Horizon Forbidden West | Review
Em 2017, a Sony lançou Horizon Zero Dawn, trazendo um grande mundo aberto ao PlayStation 4. O jogo foi um enorme sucesso de vendas, ultrapassando a marca de 20 milhões de cópias vendidas e mais de 1 bilhão de horas jogadas, o que dá mais ou menos uma média de 50h de gameplay por jogador. Tamanho sucesso não passaria despercebido, e uma sequência foi anunciada ainda em 2020, junto aos títulos que seriam lançados para o PlayStation 5: Horizon Forbidden West.
O game que nos leva ao Oeste Proibido é o mais novo exclusivo PlayStation e chega na próxima sexta, 18, para PlayStation 4 e 5. O título é uma continuação direta de Horizon Zero Dawn, e se passa alguns meses após os acontecimentos do primeiro jogo. Aloy, nossa protagonista, segue em buscas das respostas das dúvidas que encontrou após o fim do primeiro título e você vai encontrar muitas respostas por aqui. Sem mais delongas, é hora de mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Bem vindo ao Oeste Proibido
Para aqueles que estão chegando na franquia Horizon agora, não se amedrontem. Horizon Forbidden West oferece um valioso resumo dos principais acontecimentos de Zero Dawn, que podem ajudar a refrescar a memória daqueles que jogaram há quase 5 anos, e depois não revisitaram o game mais. Nossa memória pode ser algo traiçoeiro, e felizmente a Guerrilla preparou um ótimo material explicativo para aqueles que não se recordam. Mas, se você está chegando agora, mesmo que o material seja de alta qualidade, eu recomendo fortemente começar pelo primeiro game.
Horizon Forbidden West leva os jogadores para o Oeste do mapa do primeiro jogo, uma região cuja visita e exploração é proibida pelos Tenakth, uma tribo que entrou em guerra com os Carja após a Marca Rubra, um acontecimento citado no primeiro game. Como eles estão no controle da região, e há um clima de territorialismo envolvido, foi decidido que aquela região seria deles.
Mas Aloy está acima de qualquer decisão. A Salvadora de Meridiana, como nossa protagonista passou a ser conhecida após os eventos de Zero Dawn, ganhou fama e reputação por todo o horizonte. Em busca dessas respostas, ela precisa e vai encontrar um meio de acessar a região, pois é para lá que apontam todas as respostas que ela procura.
No entanto, não se anime. Até chegar ao Oeste, Aloy perde muitos dos equipamentos e utilidades que ela adquiriu ao longo do primeiro jogo, e por isso, nossa aventura é como se estivéssemos começando realmente um jogo novo. O que, de fato, é. Esqueça aquela Aloy overpower que termina o primeiro jogo.
Um velho novo mundo
Horizon Forbidden West nos apresenta um enorme novo mundo, mas de uma forma bem similar ao que já jogamos em Zero Dawn. O uso do Foco (importante acessório expande informações digitalizadas sobre tudo o que você vê no mapa), o menu, o HUD, além de diversos elementos de jogabilidade, permanecem exatamente os mesmos. No começo, ou até acessar o Oeste Proibido e as primeiras grandes novidades no gameplay, eu fiquei com a sensação de estar jogando uma expansão do primeiro game – já que a única novidade que o jogo nos apresenta no começo do gameplay é um gancho.
Felizmente, essa sensação deixa de existir quando cruzamos a linha do Oeste e, consequentemente, passamos a explorar mais o mapa, descobrimos novas máquinas, personagens, cenários e o enorme mundo que o game nos oferece. O universo de Horizon Forbidden West expande em muito a lore apresentada, incluindo a estreia de novas tribos como os Utaru, os Quen, além dos Tenakth já citados anteriormente, que são divididos em clãs, controlando a região.
Além disso, o game trouxe o retorno de máquinas conhecidas do primeiro game, como o Pescoção – que segue servindo como torre para o mapa – as temidas Ave-Tempestades, os Aríetes, os Pernalongas, entre outros. E também adiciona muitas novidades, como os gigantescos Cortamarés, os Agouros e o poderoso Carnificia. Houve muita criatividade ao apresentar as novidades relacionadas às máquinas do game.
Além disso, o Oeste traz uma variedade de biomas bem maior do que o primeiro jogo. Temos montanhas congeladas, florestas, desertos e cidades. Os jogadores vão visitar ruínas de cidades como Las Vegas e São Francisco, além de podermos explorarmos ilhas e o próprio mar.
