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Desperados III | Review

A série Desperados, foi lançada originalmente em 2001 pela Spellbound Entertainment, que foi comprada em 2013 pela THQ Nordic. A franquia é focada em uma interessante jogabilidade de táticas em tempo real (real time tatics, ou apenas RTT) ambientadas no Velho Oeste. De lá pra cá, muita coisa mudou, mas a fórmula desafiadora do game segue firme e forte. Sendo assim, Desperados III está aí pra provar. Lançado no dia 16 de junho, o game desenvolvido pela Mimimi Games já está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC, via Steam e Epic Games Store.

A pré-sequência do clássico Desperados: Wanted Dead or Alive, traz de volta o caubói John Cooper, que se une a Kate, noiva fugitiva; o misterioso doutor Doc McCoy; o hilário caçador gigante Hector; e Isabelle, uma personagem enigmática de Nova Orleans. Em uma jornada por redenção, as aventuras levarão o bando a diversos lugares como cidades rurais, pântanos, margens de rios e, finalmente, a um confronto dramático digno de filmes de faroeste, algo muito bem transmitido em uma narrativa simples e divertida.

Portanto confira nossa análise sobre o desafiador game de táticas em tempo real e saiba todas as nossas impressões!

A história de Desperados III

A história de Desperados III é uma prequela de Desperados: Wanted Dead or Alive, o primeiro jogo da série. Nela, a origem do protagonista, John Cooper é mais bem abordada em flashes de sua juventude. Como pano de fundo, o jogo apresenta o Oeste Selvagem na década de 1870, trazendo diversas localizações como Colorado, Louisiana e México. Além de John Cooper, o jogo também traz icônicos personagens como Hector Mendoza, Doc McCoy, Kate O’Hara e Isabelle Moreau, que também são personagens jogáveis.

A narrativa do game segue o caçador de recompensas John Cooper, enquanto ele persegue Frank, líder da gangue de bandidos responsável pela morte de seu pai, James Cooper. Sendo assim, ao longo das missões, novos personagens são introduzidos, cada um com suas histórias de fundo brevemente contadas. De um caçador gigantesco a uma noiva em fuga, cada um deles é muito bem trabalhado, contando com habilidades únicas. Como em alguns filmes de faroeste, a vingança norteia a história de uma forma bem natural. Honestamente, ela dá liga ao gameplay, e é interessante ver todos os cinco personagens entrando gradativamente na trama, tendo cada um suas questões para resolver. Aliás, em Desperados III, as cutscenes ocorridas no jogo não mudam de perspectiva, seguindo exatamente a mecânica do próprio jogo. Inclusive, parte dela é contada em diálogos durante as missões.

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Prepare-se para ação em Desperados III! Imagem: Divulgação

A evolução da jogabilidade em um RTT

Como dito anteriormente, Desperados III é um jogo furtivo de táticas em tempo real. Ou seja, não dá pra sair “metendo o louco”: toda ação requer tática apurada. No entanto, felizmente é possível salvar o jogo antes de tomar alguma atitude drástica, evitando assim que todo o progresso seja perdido. Por isso, ao longo dos níveis, é possível perceber a presença de alguns pontos de interrogação, onde você pode saber mais como agir, funcionando como uma espécie de tutorial. Portanto, não há surpresas no gameplay, sendo ele muito bem explicado. E isso ajuda demais!

Além disso, cada um dos cinco personagens jogáveis conta com armas e habilidades únicas, outro fator que deve ser considerado na hora da ação. Por exemplo, McCoy é um perito em tiros à distância, que eliminam possíveis guardas em torres que podem detectar a presença do bando. Já Cooper pode abrir portas que estão trancadas com uma destreza incrível, auxiliando assim a concluir missões e, em alguns casos, adquirir itens extras.

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O menu dentro do jogo indica todos os detalhes necessários. Imagem: Divulgação

Os jogadores podem optar por um modo de jogo totalmente furtivo, na surdina, eliminando inimigos com golpes fatais ou até mesmo criando situações de mortes acidentais, algo que poderia estar mais presente ao longo dos vários níveis do game. Além disso, é possível, dentro dos limites propostos pela ideia do jogo, ser um pouco mais “barulhento”, matando personagens em meio ao movimento das cidades. Para os que optam pela cautela, ao nocautear ou matar os inimigos, os jogadores deverão esconder os corpos, pois caso uma das patrulhas encontrem algo suspeito, elas alardearão aos outros que algo está errado. Com isso, mais inimigos circularão no local suspeito.

Tanto para táticas furtivas, quanto para a ação, existe o modo Showdown, que funciona como uma pausa para planejar múltiplos movimentos. Isso é muito útil para se realizar diversos abates ao mesmo tempo e, sobretudo para controlar todos os personagens jogáveis ao longo das missões. Sendo assim, você planeja todas as ações e, ao terminar, basta apertar um botão (no PS4 é o triângulo), e todo o plano é executado. Isso é incrível, principalmente ao ter que lidar com diversas ameaças e é uma opção muito útil para quem não deseja chamar a atenção de mais inimigos.

