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Killing Floor 3 | Review

Killing Floor 3 é um jogo de tiro em primeira pessoa, com foco em sobrevivência e no combate contra hordas de inimigos, desenvolvido e publicado pela Tripwire Interactive. Nele, precisamos lutar contra uma séries de aberrações mutantes, os famosos Zeds, enquanto tentamos não ser devorados, incinerados e pulverizados. Tudo na maior solidão ou com amigos, se tivermos algum que não exista apenas em nossas cabecinhas. Típico, não é mesmo?

E aí, será que vale a pena encarar esse rojão? É o que saberemos agora, em mais uma análise bombástica do Pizza Fria!

Meio morto

Ah, como o tempo passa voando não é mesmo, leitores? Coisas que pareciam ter acontecido ontem, na verdade, foram décadas atrás. O que deveria estar num futuro distante é logo amanhã e meus boletos que, em tese, tinham o maior prazo de pagamento estão vencendo hoje. De fato, a marcha do relógio é inexorável (palavra inteligente do dia), e não há nada que possamos fazer contra isso. Que jeito de começar uma review, não é mesmo?

Arrumei toda essa falação por dois motivos, sendo sincero. Primeiro, porque gosto de passar a impressão de ser mais inteligente do que sou. Segundo, porque Killing Floor 3, nosso jogo de hoje, me fez lembrar da primeira vez que joguei algo da franquia. Foi lá pelo começo dos anos dois mil, acreditam? Pouco depois de Killing Floor sair de um simples mod de Unreal Tournament (se não me engano) para um jogo de verdade. De lá pra cá, gastei umas boas horas tentando não ser devorado pelas hordas mutantes e explodindo zeds até dizer chega. Bons tempos.

Mas, será que Killing Floor 3 consegue manter a boa sequência da franquia, principalmente após o agradável Killing Floor 2? Essa é a pergunta de milhões, gente bonita que acessa esse site. Antes de responder isso, contudo, devo dizer que não gastarei tempo falando sobre a trama do jogo. Ainda que ela possa ser conferida em glossários e alguns diálogos rápidos, o real foco aqui é a jogabilidade e, como nos títulos anteriores, a narrativa não é tão explorada ou desenvolvida a ponto de ser um ponto de grande consideração.

Killing Floor 3
Cadê minha revieeew. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Em sua forma mais pura, Killing Floor 3 é um jogo de sobrevivência no qual enfrentamos diversas hordas até chegarmos ao chefão final. Para o tal, podemos controlar um de seis personagens, os especialistas, que se especializam (jura) em papéis específicos e com funcionalidades bem diferentes. Além disso, temos uma variedade de armas com diversos efeitos, modos de tiro e eficácia.

Uma partida normal de Killing Floor 3, a depender da dificuldade escolhida, geralmente segue um fluxo bem determinado. Começamos com uma certa quantidade de dinheiro e vamos enfrentando hordas de inimigos que, estágio por estágio, vão se tornando mais fortes. Nesse meio tempo vamos ganhando dinheiro que pode ser gasto repondo munição, comprando novas armas e melhorando nossa armadura. Isso pode ser feito entre cada onda de inimigos, com um precinho amigo, ou durante a confusão pagando mais caro. Capitalismo, não é mesmo?

Fora estourar inimigos, também podemos explorar as fases em busca de pequenos objetivos que dão pequenas (mesmo) exposições sobre a narrativa e o mundo de Killing Floor 3. Esses objetivos, contudo, são bem simplórios e geralmente se resumem a ir até um lugar e clicar em alguma coisa para, então, ouvir um audiolog curto ou ouvir a voz que nos comanda pelo rádio contar alguma fofoca.

Essa, em minha opinião, foi uma das grandes oportunidades perdidas em Killing Floor 3. Ainda que possa dar uma zoada nas partidas online, nas quais alguns jogadores sacanas como eu largam seus companheiros para correr atrás de anotações e outras tranqueiras, essa poderia ser uma boa chance de variar a fórmula de ondas e hordas de inimigos ao mesmo tempo em que expande o universo da franquia. Infelizmente, não foi o caso.

