Bramble: The Mountain King | Review
Bramble: The Mountain King é um jogo que apresenta a jornada de Olle, um garoto que parte em uma jornada sombria em busca de sua irmã sequestrada por um troll. O game, desde o seu anúncio, me lembrou bastante Little Nightmares, principalmente no aspecto de jogabilidade e atmosfera proporcionada. Pois, temos aqui uma obra que promete entregar vários elementos relacionados a época infantil, tendo até mesmo algumas referências a contos de fadas clássicos, entretanto, adicionar uma camada sombria na qual os jogadores terão que enfrentar vários terrores macabros. O jogo até mesmo apresenta um aviso de que irá apresentar conteúdo perturbador e pesado, algo que realmente acontece durante a aventura.
Entretanto, com está mistura de elementos de fantasia e terror, será que Bramble: The Mountain King realmente consegue entregar uma aventura macabra e marcante? Confira agora em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
O começo de uma jornada
Bramble: The Mountain King é um game que começa bem devagar na história. O título introduz logo de início que teremos uma narradora contando a história do protagonista. Inicialmente este elemento me preocupou, pois, tenho certo trauma com obras em que um narrador constante acaba se perdendo e mais atrapalhando a narrativa do que ajudando. Felizmente, este não é o caso aqui.
Olle é um garoto bem jovem e que se mantém calado praticamente por toda a campanha. Assim sendo, a narração ajuda a compreendermos melhor os sentimentos e pensamentos do garoto durante a sua aventura neste mundo macabro. Falando nisso, outra personagem importante é a irmã do protagonista. No começo do game, é mostrado que ambos possuem uma relação bem próxima e que apesar das dificuldades, sempre ajudam mutualmente.
Portanto, Bramble: The Mountain King exemplifica muito bem esta relação durante a introdução da aventura, em que ajudamos alguns residentes da floresta em algumas tarefas do cotidiano. Eles possuem um visual bem peculiar e o protagonista pode até mesmo brincar de esconde-esconde com algumas crianças que encontramos no caminho. Entretanto, em determinado momento desta aventura, um grande troll aparece e sequestra a irmã de Olle. Assim, acompanhado de um objeto misterioso chamado de centelha da coragem, ele deve explorar os lugares mais sombrios deste mundo em busca da sua irmã perdida.
Uma narrativa sombria e violenta
Embora Bramble: The Mountain King possa dar uma enganada com o seu visual infantil inicial, não demora muito para a aventura se tornar algo sombrio e violento. Ao decorrer da nossa aventura, encontraremos várias criaturas amaldiçoadas que não hesitarão nem por um segundo em matar o garoto das maneiras mais brutais possíveis.
Além disso, durante a nossa jornada, encontraremos alguns livros que mostram histórias que se assemelham a contos de fadas, mas que, na verdade, entregam um final sombrio em que no final da narrativa, o personagem é amaldiçoado e se torna uma criatura. Estes monstros são os principais inimigos gigantes que enfrentaremos durante a campanha. Cada um deles apresenta um visual único e aterrorizante, sendo que a forma que os derrotaremos variará.
Além disso, Bramble: The Mountain King consegue construir muito bem o mundo sombrio que Olle deverá superar, por meio de vários elementos no cenário que contam pequenas histórias. Logo, encontramos objetos e até mesmo cadáveres pelo mapa que terão próximo um livro que contará os acontecimentos anteriores a tragédia que chegou naquele local.
Para exemplificar, existe um inimigo no game que queimou várias mulheres em vilarejos, pois, estava em busca de uma bruxa. Outro exemplo é em uma casa que encontramos uma mulher morta e ao seu lado temos o seu diário para conhecermos os acontecimentos anteriores. Estes pequenos cuidados na história ajudam a tornar a narrativa mais interessante e fazer com que o mundo se torne mais vivo e assustador. Porém, isto também acaba servindo como distração para o maior problema do game.
Um protagonista que poderia ser melhor desenvolvido
O protagonista de Bramble: The Mountain King, Olle é um personagem que poderia ter um arco de personagem melhor desenvolvido durante a campanha. Em alguns trechos da narrativa, os devs deixam entendido que o protagonista irá evoluir de alguma maneira e se transformar durante a jornada. Entretanto, isto não acontece, o que acaba sendo bem decepcionante no final da história. Além disso, este aspecto acaba prejudicando o impacto de alguns acontecimentos na história, pois o personagem acaba não demonstrando a reação esperada em acontecimentos impactantes.
Para exemplificar, temos um trecho em que Olle mata brutalmente um boss no game. Bramble: The Mountain King tenta dar uma importância para este segmento, com música dramática e uma mudança de atmosfera. Entretanto, logo após este trecho, está brutalidade acaba não tendo nenhum impacto no personagem, que simplesmente retorna para a sua jornada como se nada tivesse acontecido.
Outro ponto que acaba deixando a desejar na trama de Bramble: The Mountain King é o desenvolvimento da relação dos irmãos. Pois, o game gasta um bom tempo inicial da campanha apresentando a proximidade destes personagens, entretanto, após o sequestro dela, a história simplesmente para este desenvolvimento. Acredito que o ideal, seria termos visto um pouco da perspectiva da irmã durante a campanha, tornando assim a narrativa mais completa e com profundidade.
