Dead of Darkness | Review
Dead of Darkness é um jogo de terror 2D, com uma cara retrô e influências lovecraftianas, desenvolvido e publicado pela Retrofiction Games. Nele, acompanhamos a jornada de um detetive particular que se vê envolto em diversos mistérios, poucos deles agradáveis e seguros, em uma ilha na costa da Inglaterra.
E aí, será que vale a pena acompanhar esse drama? É o que saberemos agora, em mais uma análise sobrenatural do Pizza Fria!
Uma ilha nada paradisíaca
Andei pensando, leitores e leitoras deste maravilhoso site, que poderia ser bom para minha vida tentar uma mudança de carreira. Sabem como é, as vezes o que realmente precisamos é de uma mudança de cenário, novos desafios, novas pessoas e uma nova fonte de problemas e dores de cabeça. E, certamente, algo que forneça um salário maior. Afinal, precisamos ter aquele gordo faz-me rir no fim do mês, não é mesmo?
Mas, qual caminho seguir? Qual rumo trará o máximo de retorno com o mínimo de dor de cabeça? Bom, a única coisa que posso dizer com certeza é que ser um detetive particular no mundo dos jogos, definitivamente, não seria uma saída. Querem um bom exemplo? Não precisam ir mais longe do que nosso jogo da vez, o adorável Dead of Darkness.
Eu realmente curto histórias envolvendo detetives, principalmente com aquela pegada noir (desde Max Payne, abençoado seja), e vou com alegria e jovialidade sempre que vejo algo nesse estilo aparecendo na praça. Mais ainda, devo adicionar, se for uma história de terror com fortes influências de títulos clássicos, com as maravilhas e influências dos clássicos das antigas. Mas, será que nosso querido de hoje entrega isso tudo? É o que saberemos agora.

História
Dead of Darkness conta as provações e tribulações de um cara chamado Miles, que vive na depressão e tristeza eterna após perder a filha e esposa em um incêndio bem suspeito. Mas, como costuma acontecer nessa vida, uma fita entregue por baixo de sua porta o informa de que a história não foi bem assim, e mais respostas poderão ser encontradas na ilha de Velvet, na costa da Inglaterra.
Armado apenas com seu intelecto e uma ressaca brava, nosso camarada decide ir até o lugar para ver qual é a desse babado e, quem sabe, fechar esse capítulo traumático de sua vida. Contudo, o que ele irá encontrar por lá acaba sendo muito pior do que jamais poderia imaginar, e o que deveria ser uma ilha tranquila e agradável acaba se mostrando um antro de desgraças, monstros e um risco sério para a vida de nosso herói.
Dead of Darkness conta uma história bem legal que, embora não saia tanto do que costumamos ver em obras desse gênero, consegue nos manter suficientemente intrigados durante sua duração e, até, nos surpreender em alguns momentos. Eu também curti muito a forma como o jogo expande sua narrativa através de documentos que encontramos, e como pequenos detalhes conseguem nos deixar de olhos arregalados e cada vez mais desconfiados sobre as reais intenções de quem nos chamou até aquele lugar.

Jogabilidade
Em essência, Dead of Darkness é um jogo de terror em 2D, no qual exploramos tanto o interior quanto o exterior da ilha em busca de pistas acerca dos mistérios que rondam o lugar e a resposta para o que, de fato, aconteceu com nossa família. Para nos defender dos monstros que infestam o local, podemos usar alguns tipos de armas diferentes (com munição limitada de acordo com a dificuldade) e um bom gingado para se esquivar. Além disso, precisamos encontrar pistas e chaves para poder ir mais longe.
O combate é bem simples e responsivo, bastando segurar um botão para mirar e outro para recarregar. Embora não tenhamos acesso à muitas armas, a escopeta e a pistola que utilizamos são suficientes para dar cabo da maioria dos monstros, que não são tão complexos de se esquivar quando precisarmos. O que, aliás, é bem desejável, visto que alguns deles podem nos agarrar, envenenar ou fazer sangrar. Levando em conta que itens de cura são mais raros, ao menos para essas aflições específicas, um jogador que sabe evitar dano irá se livrar, também, de um bocado de dores de cabeça.
Um lance interessante de Dead of Darkness é que ele implementa bem a ideia de investigação em suas mecânicas. Miles pode usar sua astúcia para escanear o cenário, mostando pontos de interesse, itens que podem ser coletados e locais de interesse. Isso é bom, mas precisamos ficar ligados pois ativar essa visão não pausa o jogo em momento algum. Contudo, ela ajuda muito a discernir o que pode, ou não, ser utilizado.
Outra parada maneira é o sistema de pistas, que encontramos lendo os vários documentos que encontramos ou determinadas mensagens no cenário. Elas podem ser combinadas com outras, com itens ou sendo utilizadas, para poder liberar novos itens e segredos. Por exemplo, um documento contém uma pista de que uma chave pode estar escondida na lareira. Portanto, vamos até lá, apagamos o fogo e a usamos para achar a dita cuja. É uma mecânica simples, mas muito divertida e que ajuda para o que o título tenha uma jogabilidade mais robusta.