Killing Floor 3
O cara abandonou a gente na cara dura, que safado. (Imagem: Divulgação)

E o que são esses zeds de que tanto falo? Eles, chefes e chefinhas, são os inimigos mutantes que tentam arrebentar nossos lindos rostinhos durante cada onda do jogo. Em grosso modo, podemos dividi-los entre as buchas de canhão (fracos mas perigosos por conta de seus grande número), os especiais (que consegue atear fogo nos outros, atordoar, bater com força e por aí vai) e os grandes chefões que aprecem no último estágio. Eles dão uma boa variada nas partidas, e são uma boa evolução dos inimigos clássicos que enfrentamos nos títulos anteriores da franquia.

É muito importante saber como cada zed opera, e como enfrentá-los da maneira correta, para ter sucesso em nossas empreitadas com Killing Floor 3. Um especial bem colocado, ou deixado de lado por tempo demais, consegue arrebentar uma partida com facilidade. Por vezes estava tranquilo e na paz atirando em uma penca de mutantes que vinham em minha direção enquanto, na baixaria, um monstro que corria nas paredes se preparava para arrancar meu couro fora.

Essa variedade, e dificuldade, é um dos pontos mais fortes de Killing Floor 3. Ela consegue deixar as partidas bem interessantes, e o nível de desafio cai muito bem quando estamos jogando em galera. Sozinho é um pouco desbalanceado, mas o foco em criação de grupos e cooperação faz com que esse seja um ponto não tão problemático assim no grande esquema das coisas.

Killing Floor 3
A força da amizade. (Imagem: Divulgação)

Para enfrentar as hordas mutantes podemos contar com seis especialistas diferentes, cada qual com suas habilidades únicas, habilidades passivas e proficiências com armas. Cada um possui sua própria árvore de skills, que favorece determinadas armas e estilos de jogo, além de um “super” único que pode ser usado de tempos em tempos.

Cada um deles pode utilizar diversos tipos de armamentos, mas as preferências e habilidades passivas favorecem umas mais que as outras. A moça focada em dano de fogo, por exemplo, perde parte de sua eficiência quando suas armas não queimam os inimigos. Por outro lado, ela precisa de uma opção mais neutra quando está enfrentando algo que não incendeia direito, por exemplo.

Esse esquema até dá uma boa gama de opções ao jogador, principalmente quando jogamos em grupo e podemos avaliar a sinergia das diversas combinações entre especialistas e equipamentos. Além disso, vamos liberando mais habilidades conforme subimos de nível, além de terem desafios diários que dão recompensas para quem usa determinado boneco.

Isso tudo é tudo bem legal e maneiro, certo? Contudo, infelizmente, Killing Floor 3 implementa essas mecânicas de uma forma bem mais sem impacto e vida do que seus antecessores, principalmente se comparado ao meu querido KF 2. Isso, em grande maioria, se dá graças a forma com que a ação foi implementada e as armas que usamos.

Killing Floor 3
Deu ruim. (Imagem: Divulgação)

As armas em Killing Floor 3 me pareceram bem sem impacto e força, mesmo após o título ter sido postergado em algumas semanas para lidar com reclamações parecidas que surgiram durante seu período de testes. Isso é realmente problemático visto que, na maioria do tempo, estaremos atirando freneticamente em coisas. Isso, acredito eu, diminui muito o impacto da ação.

Além disso, achei o título bem mais sem vida (e sem sal) do que seus antecessores. As fases já não tem a mesma pompa, tendo temáticas mais mundanas e sem graça como cidades e depósitos, os personagens não tem carisma algum, o humor que tentaram colocar não caiu tão bem e, no geral, Killing Floor 3 me parece algo bem mais protocolar e sem graça.

