Berserk Boy | Review
Berserk Boy é um jogo de ação e plataforma em 2D, com meus amados elementos de metroidvania, desenvolvido e publicado pela BerserkBoy Games. Inspirado fortemente pelas aventuras de um certo azulão, o título nos convida a acompanhar as desventuras de Kei, um jovem carinha que acaba recebendo poderes incríveis e uma missão mais interessante ainda.
E aí, será que vale a pena acompanhar esse rolê? É o que veremos agora, em mais uma adorável análise do Pizza Fria!
Botando pra quebrar
A nostalgia é uma coisa complicada, leitores e leitoras. Por um lado, nos leva a sentir falta de um tempo que, muitas vezes, nem foi tão bom quanto lembramos. Por outro, nos faz desejar experiências que nunca poderão ter um impacto tal quanto na época que ainda éramos meras pizzas brotinho. Contudo, o universo mágico dos videojojos sempre procura remeter aos velhos tempos, com diferentes graus de sucesso.
Certas franquias, por sinal, encontram nos indies a chance de continuarem em espírito, visto que suas próprias desenvolvedoras parecem tê-las esquecido. Um bom exemplo é nosso bom e velho amigo Mega Man. Quem nunca se divertiu com as presepadas de X e Zero, na era dos consoles (agora, meu Deus) retrô? Contudo, recapturar o brilho da saga é complicado. Um de seus idealizadores, inclusive, tentou e falhou miseravelmente. Quem poderia esquecer, afinal, do fiasco que foi Mighty Number 9? Que coisa absurda foi aquela, em nome de Kratos?
Contudo, sempre há um novo dia para se tentar novamente, e é nessa que entra nosso título da vez. Berserk Boy chega chegando, com a proposta de unir o estilo de plataforma de nosso querido megaAmigo com algumas vibes dos metroidvanias da praça, popularizados nos jogos da família Belmont. Mas e aí, será que temos mais uma bomba em nossas mãos? Para meu fraco psicológico, espero que não. Bom, vejamos.
História
Berserk Boy conta a história de Kei, um membro da resistência que, um dia, passa de apenas mais um soldadinho de chumbo para a maior esperança que a galera já teve em muito tempo. Após encontrar uma esfera chamada Orb, nosso camarada se transforma no tal Berserk Boy, capaz de utilizar poderes de raios (e outros que irá absorver) para dar um jeito de impedir o malvado doutor Genos e acabar de vez com a escuridão que ele trouxe ao mundo.
A trama oferecida aqui é o que já esperávamos de títulos do estilo, contando as presepadas de Kei e companhia enquanto encontram novas Orbs, salvam mais pessoas e tentam botar Genos em cana. Ainda assim, os personagens possuem alguns arcos pessoais, se desenvolvendo e evoluindo ao longo da duração. Eu achei legal de acompanhar, e o charme de alguns deles me manteve cativado.
Ponto alto aqui, além disso, é a tradução presente no título. Todos os diálogos foram muito bem transcritos para nossa maravilhosa língua, sem perda de sentido, estranheza ou aquelas bizarrices que vemos por aí. Com isso, fica fácil acompanhar a história de cabo a rabo, entendendo mais por trás das motivações dos heróis e , também, do vilão.
Jogabilidade
Bebendo da fonte de suas inspirações, Berserk Boy nos oferece uma jogabilidade plataforma focada em ação 2D, na qual saímos pulando e trocando sopapos com vários robôs, armadilhas e chefes diferentes. Os controles são bem precisos, salvo em algum ou outro momento que necessite de mudança ligeira de poderes ou direção, e geralmente se dividem em botões para deslizar, atacar, pular ou realizar ações únicas de cada forma berserk.
Isso foi uma das grandes sacadas do título, em minha opinião. Cada uma delas possui um uso único, que permite tanto a exploração de lugares futuros ou já passados (daí a pegada metroidvania) quanto o uso de estilos de combate diferentes. Uma forma, por exemplo, usa socos, a outra lança kunais, uma terceira marca inimigos que colidimos para que levem choques, e por aí vai.
