Kunitsu-Gami: Path of the Goddess | Review

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um tower defense, com um bom misto de estratégia e ação, desenvolvido e publicado pela CAPCOM. Nele, aceitamos a árdua missão de proteger uma sacerdotisa responsável por limpar a corrupção que tomou uma montanha sagrada, enquanto enfrentamos uma série de monstros nem um pouco agradáveis aos olhos. Típico.

E aí, será que vale o preço da entrada ? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.

Uma bela jornada

Cá estamos nós novamente, leitores e leitoras deste adorável cantinho da internet, para falar sobre videojogos, nossas opiniões sobre eles e o que mais vier pela cabeça. De fato, hoje trago um jogo curioso que, embora tenha aparecido quase que de surpresa para mim (visto que vivo em uma caverna no meio do nada), realmente conseguiu preencher uma necessidade que eu nem sabia ter, de um gênero que não costumo jogar com frequência.

Impactante, não é? Deixe elaborar mais um pouco. Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um caso interessante sobre como podemos pegar uma fórmula já conhecida, dar uma bela cara e voz, uma jogabilidade refinada e acabar criando algo definitivamente singular. Em essência, o título é uma mistura de bases sólidas de tower defense com algumas pitadas de ação e gerenciamento de bases.

Mas o que seria esse tower defense, me perguntam? Excelente ponto, leitor. Agora saia do meu quintal, por gentileza. Bem, continuando, esse gênero é marcado pela necessidade de defendermos alguma estrutura de hordas de inimigos, tanto colocando defesas quanto, muitas vezes, saindo no braço nós mesmos. É um estilo de jogo bem legal e desafiador que, se feito com jeitinho, pode acabar dando em jogos de qualidade. Mas, será que nosso querido de hoje é um desses casos? É o que veremos agora.

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess
O máscara. (Imagem: Divulgação)

História

A trama de Kunitsu-Gami: Path of the Goddess, e boa parte de sua jogabilidade, gira em torno de uma simpática e silenciosa sacerdotisa chamada Yoshiro, que possui a árdua missão de dançar do topo até a base de uma montanha. Contudo, isso não é nada parecido com os bons e velhos arrasta pé que temos aqui no Brasil. Pelo contrário, nossa chegada precisa lançar os passinhos para poder expurgar o mal que toma o lugar.

Nós controlamos Soh, um espadachim mascarado que precisa proteger Yoshiro de um monte de monstros bizarros, perigosos e nem um pouco amigáveis chamados de Coléricos. Cada inimigo possui um visual único, e uma história que podemos conhecer conforme avançamos no jogo e completamos alguns requisitos.

E… é isso, na verdade. Kunitsu-Gami: Path of the Goddess se preocupa mais em criar uma ambientação interessante, com visuais cativantes e personagens bem desenhados e representados, do que com as minucias da trama. É tudo simples: temos um monte, temos uma sacerdotisa, temos demônios e precisamos dar um cabo deles.

Contudo, minha maior tristeza é que o mundo do jogo é tão bem construído, com inimigos tão singulares e uma representação tão legal da cultura japonesa, que não tem como ficar sem desejar que esse aspecto tivesse sido mais bem explorado. Não por jogar a experiência para baixo, mas sim por deixar solta uma ponta que poderia trazer muita alegria ao jogador.

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess
Confia no Soh, cara sacerdotisa. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

É aqui que Kunitsu-Gami: Path of the Goddess brilha com a intensidade dos hadoukens de fogo lançados pelo Zangief do Street Fighter II de rodoviária. Como havia comentado antes, a premissa básica do jogo é de que precisamos proteger a sacerdotisa enquanto ela realiza o trabalho de purificação das diversas vilas e templos pelos quais passamos.

Isso é feito em dois momentos distintos. No primeiro, durante o dia, preparamos o terreno. Salvamos aldeões, que se tornam unidades que podemos comandar, construímos armadilhas, recolhemos cristais utilizados para poder fortalecer nosso time e preparamos o caminho pelo qual Yoshiro deve dançar do ponto inicial até o final da fase. Ela anda enquanto o sol está alto, e para quando ele desce. Nessa hora, os Coléricos caem matando.

Essa dualidade faz muito bem para o jogo, tanto do ponto de vista da variedade da jogabilidade quanto por permitir que o jogador possa montar suas próprias estratégias. Podemos definir classes, das quais possuímos várias, para cada aldeão. Isso é muito legal, principalmente quando pensamos no quanto é possível fazer com isso. Cada uma delas é única, pode ser aprimorada em determinados momentos e possui grande potencial de “combo” com as outras.

