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Chained Echoes | Review

Chained Echoes. Talvez você ainda não tenha ouvido falar do game, que andou sob o radar de muita gente que não acompanha o universo de JRPGs. Mas ele chegou, depois de um longo período em desenvolvimento e uma bem sucedida campanha no Kickstarter, que levantou mais de €130 mil, com apoio de 4655 pessoas. O título, com gráficos em 16 bits e misturando elementos de fantasia com mechs e dirigíveis, lembrando muito a ideia por trás de Chrono Trigger, sem dúvida nenhuma, a maior referência do gênero até hoje.

Desenvolvido pelo alemão Matthias Linda, um fã confesso do clássico da Square, e publicado pela Deck13, será que Chained Echoes faz jus a sua maior inspiração? A resposta eu te trago agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Construindo sua própria identidade

É inegável que Chained Echoes bebe na fórmula do sucesso de Chrono Trigger e isso está longe de ser um problema. O JRPG foi um daqueles jogos que marcou gerações de jogadores, alterando tanto a forma de desenvolvedores enxergarem o gênero, como jogadores. Então, é natural que alguém que tenha crescido sendo influenciado pelo game, como Matthias Linda, tenha pego referências, muito além das gráficas, para criar seu próprio mundo.

Chained Echoes nos leva para o continente de Valandis e seus três reinos, que estão se recuperando de uma guerra que durou mais de um século. O jogo começa nos apresentando um grupo de personagens, com a missão de destruir uma pedra. Mas eles enfrentam algumas dificuldades, são atacados e, quando enfim chegam ao objetivo final, algo acontece e tempos um aparente salto temporal.

Chained Echoes
Te lembra algum clássico JRPG de PS1? (Imagem: Divulgação)

Chegamos em outro lugar, com outros personagens. Uma cidade realiza um festival, e conhecemos a princesa Lenne, que fugiu de seu país em busca de um lugar especial e acabou – após uma série de coincidências – como uma das guardas do palácio, sem que ninguém soubesse de sua verdadeira identidade. Ao seu lado está Robb, seu guarda-costas e amigo de infância. Os dois avistam uma atitude suspeita, deixam seu posto e vão em busca de respostas. Ao mesmo tempo, conhecemos Victor, uma celebridade de renome mundial conhecida por escrever as peças de teatro mais encantadoras, a ladra e vigarista Sienna, e Glenn e Kylian, ex-mercenários, que estão em uma missão secreta para se infiltrar no palácio.

Após uma série de eventos que saem como ninguém planeja, o festival acaba atingindo por um desastre (lembra algo?), que leva a uma cadeia de imprevistos. Assim, uma guerra muito pior do que qualquer outra vista anteriormente surge, e envolve uma arma de destruição em massa recém-descoberta. Nosso grupo de heróis é arrastado para este turbilhão e se encontra em uma nova missão: parar a guerra e destruir esta arma devastadora.

Chained Echoes
A apresentação visual do jogo é realmente incrível (Imagem: Divulgação)

Gameplay clássico, mas com mudanças pontuais

Basicamente, Chained Echoes se porta como um JRPG simples. Temos um combate em turnos, mas sem encontros aleatórios. Como em sua principal inspiração, é possível decidir se entra ou não em uma batalha, e não há uma tela separada de batalha. Tudo acontece em tempo real. As referências são claras. Mas Chained Echoes vai além. Aqui os jogadores podem aproveitar sobre o ambiente. Explodir alguma coisa, acertar uma candelabro e derrubá-lo em cima dos inimigos é uma das alternativas do game.

Além disso, não há o tradicional sistema de level, o que representa uma mudança importante. A progressão é obtida em momentos importantes do jogo. E, como em uma árvore de habilidade, o jogador define como avançar, seja aprendendo novas habilidades, seja melhorando estatísticas de ataque, defesa e afins, ou habilidades passivas. Cada habilidade obtida também precisa ser equipada por cada personagem, e ela também pode ser evoluída.

