Astlibra Revision | Review
Astlibra Revision é um JRPG de ação em 2D, naquele estilo que andamos sempre para esquerda ou direita, desenvolvido pela KEIZO e distribuído pela WhisperGames. O título está em desenvolvimento já faz uns bons anos, em grande parte com apenas um desenvolvedor, e agora ele chega em sua versão final para delírio da galera.
E aí, será que vale nosso esforço? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.
Balança perfeita
Está acontecendo novamente, leitores e leitoras da TERRA-616. Estou ouvindo as vozes de novo, e tenho a vivida impressão que estou conversando com os animais, agora. Será que me tornei um princeso da Disney? Bom, um cara pode sonhar, não é mesmo? Afinal, se aquele chato do Sora pode entrar no universo de Mickey e Donald, por quê não poderíamos?
De todo modo, um corvo veio sussurrar em meus ouvidos o código para um jogo curioso que ele fazia parte e gostaria de minha opinião. Isso me levantou várias suspeitas. Afinal, como ele poderia estar no jogo se nem ao menos tinha como jogá-lo? Como ele me encontrou? Será que isso é um efeito colateral do alto consumo de bombinhas de chocolate? Perguntas, perguntas.
O que importa é que o videojogo, ASTLIBRA Revision, me chamou a atenção. Não costumamos ver tantos RPGs nesse formato hoje em dia, acredito. Geralmente, essas mecânicas chegam acompanhadas de um rogue de leve, ou um metroidvania. Aqui, me lembrou mais o que vimos em jogos tipo Actraiser, ao menos em sua metade de plataforma. Mas chega de meus devaneios, e vamos ao que interessa.
História
A trama de Astlibra Revision gira em torno de nosso protagonista misterioso, sem nome para variar, que teve sua infância destruída quando a vila em que morava foi arrasada por ataques de demônios. Sozinho e perdido de sua grande amiga, ele vagou até encontrar um corvo falante, chamado Karon, que estava tão perdido e assustado quanto nosso garoto.
Oito longos, longos anos se passaram sem que nossos chapas encontrassem ninguém. Contudo, uma série de tretas os levou a matar a solidão, chegando a um vilarejo e, de quebra, arrumando uma balança com poderes muito maiores do que podiam imaginar naquele momento. A narrativa se desenrola, daí, quase que em formato episódico, com cada capítulo cobrindo um local no qual vão realizar missões para a guilda que fazem parte, enquanto buscam pela amiga de nosso herói e tentam entender o que diabos se passou com Karon.
Eu cá curti bastante a narrativa de Astlibra Revision, ainda que ela não seja muito audaciosa na hora de explorar seus temas e expor seus conflitos. Seja como for, ainda é interessante acompanhar as batidas da trama e ficamos curiosos para entender, tanto quanto os personagens que vivemos, o que se passa por ali. Algumas coisas, que não posso falar, ajudam a dar uma variada após certo momento.
O negativo que vejo, aqui, se encontra nos diálogos e na falta de cadência da narrativa em alguns momentos. Os diálogos são bem feitos, mas escritos de maneira que parecem até levemente robóticos, com pausas meio bizarras. E, em outras horas, a ação agarra quando não devia para nos expor as mazelas do menino loiro e seu corvo.
Jogabilidade
Em se tratando de jogabilidade, Astlibra Revision funciona como um jogo de aventura/ação em duas dimensões. Nosso boneco anda para a esquerda e para a direita, pula, desce em certos locais do cenário, bate em quatro direções, essas coisas. Ainda que ele não invente muito nesse aspecto, os controles são precisos e a pancadaria é tão divertida que torna a coisa toda viciante.
Nosso boneco tem acesso a diversos tipos de armas, com alcances, danos e velocidades diferentes, além da capacidade de utilizar escudos para se defender (ou não, no caso de armas de duas mãos) e de utilizar a magia de Karon para realizar uma série de ataques. Estes envolvem se transformar em certos monstros, ou coisas do tipo, para dar ataques ou, até, invocar aliados.
Saber como utilizar essa parada é essencial em dificuldades mais altas, porque elas fornecem frames de invencibilidade valiosos que pode salvar o dia. O jogo conta com desafios de níveis diferentes, com os mais altos oferecendo melhores recompensas, itens e um crescimento de experiência e pontos de habilidade muito maior.
