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HOTEL BARCELONA | Review

HOTEL BARCELONA é um hack and slash de ação, criado dentro do arquétipo rogue, desenvolvido pela White Owls Inc. e publicado pela CULT Games. Nele, controlamos uma agente federal que busca apreender todos os assassinos em série que se esconderam em um luxuoso hotel entre a Virgínia do Oeste e da Pensilvânia. Tudo feito sem nenhuma violência e dentro dos padrões da lei. É sério, acreditem.

E aí, será que vale a pena acompanhar essa parada? É o que descobriremos agora, em mais uma review caliente do Pizza Fria.

Estilo ou substância?

A vida, leitores e leitoras deste que pode ser conhecido como o sítio mais web deste lado dos trópicos, é uma coisa muito chata na maioria do tempo. Brasileiros e brasileiras médios, provavelmente, nunca verão nada de realmente interessante acontecer em suas vidas, como invasões alienígenas, kaijus ou, ainda, um ano inteiro de boletos pagos e nenhuma necessidade de parcelar contas no cartão. Mas, felizmente, temos os videojogos para nos tirar dessa realidade cinzenta e colocar um pouco de doideira em nossas vidas.

Certos jogos conseguem fazer isso mais que os outros, seja por suas premissas curiosas, seu estilo alternativo ou a excentricidade de seus criadores. Nosso jogo de hoje, HOTEL BARCELONA, é um exemplo claro de tudo isso. Creio que isto, mais do que tudo, foi um dos motivos dele ter entrado em meu radar desde quando vi o trailer pela primeira vez

O título saiu da mente de dois dos criadores mais cults dessa indústria, os manos SWERY65 e SUDA51, responsáveis por séries incríveis como meu amado No More Heroes e Deadly Premonition, um dos melhores piores jogos que eu acho que todos deviam jogar ao menos uma vez na vida. Que pedigree, não é mesmo? Mas, será que nosso querido de hoje consegue vencer esse hype? É o que saberemos agora.

HOTEL BARCELONA
Quase esqueço da review de HOTEL BARCELONA! (Imagem: Divulgação)

História

HOTEL BARCELONA conta as desventuras de Justine, uma agente federal que vai até o tal hotel em busca de um bando de assassinos em série, baseados em clássicos da cultura pop, que estão se escondendo no local. Para dar conta deles, nossa heroína contará com sua astúcia, habilidade, o espírito de um assassino demoníaco que divide seu corpo e um loop temporal que a permite lutar, morrer e voltar para tretar outra vez. Maravilhoso, não é mesmo.

O tal cereal killer que compartilha a cabeça de Justine, chamado Dr Carnival, é responsável pela transformação que permite que nossa colega saia rasgando todos os malvados no meio e, também, dá a ela a capacidade de quebrar os limites dos poderes humanos. Além dele, também interagimos com uma série de outros personagens tão bizarros quanto divertidos, que realmente dão uma cara única ao jogo e elevam o que poderia ser uma trama bem simples.

A força dos personagens e seus auxiliares, por consequência, acaba por ser uma das maiores grandezas da narrativa de HOTEL BARCELONA. É muito legal ver o contraste entre Justine e Dr Carnival, e a forma como eles se completam e afetam conforme o game progride. Além disso, sempre fiquei curioso para saber qual era o próximo ser curioso, ou vilão tenebroso, que apareceria pela minha frente. Perceber as referências nítidas, e nem tanto, aos clássicos dos slashers também foi um deleite.

HOTEL BARCELONA
Um semblante de normalidade. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

HOTEL BARCELONA, em essência, é um jogo de ação no qual lutamos contra inimigos em um plano 2D utilizando ataques fortes, fracos, armas de alcances diferentes e uma série de outras habilidades que nos permitem matar e ensanguinhar nossos inimigos de maneira mais prática e efetiva. Além disso, temos o esqueleto rogue de tentar derrotar todos os chefes em uma tentativa. Se morrer, voltamos do começo com a possibilidade de melhorar nosso arsenal e habilidades usando recursos coletados em nossa aventura.

Para lutar, podemos fazer uso de diversos tipos de armas de curto e longo alcance com seus respectivos tipos de dano, velocidades de ataque, combos que podemos aprender ao evoluir Justine, e por aí vai. Além disso, temos as capacidades já esperadas de esquivar, defender e aparar. Cada tipo de equipamento tem seu lado positivo e negativo, geralmente balanceando o dano na vida do inimigo, em sua armadura ou a quantidade de sangue que jorra ao acertarmos alguém com elas.

Esse lance do sangue é uma mecânica interessante de HOTEL BARCELONA, pois pode nos beneficiar de duas maneiras. A primeira é conferindo buffs passivos que aumentam nosso dano, defesa e afins e outra permitindo lançarmos um ataque cabuloso que acerta pesado nos inimigos que enfrentamos. É um lance interessante, por nos dar duas maneiras distintas de jogar e recompensar o jogador que sabe a hora de usar ou não o poder correto. Além disso, o fato de nossa reserva de sangue cair ao pararmos de bater favorece um estilo de jogo mais agressivo.

Além dos inimigos comuns, também enfrentaremos chefões ao fim de cada “bioma” que exploramos, representado por zonas do hotel que vamos explorando conforme avançamos pelas fases e suas portas (cada uma oferecendo uma recompensa ao ser escolhida). Eles são bem legais e, embora não sejam mecanicamente tão complexos, são divertidos de se enfrentar.

