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Need for Speed Unbound | Review

A franquia Need for Speed é uma das mais consagradas no quesito corridas arcade, existindo por quase três décadas. E Need for Speed Unbound, game da Electronic Arts e da Criterion Games, lançado para Xbox Series X|SPlayStation 5 e PC, via Steam e Epic Games Store, segue a premissa já conhecida, com corridas alucinantes, drifts, neons e muito mais. Contudo, esta edição parece ter buscado um retorno para as raízes, tentando resgatar um pouco dos ares da era de ouro de Need for Speed Undergroud e Need for Speed Undergroud 2 (meus favoritos, diga-se de passagem). Mas será que ele consegue isso? Este e outros pontos serão analisados aqui, em mais uma review do Pizza Fria!

Quase trinta anos de franquia

Uma coisa nós devemos respeitar: a franquia Need for Speed já existe há quase 30 anos, tendo seu primeiro título lançado em 1994. Só por este ponto, devemos levar em consideração o impacto da série na história dos games. Passando por diversas histórias e abordagens, teve seus altos e baixos, mas em Need for Speed Unbound parece ter se reencontrado, trazendo customizações, uma narrativa simples, mas empolgante e muita, mas muita velocidade. Ah, e é claro… não tem como não falar das novas animações estilizadas presentes neste título, talvez o maior diferencial deste título para os outros. E toda mudança ou novidade sempre é bem-vinda.

Ao alçar voos, fazer derrapagens longas ou até mesmo ultrapassar rivais, somos brindados com animações que podem ser modificadas ao gosto do jogador, trazendo gráficos cartunescos ao mundo lindo e belíssimo apresentado por Need for Speed Unbound. Este provavelmente foi um aspecto que trouxe incômodo aos jogadores mais tradicionais, mas que acabou casando bem com a ideia de corrida de rua e arcade. Aliás, sempre bom frisar que a franquia é toda pautada em um estilo casual de corrida, indo bem longe dos grandes simuladores. Talvez por isso seja uma delícia de se jogar, embora tenha lá seus momentos de dificuldade. Vamos falar um pouco mais disso.

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Customize diversos modelos de carros. (Imagem: Divulgação)

Veloz, furioso e cheio de estilo

Need for Speed Unbound é maravilhoso no quesito emoção. As corridas são bem intensas, a inteligência artificial é ardilosa e compete de igual pra igual, a progressão na campanha é mais cadenciada e enfim, o jogo apresenta muitos desafios, mesmo sendo um arcade. A cada curva, alguma coisa nova pode surgir e transformar totalmente o rumo da corrida: carros, obstáculos, rivais jogando sujo… e tudo isso a mais de 200 km/h. Nesta parte, Need for Speed Unbound me trouxe um saudosismo gostoso das épocas de lan-houses e locadoras em que eu jogava Need for Speed Undergroud o dia todo. E até na trilha sonora de Unbound os caras conseguiram trazer esse estilo street. Muito bom!

Talvez o único problema que eu tenho com Need for Speed Unbound é a questão do drift. Sinceramente, eu acho muito corta clima ter que participar de eventos de drift no jogo. Eu sempre gostei de velocidade, tomada de decisões rápidas e tal, mas drift nunca foi minha praia. E embora o jogo peça pra você dar derrapadas para executar certas curvas (o que é meio óbvio, é verdade), ele exige que você participe de eventos que você praticamente deve fazer pontos derrapando (coisa que tinha nos outros títulos).

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O estilo trazido pelo visual cel shading ficou muito bacana. (Imagem: Divulgação)

Porém, aqui você precisa alterar bastante o carro, alternando entre configurações de corrida e drift, algo que é meio chatinho de fazer. Maaaas, é interessante poder configurar seu possante do jeito que você quiser.

Concluindo, no quesito corridas de rua, Need for Speed Unbound traz um certo saudosismo dos anos de ouro da franquia. Mas na parte do drift, achei meio fraco e até mesmo desinteressante. Nos aspectos de customização do veículo e do avatar, o jogo oferece uma infinidade de itens, partes e pinturas, algo enriquecedor demais para o jogador, que certamente gastará horas dando um “tapa no visu” da caranga. Essa sensação gostosa de ouvir boas músicas enquanto estilizo o carro ativou muitas memórias afetivas. E que bom que isso aconteceu!

Correr contra outros competidores e, ao mesmo tempo fugir da polícia, teve um gostinho bem especial. Se os desenvolvedores tivessem colocado a música “Get Low”, clássica do Need for Speed Underground, eu iria a loucura! Inclusive este é um ponto que amo na franquia: os múltiplos desafios que acontecem durante a corrida, com carros policiais possantes e cheios de ódio querendo te pegar, enquanto cada competidor luta pelo primeiro lugar – e para não ser preso. Isso é puro suco de Need for Speed!

