Atlas Fallen | Review
Atlas Fallen, RPG de ação da Focus Entertainment e da Deck13 Interactive, nos leva para regiões extremamente áridas para batalhar contra criaturas lendárias em um mundo de fantasia. Sua chegada está marcada para 10 de agosto, dia em que será lançado para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam.
E nós tivemos a oportunidade de jogar antecipadamente para conhecer tudo sobre o game e apresentar todos os detalhes positivos em mais uma crítica. E aí, tá preparado? Se você quer saber o que as areias de Atlas Fallen escondem, confira esta review antecipada do Pizza Fria!
Arco narrativo meio genérico, missões secundárias idem
A ideia central da narrativa de Atlas Fallen é nos colocar em um mundo completamente desértico, onde aparecemos simplesmente do nada, encontramos uma manopla também sem muita explicação e, quando nos damos conta, somos responsáveis por salvar a humanidade de um deus corrompido extremamente poderoso e… tirânico. Tudo vai de zero a cem muito rápido e, embora isso possa dar certo em alguns jogos, em Atlas Fallen a coisa funciona justamente da maneira contrária. E isso se liga às quests que devemos executar ao longo do jogo, que acabam sendo repetitivas, mesmo na linha principal da história.
Sobre as quests secundárias, nada de novo. É um vai ali, conversa aqui, ou mata um bicho, pega algum item, aquela coisa que rola sempre em todos os RPGs desde sempre, sem muitas novidades. Sinceramente, em jogos que apresentam essas missões excessivas, acabo rushando pela linha principal, pois a experiência de fazer várias missões sem sal acaba tornando a jogabilidade em algo muito, mas muito cansativo.
Sem dar spoilers, a história começa quando o personagem que está inserido dentro da manopla que achamos, está preso em um mundo guerreando com criaturas aleatórias. Isso serve como uma espécie de tutorial básico, mas acaba sendo simplista demais e, confesso que tive vontade de desistir ali. Porém, dê uma chance e veja se vai ser do seu gosto dar continuidade ao jogo. Após isso, somos jogados no meio de todo o caos de uma tempestade de areia, calibãs (nome das criaturas do jogo) assassinos em volta de um acampamento e um líder humano que trata você e seus amigos como lixo.
A questão em Atlas Fallen é que tudo soa muito simplista e clichê na narrativa, não tendo ela um grande aprofundamento. A sensação que fiquei é de que parece algo feito mais para ser pano de fundo de um jogo mais voltado para a ideia de cooperativo, mas que também pode ser jogado individualmente. Enfim, a história aqui não é legal, e isso fica bem nítido através das missões primárias e secundárias.
Jogabilidade ainda precisa de uma boa polida
Em Atlas Fallen, a jogabilidade é diretamente ligada a… areia. Sim, os cenários são praticamente todos áridos, e temos que manipular os grãos de areia para conseguir explorar todo o mundo do jogo, que conta com segredos, itens escondidos, que ficam espalhados e até mesmo enterrados e criaturas enormes e perigosas.
A ideia do jogo é ser jogado em coop, pois muitas das criaturas lendárias que surgem podem ser um pouco difíceis para lidar. E isso fica ainda pior quando percebemos que a jogabilidade ainda é um bocado travada e, em vários momentos, acabamos ficando “travados” em movimentações aéreas que desafiam TODAS AS LEIS DA FÍSICA. É claro, é só um jogo e a física não é o foco aqui, mas em diversos momentos pular e atacar ou até mesmo utilizar o dash me deixavam inerte no ar, sendo presa fácil para os inimigos.
Essa coisa da proposta de Atlas Fallen em nos unir as areias do mapa me chamou a atenção de maneira positiva. Na verdade, mais ou menos. No início, acabei estranhando, sobretudo quando saímos deslizando pelas areias, sendo esta a forma mais rápida de se locomover. Porém, logo comecei a me adaptar e, ao utilizar as habilidades que vão sendo desbloqueadas, as coisas vão fazendo mais sentido. Aliás, as próprias armas que vamos criando com o tempo são de areia. Ou seja, neste quesito, o game consegue ser bem condizente e até mesmo interessante, criando um elo entre a narrativa (que não é boa), com o personagem e a jogabilidade. E esse é talvez a maior audácia de Atlas Fallen.
A ideia de sair deslizando pelas areias soa bem legal, dando agilidade ao percorrermos o mapa. E a ideia de desenterrarmos baús, bigornas onde conseguimos fazer aprimoramentos na manopla, em habilidades e armaduras, além de podermos usa-las para viagens rápidas e salvamento também é interessante, nos fazendo querer percorrer cada canto dos mapas para ver se é possível encontrar itens ou outras coisas úteis para tornar nosso avatar em uma máquina de luta. Afinal de contas, com a jogabilidade sendo meio travada e os inimigos aparecendo aos montes, é sempre bom tentar ter uma vantagem.
