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Relicta | Review

Relicta é o novo jogo desenvolvido pela Mighty Polygon e distribuído pela Deep Silver, que chegou no dia 3 de agosto. O jogo de puzzles em primeira pessoa explora um gênero bastante conhecido na indústria, entretanto, oferece suas peculiaridades. Há alguns títulos no mercado bastante conhecidos que seguem essa premissa, como The Witness, The Room, Everybody’s Gone To The Rapture, Q.U.B.E.2 e o consagrado e amado Portal. Vale ressaltar, que o sucesso desses jogos não aconteceram por acaso.

Assim, para não cair na mesmice, reinvenção é a palavra que define os grandes jogos puzzle game. E já vou adiantando que Relicta, soube se virar bem no meio desses gigantes, superando uma das grandes dificuldades das desenvolvedoras que decidem desbravar esse gênero. Venha comigo para entender melhor sobre esse jogo que é de quebrar a cabeça em mais uma review do Pizza Fria!!

A trama em Relicta

A história de Relicta se passa no século 22, onde a ciência está evoluída a um nível exacerbado. Lá, controlamos a renomada Dra. Angélica Patel, que está instalada na Base de Chandra com outros renomados cientistas, todos desenvolvendo diversas pesquisas. Angélica Patel é mãe de uma menina, e naturalmente, se importa muito com a filha. Ela é vista como uma “mãezona” dos cientistas em Chandra e, apesar de ser um tanto quanto extrovertida, leva o seu trabalho muito a sério. Após um evento inesperado, algo grave acontece e cabe a Dra. Patel resolver esse problema.

Como um grande admirador de jogos focados em uma boa história, e uma narrativa bem desenvolvida, confesso que Relicta me surpreendeu positivamente. Logo no início o game te envolve em um enredo que desperta no jogador um sentimento de curiosidade em saber o que de fato vai acontecer, e isso se dá graças aos diálogos muito bem escritos e desenvolvidos. Só pra ilustrar tudo isso que falei, consegui captar referências nos diálogos que vão de Toy Story a Frank Sinatra.

Relicta
Imagem: Reprodução

Ao iniciar o jogo, sabendo que o título era de puzzle, não esperava me deparar com cutscenes, diversos diálogos, um enredo crocante e uma narrativa até imersa, o que pra mim foi uma grata surpresa. Esse ponto pode ser uma faca de dois gumes em Relicta. Alguns fãs mais saudosistas do gênero podem facilmente se incomodar com a quantidade de diálogos que o game oferece em sua narrativa. Isso pra mim não foi um problema, pelo contrário, a grande reinvenção do game está em justamente contar uma história digna e bem escrita, em um gênero onde a narrativa geralmente é apenas um pano de fundo para o jogador ficar resolvendo puzzles.

O mundo como um todo

Relicta nos apresenta um mundo fora do planeta Terra. Por isso, a liberdade artística pra criar ambientações variadas ficou mais em evidência. A Base de Chandra, o local principal do game, é um ambiente futurista com salas brancas e máquinas mirabolantes, muito parecido com a base subterrânea da Umbrella Corporation em Resident Evil 2, que por sinal é um ambiente já bastante utilizado em filmes, séries e jogos.

Entretanto, o game diversifica demais os ambientes de acordo com a progressão da história. Os locais onde temos que resolver os puzzles são bem variados, temos acesso a savanas, cavernas de gelo, ambientes desérticos, locais rochosos e etc. Por alguns momentos, o game te passa a sensação de liberdade, por te colocar em uma floresta, mas não podemos andar livremente por esses locais para alcançar nosso objetivo, sendo barrados por uma parede invisível.

Relicta
Imagem: Reprodução

Por mais que eu entenda que o jogo seja linear, é frustrante que o título não te permita acessar um local um pouco mais a direita ou a esquerda. Isso acaba quebrando um pouco a imersão que a história propõe. Nosso objetivo é, basicamente, seguir uma linha reta até o final. Por diversas vezes, tentei acessar algum local próximo para ter um ângulo melhor para admirar a paisagem e usar o Modo Foto, e acabava dando de cara com uma parede invisível no meio do nada.

Mesmo assim, os gráficos em Relicta se destacam pela sua iluminação, que sendo sincero, é algo espantoso! Nos laboratórios, por exemplo, vemos texturas bem definidas, poucos detalhes, e uma iluminação que de fato chama a atenção observar a qualidade do reflexo dos feixes de luz nos vidros e na ambientação em geral. É algo surpreendente, e muito bem feito.