É muito divertido estar enfrentando aquele monte de demônios e bichos do cão e, de repente, virar um tubarão que pula acertando no alto e, ao cair, gera uma onda de gelo no chão. Os chefes, também, são bem desafiadores. Mas, um pouco de paciência e sagacidade garante que todos podem ser vencidos sem muito sofrimento. Em suma, Astlibra Revision é bem maneiro de jogar.
Do lado RPG, Astlibra Revision entrega um sistema de níveis, bem padrão, uma árvore de habilidades que pede recursos obtidos ao derrotar inimigos, e habilidades especiais de armas, que podem ser equipadas mediante ao uso de cristais. Toda arma que equipamos possui alguma, e utilizá-la por algum tempo faz com que nosso corvo querido a aprenda e possa deixar ativada sempre que quisermos.
Isso faz milagres para deixar o combate variado, visto que o jogo nos recompensa por juntar materiais, construir armas na cidade e ir aprendendo o que cada uma tem a oferecer. Além disso, nada demora tempo demais para completar, então não ficamos agarrados com uma arma que não queremos. Eu curti muito isso, e fiquei horas e horas apenas farmando experiência para ter todas as habilidades.
Astlibra Revision também nos dá, como falei, acesso à uma árvore de habilidades. Elas são liberadas utilizando os cristais derrubados por inimigos derrotados, e são responsáveis tanto por aumentar atributos básicos quanto por liberar novas habilidades de transformação e, até, armas. A árvore é extensa, dando muito o que fazer se quisermos botar o herói no patamar mais bolado de todos.
Sons e Visuais
Astlibra Revision tem um visual bem maneiro, mesclando uma cara meio velha guarda com um polimento da nova geração. Isso atinge um efeito que agrada bastante, e os diversos cenários e inimigos que vemos são bem variados. Além disso, as animações são muito bem feitas e fluídas, com golpes fortes e magias maneiras de apreciar. Um único negativo é que, em alguns momentos, o excesso de efeitos e partículas deixa a cabeça meio confusa.
O título não possui tantas vozes, deixando o grosso do trabalho de som na trilha sonora e efeitos sonoros. Isso também não decepciona, com alguns mapas oferecendo temas que valem até serem ouvidos fora das aventuras da nossa dupla. Me lembrei muito de Ys, o que foi outro positivo. Faltou uma localização em português do Brasil.
Vale a pena comprar Astlibra Revision?
Bom, chegou a hora caros leitores, leitoras, corvos e povo peixe que vive em cidades nas profundezas do Pacífico sul. Qual a nota que representa Astlibra Revision? Bom, vamos seguir a cartilha do bom pizzaiolo e relembrar os pontos positivos e negativos que falamos até agora. Do lado positivo, temos um jogo de ação com uma jogabilidade divertida e viciante, elementos de RPG bem realizados, muitas habilidades e poderes para liberar, além de uma história maneira de acompanhar.
Pelo lado menos legal, a narrativa fica meio fora de compasso em alguns momentos, parando e avançando de forma que acaba matando o ritmo da parada. Fora isso, apenas o excesso de partículas em alguns momentos mais bombásticos dá uma leve enrolada nos miolos, mas nada que aconteça a ponto de tirar o brilho da coisa.
Ao fim e ao cabo, Astlibra Revision é uma belezura de jogar, e fico contente de não ter deixado me passar desapercebido nessa época tão recheada de lançamentos. Um gameplay, muitas coisas para se liberar, somado as dificuldades extras, tornam esse um excelente título para passar o tempo e se perder. Recomendo fortemente.
Astlibra Revision chega hoje para Nintendo Switch e já estava disponível para PC, via Steam, desde outubro de 2022.
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela WhisperGames.
Astlibra Revision
+ R$ 47,49Prós
- Jogabilidade divertida e viciante
- História maneira de acompanhar
- Muitas armas com habilidades a se aprender
- Árvore de aprimoramento cheia de coisas para fortalecer o herói
- Mecânica variada favorece quem aprende e joga novamente
Contras
- Narrativa perde o compasso em alguns momentos
- Excesso de efeitos em certos combates dá um nó na mente
- Sem localização em português do Brasil.