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Use de alguns pontos do mapa para causar “mortes acidentais”. Imagem: Divulgação

Mas como saber o campo de visão dos variados personagens? Pois bem, isso é possível ao selecionar um determinado inimigo ou aparece automaticamente assim que você entra no campo de visão de alguém. Assim, um cone de visão é exibido, permitindo aos jogadores se desviarem dos olhares atentos dos guardas, que não detectam a presença inimiga de imediato. O menu é bem simples e o jogo ensina muito bem a dominar todos os comandos. Particularmente, logo quando comecei a jogar no PS4, fiquei com receio, sobretudo por estar habituado a jogar o gênero no PC e, francamente, achei o jogo no DualSense tão bom quanto no tradicional mouse e teclado. Sendo assim, se isso em algum momento foi um impasse para você, fique bem tranquilo que tudo funciona muito bem!

A jogabilidade de Desperados III é extremamente desafiadora e oferece inúmeras possibilidades, sendo essa a grande beleza do game. Tudo é perfeitamente muito bem executado e os controles são bem básicos. No entanto, os inimigos são implacáveis: caso um deles pegue alguém do bando, há como correr, claro, mas se morrer, já era, a missão acaba ali. Portanto, ao jogar Desperados III, tenha em mente que uma missão pode durar 20 minutos ou 2 horas; tudo isso depende da dificuldade, do seu desejo de cumprir ou não todos os objetivos secundários e, claramente, da sua destreza.

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O campo de visão dos inimigos. Imagem: Divulgação

Questões técnicas

A primeira observação ao se jogar Desperados III é clara: os gráficos. O game introduz um estilo mais simples, por assim dizer, sobretudo se comparado aos anteriores. A meu ver, a ideia funcionou muito bem, principalmente em um jogo de visão isométrica, que não requer um exagero nos detalhes. Nem por isso a Mimimi Games fez um jogo feio; os mapas são muito bem desenhados e os personagens (jogáveis ou NPCs) tem traços bem característicos. Aliás, o level design do game é sensacional: ele apresenta diversas localidades de formas bem particulares, recriando ambientes imensos que propiciam aos jogadores mil e uma possibilidades de ação. No geral, o game não é o suprassumo dos gráficos, mas é perfeito no que se propõe, ao criar desafios espetaculares com uma jogabilidade simples.

Outro aspecto interessante do game são seus sons. Da trilha sonora bem faroeste aos sotaques dos personagens, é um ponto que pode passar batido para muitos. Realmente, ela não tem grande influência no gameplay mas, de forma geral, é agradável para longas horas de jogo. Os diálogos ocorridos ao longo dos níveis são engraçados porém o jogo não é dublado e nem legendado para o português, algo problemático para um jogo do gênero. Inclusive a THQ Nordic sugeriu aos jogadores de PC a usarem legendas feitas por fãs, algo bem inusitado. E ela se defende: segundo a publisher, o jogo apresenta mais de 90 mil palavras, algo que dificulta a localização do material.

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A ambientação do jogo é um ponto bem bacana. Imagem: Divulgação

Sobre os menus in-game, é impressionante como eles são bem intuitivos. O jogo apresenta cada detalhe de forma muito precisa em pequeninos tutoriais ao longo da narrativa, que dão a entender como cada detalhe funciona. Sendo assim, aprender a jogar não é uma tarefa árdua. Já passar de fase… ah, meu amigo, o jogo é bem desafiador. Em alguns casos me vi penando por horas para passar de um determinado lugar, me sentindo frustrado por não conseguir bolar um plano mirabolante, algo que me fazia desistir. Porém, ao pegar de volta o controle e tentar encarar o desafio de cabeça limpa, conseguia passar em minutos. Ou seja, se for jogar, fique focado e evite fazer tarefas paralelas pois, tal como uma partida de xadrez, ele requer muita atenção e raciocínio.

Vale a pena comprar Desperados III?

Desperados III é um jogo que não pode faltar na biblioteca de um fã dos jogos de estratégia. É extremamente desafiador, enérgico. Tem uma história bacana e seu gameplay dura facilmente mais de 25 horas, dando um bom tempo de diversão para os amantes e curiosos do gênero. O conjunto da obra funciona muito bem e para os jogadores de console, ao contrário do que eu mesmo imaginava, os controles são tão bons quanto no mouse e teclado.

Portanto, indico tranquilamente o jogo, sobretudo pelo conjunto da obra e pela gameplay bem acessível. Aliás, para os que não são sumidade no gênero como eu, ele se mostrou bem receptivo. Quebrei a cabeça para concluir as missões e, assim, ajudar o bando? Sem sombra de dúvidas, mas digo que valeu muito a pena. Por fim, para aqueles que tiverem alguma dificuldades no modo normal, é possível colocar o jogo em um nível mais fácil, algo que pode ser mudado antes de iniciar cada fase.

*Review elaborada no PlayStation 4 Pro, com código fornecido pela THQ Nordic.

Desperados III

9

História

8.8/10

Jogabilidade

9.2/10

Gráficos e sons

8.8/10

Extras

9.1/10

Prós

  • Várias formas de terminar uma mesma missão
  • O jogo é desafiador
  • Jogabilidade simples e bem introduzida pelo game

Contras

  • Não tem legendas oficiais em português

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.