EA SPORTS Madden NFL 26 | Review
Anualmente, os fãs de futebol americano se dividem ao receber um novo Madden. Desta vez, estamos diante do EA SPORTS Madden NFL 26, lançado pela Electronic Arts para Xbox Series X|S, PlayStation 5, Nintendo Switch 2 e PC via EA App para Windows, Steam e Epic Games Store. E é sempre a mesma coisa: uma empolgação inicial com as promessas da nova edição e o receio de que, no fundo, seja só mais um update com cara de velho conhecido. Com o crescimento absurdo da série EA SPORTS College Football, com sua imersão universitária, o irmão maior, NFL 26, chega em um momento delicado para a franquia principal que, ou se reinventa, ou arrisca ficar para trás.
Com isso, EA SPORTS NFL 26, ao menos em teoria, tenta seguir pelo caminho da reinvenção. O novo jogo aposta alto em tecnologias como inteligência artificial baseada em machine learning, melhorias visuais pontuais e um Franchise Mode remodelado, prometendo entregar a experiência mais próxima da realidade que o futebol americano digital já ofereceu. Mas será que cumpre? E isso que vamos saber em mais uma análise aqui, no Pizza Fria!
Jogabilidade esta um pouco diferente, mas nada tão radical
A grande ideia do EA SPORTS NFL 26 neste ano é, sem dúvida, o chamado sistema de machine learning que molda decisões baseadas em décadas de dados reais da NFL, algo que também ocorrerá em outros títulos esportivos da marca. Na prática, esse diferencial não é exatamente perceptível a olho nu, mas há, sim, um refinamento no comportamento dos jogadores em campo. Mas não espere nada absurdo, claro. No entanto, nesta edição, o destaque vai para o sistema QB DNA, que dá personalidade única para cada quarterback, o que deixa a experiência de passes mais autêntica e menos “copiada e colada” entre os atletas.
Outro ponto positivo está na fluidez do jogo, inclusive no próprio desempenho gráfico, mas falarei melhor sobre isso adiante. Voltando para o que interessa nesta parte, os movimentos parecem mais rápidos, mais naturais, e os jogadores respondem melhor aos comandos. De fato, o jogo está muito mais fluido, o que é uma evolução clara em relação ao ano passado, mas que ainda assim soa tímida se comparada ao salto de jogabilidade visto em College Football 26, que está anos-luz à frente em ritmo, responsividade e impacto nos comandos. Lá, cada jogada parece um evento. Aqui, ainda há momentos que parecem replay de edições anteriores.

Outro detalhe interessante no NFL 26 está na adição do sistema de desgaste dos jogadores durante a partida, algo já presente e bem executado no College Football 26, e que finalmente dá as caras no “irmão mais famoso”. Embora funcione bem em determinados contextos (como jogos de clima extremo), a sensação geral é de que a mecânica poderia ser mais integrada ao gameplay. Jogadores se cansam, sim, mas o impacto nem sempre é claro ou estratégico o suficiente para alterar sua abordagem.
Por fim, preciso mencionar uma sensação que tive ao jogar diversas partidas em todos os modos possíveis. A diferença entre os modos arcade, simulação e competitivo está muito grande. Ao jogar no modo simulação, por exemplo, senti uma dificuldade absurda em conseguir fazer com que os WR e os TE conseguissem segurar a bendita da bola em lançamento açucarados, algo que me irritou um bocado. Esta sensação não ocorreu comigo ao jogar o College Football 26, me deixando meio confuso. Afinal, em tese, são quase o mesmo jogo. Bem, pelo menos era o que eu pensava…
Clima e atmosfera poderiam melhorar
Uma das melhorias mais tangíveis no NFL 26 é o efeito do clima. Jogar sob uma nevasca em Buffalo agora é, de fato, diferente de enfrentar um jogo chuvoso em Miami. O campo reage às condições, e a jogabilidade se altera: escorregões, passes errados, corridas mais difíceis. Esses elementos ajudam a diversificar as partidas e tornam as transmissões mais críveis visualmente. A ambientação até tenta competir com a imersão universitária de College Football 26, mas ainda carece de alma. No jogo dos universitários, por exemplo, temos mascotes, músicas de bandinhas marciais e toda aquela sensação insana de um estádio com quase 100 mil pessoas sentida durante todo o jogo. Já no NFL 26, isso ainda está em falta.
Pois . Enquanto no College sentimos a vibração das arquibancadas com mascotes, faixas e bandas marciais, no NFL 26 o ambiente ainda parece “plastificado”, com uma torcida que pouco reage ao que acontece em campo. O visual dos estádios é competente e conta com detalhes interessantes, mas ainda segue bem próximo do que era visto antes. A atmosfera, mesmo com o upgrade climático, carece de identidade. Assim, neste quesito, o jogo perde para o “irmão mais novo”. Esse é um detalhe que a EA precisava rever urgentemente.

