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Aliens: Dark Descent | Review

Aliens: Dark Descent é um jogo de estratégia em tempo real, com uma pegada de terror, desenvolvido pela Tindalos Interactive e publicado pela Focus Interactive. Inserido no universo da franquia Aliens, o título nos coloca no meio de mais uma agradável infestação de Xenomorphs, desta vez na lua de Lethe, da qual precisamos fugir com vida e, preferencialmente, sem nenhum facehugger preso na cara. A velha música e a velha dança, não é mesmo?

E aí, será que vale a pena passar esse sufoco no espaço, onde ninguém poderá nos ouvir gritar e xingar? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

Infestado

Ah, leitores e leitoras, sejam bem vindos ao meu humilde espaço imaginário virtual. Chegaram bem na hora do café. Hoje, estou recebendo meu velho amigo Chiquinho, que saiu direto do Nostromo para nos visitar. Não reparem na babação, o fato de terem duas bocas gera esse problema. E evitem encostar, é altamente corrosivo. Pois vejam bem, se ele não acabou de me dizer que há mais um jogo da saga Aliens chegando no pedaço: Aliens: Dark Descent.

Admito que fiquei sem acreditar. Não no fato de um caçador apex estar tomando café nos confins da minha imaginação, sussurrando doces mentiras em meu ouvido. Não, foi em ver que teremos outro jogo de estratégia em tempo real dentro dessa franquia. Me lembro de ter jogado, e amado, um lançado lá na época do PS2. E, admito, que comecei a testar esse com expectativas mistas.

Jogos de Aliens costumam ser uma roleta russa. Pegando apenas da era HD para frente, tivemos ofertas de qualidade no nível de Alien Isolation, abençoado seja, e aberrações como Alien Colonial Marines. A imagem dos Xenos bugados andando ao contrário está queimada em minha retina até hoje. Que horror. Mas, seja como for, acredito que nossos amigos mereçam o benefício da dúvida, não é mesmo?

Aliens: Dark Descent
Nada de ruim poderia acontecer se ficarmos aqui, não é mesmo? (Imagem: Divulgação)

A trama de Aliens: Dark Descent gira em torno de mais uma infestação alienígena, iniciada após algum gênio inventar que seria uma boa ideia transportar animais violentos e caçadores, cospidores de ácido e com duas bocas, para uma estação espacial na órbita de uma lua chamada Lethe. Surpreendendo um total de zero pessoas, os bichos se soltam e matam quase todos no lugar, com exceção de uma oficial da Weyland-Yutani chamada Hayes.

Ela é salva no último momento por uma grupo de soldados espaciais liderados pelo sargento Harper, que estavam alocados em uma espaçonave chamada Otago, que acabara de cair na órbita de Lethe. Sem nenhum lugar para ir, nossos protagonistas decidem se unir aos sobreviventes da Otago enquanto buscam por uma forma de quebrar a quarentena reforçada, com mísseis e lasers devo dizer, pelo Cerberus Protocol. Iniciado, ironicamente, por nossa amiga Hayes para tentar evitar uma contaminação em escala ainda maior.

Confira nossas dicas para mandar bem em Aliens: Dark Descent!

Aliens: Dark Descent entrega uma história competente, em minha opinião, principalmente dado o universo em que habita e o tipo de jogo que se propõe a ser. Por vezes me senti assistindo o que poderia ser um dos filmes, até o terceiro. Compará-lo com Alien Ressurection seria maldoso e cruel, e me sinto consideravelmente feliz hoje com a visita de nosso amigo. Falando sério agora, o enredo foi suficientemente competente para me manter engajado com os personagens e seus respectivos problemas. Devo adicionar que os marines ficaram bem escritos e representados, usando frases, xingamentos e provocações que poderiam ser vistas em qualquer adaptação competente da obra.