HOTEL BARCELONA
STRIIIKE. (Imagem: Divulgação)

Outro ponto interessante é o uso de fantasmas que repetem todos os nossos movimentos da run anterior, um por um, servindo como uma maneira bem original e prática de dar um apoio a mais para o jogador. Isso, somado ao modo cooperativo, serve para dar uma força bem necessária para enfrentar alguns desafios. Ou não, se dermos o azar de sermos invadidos por outros jogadores.

Além de brigar, passaremos um tempo de HOTEL BARCELONA utilizando os diversos serviços que nos são disponibilizados, como uma máquina de pinball, um serviço que nos dá certas restrições nas missões em trocas de prêmios, algumas bebidas deliciosas e um barman que troca orelhas por recursos variados. Ah, e temos um cassino onde podemos aprimorar nossas armas e equipamentos através de um jogo no qual precisamos escolher uma carta aleatória. Eu achei interessante, até, mas admito que a ideia de colocar um fator tão aleatório em algo importante assim é um pouco contraproducente.

Creio que esse seja um sentimento, inclusive, que me acompanhou por uma boa parte de minhas aventuras no hotel. Ainda que o combate seja interessante, é demasiadamente simples e muito lento para realmente engajar. Até mesmo as armas que deveriam ser rápidas parecem pesadas, o que deixa o gameplay bem menos dinâmico do que poderia. Temos essa questão dos upgrades de armas que, ainda que também sejam dados ao vencer chefes, não caem tão bem como algo aleatório em minha visão.

O mesmo pode ser visto com os biomas e fases de HOTEL BARCELONA. Eles costumam ser muito simples, com alguma verticalidade mas pouca coisa para fazer além de andar para frente e matar os inimigos que, por geralmente serem mais rápidos que nós, sempre conseguirão nos acertar de alguma maneira ou outra. Isso faz com que tudo fique um tanto quanto enjoativo com o passar o tempo, infelizmente.

HOTEL BARCELONA
3 derrotas? Na quarta dá certo, confia. (Imagem: Divulgação)

Sons e visuais

HOTEL BARCELONA tem um senso de estética e estilo muito forte, marca registrada de seus idealizadores, e faz tudo com muito estilo. Personagens, violência, cenários e tudo são feitos para ter o máximo de impacto e flair possível, e é algo que aprecio. Contudo, não temos texturas nem gráficos super aprimorados, e temo que a interface seja cheia a ponto de atingir a confusão e atrapalhar o jogador em alguns momentos.

A trilha sonora e sonoplastia em geral são bem legais, com vozes bem atuadas, uma música muito legal e cheia de trilhas que ficam na cabeça. Pena, contudo, que HOTEL BARCELONA nem sempre as use da maneira mais correta ou coloque para tocar em todos os momentos de ação. Por fim, ainda ficamos sem nossas legendas.

HOTEL BARCELONA
Que doideira, cara. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar HOTEL BARCELONA ?

HOTEL BARCELONA, leitores e leitoras, é um jogo que acaba sendo melhor na teoria e nas ideias do que na prática. Infelizmente, como ocorre em alguns outros títulos destes diretores que admiro um bocado, o game tem sacadas sensacionais que, de uma maneira ou de outra, acabam sendo implementadas de uma forma não tão prática ou, até, de modo que puxa a experiência para baixo. Quem jogou o mundo aberto do primeiro No More Heroes ou Deadly Premonition sabem bem do que estou falando.

De positivos, achei HOTEL BARCELONA estiloso, estranho e cheio de referências maravilhosas. Fãs de terror, principalmente slashers como é meu caso, se sentiram nas nuvens com tudo que verão aqui. Além disso, curti os personagens, a interação entre eles e todo o espetáculo do combate. Por outro lado, achei as armas lentas demais, a interface confusa, o esquema de melhoria de armas por sorte um pouco injusto, as fases simples demais e, ainda, ficamos sem nossa legendinha de lei.

Tudo isso, no fim das contas, acaba por tornar HOTEL BARCELONA uma experiência tão curiosa quanto o próprio hotel e seus moradores. Por um lado, temos momentos que são super divertidos, seguidos de outros que nos deixam meio frustrados. Depois, acontece alguma coisa estranha e curiosa que nos prende novamente. Esses momentos valem, para mim, e já justificam conferir essa confusão maravilhosa. Contudo, seria mais fácil se esses pontos que comentei não pegassem tanto no nosso pé.

HOTEL BARCELONA, novo jogo em estilo roguelite com rolagem lateral, será lançado nesta sexta-feira, 26 de setembro, para PC, via Steam, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela CULT Games.

HOTEL BARCELONA

7.3

História

8.0/10

Gameplay

7.0/10

Gráficos e Sons

7.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Muito senso de estilo e espetáculo
  • Justine e Dr Carnival são bem legais de acompanhar, bem como os outros hóspedes do hotel
  • Combate sangrento e impactante
  • Um deleite para os fãs de slashers, cheio de referências e homenagens
  • Sistema de fantasmas de sangue que aparecem copiando nossa última run é uma grande sacada

Contras

  • Armas lentas e pesadas demais acabam deixando o jogo mais arrastado do que deveria
  • Texturas simples e sem muito brilho, além da repetitividade, deixam os cenários menos vistosos do que deveriam
  • Melhoria de armas por sorteio é meio complicado, ainda mais quando bate aquele azar
  • Interface muito cheia e confusa
  • Sem legenda em português

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.