Eiyuden Chronicle: Rising | Review
A franquia Eiyuden Chronicle foi revelada na conferência Xbox & Bethesda da E3 2021, a principal do evento. Com uma abordagem moderna para o JRPG, um gênero que não vive seus melhores dias, o grande anúncio em questão foi de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, o jogo mais financiado do Kickstarter em 2020, que ganhou o suporte da 505 Games para ser publicado. No entanto, no fim do trailer que apresentou o jogo, descobrimos que este não seria o único lançamento da franquia. Antes do grande lançamento, teríamos Eiyuden Chronicle: Rising, uma espécie de prequel do aguardado game.
Hundred Heroes deve chegar somente em 2023, mas Rising chega nesta terça, 10 de maio, e nós tivemos acesso antecipado ao jogo para contar aos nossos leitores o que esperar dessa aventura. Em sua sinopse, o game prometia trazer os contos pré-guerra de vários personagens que aparecerão em Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, mesclando elementos de RPG de ação, combate acelerado, mecânica de construção de cidades e plataformas 2.5D. Será que isso deu certo? A resposta eu trago agora, em mais uma review do Pizza Fria!
Seja bem vindo à Nova Neveah!
Eiyuden Chronicle: Rising começa com nossa heroína, CJ, caminhando em direção ao vilarejo de Nova Neveah, um pequeno, mas simpático local, cujo um terremoto destruiu tudo há cerca de três meses. Ao chegar na desolada região, encontramos muitas ruínas, mas diversos moradores empolgados em fazer parte da reconstrução. Isso porque Isha, a prefeita interina, decidiu que todos os residentes do local tem o poder de distribuir carimbos, e os forasteiros devem obtê-los para conseguir explorar a Licença de explorador, necessária para explorar os Montículos Rúnicos, uma misteriosa região que se formou após o terremoto citado anteriormente.
Nos Montículos Rúnicos estão lentes, que são usadas para conjurar magias. Só isso seria o suficiente para atrair atenção de forasteiros do mundo todo, então com CJ não seria diferente. A protagonista vem de uma família que sempre encontra lentes gigantes, e sua missão é clara aqui: encontrar a maior e mais eficaz lente-rúnica de Nova Neveah! Para isso, você fará parceria com o rancoroso Garoo e, posteriormente, com a própria prefeita, Isha, cada um com suas contribuições para a equipe.
Mas isso não será tão simples. Em Eiyuden Chronicle: Rising, seu objetivo é ganhar carimbos. Para isso, é preciso cumprir as mais variadas missões para os residentes da cidade em busca dos sonhados carimbos, enquanto ajuda a reconstruir a cidade. Essas tasks variam desde encontrar recursos em locais específicos, como A Grande Floresta e A Pedreira, ou mesmo localizar alguém/algo dentro de Nova Neveah. Em sua maioria, são missões simples e rápidas, que não requerem muito tempo do jogador para serem concluídas.
Dito isso, a medida que você avança na história, Nova Neveah cresce e se transforma. Novos locais são desbloqueados, como a Fazenda, a Segunda Rua e o Quarteirão Rúnico, que trazem mais residentes, com mais missões para CJ e seu grupo. E esses locais também trazem mais benefícios, que auxiliam na exploração pelos Montículos Rúnicos, como a possibilidade de comprar recursos, expandir a capacidade da bolsa e até mesmo adquirir lentes-rúnicas para toda equipe ficar fortificada.
Simples, mas funcional
O gameplay de Eiyuden Chronicle: Rising, não inventou a roda, mas cumpre bem seu propósito de entretenimento nas mais de 14 horas que levei para terminá-lo. Em nenhum momento me senti cansado ou obrigado a jogar, sendo um título bastante competente naquilo que se propôs a fazer. Com gráficos em 2.5D, os jogadores podem se movimentar lateralmente, e acessar algumas áreas apertando os direcionais para cima ou para baixo. Como em Trine, os três personagens têm habilidades e características exclusivas, o que muda bastante o gameplay de acordo com aquele que você está controlando no momento.
Cj, por exemplo, é a mais ágil do grupo. Sua força de ataque é mediana, mas ela é muito útil para explorar o mapa mais rápido, ou mesmo acessar áreas antes inalcançáveis, após desbloquear o salto duplo e o dash no ar. Já o rancoroso, mas divertido Garoo, é o mais forte do grupo, mas também o mais lento. Ele é o único que pode aparar ataques adversários e é muito útil para quebrar escudos. Por fim, Isha pode atacar de longe, destruindo barreiras mágicas, e também tem a habilidade de fazer pequenos teletransportes. Cada um com sua contribuição, de acordo com o momento. Ao atacar em sequência, os personagens usam ataques vinculados, que dão alto dano nos inimigos.