A jogabilidade de Aliens: Dark Descent mistura um pouco do que vemos em títulos de RTS mais tradicionais, como os Warcraft ou Red Alert da vida, com um foco total no suspense, no controle de recursos e na exploração de mapas recheados de objetivos. Vejam bem, não precisamos construir pequenas bases e esperar enquanto coletamos recursos e montamos nossas tropas. Não, nosso trabalho de verdade é meter as caras em locais infestados por Xenos e outras maravilhas em buscas de novos membros para nossa equipe, recursos e , se possível, uma forma de dar o fora dessa lua dos infernos.

O ciclo de jogo se divide em duas partes bem definidas. Na primeira delas, utilizamos diversos recursos a bordo do Otago para preparar nosso esquadrão de marines, com quatro integrantes, para explorar Lethos. Temos uma enfermaria para tratar aqueles que se machucaram em combate, um laboratório para pesquisar melhorias utilizando DNA alienígena, uma oficina para desenvolver armas e um quartel para melhorarmos e aprimorarmos nossas unidades.

Saber utilizar cada um deles, e alocar seus recursos, é essencial. Por exemplo, será que alocamos um médico para cuidar de um marine, para que ele possa voltar ao combate mais cedo? Sabendo que isso pode fazer com que algum mais necessitado fique sem? Será que utilizamos preciosos recursos para desenvolver uma arma nova, ou aprimorar a habilidade de nosso soldado mais poderoso? Essa dinâmica perpassa por toda experiência de Aliens: Dark Descent, a necessidade de ponderar o que cada investimento custará para frente.

A campanha do jogo se passa em dias, e gastamos um para cada incursão que fazemos. Ao fim de uma delas, nossos marines voltam machucado e traumatizados, podendo receber penalidades que diminuem sua eficiência em combate. parecido com o que vemos em Darkest Dungeon 2, e saber quem poupar e mandar para o front pode ser a diferença entre perder um esquadrão inteiro ou não.

Aliens: Dark Descent
Chapa quente. (Imagem: Divulgação)

A outra metade de Aliens: Dark Descent se dá quando exploramos as localidades de Lethe, controlando nosso esquadrão de até quatro marines. Cada um deles começa no nível mais baixo, incursões sucessivas levam à promoções para novas classes que podem utilizar habilidades e equipamentos diferentes, influenciando tanto na hora da treta quanto na manipulação de cenário. Um tekker, por exemplo, pode utilizar um ponto de mecânica, inicialmente limitado a quatro unidades com capacidade de recarga, para abrir portas que outros soldados não poderiam.

Em se tratando destes recursos, temos 3. Os pontos de comando são utilizados para qualquer habilidade, como usar escopetas para jogar os Xenos para trás ou mandar um marine ficar vigiando uma região para que todo inimigo que entre nela sofra lentidão. Temos os pontos de mecânica, que podem ser utilizados para realizar ações como soldar portas e consertar torretas, e os medkits que são utilizados para curar nossos chegados ou diminuir o nível de estresse. Todo dano infligido por um inimigo tem a chance de machucar nossas tropas, causando uma perda na eficiência de combate. Além disso, níveis altos de stress podem causar problemas psicológicos permanentes. Que maravilha, não é mesmo?

No mais, vamos passando pelos lugares realizando objetivos primários e secundários, enquanto procuramos por sobreviventes para nossa tripulação e recursos para pesquisa e desenvolvimento de novos equipamentos. Aliens: Dark Descent não pega leve, e até um singelo Xenomorph, se levado na brincadeira, pode trucidar um esquadrão inteiro. Por isso, ser furtivo é sempre uma boa opção, bastando apenas que mandemos nosso esquadrão andar vagarosamente e nos esconder nos lugares permitidos quando necessário. Essa mescla de gêneros e mecânicas ficou bem feita e muito competente, e admito que me surpreendi ao perceber isso.

Contudo, a abundância de mecânicas e a natureza desesperada da situação de nossos heróis em Aliens: Dark Descent faz com que o jogo seja bem difícil, mesmo em dificuldades menores. A própria parte de gestão de tempo e dias pode quebrar o jogador, porque demorar muito para realizar determinadas tarefas faz com que mais e mais inimigos apareçam.