Por exemplo, minha jogada favorita era de colocar uma unidade tank perto de Yoshiro, para puxar o dano, uma para poder curar e o restante de arqueiros para darem conta de unidades aéreas e terrestres. Em certos momentos, o esquema funcionava tão bem que eu mal precisava me esforçar para dar conta dos ataques noturnos. Somando isso às diversas armadilhas e ferramentas que os mapas nos oferecem, acabamos por ter um jogo que entrega mecânicas profundas e divertidas de utilizar, sem complicação.

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess
Tantas classes, tantas opções. (Imagem: Divulgação)

Mas não pensem que podemos apenas ficar observando nossos soldadinhos brigarem. Kunitsu-Gami: Path of the Goddess permite que o jogador saia no braço com os demônios através dos belos movimentos de Soh, controlado como em um jogo de ação em terceira pessoa. Temos golpes fortes, fracos, combos com diversos efeitos, aparos e coisas do tipo. Tudo controlado com fluidez e precisão.

Toda fase que completamos libera uma nova base, na qual podemos colocar os aldeões que resgatamos enquanto liberávamos o lugar para trabalhar reparando tudo que os Coléricos destruíram. Além de render recursos para melhoria de Soh e companhia (que podem ser resetados livremente, aliás), eles também concedem plaquinhas contando um pouco mais sobre os diversos inimigos que enfrentamos.

Meu único problema com toda essa parte de jogabilidade, justamente, é com o “trabalho” excessivo para gerenciar o trabalho realizado em cada base. Precisamos correr até cada local de construção, além de caçar alguns recursos pelo mapa para certos tipos de trabalho. Ainda que não seja nada muito demorado ou sofrido, ainda acredito que poderia ser muito mais dinâmico se feito através de um menuzinho maroto.

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess
Ele é grande, mas não é dois. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é uma lindeza só. É isso, podem passar para a próxima seção, obrigado. Sério agora, o jogo possui visuais estonteantes, com animações muito bem construídas e uma fluidez invejável. Tanto a dança de Yoshiro quanto as espadadas de Soh são arte em movimento, e os inimigos possuem um design grotesco e único a ponto de se tornar memorável.

A trilha sonora também não decepciona, principalmente nas músicas tradicionais e naquelas que tocam durante o combate. Temos um ótimo uso de tambores e outros instrumentos, criando um embalo na hora das tretas que raramente vemos por aí. Realmente é algo que precisa ser ouvido, e garanto que há de agradar aos ouvidos dos jogadores.

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess
Alegria! (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Kunitsu-Gami: Path of the Goddess?

É isso aí, caríssimos e caríssimas. Será que Kunitsu-Gami: Path of the Goddess vale a pena? Bom, acredito que meu tom até o momento seja suficiente claro e animado para demonstrar, sem sombra de dúvida, o que pensei do nosso joguinho da vez. Contudo, para manter a ilusão de que sou uma pessoa séria, irei dar uma relembrada nos positivos e negativos para podermos entender o veredito final.

O jogo entrega uma versão muito bem feita de tower defense, com duas partes distintas que se complementam com excelência. O sistema de classes dos aldeões, somado da variedade de fases e seus apetrechos, dão um nível de profundidade muito interessante. O combate com Soh, também, não deve nada. O jogo é lindo de ver e ouvir, e possui inimigos bem desenhados. De negativo, acho que poderia ter a história mais bem desenvolvida e uma melhoria na dinâmica de gestão das bases.

Ao fim e ao cabo, resta dizer que Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um jogão. Realmente fiquei satisfeito com a experiência, e não sabia o quanto precisava de um jogo no estilo até começar a jogar. Portanto, mesmo que não seja um conhecedor do gênero, recomendo jogar porque realmente vale a pena, e tenho certeza que há de agradar. E que engraçado. Agora, do nada, me deu uma saudade de Onimusha. Oh, vida!

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess está disponível no Xbox Game Pass, Xbox Series X|S, Xbox One, WindowsPlayStation 5, PlayStation 4 e PC, via Steam

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Capcom.

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess

+ R$ 213,00
8.8

História

7.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

10.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Lindo de ver e ouvir
  • Ótimo design de personagens e inimigos
  • Jogabilidade desafiadora e divertida em igual medida
  • Sistema de classes para aldeões com profundidade e variedade
  • Etapas de planejamento e ação se complementam bem

Contras

  • Poderia ter uma trama mais desenvolvida
  • Gerenciar a reconstrução das bases pode ser meio trabalhoso em alguns momentos

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.