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Beyond Blue | Review

O fundo do mar é repleto de muitos mistérios, e Beyond Blue, game da E-Line Media, lançado para PlayStation 4, Xbox One, iOS, PC, Linux e MacOS, via Steam, traz uma abordagem sobre isso, misturando a história de seus personagens a diversos mergulhos repletos de espécimes adoráveis em uma imensidão azul. Com uma proposta diferente, de trazer aos jogadores informações sobre o oceano e suas maravilhas, o jogo tem uma ideia bem original.

No entanto, toda essa originalidade consegue trazer um bom jogo? E como é a experiência no fundo do mar? Há riscos, animais perigosos, coisas do tipo, ou é só um jogo de exploração? Tudo isso será respondido aqui, em mais uma análise do Pizza Fria!

Explorando as profundezas do mar

Ao iniciar Beyond Blue, você controla Mirai Soto, uma bióloga marinha e mergulhadora que protagoniza a história ao pesquisar uma parte do Oceano Pacífico. No entanto, Mirai não assume a difícil missão sozinha, contando com a ajuda de dois personagens muito importantes: Andre Adeyemi, cientista, engenheiro e conservacionista do oceano com afinidade por tartarugas marinhas e Irina Novack, uma microbiologista que financia a pesquisa do seu próprio bolso, tendo foco nas incríveis adaptações da vida oceânica para revelar informações sobre a saúde humana. Esse trio vive dialogando ao longo dos mergulhos e mensagens trocadas ao retornar ao submarino, que funciona como um QG de operações.

Porém, há também um lado emocional na narrativa. A avó de Mirai, uma ex-mergulhadora, sofre de demência e, como se não bastasse o drama de viver distante dela, ainda tem de lidar com as várias emoções de sua irmã mais nova, Ren. Somando ambos os pontos, a história de Beyond Blue mescla as pesquisas no fundo do mar e aspectos da vida pessoal da protagonista, sendo uma ideia até interessante. No entanto, já vale adiantar que o jogo é curto e quando você menos espera, o fim chega. É estranho, pois quando você imagina que a jornada de Mirai vai evoluir, ela simplesmente acaba, sendo um grande erro.

Beyond Blue
O submarino é o QG de Mirai. (Imagem: Divulgação)

A impressão que fiquei é que o jogo foi encerrado às pressas, deixando uma lacuna na narrativa que faz uma diferença terrível. Mas, por outro lado, se o jogo continuasse seguindo nesse ritmo, confesso que ele ficaria demasiadamente repetitivo. E eu explico o motivo.

O que fazer no fundo do mar

Em Beyond Blue, ao adentrarmos as profundezas do fundo do mar, fazemos de tudo um pouco: conversamos com nossa equipe sobre curiosidades encontradas em uma narrativa bem linear, descobrimos fatos curiosos sobre baleias, golfinhos, polvos e outros espécimes curiosos, exploramos, escaneamos e catalogamos cada animal encontrado e desta maneira seguimos as missões. E é isso, ao jogar, não há mais nada o que fazer. Embora a sensação de se estar mergulhando livremente em profundidades absurdas com 4,000m de profundidade ou em mergulhos superficiais, a proposta acaba ficando repetitiva, embora os fatos científicos trazidos sejam muito interessantes.

Imagine ficar submerso, movendo-se de forma não muito veloz, catalogando inúmeras espécies e interagindo com diversas parafernálias tecnológicas? Basicamente é essa a tarefa do jogador. É claro que os diálogos, que são legendados em português brasileiro são excelentes e trazem uma profundidade narrativa bem bacana, mas a jogabilidade é simples demais e nada desafiadora. Aliás, os gráficos do jogo são interessantes, tendo algumas animações como por exemplo, a movimentação da superfície e a iluminação do ambiente sendo bem marcantes. Porém, os espécimes são simples e suas texturas pouco polidas, o que é uma pena.