Já em ambientes abertos, que geralmente são os locais onde resolvemos os quebra-cabeças, contam com paisagens bonitas, horizontes que chamam atenção. Mas ao olhar os objetos mais de perto, a qualidade é esquisita e bem “quadradona”. Por último e não menos importante, o áudio ambiente do jogo, assim como a dublagem, é muito bem feita: cada local em que visitamos têm suas peculiaridades relacionado ao som, como o barulho o gelo trincando, os ventos nas árvores e até o zunido de um mosquito.

Gameplay e o trabalho de um cientista

Relicta como foi dito antes, é um jogo focado em resolução de quebra-cabeças, e é aqui que mora alguns problemas que tive durante o game. Pode parecer um pouco confuso, pois os puzzles não são ruins, mas eles contam com alguns problemas. Como toda a mecânica do jogo se baseia em física, temos um botão de gravidade, e dois botões de polaridade, um positivo e outro negativo. Assim utilizamos dessas técnicas para movimentar cubos e, consequentemente, vencer os puzzles.

Os desenvolvedores tiveram uma ótima sacada relacionando o trabalho de um cientista com o gameplay. Quando iniciamos o game e somos colocados em um mapa e passamos por um tutorial básico, aprendendo como funciona o jogo. Isso muda conforme avançamos na história. Cada vez que o jogador adentra em uma nova área, algum mecanismo novo aparece, e cabe ao player descobrir por experimentação como funciona a novidade, exatamente como um cientista que se preza faz. Pode até parecer uma coisa simples, mas isso auxilia indiretamente na imersão do jogador ao game.

Relicta
Imagem: Reprodução

Relicta se propõe trazer quebra-cabeças bem elaborados, e de fato consegue trazer isso. Por diversas vezes me vi por até 30 minutos resolvendo uma única sala de puzzle. Porém, depois de um tempo de jogo, é perceptível que geralmente eles são resolvidos na base da tentativa e erro, e não na intuição como em Portal. O grande prazer dos jogos de puzzles é fazer o jogador se desdobrar para resolver aquele enigma de forma pensada, e não por insistência. Não estou dizendo que todo o jogo é dessa forma, mas parte considerável dele sim, principalmente da metade pra frente, a ponto de torná-lo maçante em alguns momentos.

Soma-se à isso, alguns problemas como a movimentação do personagem, que não ajuda muito. Basicamente, a Dra. Angélica Patel anda e tem um botão de pulo. Nos quebra-cabeças, isso exige uma precisão maior e um salto milimétrico, que foi onde eu tive graves problemas. Por diversas vezes, a personagem caía, passava direto do local desejado e não alcançava plataformas, pois o pulo falhava. Chega a ser sofrido precisar utilizar do pulo no game. Mesmo assim, em um contexto geral, Relicta soube trazer puzzles desafiadores e que se certa forma se sustentam.

Vale a pena comprar Relicta?

Relicta foi uma experiência positiva, e levando em consideração tudo que abordei, ele não chega na maestria que seus companheiros de gênero mais aclamados tem, porém não decepciona. É uma experiência que se você gosta do estilo puzzle game, com certeza é uma boa pedida, e ele vai te desafiar e te divertir. Vale ressaltar que não tive problemas de desempenho ou algo do tipo.

O título está disponível para PC via Steam e Epic Games Store, por R$ 79,99, PlayStation 4, por R$ 83,50 e Xbox One, por R$ 79,95. No Metacritic, o título alcançou uma média de 71 pontos na versão avaliada.

*Review elaborada em um PlayStation 4 Slim, com código fornecido pela Deep Silver.

Relicta

R$ 83,50
7.8

História

8.2/10

Gameplay

7.5/10

Gráficos e sons

7.7/10

Criatividade

7.8/10

Prós

  • Uma boa história
  • Legendado em português
  • A combinação de ser um cientista com o gameplay
  • Graficos bonitos

Contras

  • Mecânica de pulo travada
  • Puzzles maçantes por um tempo
  • Exageradamente linear

Igor Emídio

    Estudante de ciências sociais, foi introduzido muito cedo no mundo dos games. Sua preferência consiste em jogos com boa história e uma ótima narrativa. Seu jogo preferido é The Last Of Us. Contudo ele não recusa um bom multiplayer.