ELEX II | Review
ELEX II, continuação de ELEX, traz um mundo apocalíptico em um RPG de mundo aberto criado pela Piranha Bytes, conhecida pelo premiado game Gothic, para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam. Prometendo uma narrativa ampla e um mundo aberto ousado, o game nos coloca em meio a facções e criaturas sobrenaturais insanas. Mas será que o jogo entrega a experiência que promete? Confira em mais uma review do Pizza Fria!
A história de ELEX II
Dando continuidade à narrativa de ELEX, ELEX II nos coloca anos após a vitória de Jax contra a Hybrid, quando um novo inimigo surge dos céus, liberando os poderes perigosos do elex negro, trazendo uma ameaça a nível global. Para defender Magalan e sua própria família, Jax terá novamente de partir em uma missão para convencer diversas facções rivais a unirem forças contra os invasores. Em paralelo, nosso protagonista terá também de encontrar seu filho, Dex, de quem se separou…
A narrativa tem tudo para ser excelente, mas é muito mal apresentada. Quando nos damos conta, estamos jogados em um mundo aberto, com uma série de diálogos, mas sem entender o que está se passando. E não, mesmo com o andamento do jogo, ainda ficamos com uma sensação de estarmos perdidos. E isso fica ainda pior com a péssima forma de organização das quests e sub-quests. Sinceramente, esse pra mim foi o pior aspecto, pois não há uma separação relevante entre o que é obrigatório e o que é secundário. Sem contar que você só pode marcar um objetivo por vez.
Neste ponto, ELEX II poderia organizar melhor o menu, pois as quests ficam mega bagunçadas, misturadas com outras coisas que teoricamente nem deveriam estar ali. Desta forma, parece que o excesso de missões secundárias acaba sendo algo mais negativo do que positivo, “poluindo” o menu. Se isso fosse mudado, tal como é apresentado em outros títulos, ELEX II poderia ser menos pior…
Por fim, para fechar a questão da narrativa do game, vale ressaltar que se determinados personagens encontrados ao longo do enredo morrerem, isso poderá impactar o futuro da história. Este ponto merece ser ressaltado, pois em boa parte dos jogos isso sequer é possível, deixando alguns NPCs vivos justamente para que não tenhamos nenhuma surpresa na linearidade histórica proposta. Além disso, os personagens que interagimos lembram de nossas escolhas, impactando a opinião deles sobre Jax.
O mundo de Magalan
Magalan é um mundo aberto e com diversos tipos de biomas, inimigos e possibilidades, mas ainda assim é bem pequeno. No entanto, para o que ELEX II se propõe, até que é o suficiente. Apresentando uma variedade aceitável, este mundo habitado por humanos, máquinas e criaturas sobrenaturais conta com um level design simples, não sendo um ponto de destaque, embora devesse ser, já que uma proposta de mundo aberto deve se preocupar em manter localizações memoráveis… ou pelo menos tentar.
Apresentando alguns pontos de teletransporte rápido, o que ajuda muito a acabar com a “andação de lá pra cá” ocorrida no início da aventura, Magalan acaba sendo explorada de forma muito rápida e dinamizada. Povoado por personagens nada carismáticos e localizações simplórias, o mapa de ELEX II não enche os olhos.
A jogabilidade
A ideia de um mundo aberto é realmente muito boa. No entanto, o desbalanceamento dos inimigos é um problema em ELEX II. Em missões iniciais, me deparei com criaturas bem fortes, algo que me obrigava a correr, tirando boa parte da graça do jogo. Porém, a “sorte” que temos é que o nosso protagonista e os personagens que eventualmente o seguem, contam com jatos propulsores limitados que ajudam bastante na locomoção. Aliás, se eu fosse elogiar um ponto em ELEX II, certamente seria esse.
O combate no game é um tanto engessado e tanto o protagonista, quanto as criaturas e inimigos que surgem no mapa acabam se movimentando de forma extremamente artificial. O movimento de rolamento para desviar de ataques corpo-a-corpo chega a ser engraçado, pois em alguns momentos é ativado por engano, quando apertamos duas vezes algum botão de movimentação. Tal como em outros jogos, temos ataques rápidos e ataques mais pesados, que podem derrubar o inimigo. Porém, a execução às vezes é tão lenta, que mostra claramente a ausência de uma IA mais esperta.
Como eu disse acima, a dificuldade de ELEX II, juntamente com a bagunça das quests, fica também em encarar inimigos desbalanceados e robóticos, que mesmo “burros”, acabam dando trabalho por terem golpes muito fortes. Outro ponto frustrante que merece ser ressaltado é que, quando algum personagem decide nos acompanhar, ele pode simplesmente “desistir” disso e ficar parado te esperando. E daí que quando você der conta, vai ter que ir atrás dele até que ele decida te seguir de novo.
Concluindo este ponto, ELEX II apresenta uma vastidão de armas, itens e estilos de luta, mas peca muito nos aspectos citados acima, me deixando com uma sensação de jogo “incompleto”. As ideias de mundo aberto, RPG, variedades de itens e armas são positivas, mas perdem o propósito ao esbarrarem em uma jogabilidade tosca e pouco polida.
Gráficos simplórios, mas dublagens interessantes
ELEX II apresenta gráficos simplórios para um título lançado para a nova geração. O design dos personagens é tosco e inexpressivo, algo também percebido em torno do level design. A sensação de um jogo pouco polido segue até neste ponto. Porém, é legal perceber que todos os personagens, embora dublados em inglês, contam com vozes e atuações interessantes, que contrariam a inexpressividade dos NPCs. Particularmente, acho tão estranho ver um jogo atual com gráficos tão simplórios.
Vale a pena comprar ELEX II?
ELEX II foi um título que deixou muito a desejar, mas que poderia muito bem receber alguns aprimoramentos. Todavia, não posso basear esta crítica em um “e se?”. Desta forma, vale ressaltar que existem diversos RPGs com uma proposta de mundo aberto mais envolvente e bem executada que ELEX II. Por isso, acho difícil sugerir a compra de ELEX II, salvo em um futuro, em que esteja com um preço baixo e com possíveis atualizações.
Trazendo gráficos muito abaixo da atual geração, um sistema de quests bastante bagunçado, que usado mais como espaço de “log” e outros problemas como jogabilidade travada e mal polida, personagens engessados e pouca emoção, ELEX II não é uma boa escolha inicial, tendo sido uma experiência até interessante inicialmente, graças ao jetpack de Jax, mas muito decepcionante com o decorrer dos acontecimentos.
Concluindo, caso você deseje jogar um RPG de mundo aberto e com diversas opções, procure um outro título, pois ELEX II talvez não entregue bem o que você está buscando… sobretudo por não ser legendado para português do Brasil. Mas, agora me permitindo levantar alguma hipótese, pode ser que, em um futuro não muito distante, o título receba algumas atualizações e, aí sim, valha a pena… mas por enquanto, fuja para as colinas. Ou melhor, fuja para outro jogo!
*Review elaborado em um PC equipado com uma GeForce RTX com código fornecido pela THQ Nordic.