AI LIMIT | Review
AI LIMIT será lançado no dia 27 deste mês para PlayStation 5 e PC, via Steam. O game de ação em terceira pessoa, com elementos de RPG, foi desenvolvido pela chinesa SenseGames e publicado pela CE-ASIA. O título é fruto da iniciativa de mentoria e suporte do PlayStation para desenvolvedores sediados na China, o China Hero Project, que já rendeu ótimos frutos como F.I.S.T.: Forged in Shadow Torch e ANNO: Mutationem.
Em AI LIMIT, controlamos Arissa, uma Blader imortal que precisa localizar os ramos de cristal individuais para resolver as catástrofes que assolam o mundo. Explore as vastas ruínas de Havenwell — o que restou da humanidade —, enfrente inimigos poderosos em diversos labirintos interconectados e descubra mais sobre si mesma enquanto busca a esperança de um novo começo.
Ficou curioso para saber como o action RPG AI LIMIT se sai no PlayStation 5? Então bora dar aquela pausa de cinco minutinhos, preparar um café coado bem quentinho para aquecer nossos frágeis corações, e vem comigo conferir mais uma análise antecipada aqui no Pizza Fria!
Havenwell, o último bastião da humanidade
À medida que a guerra chegava ao fim e as eras de calamidade passavam, toda a vida na Terra se esvaía, deixando para trás um mundo desolado e caótico. Foi nesse cenário que uma misteriosa lama negra surgiu, corroendo centímetro por centímetro do solo. Os poucos humanos que restaram vagavam entre ruínas, assombrados pelo medo. Lutavam por comida e buscavam refúgio dos terríveis monstros nascidos da lama. Desesperados, invadiram o último bastião da humanidade: Havenwell.

Após uma breve introdução, a jornada da enigmática Blader imortal, Arissa, tem início. Em um estilo que lembra The Legend of Zelda: Breath of the Wild ou jogos da série Souls, ela desperta confusa em uma poça d’água, sem saber seu nome, onde está ou por que está ali. Começamos então a desbravar os esgotos de Havenwell, que — apesar da dificuldade — servem como um excelente tutorial progressivo para o jogador.
Ao longo da campanha de AI LIMIT, a lore do mundo vai sendo revelada aos poucos, seja por meio de memórias encontradas, documentos espalhados ou informações fornecidas por personagens não jogáveis.
Gameplay extremamente divertida e jogabilidade fluida, precisa e intuitiva
AI LIMIT é um jogo de ação em terceira pessoa com elementos de RPG. Sua jogabilidade, apesar de menos truncada, é mais fluida e ágil, mas ainda segue o estilo soulslike que já conhecemos, no qual é essencial acertar o tempo dos ataques, esquivas e defesas.
Como mencionei anteriormente, os esgotos funcionam como uma espécie de tutorial, onde, sem dúvidas, você aprenderá rapidamente os comandos básicos: ataque forte e fraco, defesa, contra-ataque, esquiva (um rolamento) e corrida — elementos fundamentais em praticamente todo jogo do gênero.
A protagonista de AI LIMIT, Arissa, não possui uma classe fixa. Em vez disso, ela pode utilizar três tipos diferentes de armas:
- Espadas longas, com ataques poderosos que exigem força, vitalidade e pontos de vida para serem manejadas.
- Espadas duplas, onde Arissa empunha duas lâminas extremamente ágeis, exigindo vitalidade e técnica aprimorada.
- Lanças, que cobrem uma área maior, são mais lentas, mas muito poderosas. Assim como as espadas longas, também exigem força, vitalidade e pontos de vida para serem utilizadas com eficiência.

Apesar dos três tipos principais, AI LIMIT conta com uma variedade de armas que se desdobram dentro dessas categorias. São espadas longas, espadas curtas, picaretas, alabardas, lanças, entre outras, todas com atributos, habilidades e requisitos específicos que devem ser atendidos para serem dominadas. Essas armas podem ser encontradas ao longo da jornada e aprimoradas para se tornarem ainda mais poderosas.
Esses requisitos estão diretamente ligados aos atributos de Arissa, que podem ser evoluídos ao encontrar Ramos de Cristal — pontos que funcionam como as clássicas fogueiras de Dark Souls. Além de servirem como locais de descanso e teletransporte entre áreas já visitadas, esses Ramos permitem usar parte dos cristais coletados de inimigos para subir de nível. A quantidade necessária aumenta progressivamente conforme o avanço do jogador.
Em AI LIMIT, é possível aprimorar cinco atributos distintos de Arissa:
- Vida: aumenta a quantidade máxima de HP da protagonista.
- Vitalidade: determina sua Conversão — quanto maior, maior a Taxa de Sincronização ao atacar inimigos.
- Força: eleva o dano de armas que exigem esse atributo.
- Técnica: aumenta o ataque com armas que exigem técnica aprimorada.
- Espírito: fortalece o dano causado pelos feitiços.

