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Flesh Made Fear | Review

Flesh Made Fear é um survival horror em terceira pessoa, com uma estética que lembra os clássicos da era do PS1 malvado, desenvolvido pela Tainted Pact e publicado pela Assemble Entertainment. Nele, acompanhamos a jornada de uma equipe de elite que vai até uma cidade linda, ensolarada e pacífica em busca de um cientista nada maluco e psicopata. Podem confiar, por que eu mentiria?

E aí, curiosos para saber se essa homenagem realmente capturou o brilho dos terrorzões das antigas? Pois venham comigo e descobriremos agora, em mais uma análise assustadoramente excepcional e excelente do Pizza Fria.

Bizarro e maravilhoso

Bem vindos novamente, leitores e leitoras deste maravilhoso sítio internético, ao meu maravilho e maquiavélico mausoléu de maldades e terrores maldosos. Que belo nome, não é mesmo? Pensei sozinho, acreditem se quiserem! Nada de ajudas naturais ou sobrenaturais aqui. De toda forma, estamos reunidos hoje para relembrar os velhos tempos dos jogos de medinho, principalmente no saudoso PSX.

Que época era aquela, minha gente. Os primeiros Resident Evil, Parasite Eve, Dino Crisis, Kouldelka, Silent Hill e Crash Bandicoot com suas fases de fugir de pedras gigantes e dinossauros. De fato, foi um tempo bom para quem curtia o estilo. Mas, e se pudéssemos recapturar parte desse sentimento nos dias atuais? Essa é a pergunta que nosso jogo de hoje, Flesh Made Fear, se propõe a responder.

Admito que fiquei muito interessado ao ver a estética e premissa do título porque, em minha humilde opinião, essa foi uma das épocas de ouro da história dos jogos de terror. Não sei dizer o motivo, mas creio que o hardware menos potente obrigava a galera a ser mais criativa com os sustos e ambientações, coisas que realmente fazem a diferença nesse tipo de proposta.

Mas, será que Flesh Made Fear realmente consegue capturar esse momento mágico de nossa história coletiva? Ou será apenas mais uma obra que me lembrará da idade e das dores nas juntas sem me fazer reviver um pouco da velha glória? Isso, e muito mais, é o que descobriremos juntos a partir de agora.

Flesh Made Fear
Será que tem alguma review aqui? (Imagem: Divulgaçao)

História

A trama de Flesh Made Fear narra as estripulias do Reaper Intervention Platoon (R.I.P), um grupo de elite que é enviado para a pequena e pacata cidade de Rotwood, em uma noite cheia de neblina, para investigar os feitos e malfeitos de um cientista nada agradável chamado Dr. Ripper. O que era para ser um serviço simples e direto, contudo, acabará por se tornar um inferninho sem precedentes.

Acontece que o bom doutor, como costumam fazer nesse tipo de jogo, decidiu usar a população da cidade como cobaia para uma série de experimentos macabros e, eu apostaria se fosse um homem de aposta, nada legais. Isso resultou, como era de se esperar, em uma infestação de monstros, vísceras e outras coisas nada agradáveis por toda a cidade.

Flesh Made Fear bebe de diversas fontes para criar sua história, principalmente da série Resident Evil com seus cientistas malucos, armas biológicas e zumbis que andam devagarinho. Eu realmente curti o que vi, principalmente dos logs de áudio e documentos que encontramos, e acredito que eles conseguiram acertar em cheio no que estavam mirando.

É realmente legal ver quando o estúdio compreende o período em que se inspira, sem utilizar a nostalgia como um simples filtro ou proteção para esconder falhas no roteiro ou coisas do tipo. Ainda que não seja nada super complexo, como quase nenhum jogo do estilo é, eu ainda me diverti bastante com os acontecimentos do jogo e me senti interessado do começo ao fim.

Flesh Made Fear
O absoluto louco homem. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Em essência, Flesh Made Fear é um jogo de terror e sobrevivência, em terceira pessoa, no qual precisamos lutar contra diversos monstros enquanto exploramos cenários, descobrimos pistas, resolvemos alguns puzzles e acompanhamos o desenrolar dos fatos. O jogo possui níveis de dificuldade diferentes, duas rotas (uma para cada boneco selecionável) e algumas variações de acontecimentos.

Quando começamos o jogo selecionamos um de dois protagonistas, Natalie e Jack, que possuem seus próprios parceiros e alguns cenários exclusivos. Além disso, o jogo segue a ideia do primeiro Resident de colocar uma personagem com mais espaços de mochila, mas com menos vida, e o outro com o inverso. É um bom aceno aos clássicos, e achei uma dinâmica bem interessante.