Além disso, os estágios fazem bom uso dessa configuração para nos dar desafios bem interessantes e bem construídos. Temos seções que necessitam que passemos dando dashes de trovão, depois planemos no ar, entremos em canos, e por aí vai. Os desenvolvedores realmente souberam ser criativos, e isso se transmite em uma boa quantidade de satisfação quando chegamos ao final de uma fase.
Além disso, Berserk Boy nos convida a revisitar fases já conquistadas para tentar salvar novos membros da resistência, o que libera seções extras naquele estágio com novos desafios e recompensas. Esse esquema ficou bem legal, principalmente por incentivar o jogador a estender seu tempo total de jogo através daquela vontade marota de obter 100% em cada missão. Clássico, não é?
Uma coisa que me agradou muito, durante toda a duração, foi a sensação de velocidade do jogo. Gotta go fast, como diria um certo ouriço azulado. Algumas formas, principalmente a dos raios, nos dão a opção de sair avançando, matando inimigos e passando por espinhos e outras bondades como se não fossem nada. É um sentimento envolvente, que acredito ter o potencial de agradar em cheio a galera.
De negativos, acredito apenas ter ficado meio entediado de vasculhar a base da resistência sempre que conseguia uma nova Orb, como obrigação para testar meus novos poderes. O que seria maneiro, se a próxima série de fases não tivesse um foco em justamente usar esses poderes. Fora isso, a colocação de algumas armadilhas e alguns controles específicos, como a forma de furadeira na terra, deram um trabalho. Mas, nada que matasse a experiência.
Sons e Visuais
Berserk Boy entrega visuais naquele estilo retrô, construído em pixels com uma boa dose de estilo e muitas cores que, quando combinado, nos dão um bom espetáculo aos olhos. Somado a isso, as animações dos diversos poderes e formas de Kei, mais aquele lance de velocidade que comentei acima, também ajuda para deixar o jogo com um estilo bem próprio e bem desenvolvido.
A parte sonora também entrega, principalmente em se tratando das músicas. Kei quebra geral ao som de um bom e velho synthwave, que lembra tanto as batidas das antigas quanto essa nova onda que se popularizou nos últimos anos. Tal qual em títulos como Midnight Fight Express, por exemplo, podemos dizer que os sons elevam a experiência.
Vale a pena comprar Berserk Boy?
É hora da verdade, berserk boys and girls. Será que minhas esperanças foram verdadeiras? Será que meus pedidos foram atendidos? Ou será que esse vai ser apenas mais um dia no qual minhas lágrimas serão meu único alimento? Bom, vamos dar um recap na prosa para ver o que Berserk Boy jogou na roda e, então, entender qual é a dele.
Do lado positivo, temos um jogo bem bonito e divertido, com uma trilha sonora maneira, uma jogabilidade calibrada na maioria do tempo e fases bem divertidas de encarar. Além disso, as diversas formas, e a necessidade de seu uso conjunto, ajudam a deixar a experiência sempre fresca e diferente. Do lado negativo, cito apenas as missões dentro da base, que quebram o ritmo de jogo, e umas armadilhas mais ordinárias do que deveriam ser.
Mas, ao fim e ao cabo, Berserk Boy é um joguinho açucarado, que honra suas raízes ao mesmo tempo que coloca novas ideias para frente. Fãs de jogos no estilo plataforma irão se deleitar, de certo. Mas, ainda acredito que ele vá agradar todo tipo de jogador, visto que motivos para se divertir e terminá-lo ao menos uma vez não faltam. Recomendo tranquilamente.
Berserk Boy será lançado para PC, via Steam, e Nintendo Switch nesta quarta-feira, 6 de março.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela BerserkBoy Games.
Berserk Boy
Prós
- Jogabilidade divertida e acelerada
- Fases convidam ao uso de todos os poderes de maneiras interessantes
- Trilha sonora açucarada
- Mistura as influências de uma maneira que dá certo
- Tradução competente
Contras
- Missões na base quebram um pouco o ritmo da coisa
- Algumas armadilhas e inimigos são mais ordinários do que deveriam