Uma plena evolução no gameplay
Se Horizon Zero Dawn trouxe um combate em tempo real, com um mundo dinâmico, coube a Forbidden West aprimorar esta fórmula. Em um primeiro momento, não vemos grandes novidades nas lutas, mas elas estão lá, a medida que avançamos no jogo. Isso porque o título trouxe as Arenas, locais em que Aloy treina suas habilidades de combate, em especial, os combos. Utilizá-los, seja em disputas contra máquinas ou humanos, oferece um dinamismo ainda maior ao jogo.
E os combos não foram as únicas alterações que tivemos nas lutas. Aloy também conta com novos tipos de flechas, o que torna o game ainda mais estratégico. Analisar as máquinas segue sendo fundamental para entender suas fragilidades. De quebra, ganhamos novos tipos de armas, como Lança-Dardos e Manoplas, que contam com diferentes variações.
Mas as principais novidades do game estão no campo da exploração. A começar pela exploração vertical, já que agora temos o que os desenvolvedores chamam de escalada livre, o que permite que praticamente boa parte do mapa seja escalável. Ao ativar o Foco, o HUD vai mostrar áreas em amarelo, que podem ser escaladas, e áreas em vermelho, que não podem. E a própria narrativa explora bastante isso, oferecendo missões em que é preciso ir muito alto para cumprir os objetivos.
Outra novidade oferecida é a exploração aquática. Aloy agora pode nadar e explorar ruínas e cavernas submersas, tanto como parte de missões, quanto em busca de colecionáveis e itens úteis ao jogo. Se no começo o folego é uma limitação, uma das missões da história nos oferece criar um dispositivo para que Aloy consiga nadar livremente e em locais mais fundos. Uma excelente adição!
No entanto, a maior e mais impactante mudança no gameplay de Horizon Forbidden West é a possibilidade de voar. Surgindo como parte da história, Aloy primeiro adquire um planador, que permite cair de forma mais lenta, e sem sofrer dano. Além disso, a protagonista também adquire a possibilidade de converter um Heliodo, um tipo de máquina voadora que absorve energia solar. Com isso, o voo é ilimitado e podemos ir para praticamente todos os pontos acima da terra do mapa, incluindo a possiblidade de converter os Pescoções de uma maneira bem mais simples.
Muitas atividades extras
Além de um modo história, com cerca de 30h de gameplay, Horizon Forbidden West entrega muitas atividades extras, que podem levar a duração do jogo para o triplo disso. São várias missões secundárias, Tarefas, Trabalhos, Campos de Caça, corridas de máquinas, disputas da Arena, além da possibilidade de explorarmos Ruínas de Relíquias antigas e derrotarmos Rebeldes em Acampamentos e Postos.
Claro, há alguns tipos de colecionáveis, que também oferecem benefícios para a narrativa. O Oeste Proibido foi palco da queda de algumas aeronaves no momento em que a humanidade colapsava, e Aloy deve recolher Caixas Pretas, cada uma com uma história em áudio que, juntas, contam o que aconteceu no passado. Há vários pontos de acesso que também cumprem essa mesma ideia.
Os jogadores também contam com outros dois tipos de colecionáveis, estes mais chatos – em especial para os caçadores de troféus: os Panoramas, que oferecem imagens do Velho Mundo e dever ser corretamente alinhados, e os Drones de Vigilância, que nada mais é do que imagens de fundo para a base que Aloy monta no gameplay.
Por fim, há ainda os Caldeirões, que seguem a mesma ideia de Zero Dawn. Você deve superá-los para adquirir novos tipos de conversões, mas ao contrário do jogo original, em que elas são desbloqueadas imediatamente, em Horizon Forbidden West, devemos derrotar máquinas e, em seguida, “aprender” como realizar essas conversões.
A incrível e divertida lore de Horizon Forbidden West
Imaginar um mundo futurístico, mas tribal, como a Guerrilla fez com a franquia Horizon, foi uma missão complicada. Mas muito bem executada pela produtora. O mundo de Horizon Forbidden West é incrível, cheio de detalhes e até mesmo, curioso.
Uma das tribos do jogo, por exemplo, fica em um museu, e idolatra os hologramas que ali estão, pois aquilo é a única referência que eles têm do passado. Já outra tribo tem uma paixão por Ted Faro, que é um personagem importante, mas cheio de controversas, citado no primeiro jogo, pois eles encontraram várias referências sobre quão incríveis foram seus feitos. E, ao mesmo tempo em que elegem essas “divindades”, Horizon Forbidden West reserva cenas que são engraçadas quando analisamos.
