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Amnesia: The Bunker | Review

Amnesia: The Bunker é um jogo de terror e suspense em primeira pessoa, daquele estilo que somos pobres coitados fugindo de um monstro implacável, desenvolvido e publicado pela Frictional Games. Sendo mais um integrante da família Amnesia, o título promete entregar uma experiência assustadora e atmosférica, suficiente para nos fazer tremer na base.

E aí, será que essa jornada vale o preço da admissão? É o que veremos agora, em mais uma análise assustadora do Pizza Fria.

Nas trincheiras

Ratos monstruosos me devorem, leitores e leitoras, se não tivermos mais um jogo da série Amnesia em mãos! Os mais saudosos irão lembrar que ela foi uma das pioneiras do estilo de terror no qual o protagonista só pode fugir e chorar. Em verdade, ela foi, ao lado de Outlast, uma das grandes responsáveis pela nova onda do terror em videojogos que vimos nesses últimos dez anos. Bom, ao menos baseado nos dados e fontes tirados de minha cabeça agora. E que são mais que suficiente, já que somos bons e velhos amigos, não é mesmo?

Amnesia: The Bunker chega como o sucessor de Amnesia: Rebirth, lançado em 2020. Admito que o último título me deu uma nova esperança pela série, após uma grande decepção com o segundo jogo, A machine for pigs. Ainda que o impacto do primeiro Amnesia nunca fosse ser replicado, dado todo contexto do mercado na época de seu lançamento, a série ainda possui potencial mais do que suficiente para entregar bons sustos, e de qualidade.

Comecei nosso papo com essa ladainha toda por alguns motivos. Primeiro, porque posso. Há! Segundo, porque quero mostrar que possuo um apreço pela série, e que realmente esperava encontrar uma experiência que me agradasse, que me deixasse sentado na ponta do sofá e me fizesse xingar palavras que resultariam em uma bronca severa da edição, se colocadas aqui. E, infelizmente, isso não ocorreu. Bem, ao menos não pelos motivos que eu esperava.

Amnesia: The Bunker
Novamente, rumo à escuridão. (Imagem: Divulgação)

Amnesia: The Bunker nos coloca nas botas ensanguentadas de Henri Clement, um soldado francês que acorda na enfermaria de um bunker após ser ferido nas trincheiras da primeira guerra mundial. Sozinho e no escuro, ele começa a explorar o local apenas para descobrir uma infestação de ratos endiabrados, comedores de carne e de olhos brilhantes, e que um monstro enorme está a sua procura. E… é isso, ao que parece.

A história é contada através de documentos que encontramos, nos quais os ocupantes do bunker contam um pouco do que aconteceu e das provações pelas quais passaram. Além de ser útil para entender o que diabos está acontecendo, esses papéis são a única forma de podermos entender do que se trata a história, e quais personagens fazem parte dela.

Isso por si só não é ruim, vide a experiência recente que tivemos com System Shock Remake. Contudo, Amnesia: The Bunker não trata o tema com a mesma graça ou finesse, nem de perto. No fim de sua duração continuei sem entender direito o que havia acontecido com Henri entre quando se machucou e quando acordou, do que ele falava em seus diários, do fim que tomaram alguns de seus compatriotas. Talvez eu tenha deixado passar um ou outro colecionável, mas acredito que não teria feito tanta diferença assim. Além disso, o jogo possui um final abrupto e repentino, que me pegou de surpresa e me deixou impressionado, da pior maneira possível.

Amnesia: The Bunker
Prepare-se para caçar anotações e jornais. (Imagem: Divulgação)

A jogabilidade de Amnesia: The Bunker é seguinte: precisamos explorar o bunker, evitando ser comidos vivos pelos ratos ou trucidados pela besta que anda pelos corredores. Podemos nos proteger temporariamente, atirando, atiçando fogo ou jogando bombas nela. Mas os recursos são escassos, e cada projétil vale seu peso em ouro. Além disso, temos um sistema de crafting rudimentar que nos permite fazer bombas de fogo ou ataduras.

O bunker está repleto de portas e armários, cujas chaves e códigos de tranca mudam conforme cada gameplay. Felizmente, as portas de madeira podem ser explodidas, destruídas com tijolos ou com a escopeta. Isso é bem divertido, pois nos dá uma certa liberdade para explorar os ambientes em uma ordem diferente do que o esperado, cada vez que jogarmos.

Por fim, a escuridão é nossa inimiga. Para sobreviver em Amnesia: The Bunker , precisamos manter o gerador do lugar sempre abastecido de combustível, que está espalhado pelo local e é gasto para o manter rodando. Até temos uma lanterna portátil, mas ela é barulhenta e dura pouco, precisando de corda para carregar e atraindo a atenção do monstro sempre que o fazemos.

Até aí, clássico Amnesia. Salvo um mapa semi-aberto com alguns elementos aleatórios, e poder atordoar o monstro com armas, as coisas seguem mais ou menos o mesmo esquema de sempre. E isso não é ruim, pelo contrário. Ou, ao menos, não seriam. Se o jogo funcionasse da maneira que deveria. E é aqui, jovens padawans, que aparece o real terror de Amnesia: The Bunker . Os bugs!

