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Hell Is Us | Review

Hell Is Us é um um jogo de ação e aventura, com uma leve pitada souls, desenvolvido pela Rogue Factor e publicado pela Nacon. Nele, acompanhamos a jornada de um camarada que busca descobrir mais sobre sua família, e o que aconteceu com ela, enquanto explora uma terra assolada e devastada por uma guerra violenta e sem sentido. E monstros, não podemos deixar de lembrar.

E aí, será que vale a pena encarar essa parada? É o que descobriremos agora, em mais uma análise adorável do Pizza Fria!

O inferno são os outros

É uma coisa complicada, leitores e leitoras de meus olhos, viver em sociedade. As pessoas são difíceis, cada um é de um jeito e, na maior parte do tempo, o real inferno é ter de conviver com todos e todas que dividem nosso espaço nessa terra. De fato, quem nunca passou mais raiva do que deveria com um vizinho chato ou, pior ainda, algum colega de trabalho sem noção? Só quem sofreu sabe, não é mesmo?

Mas ainda há coisa piores que fazemos uns com os outros, justificando ainda mais a afirmação de que criamos o inferno em que todos viveremos em algum momento. A guerra, por exemplo, é uma das piores mostras de violência (muitas vezes sem sentido) que existem e que é muito explorada em várias tipos de mídia. Muitas vezes, inclusive, de maneira glorificada. Bom, não é o caso com nosso joguinho de hoje.

Hell Is Us, fazendo jus ao nome, chega como uma representação bem seca e realista de uma terra assolada por uma guerra civil que, provando que toda desgraça é pouca, também está no centro de acontecimentos sobrenaturais. O título me interessou bastante por conta dessa premissa, e sua pegada de ação com promessas souls também não é de se jogar fora. Mas, será que ele ficou bom mesmo? É o que descobriremos agora.

Hell Is Us
Hora de ir buscar nossa review. (Imagem: Divulgação)

História

A trama de Hell Is Us gira em torno de Rémi, um camarada que, um belo dia, decide largar tudo para trás e voltar até a sua terra natal em busca do paradeiro de seus pais há muito perdidos. Contudo, nosso parceiro foi levado ainda bebê de Hadea, o tal lugar, devido à uma guerra civil terrível que desolava a nação na época e que, infelizmente, continua a fazê-lo até hoje. Com o adicional de monstros indestrutíveis que apareceram do nada e começaram a matar todos que apareciam pela frente.

A partir daí, Rémi anda de um lado para o outro do país lutando contra os monstros, descobrindo mais sobre seu passado e presenciando os efeitos da guerra civil que varre Hadea. O jogo trata de alguns temas bem interessantes, como o ciclo da violência e os horrores da guerra, e acredito que ele o aborde de uma maneira bem crua e, sinceramente, adequada. Poucos jogos do estilo mostram essa realidade de maneira tão explícita, e penso que isso é algo que deveria ser mais comum até para provocar reflexões por parte do jogador. Conversar com os habitantes do local e ver o efeito dos acontecimentos em suas vidas é um soco no estômago do jogador, como deveria ser.

Uma pena, entretanto, que Hell Is Us deixe essa premissa de lado em vários momentos para se focar em uma conspiração já batida, com monstros e tudo mais, e um personagem um tanto quanto desinteressante. Essa é uma crítica que pode ser vista como elogio, até, porque o título conseguiu me prender e deixar totalmente imerso mesmo com um protagonista sem sal reagindo da maneira mais desinteressada a tudo que acontece em sua volta. Quanto morde e assopra, não é mesmo?

Hell Is Us
O capitão de um dos lados da guerra civil. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

A jogabilidade de Hell Is Us consiste em desbravarmos uma série de mapas semi abertos, representando os diversos lugares de Hadea, enquanto lutamos contra monstros, descobrimos segredos, resolvemos puzzles e, se quisermos, ajudamos a população local com seus problemas. Podemos usar uma boa variedade de armas de curto alcance e esquivas (enquanto tivermos fôlego) e nosso querido drone para poder nos defender das adoráveis criaturas que querem nos fazer de jantar.

O combate é bem visceral, com peso e impacto. Cada arma possui suas próprias características e golpes que, junto das habilidades que podemos adquirir para cada uma, permitem que o jogador tenha um bom arsenal para testar e escolher. Além disso, nosso drone também é uma mão na roda no combate, podendo distrair inimigos para diminuirmos a pressão em cima de nós, gerar escudos e outras coisinhas mais.

Uma das mecânicas mais legais de Hell Is Us é a de recuperação de vida durante o combate, que favorece um estilo de jogo agressivo e deixa tudo ainda mais frenético. Rémi acumula uma certa quantidade de vida ao atingir os inimigos que pode ser transformada em cura permanente se apertarmos um botão na hora certa, e que se perde se tomarmos qualquer dano. Eu achei isso super divertido de usar, e adiciona uma camada extra de complexidade para a jogabilidade do título.

