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SaGa Emerald Beyond | Review

SaGa Emerald Beyond é o mais novo jogo da franquia SaGa, uma série de JRPGs de longa data no mercado. Desenvolvido e publicado pela Square Enix, o título nos convida a acompanhar as jornadas de sete diferentes protagonistas que, por diversas reviravoltas do destino, se veem descobrindo e explorando uma diversidade de mundos diferentes, cada qual com suas próprias tretas para contar.

E aí, será que vale a pena embarcar nessa? É o que veremos agora, em mais uma análise interplanetária do Pizza Fria!

Dois para frente, um para trás

Que dia para se estar vivo, leitoras e leitores. Uma de minhas séries preferidas, e caso de amor e ódio, acabou de receber um novo lançamento. Ainda que tenha meus ressentimentos, sempre curti bastante a saga SaGa (que piadista eu sou, não é mesmo). Seus diversos protagonistas, aquele jeitão despretensioso com o qual larga o jogador em seu mundo, a recompensa das descobertas e punições dos erros, e por aí vai.

Depois de jogar novamente o agradável Romancing SaGa Minstrel Song -Remastered-, abençoadas sejam suas linhas de código, fiquei realmente empolgado para ver SaGa Emerald Beyond. Os boatos que ouvi na praça, e nas vozes de minha cabeça, apontam que a franquia tentaria algo para se tornar mais acessível aos experimentadores sem perder a essência do que agradava os fãs.

Aposta perigosa, essa. Se por um lado temos a chance de expandir a base de jogadores e alavancar a franquia, por outro corremos o risco de distanciar muito a identidade dos jogos daquilo que esperávamos. E por quê falo isso? Será apenas mais um de meus devaneios alucinados, tão comuns depois de minha visita a uma certa cidade submarina, repleta de homens peixe? Pior que não, como veremos agora.

SaGa Emerald Beyond
Imaginando uma nova review. (Imagem: Divulgação)

História

SaGa Emerald Beyond segue a tendência da franquia de nos fornecer sete protagonistas diferentes, cada qual com sua própria personalidade e aventura. Ainda que eles comecem em locais diferentes, muitas de suas histórias e personagens de apoio costumam se cruzar em alguns momentos, direta ou indiretamente. Temos desde bruxas passando por um exame de seleção até uma dupla de policiais procurando um ladrão através dos mundos e uma diva robótica que perdeu a voz.

Eu achei a variedade de tramas bem interessante, e construída de uma forma que podemos conhecer e nos conectar com cada herói ou heroína apesar do foco compartilhado. Ainda que alguns personagens soem mais como protagonistas “oficiais”, como Ameya ou Tsunanori, todos receberam mais ou menos o mesmo tanto de carinho e atenção. Além disso, os 17 mundos que podemos explorar contam com suas próprias tramas, que variam de acordo com o personagem que controlamos.

O que me desagradou foi a escrita, piorado pelo fato de terem esquecido de nossas legendas. Que rude! SaGa Emerald Beyond não entrega diálogos muito interessantes ou profundos, por vezes soando extremamente robóticos e até um pouco dentro daquele sentimento de vergonha alheia. Isso fere a narrativa como um todo, principalmente.

SaGa Emerald Beyond
Alguns de nossos protagonistas. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

SaGa Emerald Beyond é um JRPG que nos coloca para explorar uma série de mapas em pequena escala, representando os diferentes mundos pelos quais passamos, nos quais selecionamos eventos para visualizar. Alguns deles avançam a trama, incrementam a narrativa ou nos permitem entrar em combate para treinar nossos bonecos. Esses últimos não estão sempre disponíveis, o que é bem complicado em rotas nas quais precisamos estar fortes para lutas obrigatórias de maior dificuldade.

Todo personagem pode equipar uma série de armas e acessórios diferentes, conferindo acesso à habilidades específicas e algumas magias. Utilizar uma mesma skill ao mesmo tempo faz com que ela se torne mais forte, além de permitir que personagens humanos desenvolvam novas técnicas híbridas, ou totalmente novas. Isso é expandido pelos aliados que encontramos, que evoluem de maneira diferente de acordo com seu tipo. Bonecos conseguem copiar habilidades para usar, familiars absorvem golpes de inimigos derrotados, e por aí vai.

O sistema de batalha de SaGa Emerald Beyond, para mim, é o grande destaque do jogo. Ele é simples em teoria, com cada personagem agindo de acordo com sua posição em uma linha do tempo que fica na parte de baixo da tela. Todos os golpes dependem de estrelas para serem utilizados, com um limite que aumenta a cada rodada. Além disso, podemos selecionar formações em nossa estratégia que alteram tanto a forma de ganhar essas estrelas, ou BP, e alguns buffs e debuffs para nossos colegas.

Cada ação ocupa um espaço, de acordo com o tipo, e aliados que ficarem em espaços adjacentes atacam em conjunto formando combos. Cada combo deixa os golpes mais forte, podendo até fazer com que sejam repetidos para frente. Além disso, podemos aceitar desafios para deixar tudo mais interessante, em troca de itens para aprimoramento de equipamentos ou novas armas.