Dead of Darkness também mostra suas inspirações old school através de seus vários puzzles e de chaves que precisamos encontrar para avançar por seus cenários, além de algumas pistas que podem nos dar novos itens ou melhorias para nossas armas. Eu achei bem intuitivo e divertido, dando a boa sensação de progresso sem causar muita dor de cabeça ou dificuldade ao jogador.
Contudo, nem tudo são flores. Uma das filosofias do jogo gira em torno de nosso inventário, de seus espaço diminuto e de como precisamos gerenciá-lo. A ideia até que é boa, mas ter que ficar zanzando entre o baú em que guardamos itens e o que queremos pegar é um saco. Não podemos nos livrar de itens do inventário quando quisermos, nem deixá-los no chão como em Resident Evil 0, e isso acaba gerando um bocado de idas e vindas desnecessárias.
Dead of Darkness também tenta inovar com algumas sequências nas quais precisamos navegar em meio à armadilhas, desviando de espinhos, venenos e outras coisas mais. Isso até que é legal no começo, mas o uso excessivo em determinados momentos também acaba gerando um pouco de frustração desnecessária no jogador.
E não posso deixar de falar dos efeitos de insanidade que ocorrem após tomarmos uma certa quantidade de dano. Eles são muito legais, indo desde mudanças no controle até algumas coisas que quebram a quarta parede. Eu amei a mecânica tanto quanto vi algo parecido pela primeira vez, em meu amado Eternal Darkness. Foi bem aplicado lá, e o mesmo ocorreu aqui.

Sons e Visuais
Dead of Darkness entrega visuais pixelizados bem legais e detalhados, utilizados com primor para criar uma ambientação de terror bem interessante. Temos cenários cheios de sangue, vísceras, monstros bizarros e janelas quebradas até não poder mais. Eu realmente gostei do que fizeram aqui, e acredito que o jogo conseguiu recriar muito bem o espírito dos jogos de terror das antigas, principalmente em suas primeiras áreas.
A trilha sonora segue a mesma linha, utilizando-se de músicas para alguns momentos mais tensos e, nos demais, focando apenas nos sons ambiente e dos monstros, que possuem uma variedade até que legal. Além disso, temos uma dublagem inglesa bem legal! Pena que, para nos brasileiros, não houve legenda dessa vez.

Vale a pena jogar Dead of Darkness?
Dead of Darkness chegou com uma premissa bem legal, se inspirando em uma época de ouro dos jogos de terror e, ainda, trazendo novas ideias para a mesa. Assim como falei em minha análise de Crow Country, são esses jogos que ajudam a manter viva nossa doce memória de como os títulos de sustos eram bons antigamente. Mais impressionante, ainda, quando vemos que foi desenvolvido por um time de uma pessoa só.
O jogo cria uma atmosfera bem legal, aliado a uma exploração divertida e desafiadora. Além disso, os puzzles e o sistema de pistas ajuda a diferenciar o jogo de seus demais, desafiando o jogador ao mesmo tempo em que o deixa intrigado para descobrir o que está vindo pela frente. Salvo alguns momentos mais frustrantes envolvendo armadilhas, um mapa que poderia ser um pouco mais funcional e aquele lance do inventário, o jogo só nos trás alegrias.
Sendo assim, fica fácil recomendar Dead of Darkness para qualquer apreciador de jogos de terror, sejam da nova ou velha guarda. O título foi feito com graça e carinho, entregando tudo que gostamos no gênero e dando aquele gostinho de quero mais quando acaba. Para os que curtem uns sustos, não há forma melhor de se começar o ano.
Dead of Darkness chega para PC, via Steam, no dia 23 de janeiro de 2025. O game também terá versões para PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One e Xbox Series X|S, disponibilizadas pela eastasiasoft.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Retrofiction Games.
Dead of Darkness
Prós
- História intrigante que prende o jogador
- Sistema de sanidade e alucinação é bem legal
- Modo de analisar o cenário ajudar muito a não deixar nada passar despercebido
- Visuais bem legais e bizarros
- Sistema de pistas ficou bem legal
Contras
- O mapa poderia ser um pouco mais funcional
- Algumas seções são um pouco enjoadas, principalmente as que envolvem armadilhas
- Controlar o inventário é meio complicado, principalmente sem derrubar itens
Olá!
Participei do desenvolvimento deste jogo, fazendo a maior parte da pixelart e animações 2D.
Espero que gostem do que fizemos. =)