A jogabilidade poderia ser mais variada
Em Bramble: The Mountain King, o protagonista é pequeno em um mundo grandioso. Assim sendo, ele pode andar, correr, escalar objetos, usar a centelha de coragem para iluminar lugares escuros e até mesmo atacar usando a luz deste objeto. Entretanto, os movimentos que executamos durante a jornada são limitados e pouco variados. Ao avançarmos no game, simplesmente escalamos objetos, entramos em casas, cavernas e até mesmo um castelo.
Porém, o título é linear demais, o que limita completamente o sentimento de descoberta do jogador. Este aspecto fica evidente em um segmento em que temos o objetivo de colher alguns objetos em um lago. Embora o cenário seja aberto, os locais que podemos andar são lineares a ponto de quase andarmos em uma linha reta até o objetivo.
Bramble: The Mountain King tenta compensar este aspecto com elementos de plataforma, em que o protagonista precisa pular em certos lugares específicos para avançar. Porém, isto se repete demais e acaba se tornando maçante. Além disso, o jogo apresenta alguns puzzles durante a campanha e eles são muito simples. Na maioria deles devemos apenas mover certos objetos para escalarmos, iluminarmos algo venenoso com a nossa centelha da coragem ou nos esconder de algum inimigo próximo. O único puzzle mais elaborado é apresentado apenas na reta final, envolve um relógio, entretanto, não chega nem perto de ser algo muito desafiador.
As batalhas contra chefes são boas
O maior destaque de Bramble: The Mountain King são as batalhas contra chefes. O game se inspirou bastante no folclore nórdico e temos monstros variados e que se destacam quando chega a hora de enfrentarmos. Pois, cada um deles envolve que o protagonista use de forma única a centelha da coragem e que consiga desviar de maneira eficaz dos ataques.
Além disso, estes momentos são acompanhados de uma incrível trilha sonora épica, que me lembrou até as grandiosas batalhas de Dark Souls. Por falar nisso, algumas destas batalhas serão bem desafiadores e exigirão que os jogadores realmente executem os comandos do protagonista com bastante atenção. O grande destaque é o chefe final que quase conseguiu me fazer perder a paciência, no bom sentido é claro.
Uma excelente atmosfera sombria
Bramble: The Mountain King consegue apresentar uma excelente variedade de cenários que se encaixam muito bem na narrativa. No começo, temos a luz do dia, cenários mais claros e tranquilos e ao decorrer da jornada, as coisas vão se tornando mais obscuras. Logo, encontramos florestas amaldiçoadas, um lago com uma bruxa prestes a sacrificar um recém-nascido em um ritual maligno e até mesmo uma vila com várias mulheres queimadas. O jogo consegue transmitir um ar de pessimista e maldade ao decorrer da jornada do protagonista, que chega em um ponto que questionamos se ainda será possível um final feliz no fim da história. Mesmo sendo uma aventura curta, ela mantém o jogador intrigado a todo momento.
Minha experiência foi no PlayStation 5. O game apresentou bons gráficos e um desempenho excelente ao decorrer de toda a jornada. Além disso, os loadings são rápidos e não tive problemas com travamentos.
Vale a pena comprar Bramble: The Mountain King?
Bramble: The Mountain King é um game que apresenta uma excelente jornada sombria sobre a busca de um irmão que faria tudo para salvar a sua irmã perdida, até mesmo enfrentar uma jornada por um mundo obscuro. O game acerta em entregar batalhas épicas contra chefes, sendo que temos uma mais marcante que a outra. Além disso, a atmosfera sombria e a trilha sonora conseguem manter o jogador imerso naquele mundo ao decorrer de toda a campanha. Entretanto, o título deixa a desejar no desenvolvimento dos personagens principais e a jogabilidade poderia ser mais elaborada, principalmente em relação aos puzzles.
É importante mencionar que o game é curto e pode ser zerado em menos de 6 horas, logo, recomendo que para uma jornada mais completa, os jogadores busquem os colecionáveis e explorem o possível em busca dos livros que expandem a narrativa daquele mundo. Por fim, Bramble: The Mountain King é uma obra que recomendo para todos os players que querem se aventurar em uma jornada sombria e obscura, mas que, ao mesmo tempo, entrega momentos épicos.
Bramble: The Mountain King foi desenvolvido pela Dimfrost Studio e será lançado no dia 27 de abril para Nintendo Switch, Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC, via Steam.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Merge Games.
Bramble: The Mountain King
+R$ 78,66
Prós
- Legendas em PT-BR
- O game apresenta uma atmosfera sombria única e cativante
- A trilha sonora se destaca, principalmente nas lutas contra chefes
- As lutas contra chefes são variadas e exigirão atenção dos jogadores
- O game faz um bom trabalho ao expandir a história do mundo por meio de livros e segredos espalhados pelos cenários
Contras
- Os personagens principais poderiam ter um melhor desenvolvimento
- Os puzzles são muito simples
- O caminho que seguimos é muito linear