Imaginem a seguinte situação. Estou jogando Amnesia: The Bunker, andando tenso pelos corredores do bunker. De repente, o jogo desacelera. Será o monstro me buscando? Serão os ratos me atacando? Será a insanidade correndo minha fraca ligação com a realidade? Queria, mas não. É apenas mais um dos casos do jogo ficando nos dígitos únicos defps quando qualquer coisa mais pesada, como fogo ou partículas, aparecem na tela.

E que tal quando estamos andando e, do nada, o monstro nos puxa pelo pé para um buraco e nos mata. Interessante, não? Basta colocar um barril ali. De fato, mas agora perdi 15 minutos de jogo por isso, e nem entendi direito o que aconteceu porque no momento do puxão Amnesia: The Bunker decidiu que seria aterrador agarrar e dar um crash para a dashboard do PS5.

Já sei, saquem só. Pensem em quando estão mudando de área, fato fácil de ver pelo carregamento demorado que ocorre, travando toda a ação. Imagine que acabou de fazer várias coisas, fugir do monstro, matar ratos, achar tudo que havia. Você está voltando para o save e, de repente, BAM! O jogo fecha e mostra uma tela de erro. Aterrador, a ponto de eu precisar tomar minha medicação de pressão e ficar um pouco de repouso.

Brincadeiras à parte, o estado de Amnesia: The Bunker é tal que, por vezes, jogá-lo era um terror. Meu jogo, por algum momento, ficou com as cores saturadas e nunca mais voltou ao normal. Eu realmente fiquei decepcionado, tanto pelo que vi do gameplay quanto pela parte técnica. O título não é longo, longe disso, e ainda assim acredito que boa parte do meu tempo foi gasto tendo de recomeçar por bugs ou esperando o lag passar.

Sons e Visuais

Visualmente, Amnesia: The Bunker não faz nada demais, parecendo muito mais last gen do que deveria. Temos uma boa atmosfera, criada pelo cenário em boa medida, e nada mais. É realmente decepcionante, visto que o tema da primeira guerra mundial é pouco explorado e dá muito pano para explorar no terror. Vide uma série de filmes, quadrinhos e livros ambientados no período. Aqui, além do cenário, vemos apenas as mãos de Henri, ratos, cadáveres e a fera.

A trilha sonora é mediana, aparecendo pouco. Boa parte do tempo é passado em silêncio, apenas com o som de bombas, ratos e dos nossos passos para fazer companhia. Na real, talvez esse seja um dos poucos departamentos que não pisaram na bola, provavelmente por aparecer apenas em momentos chave e se relegar ao básico.

Amnesia: The Bunker
Mão esquerda, uma das protagonistas. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Amnesia: The Bunker?

Talvez eu tenha sido duro com minhas opiniões acerca de Amnesia: The Bunker, leitores e leitoras. Mas é uma bronca que vem de um lugar de amor, de um apreciador da série que esperava mais. Rebirth tinha ido tão bem, com uma história redonda e personagens legais, além de alguns momentos de emoção. Como viemos chegar nisso?

Uma história dispersa, poucas horas de jogo, poucos inimigos e modelos, pouco para se explorar, bugs, crashes, decisões de gameplay de dar ódio, enfim. Eu me sinto com dificuldade de apontar positivos aqui, para contrabalancear toda raiva que passei. A atmosfera é legal, e a primeira guerra é um cenário com potencial. Também é legal quebrar portas, e a aleatoriedade de chaves e afins pode gerar variedade em mais de uma jogada. Mas, sério, quem iria se colocar pelo martírio de terminar Amnesia: The Bunker mais uma vez? Em seu estado atual, ao menos?

Ao fim e ao cabo, posso dizer com segurança que minhas esperanças estão destroçadas, e meu dia arruinado. Esperei Amnesia: The Bunker com carinho, imaginando que teria um tempo de qualidade com sustos e emoção. Me assustei, de fato, mas por todas as maneiras que não deveria. E, mais especificamente, como puderam pensar que esse seria o novo caminho para a série Amnesia. O título até possui seu potencial, sem dúvida. Mas, em se tratando da versão que avaliei ao menos, ainda precisa aparar muitas arestas para poder alcançá-lo.

Amnesia: The Bunker tem o lançamento previsto para esta terça-feira, 6 de junho, com versões para PlayStation 4, Xbox One, e PC, via Steam e Epic Games Store.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Frictional Games.

Amnesia: The Bunker

5.3

História

5.0/10

Gameplay

4.0/10

Gráficos e Sons

6.0/10

Extras

6.0/10

Prós

  • Aleatoriedade favorece novas jogatinas
  • Pode ser atmosférico
  • Muitas opções para quebrar portas

Contras

  • Nada funciona direito
  • Bugs, bugs e mais bugs
  • Muitas mecânicas irritantes, como do monstro em buracos
  • Curtíssimo
  • Crashes constantes nos fazem perder tempo a todo momento

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.