Beyond Blue
Nadar com baleias é uma ideia bem legal, mas deixa a desejar em Beyond Blue. (Imagem: Divulgação)

Ah, e se você acha que o fundo do mar é perigoso, eu adianto: ele realmente é. Todavia, em Beyond Blue, não temos absolutamente nenhum risco. Nos aproximamos de tubarões, polvos gigantes, mas nada disso nos ataca, no máximo passa ao lado e pronto. Esse tipo de escolha deixa muito explícito o interesse da desenvolvedora em focar diretamente na exploração e no conhecimento, além de mostrar que os animais marinhos não são violentos, mas curiosos. Aliás, uma coisa que senti falta foi uma maior interação com eles, mas isso só foi brevemente explorado pela narrativa, nada além disso.

O lado educativo de Beyond Blue

Beyond Blue é um jogo bem simples. Seus gráficos são bonitos, a jogabilidade é básica e limitada, mas tanto o áudio, com diálogos sólidos e uma ótima trilha sonora, quanto os vídeos são o principal ponto pra mim. Eu explico. Esses diálogos são essenciais para se aprender mais detalhes sobre as criaturas e outros detalhes do fundo do mar. É nítido que o jogo tenha contado com uma equipe especializada para dar suporte nessas questões, e essa parte educativa dá um show, sendo uma boa forma de aproximar jogos e educação, sobretudo em um período em que a poluição e a exploração predatória do planeta estão absurdamente altas.

A questão dos vídeos pra mim foi a mais especial. Ao longo da aventura, você vai desbloqueando vídeos curtos em qualidade excelente, onde especialistas falam sobre os diversos aspectos abordados durante as missões de Mirai e companhia. Esses diversos clipes conseguem explicar detalhes muito relevantes para quem quer conhecer mais os mistérios do Oceano Pacífico, sendo este o ponto mais alto do jogo pra mim. Embora não seja minha área, acho interessantíssimo poder aprender sobre biologia marinha e mergulho enquanto jogo e conheço novos espécimes e seus detalhes.

Beyond Blue
O fundo do mar é bem recriado em Beyond Blue. (Imagem: Divulgação)

A importância dada pela desenvolvedora na recriação de sons dos animais é extremamente relevante e, sobretudo se jogarmos com fones de ouvido, a sensação realmente é de que estamos ao lado das baleias, criaturas imensas que emitem sons incríveis e únicos. Neste aspecto, o jogo está de parabéns, sendo um ponto positivo e lindo demais!

Vale a pena comprar Beyond Blue?

Beyond Blue tinha tudo para ser um jogo brilhante, mas desliza em uma narrativa que inicialmente parecia promissora, mas que tem um final muito corrido. Talvez se o jogo explorasse mais a questão das indústrias no oceano ou até mesmo o encontro de mais espécies como missão especial, ele tivesse uma sobrevida. Mas em poucas (menos de 3, pra ser específico), consegui explorar quase tudo, faltando apenas um animal no catálogo. A jogabilidade é agradável, mas é muito repetitiva e limitada, onde temos poucas coisas a fazer. Felizmente, somos salvos pelos diálogos entre a equipe de Mirai.

E é esse aspecto que salva o jogo. A parte mais voltada para a educação, apresenta diversos fatos curiosos do oceano, tal como em um documentário (que é muito bem produzido por sinal). Mesmo no pós-jogo, com o modo de mergulho livre, não temos muito o que fazer, sendo o mergulho não tão livre assim, já que temos limites. Inclusive não podemos nem colocar a cabeça para fora do mar! Concluindo, creio que Beyond Blue seja um jogo ideal para fãs do oceano, estudantes de biologia ou curiosos em geral. Para jogadores casuais, a ideia pode não colar e acabar sendo até mesmo um pouco chata.

*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela E-Line Media.

Beyond Blue

7.5

História

6.5/10

Jogabilidade

7.0/10

Gráficos e sons

8.0/10

Extras

8.5/10

Prós

  • Um jogo bastante educativo, com vídeos interessantes
  • O fundo do mar é muito bem recriado
  • Localizado em PT-BR

Contras

  • A história acaba de uma hora pra outra
  • O mergulho não é tão livre
  • Jogabilidade repetitiva

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.