Quando eu digo que o gameplay é simples, é porque não há muitos botões disponíveis aos jogadores. Além dos botões de movimentação, são apenas outras cinco teclas necessárias: uma para pular, outra para alternar entre os personagens, outra para atacar, mais uma para interagir no mapa e, por fim, uma para usar a habilidade exclusiva do personagem.
No entanto, Eiyuden Chronicle: Rising também utiliza elementos de metroidvanias para aumentar o gameplay, mas sem estender muito. A exploração das regiões iniciais, A Grande Floresta e A Pedreira, por exemplo, não pode ser completa até o fim do jogo, quando são adquiridas lentes-rúnicas capazes de destruir barreiras que impedem que o grupo acesse determinada região. Isso funciona como uma trava, e a progressão é bem justa com o jogador em relação à isso.
Isso porque em uma “run”, você vai encontrar muitos recursos, que são utilizados para cumprir as missões dadas pelos cidadãos. Confesso que, pelo meu estilo explorador, a maioria dessas quests estava “feita” antes de ser me passada, o que encurtou o tempo. Por vezes, eu várias pegava a missão e já tinha os itens necessários para cumpri-la. E acima eu disse que a progressão é justa, pois nenhuma quest é passada sem que você tenha as condições de cumpri-la naquele momento. Ou seja, não é necessário esperar o tempo passar para desbloquear uma nova região e encontrar um novo item, por exemplo. Se contarmos com um sistema de viagem rápida muito eficiente, o tempo é encurtado ainda mais.
Um ponto que também merece ser tocado é na dificuldade. Em todo meu gameplay, dei game over apenas uma vez, e mesmo assim, por um tremendo deslize de não manter os personagens curados. Eiyuden Chronicle: Rising acabou por ser um jogo fácil, com um modo difícil desbloqueado após o término da campanha. Não me incomodou, eu me diverti muito jogando, mas entendo que players que buscam desafios maiores podem se sentir afastados pelo game. Nem mesmo os bosses, e aqueles algumas batalhas mais difíceis geradas aleatoriamente, são complicadas.
Gráficos e outros detalhes
Eiyuden Chronicle: Rising é um jogo bastante bonito visualmente. Os cenários são muito bem construídos, incluindo as partes destrutíveis, e a evolução de Nova Neveah também é bem interessante. Os personagens, por usarem um estilo visual 16-bits, destoam um pouco do resto do game, mas ainda assim, é uma combinação legal. Os movimentos são bem construídos e a proposta moderna para a roupagem retrô que a franquia visava buscar está aqui. Para acompanhar, o game está com uma ótima localização em PT-BR. Todos os textos estão traduzidos, inclusive as piadas do grupo estão abrasileiradas.
Por outro lado, a trilha sonora é boa, combina bem com o jogo, mas não é muito marcante e conta com poucas faixas, ao contrário de muitos jogos do gênero. Além disso, não há muita variedade de inimigos, com alguns mudando apenas de cor e efeito elemental. Embora isso funcione para a curta duração do jogo, fiquei com a sensação de que poderia ter sido um pouco melhor.
Vale a pena comprar Eiyuden Chronicle: Rising?
Como eu disse acima, eu me diverti muito com Eiyuden Chronicle: Rising. Terminei ele com 14 horas e, acredito, até poderia ter sido feito em menos tempo se não fosse tão explorador. Apesar do tempo curto, após o fim da narrativa, podemos voltar à Nova Neveah para cumprir novas missões secundárias e completar nosso cartão de carimbos e, depois, fim. Não há muito mais o que ser feito além de esperar o lançamento de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes após terminar o game.
O game cumpre o seu propósito tanto como um RPG de ação, como um construtor de cidades. Conta com uma boa história, um gameplay interessante e mecânicas simples, que funcionam bem para a proposta. Ainda é totalmente localizado em português, e pode ser jogado gratuitamente por assinantes Xbox Game Pass já no lançamento. Apesar do seu escopo menor, Eiyuden Chronicle: Rising me agradou e despertou um certo hype em Hundred Heroes que, confesso, eu ainda não tinha até jogar o prequel.
Eiyuden Chronicle: Rising chega nesta terça-feira, 10 de maio, para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S, Xbox One, Nintendo Switch e PC, via Steam, Epic Games Store e GOG.com.
*Review elaborado em um PC equipado com uma Geforce GTX, com código fornecido pela 505 Games.