Além disso, nossos marines são são super soldados, e não temos nenhuma Ripley aqui. Sua natureza frágil adiciona ainda mais desafio ao todo. Contudo, o jogo é justo, salvo um ou outro ponto no qual a dificuldade possa ser irregular. Por exemplo, se um Alien nos ver, a colônia toda fica alerta e a nossa procura. Isso pode tornar uma missão fácil em um inferno na terra. Ou na lua, no caso.

Aliens: Dark Descent
Lá vem eles, minha gente. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Aliens: Dark Descent tem visuais excelentes, representando de maneira muito fiel os Aliens, marines e localidades da franquia. Eu realmente me senti como se estivesse vendo um filme, da época boa, e acho que isso é um elogio e tanto. Além disso, o jogo sabe criar uma atmosfera excelente através de som e visual, conferindo um ar quase que de terror a um gênero que, normalmente, não se dá muito com isso. Salvo as cutscenes, que tem umas animações faciais meio bizarras, tudo é de alta qualidade.

O departamento sonoro também entrega, tanto por trilhas que casam com o estilo quanto, mais importante, pelos sons de tiros, aliens e marines. Um pulse rifle soa como um pulse rifle, e isso é mais do que jamais poderíamos querer, não é mesmo?

Aliens: Dark Descent
Atmosfera inegável. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Aliens: Dark Descent?

É agora, leitoras, leitores e nosso amigo alien Chiquinho. Chegou a hora da pergunta de milhões: Aliens: Dark Descent vale a pena? Para responder essa pergunta, começarei revisando os pontos positivos e negativos que vimos até agora. O título tem a cara da franquia Aliens, seja nos visuais ou no som. Além disso, a jogabilidade é variada, tensa e divertida. Realmente podemos nos sentir no comando de uma equipe que explora locais infestados, e isso é demais.

Por outro lado, o excesso de mecânicas (existem algumas outras, além do que coloquei aqui, que deixo de surpresa para vocês) pode ser um pouco assustador no começo, e a dificuldade pode ser um pouco pesada demais e inconstante em alguns pontos. Por exemplo, quando matar um único facehugger lança uma reação em cadeia que acaba com três aliens gigantes bolados vindo em nossa direção.

Mas, ao fim e ao cabo, preciso dizer que Aliens: Dark Descent é bom, pessoal. Diria que excelente, até, principalmente em se tratando do histórico levemente inconsistente das adaptações da obra no universo dos videojogos eletrônicos. Confesso que esperava, inicialmente, uma experiência diferente. Mas o que tive foi até melhor do que poderia imaginar. Se curtem a franquia, Aliens: Dark Descent é pedido certo. Senão, é válido mesmo assim por seu gameplay desafiador e as pitadas de suspense que vão nos colocar na ponta da cadeira.

Aliens: Dark Descent será lançado nesta terça-feira, 20 de junho, para PC, via SteamPlayStation 4, PlayStation 5Xbox One e Xbox Series X|S e está disponível com versões a partir de R$ 139,90.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Focus Entertainment.

Aliens: Dark Descent

+ R$ 139,90
8

História

7.0/10

Jogabilidade

8.0/10

Sons e Visuais

9.0/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Uma adaptação de respeito para a saga Aliens
  • Mecânicas variadas e com profundidade fazem com que a experiência não seja rasa
  • Sons e visuais criam tensão e suspense em um gênero que, normalmente, não tem
  • Sistema de classes é tanto fiel aos filmes quanto divertido de utilizar
  • Parte de gestão no Otago confere uma nova camada de estratégia a tudo que fazemos

Contras

  • Também pela variedade de mecânicas, o jogo pode parecer confuso ou intimidador pela quantidade de variáveis a se considerar
  • Algumas inconsistências na dificuldade por conta de certas mecânica, como ser caçado pela colônia alien
  • Animações faciais são bem bizarras

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.