Os mapas também são interessantes de serem explorados, tendo um tamanho adequado e uma boa quantidade de segredos e itens para encontrar. Além de termos as missões principais para resolver, diversos moradores de Hadea precisam de nossa ajuda e as ações do jogador, nesses casos, possuem ramificações que são bem interessantes de se ver. Fora isso, também temos uma boa quantidade de documentos para encontrar que aprofundam a trama e exploram mais da vida das pessoas que estão envolvidas na guerra civil ou sofrem as consequências dela.

Hell Is Us
A boa e velha espada de duas mãos. (Imagem: Divulgação)

Outra característica muito divulgada de Hell Is Us é de que o jogo não conta com nenhum mapa nem marcadores, o que aumenta a imersão do jogador e faz com que precisemos ficar ligados para saber o que temos de fazer e onde ir. Isso é verdade, mas podem se tranquilizar em saber que é bem tranquilo de entender como prosseguir a narrativa, visto que os mapas não são tão grandes e sua navegação não é diferente de outros jogos com a mesma proposta, como Dark Souls por exemplo.

O que julguei mais interessante na maior parte do tempo, e frustrante em outras, são os puzzles que precisamos resolver. Rémi encontrará um monte de portas e baús durante sua jornada, e suas soluções costumam estar escondidas por trás de respostas que demandam um pouco de raciocínio e, principalmente, poder de observação. Por quê esse povo de videogame gosta tanto de guardar senhas de computador espalhadas em um monte de tranqueiras largadas pelos corredores e quartos de sua casa? Que bagunça.

Eu curti bastante, e até me senti inteligente ao resolver alguns deles. Contudo, certos momentos de Hell Is Us farão o jogador ter de ficar zanzando pelo mapa em busca de pequenos detalhes que, após certo tempo, pode acabar deixando a experiência um pouco enfadonha. Além disso, o jogo também não dá um log muito explicativo sobre algumas missões que devemos realizar, principalmente as secundárias, o que pode gerar certa dor de cabeça se não anotarmos o que vimos ou lembrarmos de qual documentos olhar para encontrar as respostas.

Hell Is Us
Venha tranquilo. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Os visuais de Hell Is Us são bem legais, com modelos detalhados, animações bem feitas e uma performance adequada e sem queda de frames. Achei os cenários bem realizados, ainda que com certa repetição em alguns, e construídos de tal forma que é fácil ficarmos imersos. Tudo que vemos ajuda a contar a história de Hadea, e esses detalhes fazem a diferença.

A mesma coisa pode ser dita da trilha sonora, que consegue vender bem o clima de desolação e desespero pelo qual passamos (e vemos os outros passarem) e dar impacto ao que acontece na tela. Além disso, contamos com legendas em português! Algo essencial para podermos compreender o que está acontecendo na trama e, também, como resolver certos mistérios.

Hell Is Us
Que lugar horrível. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Hell Is Us?

Hell is Us, leitores e leitoras, foi um jogo que conseguiu me capturar bastante. Ainda que ele não aplique todas as mecânicas esperadas de um souls, a trama e ambientação foram mais do que suficientes para que eu ficasse grudado em minha cadeira durante toda a duração e, devo adicionar, me envolvendo com o que acontecia a todo momento.

A jogabilidade é simples mas divertida, aprimorada por mecânicas interessantes como a do roubo de vida, e o título explora temáticas bem pesadas e necessárias para os dias de hoje. Também achei os quebra cabeças bem legais, em sua maioria, e a exploração é complementada por uma boa quantidade de colecionáveis. De negativo, creio que poderíamos ter um diário com informações sobre missões com um pouco mais de profundidade, que alguns cenários são repetidos e com menos vida que os outros e que certos puzzles se tornam enfadonhos dada a repetição do modelo.

Mas, no fim das contas, ainda creio que o saldo de Hell Is Us é bem positivo. O jogo conseguiu me capturar bastante com sua premissa, além de me fazer pensar sobre temáticas que são muito pertinentes nos tempos em que vivemos. Ele também se sai muito bem como título de ação, embora aplique pouco souls, e tem mais do que o suficiente para agradar o público alvo. Vale a pena conferir.

O lançamento de Hell is Us está previsto para 4 de setembro, com versões para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam e Epic Games Store.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela NACON.

Hell Is Us

BRL 222,44
8.3

História

8.5/10

Gameplay

8.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Extras

8.5/10

Prós

  • O pano de fundo da história é bem interessante, envolvendo a guerra civil de hadea
  • Explora temáticas pesadas de maneira direta e realista
  • Alguns puzzles são bem engenhosos
  • Sistema de roubo de vida dá uma boa camada estratégica ao combate
  • Diferentes armas e habilidades de Rémi e do drone nos dão uma boa gama de opções

Contras

  • Poderia focar mais na parte da guerra civil e menos na conspiração de monstros
  • Rémi é sem graça e tem carisma negativo
  • Alguns puzzles são arrastados demais
  • Poderia ter um diário de missões secundárias mais robusto

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.