Um único ponto negativo é que algumas lutas são mais injustas do que difíceis, principalmente em rotas nas quais nossos heróis não podem treinar muito. Lutar contra inimigos de ataques em área é ainda mais doloroso, principalmente se o azar nos sorrir e todos resolverem dar um sacode em nosso time inteiro de uma vez. Isso se torna mais grave pelo fato do sistema de LP, que retorna, colocando um limite máximo na quantidade de vezes que um boneco pode morrer e voltar. Felizmente, ele é fácil de recuperar se tivermos acesso aos combates extras.

SaGa Emerald Beyond
Que combo, que estilo! (Imagem: Divulgação)

Outro ponto interessante são as escolhas que fazemos. Como disse, SaGa Emerald Beyond nos dá a oportunidade de visitar 17 mundos, mudando um pouco as interações para cada personagem, e cada um desses conta com uma série de eventos que podemos presenciar. Muitos deles, inclusive, variando de acordo com as escolhas que fazemos. Muito conteúdo fica para trás, mas o sistema de importação de progresso sempre que terminamos a narrativa de algum boneco nos convida a revisitar sempre que pudermos.

Eu achei essa ideia bem interessante, ainda que tire um pouco aquele sentimento de liberdade que tínhamos nos títulos anteriores. Agora, basta segurar um botão para ver aonde ir, selecionar o evento, e pronto. Não temos mais aquela beleza de ficar perdidos, comprar itens em lojas, falar com diversos NPCs, encontrar protagonistas nos bares e ruas, e por aí vai.

Nesse aspecto, acredito que SaGa Emerald Beyond tenha dado um passo atrás. Ainda que ficar zanzando sem eira nem beira seja meio trash, acho que esse esquema “falso linear” também não casou muito bem. Ainda que tenhamos muitas bifurcações, o que é bom, o caminho é quase uma reta.

SaGa Emerald Beyond
Tantos caminhos, tantas opções. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Hora do que chamamos de sentimento agridoce, leitores e leitoras. Os visuais de SaGa Emerald Beyond são uma salada mista, com animações, modelos bem legais acompanhados de cutscenes bem aquém do desejado. Quando as coisas estão em movimento tudo é muito lindo, mas as artes utilizadas nas cenas em que a história se desenrola, através de imagens estáticas e textos, são de arrepiar. Acredito que se utilizassem os modelos de combate ou exploração seria muito mais agradável aos olhos.

Já a trilha sonora me agradou bem, principalmente com as músicas que tocam enquanto exploramos os diversos mundos pelos quais passamos. A da protagonista Ameya, por exemplo, é muito divertida e grudou na minha cabeça de tal forma que me peguei cantarolando por horas após acabar de jogar. Totalmente excelente!

SaGa Emerald Beyond
Cidadezinhas bem charmosas e calmas. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar SaGa Emerald Beyond?

É tempo, leitores e leitoras desse excelente web sítio. Será que SaGa Emerald Beyond vale nosso tempo curto nesse planeta terra, no ano de 20xx? Vamos lembrar do que falei no começo, juntar com o que apontamos agorinha mesmo e tentar chegar em um consenso. Começando, vale notar que o jogo realmente tenta modernizar a fórmula SaGa, em minha opinião ao menos, através da facilitação e expansão de algumas coisas.

Do lado positivo, achei o sistema de combate e tudo que o circunda sensacional, muito melhor do que havia até então. Ele exige estratégia, recompensa o jogador que pensa e se prepara, diverte bastante e, também, possui complexidade na medida certa. O sistema de escolhas e mundos também ficou legal, com uma boa quantidade de rejogabilidade e incentivos para revisitar os personagens.

Do negativo, temos uma narrativa não tão bem explorada, com diálogos fracos e rasos. Além disso, os visuais das cutscenes não me desceram bem, e a linearidade da maioria das coisas não me soaram como um avanço real.

De todo modo, ainda acredito que SaGa Emerald Beyond valha conferir, ainda mais por aqueles que não conheçam a série. Contudo, as mudanças implementadas fizeram com que o jogo perdesse um pouco da majestade de seus anteriores, o que pode acabar por desagradar os apreciadores da velha guarda.

SaGa Emerald Beyond será lançado no dia 25 de abril para Nintendo SwitchPlayStation 5, PlayStation 4PC, via Steam, Android e iOS.

*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela Square Enix.

SaGa Emerald Beyond

+ R$ 219,90
8

História

7.5/10

Jogabilidade

8.5/10

Sons e Visuais

7.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • O combate ficou bem legal e com uma boa profundidade
  • Sistema de combos ficou excelente
  • Muitas opções, mundos e rotas incentivam a rejogabilidade
  • Boa quantidade de personagens
  • Promove alguns avanços interessantes para a fórmula dos jogos da série

Contras

  • Alguns aspectos clássicos não foram tão bem trabalhados
  • Apesar das rotas, há pouca exploração
  • Travar combates aleatórios atrás de alguns eventos dificulta na hora de treinar em algumas rotas de personagem
  • Visual nas cutscenes ficou um pouco estranho
  • Senti falta da legenda em português

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.