Age of Empires III Definitive Edition | Review
Um clássico dos RTS históricos da Ensemble Studios agora desenvolvido pela Tantalus Games e a Forgotten Empires, Age of Empires III Definitive Edition como o próprio nome diz, é a versão definitiva do icônico game lançado há 15 anos, e está de volta exclusivamente para PC, via Steam e Microsoft Store, sendo publicado pela Xbox Games Studios. O jogo, anunciado pela Microsoft na Gamescom de 2017, traz gráficos renovados em 4K, com recursos 3D reconstruídos, interface do usuário mais atual, multijogador cross-play e trilha sonora e áudio totalmente aprimorados, estando inclusive dublado para o português. Além disso, Age of Empires III Definitive Edition traz dois novos modos de jogo e duas novas civilizações.
No entanto, ao ser lançada versões definitivas tal como foi feito com Age of Empires e Age of Empires II, logo nos deparamos com questões como: será que o jogo envelheceu bem? Além disso, o que é apresentado como novidade compensa? Essas e outras questões serão largamente exploradas aqui, em mais uma análise do Pizza Fria!
Um cuidado a mais na história
Logo ao iniciar Age of Empires III Definitive Edition, me surpreendi com a abertura, que remete a diversos momentos da história da humanidade. Já sabendo um pouco do jogo anterior, que eu joguei por horas a fio quando mais novo (15 anos atrás!), já esperava um jogo divertido, mas sem muita preocupação com os fatos e até mesmo meio estereotipado, algo que era muito pouco debatido na época.
Contudo, logo no menu de entrada, fui surpreendido com a mensagem de observação que reitera que o jogo aprendeu com esses erros, trabalhando agora com fundamentações mais verídicas, ainda que Age of Empires III Definitive Edition seja um jogo, mas também deixando claro que há escolhas que fogem um pouco aos fatos e prezam a narrativa. Por fim, eles explicam e agradecem a paciência de membros das nações Lakota e Haudenosaunee, que prestaram consultoria justamente para acabar com esses tipos de representações imprecisas e estereotipadas que acabam permeando o imaginário dos jogadores.
A meu ver, esse tipo de atitude é cada vez mais necessária no mundo dos games, mas não quero me delongar aqui. Talvez isso ainda renda um artigo interessante. De toda maneira, é louvável ressaltar que, mesmo que ainda possa não agradar a todas e todos, a medida de celebrar as culturas representadas no jogo bem que poderia servir de inspiração a outras empresas.
No mais, todas as 8 campanhas do jogo original e as expansões Age of Empires III: The WarChiefs (2006) e Age of Empires III: The Asian Dynasties (2007), focadas em boa parte nos acontecimentos históricos do século XV, estão presentes no jogo. Elas trazem em 54 missões histórias da Era dos Descobrimentos, tendo o Novo Mundo e a relação entre europeus e indígenas americanos como pano de fundo, além das dinastias orientais, mostrando detalhes da história de países como China, Japão e Índia. Por fim, a edição definitiva traz também o novo modo, Batalhas Históricas, uma boa novidade que acrescenta de forma mais curta grandes conflitos que apresentam diversos povos e narrativas.
Além disso, o que há de novo em Age of Empires III Definitive Edition?
Além das missões terem sido renovadas, elas agora contam com dublagens em português brasileiro. Os menus também são traduzidos pra nossa língua, o que facilita muito. Há também a inclusão de outro modo, Arte da Guerra, que coloca uma série de desafios para os jogadores encararem, pontuando-os com medalhas ao concluir os objetivos propostos. Outra novidade trazida em Age of Empires III Definitive Edition são duas novas civilizações jogáveis: os Incas e os Suecos.
Na parte técnica, Age of Empires III Definitive Edition também foi bem aprimorado, e está melhor do que nunca. Suas artes renovadas estão disponibilizadas em 4K Ultra HD, contando com novos efeitos de partículas, animações, sistemas de iluminação e sombra que fazem uma diferença absurda (como mostra a imagem abaixo), trazendo uma nova vida aos gráficos do jogo. Outro ponto aprimorado foram os sons e as trilha sonoras de cada povo, que foi totalmente aprimorada nesta nova versão, dando ainda mais imersão ao jogo.
Outro detalhe, esse de menor impacto, é a opção de poder escolher três layouts de menus distintos, dispondo todas as informações na tela de diferentes maneiras. No quesito jogabilidade, Age of Empires III Definitive Edition, que conta com um sistema de cartas já existente na versão original, as disponibiliza desbloqueadas para todas as eras, além de trazer novos decks pré-fabricados para permitir que os jogadores entrem em ação com diferentes estratégias. Por fim, o título conta com suporte para mods, novos modos de jogo, tutoriais e outras melhorias.
Jogabilidade
Ao falarmos de Age of Empires III Definitive Edition, não há como passarmos batidos pela jogabilidade, um aspecto chave neste RTS. Mantendo as características da versão original, pouca coisa mudou de imediato. Porém, é perceptível que há uma certa melhoria na inteligência artificial, que acaba lendo melhor o campo de batalha. E, dependendo da dificuldade, ela faz composições de exércitos mais táticos, recua de batalhas perdidas para evitar maiores baixas (algo que nunca dá certo, vale ressaltar).
Nos níveis mais altos, a IA ousa ao usar da tática “bater e correr”, dando danos em unidades ou edifícios importantes. Isso fica mais evidente na dificuldade Extrema, que como o próprio nome diz, dá trabalho… Por fim, o game traz novos Políticos e Revoluções para as civilizações europeias originais adicionando um pouco mais de profundidade ao jogo.
De uma maneira geral, a jogabilidade não foge ao que foi visto na primeira versão. No entanto, é possível ver que das três edições definitivas, essa é a “mais próxima” de um estilo de gameplay mais atual, tendo a inteligência artificial aprimorada e opções como as cartas, unidades e edifícios mais bem elaboradas. Aliás, o que me fascina em todos os Age of Empires é a necessidade de se equilibrar economia, defesa e ataque, sendo o jogador constantemente acionado para remanejar aldeões parados, unidades em conflito ou edificações sendo destruídas.
Particularmente, não sou o melhor jogador no gênero, mas acho interessante (e complexo) demais ter que lidar com tantas coisas ao esmo tempo em um jogo. Contudo, é extremamente divertida a ideia de guerrear virtualmente contra a máquina ou com amigos no modo multiplayer que, infelizmente, não pode ser jogado nesta análise por falta de jogadores online no período antes do lançamento.
Vale a pena comprar Age of Empires III Definitive Edition?
Custando apenas R$ 36,99 na Steam e na Microsoft Store, um preço bem baixo para os games atuais, Age of Empires III Definitive Edition segue sendo um excelente RTS. Com gráficos renovados e jogabilidade aprimorada, o game promete trazer boas horas de diversão aos fãs do gênero e a curiosos.
Com um enredo histórico simples, mas baseado em eventos reais da história da humanidade, o jogo prioriza mais a diversão e o desafio, acertando em cheio em sua proposta. Mesmo assim, reconhece os erros do passado e os aprimora de forma brilhante, mudando diversas representações estereotipadas e erros narrativos, num esforço de se repensar o jogo através da riqueza cultural dos povos retratados ao invés de meramente relançá-lo. Por fim, Age of Empires III Definitive Edition é um jogo que vale a pena ser jogado mesmo por aqueles que não dominam muito bem as dinâmicas dos jogos de estratégia em tempo real.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce GTX, com código fornecido pela Microsoft.