Por fim — mas não menos importante —, AI LIMIT conta com as chamadas Habilidades de Quadro de Feitiços. São habilidades mágicas que podem ser rapidamente alternadas durante o combate. Para ativá-las, basta segurar o botão L2 e pressionar o botão correspondente à habilidade equipada. Em seguida, com L1, a habilidade é executada.
Entre as opções disponíveis, Arissa pode, por exemplo, realizar um contra-ataque, pressionando o botão no momento exato em que estiver prestes a ser atingida. Isso coloca o inimigo em um estado de enfraquecimento, permitindo a execução de um poderoso golpe fatal.
Outra habilidade básica é o uso do escudo, que, diferente do contra-ataque, oferece defesa contínua ao custo da energia de Mud. O escudo protege contra ataques básicos e até mesmo alguns letais, acumulando energia até atingir o limite. Quando isso acontece, o escudo perde desempenho momentaneamente, mas libera uma poderosa explosão de sobrecarga.
Há ainda a Garra Perfurante, que funciona como um feitiço: ao usá-la, Arissa sofre dano perfurante, mas ganha temporariamente o poder dos Necros. Com isso, ela executa automaticamente golpes de garra após cada ataque básico e tem sua taxa de sincronização ligeiramente aumentada.
No total, o jogador pode equipar até quatro habilidades de Quadro, embora a última só seja desbloqueada mais adiante na campanha — e por isso, vamos poupar esse spoiler por enquanto.
Armas com poderes únicos e a Taxa de Sincronização
Um dos diferenciais de AI LIMIT, e que contribui para torná-lo único dentro do gênero, é o fato de que, além dos feitiços, cada arma possui uma habilidade especial exclusiva. Por exemplo, a Espada Longa do Blader, adquirida pouco após o início do jogo, permite executar um combo refinado que consome apenas 25% da Taxa de Sincronização da personagem, desferindo um golpe poderoso nos inimigos. Já a Quebra-Ossos utiliza 30% da taxa para ativar a habilidade Pulverizador de Ossos.
Os feitiços seguem uma lógica semelhante. O Canhão Eletromagnético, por exemplo, consome apenas 20% da Taxa de Sincronização e dispara um projétil eletrificado contra o inimigo. Por outro lado, a habilidade Reconstrução Parcial consome 60% da taxa, mas em compensação restaura parte da vida da Blader.
Mas afinal, o que é a Taxa de Sincronização?
Essa taxa representa a quantidade de energia de Mud disponível para executar habilidades especiais e feitiços, podendo chegar até 100%. Ela é dividida em níveis, que influenciam diretamente o poder dos ataques. Esses níveis podem ser visualizados pela barra no HUD do jogo:
- Nível I: até 89% – os ataques causam dano padrão.
- Nível II: entre 90% e 100% – os ataques causam dano aumentado.
Diferente de sistemas baseados em barras de estamina, como em outros games do gênero, AI LIMIT adota um sistema mais dinâmico: para aumentar sua Taxa de Sincronização, basta acertar os inimigos. No entanto, ao ser atingida, a barra será reduzida — exigindo um bom equilíbrio entre ofensiva e defesa para manter o ritmo de combate.

Por fim, outra mecânica importante em AI LIMIT é a dos selos. O jogador pode equipar um Selo Principal no braço esquerdo de Arissa. Cada um desses selos possui atributos específicos, que podem variar entre:
- Taxa de Estabilidade, que determina a capacidade de manter sua Taxa de Sincronização ao ser atacado (quanto maior a estabilidade, menor a perda de sincronização);
- Bônus de status, como aumento da defesa física ou resistência elemental;
- E um certo número de engastes, nos quais é possível alocar selos menores, chamados selos normais.
Os Selos Principais podem ser aprimorados no menu de melhorias disponível nos Ramos de Cristal. Diversos selos são encontrados ao longo da campanha, e cabe ao jogador montar a combinação ideal de acordo com seu estilo de gameplay e os desafios enfrentados. Por exemplo, é possível equipar selos focados em resistências elementares para enfrentar inimigos com ataques de fogo ou eletricidade, ou ainda selos que concedem proteção contra dano perfurante e veneno.
Os Brotos de Cristal e o Solo Purificado
Em AI LIMIT, os itens roxos espalhados pelos estágios são, geralmente, os de maior importância. Entre eles estão itens-chave, selos secundários, armas e muito mais. Um destaque especial vai para o Broto de Cristal, um item essencial que pode demorar um pouco para ser encontrado, mas que desempenha um papel crucial: ele é utilizado nos Ramos de Cristal como ferramenta para reconstruir completamente os Bladers, permitindo ao jogador reatribuir os pontos de atributo do personagem.
Portanto, se você errou na distribuição dos atributos ou deseja experimentar uma build completamente diferente, o Broto de Cristal é a oportunidade perfeita para redefinir sua estratégia e encontrar o estilo de combate que melhor se adapta a você. No meu caso, por exemplo, não costumo usar feitiços — no máximo a habilidade de cura —, então não havia motivo para investir pontos em Espírito. Após usar o item, redistribuí meus atributos em Vida, Força e Técnica, otimizando meu desempenho em combate corpo a corpo.

