Aeterna Noctis | Review
Aeterna Noctis é um metroidvania, no clássico estilo 2D desenhado à mão, focado em exploração (principalmente com desafios envolvendo plataformas) e combate. Além disso, o título tem uma proposta de apresentar uma dificuldade mais elevada e alguns elementos souls, como o fato de precisarmos ir até o lugar em que morremos para sermos humilhados e tentar recuperar o que restou de nossa dignidade (e almas).
Será que Aeterna Noctis vale o esforço? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!
O cravo e a rosa
Hoje acordei feliz, caros leitores. Levantei disposto, um sorriso no rosto. Nada da resmungação e do praguejar de todo santo dia. Não senhora! Pois, logo após abrir os olhos, vi um código queimado em minha parede seguido do nome: Aeterna Noctis. Alguns poderiam questionar o por quê disso. Ou como entraram em meu quarto sem perceber. Perguntas, perguntas.
Talvez tenha sido a copiosa de suco de maracujá que consumi na noite anterior. Quem sabe? Bom, nada disso importa caro leitor. O que realmente nos interessa é que temos mais um metroidvania em mãos. Oh, que dia feliz! Como já falei várias vezes, sou um grandessísimo fã do gênero. Seja do clássico Castlevania ou de novos queridinhos como Ender Lilies. Sou um cara simples. Se é do estilo, eu me interesso. Mas e o que seria um metroidvania, você pergunta? Bom, permita-me fazer uma autocitação:
Ele se resume, basicamente, em uma exploração de plataforma com combate e habilidades que são destravadas ao longo do tempo que concedem acesso à novas áreas. Além disso, conta com elementos de RPG como níveis, equipamentos e afins
Jenevain, Matheus
Aeterna Noctis conta a história do mundo de Aeterna, criado pela entidade do Caos (como sempre). Ela criou todos os seres que populavam o planeta, e decidiu seguir pelo caminho mais inteligente: implantar um sistema monárquico e deixar que as pessoas se subjugassem. Que ideia fascinante, certamente nunca vimos algo parecido dar errado aqui por essas bandas, não é?
Mas, surpreendentemente, seus filhotes decidiram se unir em dois grandes grupos e se rebelar contra Caos e uns aos outros, iniciando uma série de guerras e embates pela dominação planetária. Para resolver esse problema, a entidade decidiu fazer diferente: amaldiçoou um líder e uma líder desses povos, o king of darkness e a queen of light, e declarou que eles deverão lutar por toda eternidade, até a morte, eternamente.
Nossa história começa quando o King of Darkness, recém-acordado de uma surra fenomenal, acorda com as memórias bagunçadas e sem poder algum. Daí para frente a trama se desenrola conforme ele recupera sua força, entende o que se passou no ciclo de conflito passado e temos mais do mundo e dessa confusão toda explicado para nós. Achei intrigante, e serviu como um bom motor para colocar o jogo pra frente.
Deixando isso de lado, foquemos nas minúcias que definem Aeterna Noctis como um metroidvania: a jogabilidade. Bom, como citei logo acima temos um misto de plataforma, RPG e exploração com uma leve pitada de soulslike, apenas para dizer que a ideia passou por aqui. E a mistura, surpreendentemente, deu muito certo. Principalmente depois de algumas modificações feitas pela desenvolvedora.
Vejam bem, leitoras. Aeterna Noctis coloca uma ênfase muito grande em suas plataformas, em usar todas as habilidades do boneco e do jogador para passar pelos lugares e a necessidade de, por vezes, fazer isso tudo enquanto trocamos tapas com diversos inimigos diferentes. Inicialmente, o jogo contava com uma dificuldade consideravelmente desbalanceada. E quem lhe diz isso não é o Matheus ruim de jogo. Não senhor. Também é o Matheus feliz de saber que existem duas dificuldades agora. A original mantida como um “hard mode”, e uma nova mais acessível como sendo o normal. Aplausos, por favor.
E como fazemos com os inimigos e plataformas? Bem, no clássico estilo Symphony of the Night, nosso rei começa mixuruca, sem armas ou poderes. Conforme enfrentamos inimigos e coletamos fragmentos de sua alma partida, que chorando se foi um dia, conseguimos mais habilidades que possibilitam tanto deslocar pelo mapa quanto dar tapões na orelha de caveiras e similares.
