Golf Club Wasteland | Review
Gosto bastante de jogos de golfe (e sei que isso é incomum). Gosto mais ainda de jogos com história, e acho que isso já não é uma novidade. Agora, imagine um título que mescle dois gêneros tão distantes? Pois é, a Untold Tales e a Demagog Studio fizeram isso em Golf Club Wasteland, game que será lançado para PC, via Steam, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch nesta sexta, 3.
Em sua narrativa nada comum, ele mescla uma jogabilidade 2D com uma narrativa bem inusitada, onde 99% da vida humana é exterminada e a Terra agora é apenas um campo de golfe para ricos, que fugiram para Marte. Mas você não é rico e, mesmo assim, escolhe esse caminho. Uma loucura, não é!? Pois é, vem comigo que eu te explico em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Bem-vindo ao mundo possível de Golf Club Wasteland
Em Golf Club Wasteland, a história é a parte mais relevante. Particularmente, ela me soou mais interessante que a simples jogabilidade. Através de percursos inusitados feitos no que sobrou na Terra, seguimos um piloto que levou o povo a Marte em uma última partida de golfe. Ao mesmo tempo, estamos sintonizados na Rádio Nostalgia de Marte, que conta diversos relatos de como era o planeta antes da catástrofe que obrigou uma ínfima parte a colonizar o planeta vermelho. Entre relatos e músicas de diferentes estilos, seguimos em uma partida contra nós mesmos. É extremamente melancólica a sensação que os antigos relatos e os destroços de civilização nos passam.
Através desses relatos e até mesmo dos próprios percursos, percebemos em Golf Club Wasteland uma grande crítica ao materialismo no qual a sociedade se insere no século XXI. A visão passada é, basicamente, de que se continuarmos nesse ritmo desenfreado de produção, consumo e extração predatória, nosso final será trágico. Não é novidade a ideia de jogos atentos à questão da poluição e de um possível fim do mundo, mas Golf Club Wasteland consegue mesclar coisas totalmente inusitadas, sendo esse talvez um trunfo e uma surpresa. Bem, pelo menos pra mim foi…
O que ouvimos e observamos
Aprofundando um pouco mais na Rádio Nostalgia de Marte e nos cenários, Golf Club Wasteland traz uma sensação de pura melancolia. Entre estações de metrô vazias e destroços de edifícios, temos o objetivo de completar percursos sem um limite de tacadas e, ao mesmo tempo, ouvir os relatos de uma vida passada na Terra. A desenvolvedora teve um cuidado muito especial em cada relato, pois cada um deles é rico em detalhes e traz pessoas de lugares variados do mundo contando como era a vida na Terra. É realmente dolorida a ideia que o jogo passa, sobretudo se considerarmos a atual conjuntura do mundo. Há uma riqueza muito grande no conteúdo e na reflexão que o jogo traz.
Ainda sobre a parte auditiva de Golf Club Wasteland, outra coisa que chama a atenção do jogar é a trilha sonora, que geralmente é ligada a alguns dos relatos. De músicas agitadas de rave a canções de amor, tudo isso parece ter sido perfeitamente planejado para alternar as sensações enquanto procuramos a melhor maneira de terminar cada percurso. E olha, nem sempre é fácil, pois embora o jogo seja em 2D, existem diversos obstáculos para nos dificultar a vida. De moedas de bitcoin gigantes a profundas poças d’água, de janelas bloqueadas a alguns raros animais, o cenário além de compor a crítica de Golf Club Wasteland, traz dificuldades. Portanto, paciência ao jogar!
Como é jogar golfe em uma Terra solitária?
A jogabilidade apresentada em Golf Club Wasteland é bem simples e lembra muito aqueles clássicos jogos em Flash, embora ele tenha sua beleza. Você deverá tacar a bola em diferentes ângulos e velocidades através dos percursos, sendo bem simples. Os controles são responsivos, afinal de contas as escolhas são limitadas e básicas. E é isso. No entanto, a cada novo nível, a coisa vai ficando ainda mais difícil. Os percursos contam com possibilidades variadas e são desafiadores. Confesso ter ficado frustrado por errar em algumas vezes, mas faz parte.
Sendo assim, a jogabilidade de Golf Club Wasteland é muito simples e não tem grandes novidades. Isso pode ser um problema para alguns jogadores mais exigentes, e eu até concordo que até poderia ser um pouco melhor. Contudo, é nítido que esse não é o aspecto principal do jogo, embora também seja divertido. O que é necessário de se ressaltar em Golf Club Wasteland é que há muito mais coisas para se apreciar. Portanto já adianto que a jogabilidade em si não traz nada de inovador. Mas, no geral, o conjunto da obra é interessante.
O game também apresenta mais dois modos além da história, que dura por volta de três horas. Assim, Golf Club Wasteland acaba ganhando uma sobrevida. De toda forma, diferenciando-se do modo história, há um modo focado em desafiar o jogador, contando com a contagem de tacadas para vencer cada buraco e os diversos quebra-cabeças no caminho. Há também o Modo Ferro, onde praticamente não existe margem para erros. Já adianto que se você não tiver muita paciência, acredite, não valerá a pena ir para esses dois modos…
Vale a pena comprar Golf Club Wasteland?
Trazendo uma proposta bem diferente dos jogos que acostumamos ver cotidianamente, Golf Club Wasteland tem como principal questão as críticas ao que o mundo poderá ser caso a humanidade siga nesse ritmo. De críticas a mineração de bitcoin à exploração exacerbada de recursos naturais, tudo isso é tocado de forma bem perceptível, seja em relatos da Rádio Nostalgia de Marte ou até mesmo no level design. Desta forma, considero o jogo bem crítico e artístico, o que é extremamente interessante.
No entanto, a jogabilidade pode ser considerada por alguns como simples demais. É como eu disse, parece com um jogo de Flash. Os gráficos são simples, mas se encaixam na proposta do jogo. A meu ver, o grande destaque fica para a Rádio Nostalgia de Marte, com seus relatos viscerais e trilha sonora variada. Essa foi a parte que mais me tocou, trazendo um “quê” de humanidade para um jogo tão surreal quanto Golf Club Wasteland. Concluindo, se você é fã de jogos indies com uma proposta “fora da curva”, eu indicaria facilmente Golf Club Wasteland por tudo o que ele traz. Caso contrário, a experiência pode não ser tão interessante…
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Untold Tales.