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Corra que a polícia vem aí (e vem forte)! (Imagem: Divulgação)

Um mundo vivo, bonito e aberto

Um detalhe bacana de Need for Speed Unbound é que a cidade do game, Lakeshore, é bem viva, tendo inclusive transeuntes. Sim! Existem pessoas no mundo de Need for Speed Unbound! Contudo, é impossível atropela-los, sendo as animações deles meio esquisitas ao desviarem do carro. De toda forma, é preferível que você circule em uma cidade com pessoas do que apenas com carros, como acontecia em títulos anteriores. Além disso, o nível de detalhamento dos diversos ambientes da cidade é bem rico e bonito, seja de dia ou de noite. Aliás, no quesito gráfico, Need for Speed Unbound está muito bem, entregando a melhor experiência visual, usando e abusando da capacidade da nova geração.

Agora entraremos num quesito já citado acima, que certamente divide muitas opiniões: o estilo cartunesco adotado nos avatares e nas animações ao longo da corrida. Essa foi uma ideia ousada dos desenvolvedores, que certamente buscaram trazer um ar a mais de corridas de rua para Need for Speed Unbound. No início, ao assistir os primeiros vídeos, confesso ter ficado cismado com a ideia.

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Corridas alucinantes te esperam em Need for Speed Unbound! (Imagem: Divulgação)

No entanto, ao jogar, achei bem interessante a ideia, tendo tudo a ver com o que o estilo de Unbound se propõe. Pensando bem, não só com o estilo do jogo, mas até mesmo com sua própria narrativa, que é simples, mas não é de se jogar fora, seguindo o estilo “amigos que viram rivais” e todo aquele drama padronizado, mas que acaba prendendo o jogador. É simples, mas não é ruim.

No quesito mundo aberto, Need for Speed Unbound tá bonito demais. Seja de dia ou pela noite, o mapa oferece alto grau de detalhamento com visuais deslumbrantes que nos fazem querer tirar screenshots o tempo todo! Especificamente no PlayStation 5, o jogo ainda roda maravilhosamente bem e fluído, trazendo traçado de raios e todos os detalhes técnicos da nova geração. E só de ter pessoas na cidade e os carros no trânsito não serem genéricos, o jogo fica ainda mais bem detalhado esteticamente. Ponto para a Criterion!

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Os avatares do jogo são estilosos e bem customizáveis. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Need for Speed Unbound?

Need for Speed Unbound é um jogo arcade muito bom, divertido, customizável, desafiador e ainda é legendado em português. Ou seja, tudo que um fã da franquia Need for Speed gosta, mas agora com um ou outro detalhe incorporado. É claro, seria besteira dizer que o jogo teve uma grande mudança ou inventou a roda, mas por qual motivo mexer demais em um time que está ganhando? Pois é, mesmo não sendo lá um jogo inovador, Need for Speed Unbound entrega o que propõe. Na verdade, até me surpreendeu, visto que os jogos anteriores estavam um cado “sem sal”. As adições estilísticas em cel shading, a possibilidade de customização bem variada e o nível desafio do jogo me pegaram demais.

Além disso, Need for Speed Unbound não apresentou nenhum bug ao longo da minha jogatina, um ponto a ser ressaltado em uma época cada vez mais “bugada” dos jogos. E como eu disse, a única coisa que eu particularmente não gostei foi a questão do drift. Entendo o valor desta modalidade para os fãs de automobilismo e tal, mas não me prendeu e ainda me tirou um cadinho do clima pra continuar jogando. Ter que mudar as características do carro é um ponto legal, é verdade, mas pra mim, Need for Speed é sentar, montar o carro e jogar. Ficar mexendo em ajustes acaba sendo algo cansativo e que dá uma “freada brusca” no ritmo do jogo.

Enfim, Need for Speed Unbound traz um certo saudosismo dos jogos mais antigos da franquia, nos coloca em boas corridas e ainda nos possibilita customizar o carro da maneira que desejarmos, com adesivos, peças e tudo o que pode ser modificado em um automóvel. Seus gráficos são lindos, as dublagens e trilha sonora excelentes, a jogabilidade segue a premissa arcade, mas desafiadora… e é isso. Se você é fã da série, vá fundo! E se você ainda não conheceu ou jogou nada de Need for Speed… em que mundo você vive!?

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Electronic Arts.

Need for Speed Unbound

8.1

Jogabilidade

8.4/10

História

7.6/10

Gráficos e sons

8.6/10

Extras

7.8/10

Prós

  • Altamente customizável
  • Legendado em português
  • Corridas alucinantes
  • Novidades gráficas são bem-vindas

Contras

  • O drift não caiu muito bem, quebrando o ritmo de jogo
  • Em alguns momentos é difícil melhorar o carro

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.