Dragon Quest III HD-2D Remake | Review
A Square Enix trouxe mais uma vez o clássico Dragon Quest III para uma nova geração de jogadores, agora com o tratamento HD-2D, que combina pixel art com ambientes em alta definição. O remake é uma carta de amor ao passado, respeitando a essência do original e introduzindo novidades que modernizam a experiência, sem comprometer a identidade da série.
A convite da empresa, pude jogar o game antecipadamente e conferir de perto todas as novidades da adaptação, desde as melhorias gráficas, as novas opções de personalização e como esses elementos contribuem para uma experiência mais moderna, mas fiel ao original. O veredito do que achei? Acompanhe agora mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Uma jornada clássica com visuais modernos
A história de Dragon Quest III começa de forma simples, mas eficaz: você assume o papel de um herói em uma missão para derrotar o demônio Baramos. A motivação pessoal vem do destino de seu pai, Ortega, que partiu em busca do mesmo objetivo, mas é dado como morto. A narrativa é um dos focos principais do game, e por isso evitarei dar maiores detalhes sobre como ela se desenvolve, pois é um dos pontos altos do game.
Mesmo assim, o grande destaque visual do remake é a estética HD-2D, que combina o charme retrô dos personagens pixelados com ambientes cheios de profundidade e efeitos de iluminação. Caminhar por vilarejos detalhados ou explorar dungeons imersivas é uma experiência visualmente incrível. A ARTDINK, desenvolvedora responsável pela nova versão, fez um trabalho excepcional ao recriar os cenários sem perder o toque nostálgico que muitos fãs conhecem e amam. O contraste entre o estilo pixel art e os cenários modernos evoca uma sensação de familiaridade, mas com um ar de novidade.
O sistema de classes é uma joia ainda melhor
O sistema de classes de Dragon Quest III foi um marco dos JRPGs e, felizmente, permanece praticamente intocado, mas com algumas adições interessantes. No início da aventura, você recruta três heróis, podendo escolher suas classes de acordo com a estratégia desejada. Optei por uma formação balanceada com um Mage, uma Warrior e um Priest, mas a verdadeira complexidade do sistema se revela quando se começa a trocar as classes dos personagens, uma mecânica incentivada ao longo do jogo.
O sistema de multiclasses permite que você recomece o progresso de um personagem após atingir o level 20, trocando sua classe enquanto mantém habilidades e magias adquiridas anteriormente, além de reduzir os stats aprimorados apenas pela metade. Isso abre uma vasta gama de possibilidades, incentivando experimentação e aumentando o fator replay. A novidade nesse sistema é a nova classe, Monster Wrangler, desbloqueada após um certo ponto da narrativa. Ela traz novas vantagens e desafios, e embora não invente a roda, se integrou bem ao sistema já robusto e dá mais opções aos jogadores.
Batalhas e personalização
O sistema de combate se mantém fiel ao original, com visão frontal dos inimigos e um esquema de turnos clássico. A adição de diferentes velocidades de batalha – Normal, Fast e Ultra Fast – é um alívio bem-vindo, especialmente para aqueles acostumados a RPGs mais ágeis. A velocidade Ultra Fast é, sem dúvida, a mais atrativa para os jogadores modernos, acelerando o ritmo das batalhas sem sacrificar a estratégia.
Por outro lado, a perspectiva clássica do combate, com inimigos centralizados na tela, pode parecer datada para quem espera algo mais dinâmico. Como já disse em minha preview, ao compararmos com Octopath Traveler, por exemplo, que soube utilizar a estética HD-2D para intensificar os combates, Dragon Quest III opta por manter a tradição. Isso pode ser visto como uma decisão acertada para fãs do original, mas um tanto quanto limitada para os novatos.
Ao longo da jornada, os jogadores podem escolher entre dois modos gráficos: Graphics e Performance. Embora o modo Performance ofereça uma taxa de quadros mais alta, é difícil justificar a troca, já que o impacto visual do modo Graphics é mais marcante. A beleza dos cenários e a profundidade das paisagens fazem com que a experiência de jogo seja melhor aproveitada dessa forma.
A personalização se estende também para os níveis de dificuldade. Agora, há três opções, incluindo o modo Dracky Quest, que torna a experiência mais acessível, eliminando a frustração de morrer. Eu, que já confessei em outras oportunidades ser o melhor amigo do very easy, acho que é um modo perfeito para aqueles que querem focar na narrativa e na exploração, sem se preocupar com o grind característico dos RPGs clássicos. Além disso, as indicações visuais opcionais no World Map ajudam na progressão, especialmente considerando a falta de localização em português – um ponto negativo que poderia ter sido facilmente solucionado para atrair ainda mais fãs.
Mundo e exploração
Após o trecho inicial testado na preview, que seguia uma progressão mais linear, a exploração de Dragon Quest III HD-2D Remake se torna mais aberta. O World Map se enche de objetivos, e embora haja certa flexibilidade, há uma ordem implícita para avançar na história. Ainda assim, é gratificante poder se desviar para explorar segredos e dungeons opcionais.
Um toque especial da narrativa é a maneira como personagens secundários podem deixar o grupo para fundar cidades ou como o jogo faz referências a culturas reais, incluindo um personagem que fala em português. Esses detalhes enriquecem a experiência, criando um mundo que parece vivo e cheio de histórias para descobrir.
Trilha sonora dá o tom à ambientação fantástica
A trilha sonora é uma homenagem perfeita ao legado da franquia. As músicas icônicas, regravadas com alta qualidade, trazem à tona a nostalgia dos veteranos e capturam a magia que faz de Dragon Quest uma série tão especial. No entanto, a dublagem em inglês, ainda que funcional, soa um tanto quanto sem emoção, especialmente em cenas mais intensas. Talvez a falta de cutscenes dinâmicas contribua para essa sensação.
Vale a pena comprar Dragon Quest III HD-2D Remake?
Dragon Quest III HD-2D Remake é um verdadeiro presente para os fãs de longa data e um ótimo ponto de partida para novos jogadores. A combinação de visual HD-2D e a fidelidade ao material original ficaram em alto nível, criando uma experiência que equilibra nostalgia com modernidade. A ausência de localização em português é uma oportunidade perdida, mas as opções de acessibilidade e personalização ajudam a tornar o game mais inclusivo.
A mecânica de classes continua a ser o coração da experiência, oferecendo uma profundidade pouco explorada nos JRPGs contemporâneos. A estética e a atenção aos detalhes garantem que este remake seja uma reimaginação digna de um clássico, mesmo que o combate mantenha sua estrutura estática.
Se você é um fã de JRPGs ou está buscando um título que defina as raízes do gênero, Dragon Quest III HD-2D Remake é uma experiência obrigatória. Ele mantém o charme que fez a série Dragon Quest ser tão amada, enquanto traz melhorias que fazem justiça ao legado da franquia.
Dragon Quest III HD-2D Remake está disponível a partir de 14 de novembro para Nintendo Switch, PlayStation 5, Xbox Series X|S, PC, via Steam e Microsoft Store.
*Review realizada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Square Enix.