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Atomic Heart: Atomic Pass | Review

Lançado em lááá em fevereiro de 2023 pela Mundfish e a Focus Home, Atomic Heart gerou bastante expectativa por sua ambientação alternativa e sua promessa de uma experiência inspirada em Bioshock, misturando ficção científica, combate frenético e um mundo soviético distópico tomado por máquinas letais. No entanto, o jogo disponível para Xbox One, Xbox Series X|SPlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam, apesar de um início promissor e de uma estética visual impressionante, o jogo acabou caindo no esquecimento, não conseguindo sustentar o hype inicial.

Agora, com o Atomic Pass, um pacote com três DLCs, Trapped in Limbo, Annihilation Instinct e Enchantment Under the Sea, expande a narrativa e traz novos conteúdos, surge a pergunta: será que essas expansões conseguem resgatar Atomic Heart e dar a ele uma sobrevida? Descubra isso nesta análise do Pizza Fria!

Relembrando o jogo base

Atomic Heart prometia ser um dos títulos mais inovadores de 2023, como eu dizia lá na época do lançamento, trazendo uma narrativa alternativa ambientada em uma União Soviética altamente desenvolvida tecnologicamente no ano de 1955. O jogo apresenta um mundo intrigante, onde robôs, criados para servir à sociedade, se rebelam e transformam um paraíso utópico em um verdadeiro pesadelo. O protagonista, Major P-3, é encarregado de lidar com essa catástrofe, acompanhado por sua luva falante, CHAR-les, que não apenas auxilia no combate, mas também adiciona um toque de humor à trama.

Os gráficos impressionam até a atualidade, com cenários bem detalhados e uma ambientação que lembra a franquia Bioshock, combinando ficção científica, elementos retrofuturistas e uma dose generosa de ação. O combate é dinâmico, permitindo a personalização de armas e habilidades para enfrentar hordas de inimigos, que vão desde robôs descontrolados até criaturas mutantes. No entanto, a IA dos inimigos segue inconsistente, oscilando entre momentos de extrema letalidade e outros completamente desajeitados, prejudicando a imersão e a sensação de desafio.

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Como eu me empolguei com esse jogo… (Imagem: Divulgação)

Embora o jogo apresente boas ideias e mecânicas interessantes, Atomic Heart sofre com diversos problemas técnicos. Bugs frequentes, como personagens ficando presos em paredes e travamentos inesperados, atrapalham o andamento da campanha e podem tornar a experiência frustrante. Além disso, quedas de desempenho foram observadas em momentos de maior exigência gráfica, mesmo em consoles da nova geração, impactando negativamente a fluidez do jogo. Isso sem falar dos puzzles, que cansam bastante ao longo da jogatina.

No geral, Atomic Heart oferece uma proposta visualmente impressionante e uma história razoavelmente intrigante, mas sua execução deixa a desejar. Com problemas técnicos e uma jogabilidade que nem sempre se mantém coesa, o jogo acabou não atingindo todo o seu potencial e, apesar do hype inicial, tornou-se um título pouco comentado, para não dizer meio esquecido.

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No início, eu até me surpreendi com os gráficos, mas ficou apenas nisso mesmo. (Imagem: Divulgação)

O que o Atomic Pass traz de novo?

Cada DLC do Atomic Pass apresenta novas missões, mecânicas e desafios. Porém, assim como o jogo base, os conteúdos adicionais apresentam altos e baixos que impedem que a experiência se torne verdadeiramente memorável. Sinceramente, já adianto aqui que, embora a ideia do jogo seja incrível, a coisa não funcionou tão bem assim nos DLCs, que até contam com algumas coisas legais, mas nada que salve os esforços da Mundfish.

