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Bounty Star | Preview

Bounty Star, game desenvolvido pela DINOGOD e distribuído pela Annapurna Interactive, chega ao mercado em 2025 para PC via Steam, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, carregando uma proposta que mistura gêneros improváveis, mas que dialogam bem com a tendência de jogos híbridos: gerenciamento de base, elementos de sobrevivência e, claro, combates explosivos entre mechas. O título se apresenta como uma narrativa pessoal de Clementine McKinney, uma ex-soldado em busca de redenção em um mundo árido, marcado pelo colapso social e por um “velho oeste” futurista, cheio de poeira, ferro e violência.

Essa combinação de estética meio western com tecnologia bélica pesada já chama atenção de cara. O jogo não se limita a oferecer somente ação desenfreada, mas tenta construir uma rotina que mistura momentos de calmaria, quase cotidianos, no estilo farming simulator, com outros de ação, nos levando a lutar contra robôs e bandidos. A questão que fica é: será que essa mistura consegue sustentar o interesse do jogador ao longo das horas, ou acaba virando uma experiência desequilibrada? Essa preview nos permitiu ter um gostinho do que está por vir. Confira!

Uma narrativa de redenção

No pano de fundo, Bounty Star traz uma história de redenção. Clem, nossa protagonista, é marcada por fracassos no passado, buscando recomeçar a vida em um cenário impiedoso: o deserto. Assim, o contraste entre a serenidade da vida no rancho e a brutalidade das missões cria um arco narrativo interessante. Não se trata apenas de um jogo de tiros e explosões, mas de acompanhar o processo de reconstrução de uma vida. No entanto, a história não é tão profunda assim. Bem, pelo menos não deu pra sentir isso durante a preview.

De qualquer maneira, a narrativa é reforçada pela ambientação: o “oeste distópico”, retratada com um misto de aridez, poeira e tecnologia decadente, criando uma atmosfera muito parecida com filmes de faroeste. A sensação é de estar em um futuro em ruínas, onde a tradição do western se mistura com o peso da guerra moderna. Mas, como disse, não deu pra conseguir sentir a profundidade narrativa até então.

Bounty Star preview
O jogo promete mesclar muitos estilos em um só. (Imagem: Divulgação)

Uma vida mais ou menos calma

O primeiro contato com na preview de Bounty Star é interessante. Ao invés de explosões, tiros e combates épicos, somos colocados diante da vida simples de Clem, nossa protagonista, em sua propriedade. Lá, temos uma lista de tarefas para serem feitas, com coisas como cozinhar, coletar água, plantar, consertar estruturas e até cuidar do estoque de munição. Essas tarefas funcionam como preparação para as missões principais, dando um certo respiro narrativo para a proposta mais voltada para ação.

Mais do que simples minigames, essas atividades trazem diversos benefícios para a personagem: refeições fornecem buffs temporários, melhorias na base resultam em mais recursos e eficiência, e o gerenciamento geral cria um ciclo de progressão que serve para nos motivar a “arrumar a casa” antes de partir para o próximo contrato de caça. Essa parte “fazendinha” não chega a ser lá tão profunda como em Stardew Valley, mas cria uma rotina que ajuda a dar identidade ao título. É bem básico, mas é bom.

Bounty Star preview
O lado pacato de Bounty Star. (Imagem: Divulgação)

Esse é o caminho: deserto, recompensas e robôs

É a partir do famoso quadro de recmpensas que a ação em Bounty Star começa. Clem aceita contratos que variam entre eliminar inimigos, defender locais ou lidar com objetivos específicos que exigem cuidado estratégico. Na preview, as missões eram simples: eliminar um grupo de mercenários. Ainda assim, ficou claro que há espaço para diversificação, algo fundamental para manter a experiência viva. Porém, através da preview não dá para ter tanta dimensão. Porém, temos recompensas ao final de cada missão, que vão desde dinheiro até recursos específicos para upgrades. Essa progressão não se limita à personagem, mas também ao mecha que ela pilota: o Desert Raptor MKII. Aqui entra o coração de Bounty Star.

O grande diferencial do jogo está, sem dúvida, nos combates de mecha. A sensação de pilotar o Raptor é interessante, algo essencial para a proposta de Bounty Star. Cada golpe corpo a corpo reverbera bem, os disparos têm peso, e a movimentação mescla velocidade com a cadência de uma máquina de guerra colossal. Há, contudo, uma camada estratégica: usar as habilidades resulta em superaquecimento, deixando o jogador vulnerável. Esse detalhe adiciona um ritmo mais específico às batalhas, exigindo planejamento e leitura do campo de combate, ao invés de apenas “apertar botões”. Esse equilíbrio entre agressividade e cautela remete à filosofia de jogos como Monster Hunter.

Bounty Star preview
Aqui, sair esmagando botões não resolve muita coisa… (Imagem: Divulgação)

Além disso, os inimigos também apresentam variedade: drones aéreos, mechas hostis e grupos de mercenários obrigam o jogador a alternar entre armas de fogo e ataques corpo a corpo. Essa diversidade promete manter os encontros interessantes, embora reste a dúvida sobre a longevidade desse frescor. No entanto, vale ressaltar que o jogo apresentou até então não demonstrou muita dificuldade… sequer um mínimo desafio para dar aquele gostinho de quero mais. Tudo funciona muito bem, mas senti falta daquela ação para contrastar com a parte de calmaria.

O que esperar de Bounty Hunter?

Antes de tudo, podemos esperar que Bounty Hunter trará uma experiência híbrida que mistura gêneros diferentes em um mesmo pacote. O jogo não se limita ao combate entre mechas, mas insere o jogador em uma rotina de preparação, onde a protagonista precisa cuidar de sua base, cozinhar, plantar e administrar recursos. Essa alternância entre momentos de calmaria e de intensidade promete dar um ritmo único à jogabilidade, fugindo do padrão de ação contínua e oferecendo pausas que reforçam a imersão narrativa.

Outro ponto é o sistema de combate em si. Pilotando o Desert Raptor MKII, teremos acesso a diferentes estilos de luta, que podem variar entre armas de fogo, mísseis e golpes corpo a corpo devastadores. O peso dos impactos e a necessidade de administrar o superaquecimento do mecha exigem atenção e estratégia, lembrando o estilo cadenciado de jogos como Monster Hunter. Essa abordagem torna cada missão um desafio não apenas de reflexos, mas também de planejamento, o que pode agradar tanto quem gosta de ação frenética quanto quem prefere batalhas mais táticas. Porém, a dificuldade apresentada até então deixou muito a desejar, sendo ridiculamente fácil.

Por fim, a expectativa também recai sobre a narrativa. Bounty Hunter não é apenas sobre vencer inimigos, mas sobre acompanhar a trajetória de Clem em um “oeste futurista” marcado por decadência e violência. Porém, não ficou muito claro se a proposta de redenção pessoal, somada à ambientação que mistura poeira, aço e melancolia, vai realmente ser um grande ponto, ou somente um pano de fundo. O que podemos esperar, portanto, é uma experiência que se arrisca a unir vida cotidiana, estratégia e combate pesado em uma única jornada. Pode ser muito bom, mas também pode ser mais um jogo de ação.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Annapurna Interactive.

Álvaro Saluan

Completamente apaixonado por videogames, escreve e pesquisa sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte. Vai dos jogos de esporte aos RPGs tranquilamente, admirando cada experiência. Seu maior ídolo dos jogos é Hideo Kojima.