Além disso, apesar das diversões com amigos e afins, achei o jogo muito sem o que fazer no longo prazo. Claro, Killing Floor 3 conta com um passe para corrermos atrás (além da promessa de uma monetização considerável) e dos bonecos para aprimorar. Contudo, não senti aquele impulso de ir cada vez mais longe que tive nos anteriores. Me pareceu, de certa forma, que o título tentou mais andar para os lados de um Call of Duty Zombies do que para dar continuidade ao seu estilo próprio.

Por fim, evoluir nossos especialistas é legal mas não oferece mudanças tão significativas, ao menos em se tratando de mecânicas e estratégias mais avançadas. Isso tudo coopera, no fim das contas, para criar uma experiência divertida até certo ponto, mas familiar demais e com pouco espaço para evolução e continuidade. Me lembrou, curiosamente, o que aconteceu com o polêmico Payday 3.

Killing Floor 3
Tô chocado. (Imagem: Divulgação)

Sons e visuais

Killing Floor 3 conta com visuais bonitos e com alta definição, ainda que ao custo de alguns frames aqui e acolá. O grande trunfo, contudo, está na nova engine que permite ao jogo contar com desmembramentos, sangue e vísceras até dizer chega. Isso é bem legal, mas acaba sendo mutado pelo ar sem graça dos mapas e dos inimigos que, novamente, faz o game parecer algo sem vida e cinzento, por se dizer.

A trilha sonora, pelo menos, ficou legal e tentou seguir um pouco aquele ritmo pauleira de rock que tínhamos nas outras ofertas da franquia. O som das armas e zeds, entretanto, sofrem com o mesmo problema que falei nas outras partes. Basicamente por serem muito sem sal e mais do mesmo.

Killing Floor 3
Lá vem a galera. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Killing Floor 3?

Killing Floor 3, leitores eleitoras, foi um jogo que entrou em nossas vidas com o pé esquerdo. Mas, devo admitir, fiquei esperançoso de que ele iria apresentar uma boa melhora após ter ficado um tempo no forno. Contudo, o resultado acabou sendo algo um pouco melhor do que na fase de testes, mas ainda longe do que acho que seria o ideal.

A ação é divertida, e temos uma boa variedade de jogabilidade entre as diferentes classes, armas e melhorias para estas que podemos fazer com materiais obtidos nas partidas. Além disso, jogar com amigos pode ser bem legal. Mas, por outro lado, trocar tiros não tem mais o impacto de antigamente, Killing Floor 3 perdeu quase tudo que fazia a série ser única, as progressões não motivam tanto a jogar e, no fim das contas, o título tem um ar de que não entregou tudo que poderia ou deveria.

No fim das contas, gente boa desse site que tanto amo, Killing Floor 3 me pareceu um jogo que até diverte com a galera, mas não oferece tudo que poderia para ser uma experiência realmente recompensadora. Se forem fãs da franquia e tiverem uma galera para jogar acredito que ele valha a tentativa. Mas, do contrário, talvez seja legal esperar mais ajustes antes de sair arrebentando zeds por aí. O game já está disponível digitalmente para PC, via Steam e Epic Games StorePlayStation 5 e Xbox Series X|S.

*Review elaborada em uma PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Tripwire Interactive.

Killing Floor 3

BRL 107,99
6.3

Gameplay

7.0/10

Gráficos e Sons

6.0/10

Extras

6.0/10

Prós

  • Motor M.E.A.T gera um caos e violência bem legal
  • Boas opções de armas e especialistas
  • Legendado em português

Contras

  • Jogo pouco inspirado e sem brilho, muito diferente do KF1 mais sério e do KF2 mais irreverente
  • Armas com pouco impacto e força fazem os combates serem bem mais sem graça
  • Fases pouco inspiradas e sem vida
  • A melhoria de habilidades dos especialistas não muda muito mecânicamente
  • Personagens rasos e sem personalidade

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.