Ah, e agora vai uma dica importante: assim como aconteceu comigo, você pode acabar deixando passar esse detalhe e só conversar com Delpha mais tarde. Na região do Acampamento Temporário, fale com ele algumas vezes para obter o Solo Purificado. Com esse item, você poderá cultivar os Ramos, aumentando o número máximo de cargas do Orvalho da Vida, seu item de cura. Por padrão, começamos com três cargas, que são restauradas sempre que nos sentamos em um Ramo de Cristal.
Desempenho e audiovisual de AI LIMIT
AI LIMIT está muito bem otimizado no PlayStation 5. Durante minha jogatina, não tive qualquer problema com bugs, travamentos ou quedas de desempenho. O jogo roda a 60 FPS constantes, com fluidez impressionante, independentemente da quantidade de inimigos ou da complexidade visual na tela.
O visual é um dos destaques: há uma grande riqueza de partículas, cenários vastos e interligados, com excelente construção e diversidade. A paleta de cores é bem equilibrada, e tanto Arissa quanto os inimigos se destacam no ambiente, garantindo uma leitura visual clara e agradável durante o combate.
Além disso, o game apresenta um alto nível de polimento técnico. O design em estilo anime dos personagens e NPCs é bem executado, e há várias opções de personalização para Arissa. É possível trocar chapéus, equipar rabos de cavalo, capuzes e diferentes estilos de cabelo, além das roupas, que embora influenciem nos atributos, muitas vezes acabam sendo escolhidas puramente por estética.

No quesito áudio, AI LIMIT entrega uma experiência imersiva, com dublagens disponíveis em chinês e inglês. Testei ambas e, pessoalmente, preferi jogar com a dublagem em chinês, que combina bem com a ambientação e o estilo narrativo do jogo.
E a cereja do bolo: AI LIMIT está totalmente localizado para o português do Brasil. Embora a tradução não seja das melhores — em alguns momentos parece ter sido gerada por inteligência artificial, como a DeepSeek —, é notável o esforço da equipe em oferecer uma experiência acessível ao público brasileiro, e isso por si só já merece reconhecimento.
Vale a pena comprar AI LIMIT?
Outro dia mesmo, comentei com um amigo como os jogos chineses têm me surpreendido positivamente. Black Myth: Wukong, F.I.S.T.: Forged in Shadow Torch e ANNO: Mutationem são excelentes exemplos de títulos que, sem dúvida, merecem ser jogados — e AI LIMIT segue pelo mesmo caminho.
A estética do game é bem trabalhada, a trilha sonora ambienta com competência os caminhos sombrios percorridos por Arissa em cenários totalmente interligados, com um design cuidadoso e coeso. Os inimigos são desafiadores e, embora AI LIMIT seja um jogo difícil, sua jogabilidade é simples, bastante ágil e intuitiva. Os menus são acessíveis, o que facilita bastante para quem não quer perder horas com tutoriais. Soma-se a isso o fato de o jogo estar totalmente localizado para o português do Brasil, tornando a experiência ainda mais imersiva para o público nacional.
Por fim, se você está em busca de um bom jogo de ação e aventura com elementos de RPG, dificuldade elevada e uma protagonista com diversas opções de personalização, vale muito a pena dar uma chance a AI LIMIT.
E tem mais: um dos grandes atrativos está no preço. AI LIMIT está sendo vendido por R$ 113,90 no PlayStation 5. Para assinantes da PlayStation Plus, há ainda um desconto de 10%, saindo por R$ 102,51 na PSN Brasil. Já no PC, via Steam, o valor é R$ 109,79 — um preço mais do que justo por um título com qualidade de um verdadeiro AAA, logo no lançamento.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela CE-ASIA.