A parte de plataforma é bem divertida, e passar pelos perigos e inimigos é muito divertido. No modo difícil, nem tanto. Em alguns lugares, como na imagem acima, chorei mais do que no dia que minha fatura pós promoções de verão da Steam chegou para pagar. Mas, ao menos, os controles são precisos e bem redondinhos, o mínimo necessário para se passar por alguns perrengues que temos pela frente. Uma coisa que me irritou, apenas, é que morrer para determinadas partes do cenário faz com que nosso herói exploda(?) e reapareça na plataforma anterior. Quase tão irritante quanto ver o Simon sendo atirado para trás pelas medusaheads em Castlevania 1.
Já no combate Aeterna Noctis segue o padrão dos metroidvanias de antes e depois. Temos armas principais e habilidades para serem usadas, sendo que muitas servem tanto para o combate quanto para exploração. Isso é algo que sempre vale a pena ver. Além disso, contamos com uma árvore de habilidades bem extensa, com muitas coisas para liberar. Além disso, a pitada souls entra no fato de que se morrermos perdemos o que temos de experiência, necessitando voltar até o local para matar/recuperar o que perdemos.
A parte de exploração do mapa é muito interessante. As áreas são enormes, interconectadas e com muito espaço para explorar e encontrar segredos. Aeterna Noctis não economizou nesse aspecto, e aqueles de vocês que curtam procurar coisinhas brilhantes nos cantos irão chorar lágrimas de alegria. Ou frustração. Como vou falar agora, o aspecto visual do jogo acaba dificultando enxergar algumas coisas, ou entender o que está acontecendo.
Sons e visuais em Aeterna Noctis
Aeterna Noctis tem uma trilha sonora invejável, principalmente nas músicas dos mapas que não são “dungeons”, ou algo do tipo. Temos trilhas fortes, emocionais e que pintam muito bem o clima deprimente e destruído de muitos lugares pelos quais passamos. Me agradou muito, e achei espetacular. A sonoplastia é mediana, cumprindo o objetivo. As vozes são naquele estilo “embaralhado”, tentando emular uma linguagem única daquele mundo. Mas ela soa estranha, e destoa muito do tamanho das caixas de texto. Por vezes mudamos de uma pra outra e a voz continua seguindo, encavalando a antiga com a atual. É estranho.
Os gráficos são muito bonitos e competentes. As animações são boas, em sua maioria, ainda que algumas sejam bem estranhas. A do personagem parado, por exemplo, é bizarra. Faz com que ele pareça um boneco de posto. Já os cenários são bonitos, mas o excesso de cores e informação na tela dificulta que possamos ver o que está acontecendo e onde estamos. Tive uma confusão mental real, e creio ter sido grande em parte por conta disso. Bom, pelo menos nessa momento.
Vale a pena jogar Aeterna Noctis?
É hora do momento mais sensacional do dia, figuras de linguagem favoritas de meu coração. Será que vale a pena usar nosso tempo cada vez menor nesse vazio eterno com Aeterna Noctis ? Bom, é isso que vou tentar sumarizar agora. Puxando do que falamos, o jogo tem um visual bonito até, mas o excesso de cores e informações na tela faz com que fiquemos perdidos em muitos momentos.
Isso se torna pior ainda quando pensamos que o jogo demanda atenção, independente da dificuldade, em suas várias seções de plataforma. Estar quase acertando um pulo e ver seu personagem dar um leve selinho em um espinho, para então dar uma doideira e voltar para trás, é de matar de tristeza. Mas, por outro lado, o sistema de controle e plataforma é suave, o combate é legal, temos muito para explorar e fazer e o jogo consegue casar muito bem os os pontos necessários para ser um metroidvania de qualidade.
Ao fim, não posso ter ódio da pessoa não identificada que ateou fogo em minha parede para formar os números de Aeterna Noctis. Eu me diverti com o jogo, muito mais do que me frustrei. Tentei a dificuldade mais alta, fui surrado e agradeci ao pequeno menino Jesus que tenham lançado um modo mais agradável para pessoas de refino como nós. Ao fim e ao cabo, fãs de metroidvanias vão curtir a parada. Novatos ao estilo podem ficar meio assustados, mas a experiência vale de todo modo. Recomendo.
Aeterna Noctis já está disponível para PC, via Steam e Epic Games Store, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S. Uma versão para Nintendo Switch também está planejada, e deve chegar em breve.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pelo Aeternum Game Studio.
Aeterna Noctis
+ R$ 57,99Prós
- Controles precisos
- Plataforma e combate são maneiros
- Trilha sonora chique
- Muito para explorar
- Dificuldade mais acessível
Contras
- Alguns bugs sonoros
- O boneco teleportar para a plataforma anterior ao tomar dano magoa
- O excesso de cores e elementos visuais travam a mente em alguns momentos, dificultando a experiência