Feito isso, começamos a nos aventurar pelas ruas e florestas de Rotwood. O jogo utiliza um esquema de câmeras fixas, muito famoso nas antigas, com ângulos bem legais e alguns jogos de cena que deixam alguns momentos bem mais tensos e emocionantes do que seriam caso as coisas seguissem o curso normal dos jogos mais atuais no estilo.

Isso é bom, mas Flesh Made Fear peca com os controles, principalmente quando temos transições muito bruscas ou pesadas. É comum nosso boneco ficar meio doido e virar sozinho, ou ir de uma fuga tranquila para os braços do zumbi que o perseguia entre uma tela e outra. Com o tempo nos acostumamos, mas é algo perceptível do mesmo modo.

Flesh Made Fear
Espetacular. (Imagem: Divulgação)

Flesh Made Fear, também, utiliza um sistema de inventário muito famoso e comum em jogos do estilo. Aquele classicão, basedo em grids, no qual precisamos colocar cada item em um espaço e tomar cuidado para não ter que deixar nada para trás. Felizmente, para esses casos de estarmos com os bolsos cheios, podemos utilizar caixas para guardar nossas coisas e que podem ser acessadas em qualquer ponto de save.

A ação também é bem legal e visceral, com uma boa quantidade de armas para utilizar, pedaços de monstros voando para todo lado e um senso de tenção e impacto muito legal. Fazendo justiça às suas raízes, o jogo também não permite que andemos enquanto miramos. Por isso, posicionamento é essencial para o jogador que não quiser virar petisco de zumbi enquanto tenta alinhar aquele tiro maneiro.

No fim das contas, Flesh Made Fear consegue agradar bastante nesse departamento, unindo algumas facilidades dos dias de hoje com a nostalgia e alguns preceitos vigentes desde a época em que usar um conjunto todo jeans era algo que ainda estava super na moda.

Flesh Made Fear
O combate é bem impactante. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Eu achei os visuais de Flesh Made Fear simplesmente sensacionais, cheios de atmosfera, tensão e um ar de terror e estranhamento que não vemos muito por aí. Além disso, curti as animações, designs de monstros e tudo que o título faz para honrar seus predecessores. Jogadores atentos verão que temos muitos easter eggs espalhados por Rotwood.

O mesmo se diz da trilha sonora, cheia de músicas que nos deixam perturbados ou apreensivos em momentos chave. Além disso, o jogo utiliza uma técnica simples para exibir seus logs de áudio, de subir e descer o som e frequência, que deixa tudo ainda mais bizarro. Temos até as dublagens cafonas! Pena que ficamos sem nossas legendas.

Flesh Made Fear
Que atmosfera, meu povo. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Flesh Made Fear?

Flesh Made Fear, gente bonita de meu coração, é uma verdadeira carta de amor aos clássicos do gênero que vem encantando, e aterrorizando, fãs por tantos e tantos anos. O jogo realmente consegue capturar o que tornava esses títulos singulares, enquanto os apresenta de uma forma retro com facilidades modernas para nossa comodidade.

Temos uma narrativa simples mas que funciona bastante, uma atmosfera cativante e envolvente, uma trilha sonora de primeira, jogabilidade impactante e divertida, uma câmera fixa aplicada com maestria e, no geral, uma experiência polida e agradável. Salvo algumas maluquices com a movimentação entre telas e a falta de legenda, não tenho do que reclamar.

Sendo assim, felizmente, posso dizer que Flesh Made Fear realmente conseguiu fazer tudo o que se propôs de uma maneira que, sinceramente, excedeu muito minhas expectativas. Curti muito o que a desenvolvedora entregou e, devo admitir, fico curioso na esperança de termos mais jogos assim no futuro. Se terror for sua praia pode ir sem medo, recomendo demais.

Flesh Made Fear chegou para PC, via Steam, no último dia 31 de outubro.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Assemble Entertainment.

Flesh Made Fear

9

História

9.0/10

Gameplay

9.0/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Excelente utilização de câmeras fixas
  • É uma excelente carta de amor aos terrores das antigas
  • Jogabilidade divertida e com impacto
  • Muito atmosférico do começo ao final
  • Trilha sonora impecável

Contras

  • Poderia vir legendado em português
  • Os controles ficam meio malucos em algumas transições de tela

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.