O DLC Trapped in Limbo traz um visual psicodélico e uma proposta inusitada, que mistura plataformas e desafios ao estilo Temple Run. Apesar da ideia ser bem criativa, a execução deixa a desejar, tornando-se repetitiva e pouco envolvente, assim como o jogo base. O que começa como um conceito interessante rapidamente se transforma em uma série de desafios que parecem se arrastar, sem realmente acrescentar profundidade ao jogo. Particularmente, eu não pagaria nunca para encarar mais puzzles em Atomic Heart, uma das minhas maiores críticas na análise do jogo em seu lançamento. Deixa o jogo arrastado, chato e frustrante, sobretudo com os problemas de desmpenho no PS5.

Enchantment Under the Sea é, sem dúvidas, é o DLC mais bem escrito do pacote. Ele expande a história ao introduzir novos personagens bem desenvolvidos, que trazem mais camadas ao enredo e uma dinâmica mais convincente. A relação do protagonista P-3 com sua esposa Ekaterina, por exemplo, ganha um novo olhar, trazendo momentos emocionantes e uma narrativa que parece mais viva. Além disso, a adição de novos inimigos, armas e mecânicas de combate fazem com que esse seja o DLC mais satisfatório para quem busca um Atomic Heart mais polido. Neste ponto, confesso que a Mundfish conseguiu acertar em praticamente nada.

Por outro lado, Annihilation Instinct volta novamente aos mesmos problemas do jogo principal. Embora traga batalhas divertidas e mecânicas de combate satisfatórias, sua narrativa parece confusa e forçada, deixando o jogador perdido em meio a eventos que nem sempre fazem sentido dentro do universo do jogo. Além disso, alguns problemas técnicos, como bugs e glitches que podem prejudicar o progresso, ainda estão presentes, mesmo após diversas atualizações. E, sinceramente, o que mais me deixou louco ao jogar o título no lançamento foi a quantidade surreal de problemas com que ele foi lançado. Os lags então, eram desesperadores…

Vale a pena investir no Atomic Pass de Atomic Hearts?

Se você gostou de Atomic Heart e busca mais conteúdo, o Atomic Pass pode ser uma boa adição, especialmente pelo DLC Enchantment Under the Sea, que realmente melhora alguns aspectos do jogo. No entanto, ele não consegue corrigir os principais problemas que tornaram o jogo base esquecível, como a falta de uma identidade própria e a inconsistência da narrativa. E olha que sou maravilhado com as narrativas feitas na antiga União Soviética. No entanto, a Mundfish não conseguiu prender minha atenção aqui.

Os DLCs adicionam mais horas de jogo e expandem o universo de Atomic Heart, mas, no final das contas, eles não fazem o suficiente para transformar a experiência em algo realmente imperdível. Para aqueles que já não ficaram muito impressionados com a campanha principal, o Atomic Pass pode acabar sendo apenas um prolongamento de algo que já parecia desgastado. Além disso, o pacote está saindo pelo valor médio de R$ 214,95 nos consoles, algo que deixa o retorno ao título ainda menos atrativo.

Resumindo a situação toda, os DLCs de Atomic Heart trazem algumas boas ideias, mas não chegam a ser suficientes para resgatar o jogo do esquecimento, como eu disse antes. Enquanto alguns conteúdos mostram um esforço da desenvolvedora em aprimorar a experiência, outros apenas reforçam os mesmos problemas que afastaram muitos jogadores no lançamento. Porém, se você ainda tem interesse no universo de Atomic Heart, vale conferir, mas, de verdade? Vá sem muitas expectativas… Fui me empolgar e acabei “tapeado” de novo, mesmo com ligeiras melhorias. Por conta desses pontos, mantenho minha nota.

*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Focus Home.

Atomic Heart: Atomic Pass

R$ 214,95
7.9

História

8.2/10

Jogabilidade

8.0/10

Gráficos e sons

8.7/10

Desempenho

7.0/10

DLCs

7.4/10

Prós

  • Dublado e legendado em português brasileiro
  • Gráficos seguem sendo destaque
  • Variedade de armas e habilidades

Contras

  • Bugs e glitches seguem sendo um problema
  • Desempenho ainda é meio sofrido
  • Infelizmente os DLCs não salvam o jogo

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.