A sensação que fiquei ao lutar em Atlas Fallen é a de que a coisa foi feita meio que pela metade, faltando algo como uma mira focada em um inimigo em especial ou parte do seu corpo, facilitando acertar os ataques e não se dispersando em meio aos monstros que ficam ao redor. Outra coisa que me incomodou também foi o travamento do personagem para executar o rolamento para se desviar dos ataques, algo que fica dificultado pela lerdeza do personagem em executar seus ataques.
Enfim… Atlas Fallen poderia dar uma ajustada em alguns detalhes para tornar os combates e a própria movimentação do game em algo mais fluido. Isso certamente traria uma outra cara para o jogo. Eu confesso que ainda quero jogar um pouco mais, sobretudo após o lançamento, para ver o que farão com o título, se haverá alguma atualização de day one ou, ao menos na primeira semana. Mas como estou avaliando o aqui e o agora, já adianto que esta parte meio que deixou a desejar.
Sons e visuais do deserto
Atlas Fallen é um jogo bonito, mas confesso que esperava um pouco mais dele no quesito gráfico, sobretudo por conta do game ter sido produzido para a nova geração. Os mapas são meio genéricos, com muita areia, claro, e diversas ruínas. Já o design dos personagens acaba sendo meio genérico, e nisso o jogo deveria ter um pouco mais de zelo, sobretudo por serem eles os responsáveis por dar toda a tônica da narrativa. Os calibãs são interessantes, mas acabam sendo repetitivos ao jogar por algumas horas e, na parte visual, acabam sendo interessantes, sobretudo os mais gigantes. Contudo, parecem variações de uma mesma matriz.
Já no quesito sonoro, o jogo até que manda bem, embora os diálogos, que são bons, perdem a fluidez com a movimentação do personagem, que não é nada natural. Na real, é até engraçado. Eu sei que é só um detalhe, mas mesmo assim, eu acabei notando isso. A trilha sonora do jogo é tão discreta, que parando pra pensar agora, ela não tem lá grande impacto no jogo. E eu meio que não acho isso ruim, pois existem alguns títulos que abusam de músicas épicas para momentos… nada épicos.
Enfim, Atlas Fallen no quesito audiovisual é bacana e tal, mas é isso. O resto acaba não acompanhando e, bem… é isso. O jogo até que tenta se ressaltar diante dos vários outros, mas acaba tropeçando em aspecto que vão bem além de gráficos, como foi descrito acima.
Vale a pena comprar Atlas Fallen?
Eu queria muito ter conseguido gostar tanto de Atlas Fallen como eu imaginei que fosse gostar. No entanto, a experiência foi um bocado diferente do que minha expectativa sugeria. Pois é. Acontece. O jogo é até divertidinho em alguns momentos, mas o grosso dele ainda precisa de uma boa melhorada. As batalhas acabam sendo confusas, com tantos comandos e combos que te fazem voar ao infinito e além, cheias de inimigos, paredes que surgem do nada nos momentos de batalha contra os chefões e… eu já mencionei CAOS? Pois é. Parece que, com o tempo, a experiência vai ficando mais fácil, mas confesso que em alguns momentos meu eu de 10 anos saiu apertando botões e… deu tudo certo.
De uma forma geral, posso dizer que Atlas Fallen até que tem algumas ideias originais em meio a uma infinidade de jogos lançados diariamente. O problema é que sua história é simples demais, seu combate precisa de mais refinamento, sobretudo por atravessarmos diversas vezes os inimigos e nos quesitos de áudio e vídeo, algumas coisas deveriam ser mais bem ajustadas para a nova geração.
Enfim, como já joguei coisas muito piores ao longo da minha vida e da minha trajetória de reviewer, isso acabou “salvando” um pouco a nota de Atlas Fallen que, embora tenha diversos problemas, acabou estando bem longe de ser a pior experiência da minha vida. Creio que o jogo poderá agradar a alguns jogadores menos exigentes e que busquem uma possível platina fácil, e tá tudo bem. Afinal de contas, mesmo com tantos problemas, Atlas Fallen até que me divertiu e até mesmo me desafiou por alguns momentos, me levando a explorar um pouco mais de seu mundo árido, indo atrás de peças para a manopla, armaduras e tudo que pudesse me dar alguma vantagem. Mas… não me pegou.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Focus Interactive.