Manor Lords | Preview
Construir cidades medievais sempre foi uma tarefa interessante. Desde jogos clássicos, como Age of Empires, eu adoro essa ideia. Agora, em Manor Lords, game da Slavic Magic, um projeto pessoal iniciado por um único (e bem ousado) desenvolvedor, distribuído pela Hooded Horse, que está em acesso antecipado para PC, via Steam, a coisa toma um formato ainda mais detalhado, indo além do gênero RTS (estratégia em tempo real), tendo também diversos aspectos de um city builder. Desta forma, nesta preview, analisaremos cada detalhe disponível nesta versão em acesso antecipado, que ainda tem muita coisa para receber. Confira abaixo!
Seja um lorde medieval
A ideia central de Manor Lords é nos colocar em diferentes mapas, tendo a função nada fácil de ser um lorde medieval, controlando cada construção e aspecto da cidade, tentando sempre expandir seus territórios para ter ainda mais poder. E isso pode acontecer por movimentos de conquista, à força ou não. Assim, é incrível a quantidade de coisas que podemos fazer ao longo de cada desenvolvimento novo. E, para isso, Manor Lords conta com tutoriais ao longo da jogatina que vão explicando as várias dinâmicas de jogo. Por exemplo, para construir as coisas, você precisa de troncos de árvore e, para isso, terá de dar prioridade a um acampamento de cortadores.
Contudo, a ideia de Manor Lords é ir complexificando o processo, fazendo a lenha virar tábua, e por aí vai. Nos primeiros 30 minutos, pode parecer algo difícil, mas logo vamos pegando o jeito da coisa. Se eu disser que é fácil, estaria mentindo. Mesmo com tutorial, precisamos estar atentos a uma série de fatores e missões disponibilizadas pelo jogo, com o objetivo de irmos subindo de nível e, consequentemente, expandindo nossa árvore de habilidades. Este aspecto é bem interessante e traz diversos melhoramentos para a vida dos moradores, seja em questão de extração de recursos, ou até mesmo na guerra. Em Manor Lords, tudo deve ser pensado.
Baseado na arte e arquitetura da Francônia, região da atual Alemanha no final do século XIV, Manor Lords se esforça para trazer precisão histórica em cada uma de suas construções e ideias. Segundo os desenvolvedores, a ideia é justamente evitar a repetição de clichês medievais, algo que é bem comum no mundo dos jogos eletrônicos. E, ligado a isso, também foram pensadas as mecânicas do jogo, como citei acima. A meu ver, enquanto historiador e apaixonado por jogos desse estilo, Manor Lords entrega um excelente conteúdo neste aspecto, surpreendendo ainda mais por ser um projeto iniciado por um único desenvolvedor.
Construir, expandir, defender e, se quiser, atacar
Outra coisa interessante em Manor Lords diz respeito à construção das cidades. O jogo não tem grades no terreno, proporcionando total liberdade na hora de posicionar as construções. Assim, podemos fazer nosso “feudo” de uma forma mais organizada. Esse aspecto foi pensado pelo desenvolvedor, justamente para tentar reproduzir como as cidades deste período cresciam. E nisso o jogo acerta bem, considerando diversos aspectos como as características do terreno, as áreas de extração de recursos e as rotas comerciais, que podem ser essenciais.
Nesta tentativa de ser bem fidedigno, Manor Lords traz também pontos como lençóis freáticos, essenciais para criar poços, análise de terrenos, em que podemos plantar cevada, trigo e outras coisas, tendo inclusive a possibilidade de fazermos a rotação de culturas. Com isso, evitamos desgastar o solo, tal como na vida real, algo que vi como um grande destaque na mecânica proposta, que também engloba as estações do ano e períodos de colheita. Outra coisa interessante é que também podemos dividir as áreas residenciais em lotes senhoriais, que podem ter uma parte em anexo com pequenas produções, como galinhas, cenouras e cabras, algo que dará uma renda extra para a região. Era assim que os feudos funcionavam.
E, no meio disso tudo, podemos ver bem de perto a população se guiando para fazer as coisas, construindo as casas, retirando os recursos da natureza, caçando, etc. Assim, Manor Lords consegue se mostrar como um jogo bem vivo e desafiador, nos fazendo pensar nas necessidades da população, indo de água a comida, até a produção de armas e armaduras para as milícias, que defenderão o seu território, ou invadirão as terras de outros. Contudo, caso isso esteja fora de alcance, podemos também contratar mercenários, que acabam custando um pouco caro aos cofres da cidade.
As batalhas são bem interessantes, embora não ocorram com tanta frequência, como em outros RTS. Aliás, esse é praticamente o único aspecto RTS que temos em Manor Lords, sendo o resto das funções geridas através das construções. Na guerra, ordenamos que as milícias se reúnam em grupos, sendo controladas pelo clique do mouse. Além disso, temos funções como correr para chegar mais rápido ao objetivo, defender o terreno, dentre outras. Com isso, a estratégia de guerra em Manor Lords é essencial, sendo possível vencer grupos maiores de inimigos com menos contingente de soldados, que também são trabalhadores fora dos conflitos.
Neste ponto, os soldados não são apenas unidades criadas por um edifício, mas pessoas que vivem no feudo. Então, caso eles morram, o contingente obviamente diminuirá, assim como a produtividade da cidade. Por conta disso, devemos encarar os soldados não como unidades apenas, mas como súditos. Isso torna a jogabilidade de Manor Lords em algo muito mais detalhado. Portanto, entrar em guerra é uma atitude que deve ser tomada após horas de jogo, já que isso modificará drasticamente as dinâmicas de sua cidade.
O que esperar de Manor Lords?
Sinceramente, o acesso antecipado deu um gostinho muito bom do que está por vir neste game. Legendado em português brasileiro (mas com algumas falhas, algo do early access), Manor Lords tem bons gráficos para a sua proposta, e a jogabilidade é gradativamente explicada. Para jogadores mais veteranos em jogos de gestão de recursos para além dos RTS, não será uma tarefa difícil. Contudo, indico para os novatos que prestem atenção no tutorial, pois logo no início, já podemos condenar nossa cidade, gastando recursos de forma errada.
Ainda falando sobre a questão do acesso antecipado, Manor Lords traz alguns pequenos bugs em sua jogabilidade, algo que percebi vez ou outra. Um exemplo era a contagem de terrenos disponíveis estar acima do número pedido, e o jogo cismar que não eram suficientes. E sim, chafurdei tudo para entender que era um erro. Não prejudicou a jogabilidade, mas me fez perder um tempinho. Outra coisa interessante de se perceber, é que o jogo também não conta com algumas funções, algo que fica discriminado nos menus. Com isso, fica um pouco a sensação de estarmos em algo incompleto. Mas, como disse, isso faz parte do acesso antecipado, e acaba não sendo algo problemático.
Por fim, mesmo com alguns bugs e limitações da versão, Manor Lords se mostrou como um jogo muito promissor nesta versão antecipada, tendo tudo o que um jogo que busca aproximar-se do realismo do século XIV precisa. De gráficos a questões de mecânica, o título surpreende, trazendo aspectos muito interessantes para quem é fã de jogos de construção de cidades e estratégias de guerra em tempo real. Portanto, se você gostar de desafios e de passar muito tempo jogando, Manor Lords não deve ficar fora de sua lista.
*Preview elaborada em um PC, equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Hooded Horse.