Modo Franchise tem um bom avanço
Se há um ponto onde EA SPORTS NFL 26 realmente traz certos avanços, é no modo Franchise, que finalmente recebeu o tratamento merecido após anos de abandono. Agora, você pode escolher entre três arquétipos de técnico: Guru Ofensivo, Gênio Defensivo ou Mago do Desenvolvimento. Como é de se esperar, cada um com árvores de habilidades distintas e caminhos evolutivos. O sistema de progressão funciona bem e oferece uma sensação real de desenvolvimento estratégico ao longo das temporadas. É algo que demanda tempo, é bem verdade, mas vale muito a pena, sobretudo para quem gosta de mergulhar de cabeça no mundo do futebol americano.
Além disso, a gestão semanal do time foi aprimorada. Dá para planejar treinos, preservar jogadores mais velhos, ajustar a preparação tática conforme o adversário. O gerenciamento agora simula de forma mais realista os bastidores de um time da NFL, e o modo enfim se aproxima da profundidade encontrada no modo Dynasty do College Football 26. Ainda assim, a experiência continua engessada visualmente. As animações repetidas, a falta de cutscenes mais imersivas e o fraco sistema de narrativa fazem com que o modo pareça mais técnico do que envolvente. Em comparação, o Dynasty do College Football 26, ate tem mais carisma, mais alma e mais vida, mas segue sendo meio genérico.

Superstar: um modo opaco
O modo Superstar segue tentando se firmar como o “modo carreira” da franquia. Mas, no NFL 26, continua sendo o elo fraco da experiência. Os novos “capítulos de carreira” adicionam um pouco de objetivo e progressão ao estilo RPG, com metas específicas e dificuldades crescentes. No entanto, os momentos fora de campo ainda são bem rasos: os diálogos são simplistas, as escolhas têm pouco impacto verdadeiro, e falta carisma. Felizmente, nesta edição, temos um trabalho de dublagem muito bem feito, o que diminui aquela sensação de estar em uma experiência extremamente genérica. Porém, falta um pouco mais de profundidade na coisa.
Jogos como NBA 2K e até o próprio College Football 26, que traz o Road to Glory, conseguem envolver o jogador em uma jornada, criando identificação com o personagem. Mas, infelizmente, no EA SPORTS Madden NFL 26, tudo é meio que “mais do mesmo”. Você sente que está cumprindo etapas, mas não vivendo uma história propriamente dita. Falta alma, falta carisma, falta até mesmo um certo tesão na coisa. Sinceramente, nesta parte, esperava muito mais…

Menus e outros detalhes
Em termos de apresentação, EA SPORTS NFL 26 tenta inovar com elementos como o recap semanal com Scott Hanson, host do RedZone. A ideia é boa: relembrar os jogos mais importantes da rodada com pequenos clipes e comentários. Mas, na prática, o recurso sofre com problemas visuais, travamentos e cortes secos. Funciona, mas precisava de mais polimento.
Outro problema crônico, e aqui não há como aliviar, são os menus. Mesmo com o prometido “visual renovado”, a navegação continua lenta, com tempo de resposta alto, travamentos aleatórios e escolhas de design confusas. A tentativa de usar efeitos transparentes nos menus só piora as coisas, tornando difícil até ler os nomes dos jogadores em certos momentos. Nossa, quando vamos para o Ultimate Team então… é desesperador lidar com tantos travamentos e desconexões ao acessar os menus de venda de cartas. É triste ver que algo tão básico como um menu funcional ainda seja um obstáculo para a EA até hoje. Falta responsividade, algo que é piorado nos modos online.