Aloy forma alianças com velhos amigos, como Erend e Varl, além de encontrar novos personagens, que vão formar uma poderosa aliança com a missão de restaurar GAIA. Para isso, a protagonista precisa fornecer Focos aos seus amigos, que nunca tiveram contato com tanta informação como Aloy. E é curioso ver como muitos destes personagens lidam com essas informações. Há alguns questionamentos curiosos sobre festividades celebradas atualmente, ou mesmo sobre os jogos de azar e a diversão que Las Vegas oferece.
Tudo isso gera uma enormidade de conteúdo, com cenas e enormes diálogos. Antes de aceitar uma missão, por exemplo, como manda um bom RPG, podemos aprender sobre diversos elementos que têm relação com sua próxima tarefa, com cenas de diálogos que duram vários minutos. Por vezes, eu achei isso cansativo, mas a maior parte desse conteúdo é opcional e há também a possibilidade de pular os diálogos.
A qualidade da nova geração
Por conta deste trabalho, joguei muitos jogos desde que o PlayStation 5 foi lançado. E Horizon Forbidden West entrega uma das melhores experiências gráficas do console até então, senão a melhor. O jogo é muito bonito, e incrivelmente detalhado. Quando escrevi sobre o Zero Dawn, apontei que uma das coisas que me incomodavam era a diferença de detalhamento gráfico entre os personagens principais da história e os NPCs. Este “problema” foi corrigido. Todos os personagens que Aloy dialoga estão muito bem caracterizados, com detalhes faciais muito bem feitos.
Um outro benefício que a nova geração ofereceu foi a imersão sonora. Eu tenho minhas ressalvas quanto ao uso da trilha – acho que algumas cutscenes teriam uma emoção maior se acompanhadas de música – mas todo o ecossistema envolto do som em Horizon Forbidden West é fantástico. Seja com o som saindo da TV ou do Pulse 3D, o DualSense torna a experiência muito imersiva, seja com sons saindo dos autofalantes, ou o feedback háptico do controle ao usar o arco. É algo incrível.
Além disso, o game conta com os tradicionais Modo Desempenho, que roda em resolução dinâmica a 60 FPS, e o Modo Resolução, que oferece 4K 30 FPS. Ambos funcionam bem, mas meu favorito segue sendo o Desempenho, para quaisquer jogos. O SSD do PS5 também oferece loadings muito rápidos, seja ao abrir o jogo pela primeira vez, ou fazer viagens rápidas.
Tenho que destacar, no entanto, pequenos problemas visuais que podem incomodar aqueles mais exigentes. Ao voar sobre a copa de árvores, você pode “atravessar” por galhos, por exemplo. Há alguns momentos do jogo em que a tela fica preta, mas o som continua, e tive a sensação que ser um mini loading. E, para os complecionistas, tive problema com o troféu de liberar todos os pescoções, que simplesmente não apareceu pra mim. Tive também alguns crashes, em especial, ao utilizar a viagem rápida quando estava explorando uma caverna submersa.
Vale a pena comprar Horizon Forbidden West?
Horizon Forbidden West, certamente, é um daqueles jogos que posso recomendar de olhos fechados. Com uma história profunda e explicativa, a sequência de Zero Dawn traz muitas das respostas do jogo anterior, além de dar o pontapé para como será o fim da trilogia. Além disso, temos muitas horas de jogo, e não é um gameplay raso, com missões bobas. Aloy, mesmo com a difícil missão de salvar o mundo, encontra tempo para desenvolver relações e ajudar os aldeões do Oeste.
Os gráficos, ao menos no PlayStation 5, são incríveis e o desempenho oferecido, aliado a velocidade de carregamento, tornam o game um convite obrigatório para aqueles que querem conhecer todo o potencial da nova geração de consoles. Pra mim, o título já desponta como um dos favoritos ao prêmio de Game of The Year em 2022.
A nova aventura de Aloy será disponibilizada ao público na próxima sexta-feira, 18, e está disponível em pré-venda no Brasil ao preço sugerido de R$ 299,90. Quem comprar uma versão de PS4, ganhará direito ao upgrade para a versão de PS5 gratuitamente.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Sony.