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Chained Echoes conta com boss battles interessantes (Imagem: Divulgação)

As batalhas ainda tem recursos que ampliam, e melhoram, ainda mais a forma de se enfrentar inimigos e bosses. O “tradicional” overdrive está presente, e cada personagem conta com um golpe poderoso. Além disso, após juntar o grupo, é possível combinar aliados para ativar certas habilidades, obter bônus de overdrive e até mesmo aumentar as habilidades disponíveis. Dominar as batalhas pode ser um pouco trabalhoso, mas é extremamente recompensador e eficiente. Também convém relatar que não é necessário segurar a onda com uso de TP (Tech Points, o MP de Chained Echoes), pois ele, assim como o HP, é automaticamente recarregado após o fim de cada luta.

Por fim, há elementos tradicionais: baús com itens, inimigos desafiadores, lojas de equipamento e até opções de crafting para criar novos. Também há missões secundárias, o que aumenta consideravelmente o tempo de jogo. No entanto, de uma forma geral, o game é realmente familiar, e funciona quase como uma homenagem à sua principal inspiração, mas com sua própria identidade.

Chained Echoes
Além disso, o controle e personalização de cada personagem é interessante (Imagem: Divulgação)

Uma estonteante arte, com uma trilha memorável

Chained Echoes também brilha em seus elementos audiovisuais. Os gráficos em 16 bits são muito bonitos, e a apresentação visual do jogo é incrível. Mesmo jogando em uma resolução 4K, o upscaling feito funciona bem e o jogo tem uma apresentação realmente bonita. O pixel art lembra com bastante nostalgia os clássicos de SNES e PSX.

Isso reflete diretamente na apresentação de personagens e do level design em geral. Os cenários são muito bem construídos, e representados. Em muntos destruídos pela guerra, ambientes mais abertos e alegres, e mesmo as dungeons. Tudo é muito bonito e combina bem com a proposta.

Chained Echoes
Bonitinho, né? (Imagem: Divulgação)

De quebra, o jogo conta com uma trilha sonora incrível. Todo ambiente conta com uma música em específica, e elas funcionam exatamente como se espera, passando calma, tensão e emoção nos momentos chaves.

Acessibilidade e recursos adicionais

Algo que venho pontuando frequentemente nos meus textos é sobre acessibilidade em games. E pesa contra Chained Echoes o fato do jogo não ter localização em português. É um título que, apesar de ser indie, recebeu um investimento considerável, conta com uma base de fãs importante, e será um jogo Game Pass Day One. Então, faz falta, principalmente porque os diálogos são bons, o jogo traz uma boa dose de humor, e quem não entende o inglês, não vai poder acompanhá-lo.

Chained Echoes
O visual do jogo é incrível (Imagem: Divulgação)

Além disso, algo que pode prejudicar os jogadores é a falta da possibilidade de rever algum tutorial. Isso é algo um tanto quanto básico que senti falta, pois se você não compreender alguma mecânica, terá que se virar para aprender de outra forma como utilizá-las.

O game também conta com algumas opções de dificuldade, que podem facilitar ou dificultar a vida do jogador, conforme seu desejo. Mas são poucas. Podemos diminuir ou aumentar a barra de overdrive, e deixar os inimigos mais fortes ou fracos, além de agressividade deles ao atacar. E só. Em aspectos audiovisuais, nenhum recurso de acessibilidade, e isso inclui a ausência de dublagem.

Vale a pena comprar Chained Echoes?

Chained Echoes é um título que buscava resgatar elementos que há não vemos com tanta frequência nos dias de hoje, como batalhas em turno e historias grandiosas e fantasiosas, com uma grande lore em seu entorno. E o game cumpre isso de uma forma muito competente. Torna-se um game obrigatório para todos os fãs de JRPG, pois é um clássico moderno.

Chained Echoes será lançado nesta quinta-feira, 8, para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, Nintendo Switch e PC, via Steam e GOG.com. O jogo também estará disponível para assinantes Game Pass para PC, consoles e nuvem no primeiro dia.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Deck13.

Chained Echoes

9.1

História

9.5/10

Gráficos e Sons

10.0/10

Gameplay

9.0/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Ótima narrativa e com originalidade
  • Linda pixel-art
  • Trilha sonora marcante
  • Bom combate e movimentação

Contras

  • Sem localização em PT-BR
  • Poucos recursos de acessibilidade

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.