Nada de novo nos modos online
O modo Ultimate Team segue sem grandes surpresas. A proposta segue idêntica: montar seu time com cartas, jogar desafios, subir em rankings e, para os viciados, gastar dinheiro real para acelerar o progresso. O sistema funciona, tem seu público e oferece conteúdo constante. Mas para quem já jogou edições anteriores, não há quase nada de novo aqui. Para nós, brasileiros, resta mais jogar os modos offline do UT para tentar adquirir novas cartas e, com isso, montar o time dos sonhos. Afinal, não há muitos jogadores de NFL 26 por aqui, o que é uma pena.
Além disso, seguimos com aquela coisa do pay to win: a discrepância entre jogadores que gastam e os que preferem grindar continua altíssima, tornando o modo pouco amigável para novatos ou jogadores casuais. Já os modos online ainda carecem de estabilidade, especialmente nas primeiras semanas de lançamento. Se no College Football 26 o modo Ultimate Team teve melhorias visíveis em feedback e indicadores de comparação, aqui, tudo segue na mesma. Que fase…
Audiovisual melhorou, mas não se empolgue
Visualmente, EA SPORTS NFL 26 é um jogo que caminha em cima da linha do “correto”. Os modelos dos jogadores são bem definidos, os uniformes possuem bom nível de detalhamento, com sujeiras, reflexos e rugas bem aplicadas, e os estádios, todos oficiais, até que entregam ambientações convincentes. A iluminação dinâmica é um dos pontos positivos, simulando bem os diferentes horários dos jogos, com destaque para as partidas noturnas sob chuva ou neve, que ganham um charme especial.
No entanto, não há um avanço absurdo desde os últimos anos. Faltam elementos que realmente chamem atenção, como acontece em EA SPORTS College Football 26, onde mascotes animados, detalhes específicos dos estádios e torcidas vivas contribuem fortemente para a imersão. No College, cada universidade parece um mundo próprio; na NFL 26, os estádios parecem parte de um mesmo molde, apenas com pequenas variações.

O som, por sua vez, é ótimo nas partidas do NFL 26. Os efeitos em campo, como pancadas, gritos e chamadas dos juízes, têm peso e ajudam na imersão. Os comentários dos narradores são variados, e embora estejam em inglês (sem opção de dublagem ou sequer legendas em português), cumprem seu papel. No entanto, a trilha sonora desta edição está surreal de boa: de músicas atuais a grandes hits de outros jogos da EA, ouso dizer que esta é a melhor soundtrack de todos os jogos esportivos da EA.
De forma geral, o pacote audiovisual cumpre o que promete, mas ainda carece de identidade marcante. A apresentação de EA SPORTS NFL 26 está longe de ser ruim, mas claramente perde em carisma e personalidade quando comparada ao clima vibrante do College Football.
Vale a pena jogar EA SPORTS Madden NFL 26?
Olha só… se você é fã da NFL e já acompanha a série há anos, vai encontrar um jeito de curtir o EA SPORTS Madden NFL 26. O jogo é, sim, uma evolução, muito tímida, diga-se de passagem, mas presente. As melhorias no Franchise Mode já justificam parte do investimento. E para quem curte jogar online, o Ultimate Team ainda oferece uma boa dose de desafio, embora continue preso a um modelo predatório e pouco amigável ao jogador casual.
Porém, se você é daqueles que busca uma experiência diferenciada com futebol americano, talvez o College Football 26 seja uma melhor opção. Lá, tudo pulsa: o ambiente, os modos, os sons e a jogabilidade. Aqui, as coisas são mais contidas, mais mecânicas, e em alguns momentos, engessadas.
É curioso pensar que, por muito tempo, Madden foi o farol da simulação de futebol americano. Agora, ele parece apenas seguir na sombra do irmão mais novo, mais ousado e mais vibrante. Concluindo, se você busca um Madden mais polido e com novidades pontuais e elencos atualizados, NFL 26 entrega, mas não o suficiente para justificar o upgrade, sobretudo pelo seu alto custo, que começa em R$ 299,90. Agora, se você não se preocupa com isso, e quer viver a emoção da NFL, talvez o jogo seja o que você precisa. Mas vá sem muita empolgação…
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Electronic Arts.
EA SPORTS Madden NFL 26
R$ 299,90+Prós
- Clima dinâmico melhora a ambientação dos jogos
- Fluidez no gameplay é visível em relação ao Madden 25
- Sistema QB DNA é um bom avanço para os quarterbacks
Contras
- Jogo segue sem legendas em português brasileiro
- Menus continuam lentos e mal otimizados
- Falta identidade e atmosfera mais envolvente
- O modo Superstar ainda é bem superficial


