou cultivar y monstrinhos. Elas ocupam nosso tempo, e até pagam com bons itens de criação ou dinheiro vivo. Mas, no fim das contas, a variedade é muito pouca e, eventualmente, elas acabam por se tornar um tanto quanto mundanas demais.

Esse é um dos maiores problemas de Farmagia, a meu ver. O título possui boas ideias, e fundamentos sólidos. Contudo, a aplicação raramente vai além do lugar comum e, com isso, acaba impedindo que o jogo realmente saia da casinha e seja tudo que ele pode ser. Mas, vale lembrar, não quer dizer que ele seja menos divertido por conta disso. É mais, na verdade, sobre o que poderia ter sido.

Farmagia
Homem do campo. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Eu achei os visuais de Farmagia bem legais, com cores vivas e designs fofos para seus diversos monstrinhos. Além disso, os retratos e artes feitos por Hiro Mashima dão uma cara bem singular ao título, ajudando para que ele se destaque dos demais. Afinal, ele foi desenhado pelo o autor de Rave Master ! Ah, leitores e leitoras de meu coração, como isso traz lembranças. Bons tempos.

O departamento sonoro segue a mesma linha que comentei quando falamos da história, com batidas que lembrar muito o que veríamos em um anime shonen. Não posso dizer que ouvi nada que vá ficar colado em minha mente por um grande período de tempo, mas até que as músicas conseguem nos deixar empolgados quando necessário. O tema de luta contra chefes, por exemplo, é super legal.

Farmagia
Quase um anime. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Farmagia?

Devo dizer, leitores e leitoras, que curti meu tempo com Farmagia. Contudo, fiquei com aquela sensação permanente de que o título simplificou coisas demais que, na verdade, poderiam ser mais aprofundadas. Ainda que ele tivesse três grandes fundações (combate, criação de monstros e fazendinha), nenhuma delas foi explorada o tanto quanto poderia ou, acredito, deveria.

É bem legar cuidar da nossa plantação, treinar os bichinhos e sair por aí lutando com inimigos. Além disso, as missões secundárias aumentam bem nosso tempo de jogo. Mas a simplicidade do título, e sua repetitividade em muitos momentos, realmente acaba contribuindo para que ele possa se tornar um pouco enjoativo após sessões de jogo mais demoradas. O sentimento passa pós darmos uma pausa e voltarmos, mas existe da mesma forma.

Mas, entre mortos e feridos, ainda acho que o título se salva. Não me arrependo de ter jogado Farmagia, e também não veria problemas em recomendar para ninguém que curta o gênero. Contudo, é importante lembrar que ele pode ser um pouco menos recheado do que esperamos, principalmente se viermos pensando em um jogo de fazendinha. Mas, de toda forma, vale a pena conferir.

Farmagia está disponível para PC, via Steam, PlayStation 5 e Nintendo Switch desde o dia 1 de novembro.

*Review elaborada no Nintendo Switch com código fornecido pela XSEED Games.

Farmagia

BRL 134,99
7.3

História

7.0/10

Gameplay

7.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Jogabilidade consiste em diversos elementos diferentes
  • O combate pode ser bem divertido
  • É legal cuidar da fazenda e dos monstrinhos
  • Artes de Hiro Mashima

Contras

  • O jogo possui elementos básicos demais
  • Fases curtas e simples, com pouca variação
  • Pode se tornar bem repetitivo com o tempo
  • Sem legendas em português, infelizmente

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.