System Shock 2: 25th Anniversary Remaster | Review
System Shock 2: 25th Anniversary Remaster é um jogo de tiro em primeira pessoa, com elementos de RPG e boas doses de terror e suspense, desenvolvido por Nightdive Studios, Looking Glass Studios e Irrational Games sendo publicado pela Nightdive Studios. Nele, controlamos um cara azarado que se encontra preso em uma espaçonave cheia de monstros e robôs enlouquecidos. Onde eu já vi isso antes?
E aí, será que vale a pena reviver essa aventura? É o que veremos agora, em mais uma análise de outro mundo do Pizza Fria.
Chocado e sistematizado
Alegrem-se, leitores e leitoras deste site que transcende o conceito do humano e do sobrenatural! Após anos e mais anos de espera, finalmente poderemos desfrutar de um clássico do terror tecnológico, maior ainda do que quando a senha de sua conta na Steam é hackeada, em toda sua honra e glória nas máquinas do presente. Tecnologia!
E que jogo é esse, que falo com tanto carinho e alegria? Oras bolas, nenhum outro além de System Shock 2: 25th Anniversary Remaster! Lançado originalmente no fim dos anos 90, o título chegou nas prateleiras como continuação direta do incrível System Shock que, em minha opinião, figura entre um dos grandes jogos de terror e suspense de todos os tempos. Que responsa!
Lembro-me de, quando joguei pela primeira vez, achei o jogo fascinante. Apesar de ser um pouco mais linear do que o primeiro, as mecânicas adicionadas e as possibilidades de builds, além da narrativa, faziam com que ele fosse uma continuação à altura de seu antecessor. Mas, será que essas impressões irão se manter hoje em dia? E será que o remaster conseguiu preservar o brilho do original ao mesmo tempo em que torna a experiência mais atualizada e tranquila de se aproveitar? É o que saberemos agora.

História
System Shock 2: 25th Anniversary Remaster nos coloca no papel de um protagonista sem nome, carinhosamente apelidado de Goggles pela comunidade, que, em um belo dia, acorda de sua hibernação criogênica a bordo da espaçonave FTL Von Braun. Após terminar de despertar de seu sono de beleza, nosso camarada percebe duas coisas importantes. Primeiro, que perdeu todas suas memórias (como é o caso com heróis de jogos). Segundo, que o lugar está repleto de mutantes, gente morta e mutantes feitos de gente morta. Que horror.
Então, com uma chave de fenda em uma mão e um sonho no coração, nosso intrépido protagonista sai explorando os corredores do Von Braun em busca de respostas como o que aconteceu ali, por quê ele perdeu suas memórias e, se possível, como sair dali com vida. Missão essa que, se depender de uma consciência alienígena que tomou conta do lugar, ele não conseguirá cumprir tão fácil.
Ainda que tenha um começo simples, a narrativa de System Shock 2: 25th Anniversary Remaster é bem instigante e consegue prender a atenção do jogador do começo ao fim. Além disso, temos uma boa quantidade de reviravoltas para nos surpreender e o jogo conta com uma atmosfera muito bem construída, através de seus audiologs e cenários, que nos deixa imersos de uma forma que não é sempre que podemos ver.

Jogabilidade
Em sua essência, System Shock 2: 25th Anniversary Remaster é um jogo de terror com tiro em primeira pessoa e elementos em RPG, no qual exploramos os corredores de uma espaçonave imensa enquanto lutamos contra alienígenas, robôs e todo tipo de bizarrices usando armas brancas, de fogo e poderes malucos da mente. Diferente de seu antecessor, entretanto, ele possui um foco maior na ação e tiroteio do que no roleplaying, por se dizer.
Logo no começo podemos escolher três “formações” diferentes para nosso herói que, em termos práticos, influenciam seus atributos e habilidades iniciais. Por exemplo, um deles nos torna mais aptos com armas de fogo enquanto o outro nos deixa experts em computadores, e um terceiro nos dá mais poderes psíquicos. Essa é uma boa sacada do título pois tanto ajuda a acelerar o começo quanto facilita ao jogador entender e experimentar melhor com essas mecânicas que, de fato, são muito importantes.
System Shock 2: 25th Anniversary Remaster dá ao jogar uma boa gama de opções para lidar com os perigos e desafios do Von Braun, sejam eles vindos de mutantes ou de torretas e câmeras de segurança. Por exemplo, um jogador focado em força pode simplesmente sair por aí quebrando isso tudo, enquanto um mais focado em inteligência e psíquicos pode hackear e destruir aparelhos de longe. Essa variedade é excelente, tanto por dar mais espaço para que possamos jogar do nosso jeito quanto por recompensar o jogador que gosta de experimentar.
Outra coisa que o título recompensa muito, também, é aquele que fuça o mapa todo em busca de recursos e segredos. Boa parte do medo e terror do jogo vem da falta de recursos, seja munição ou vida, e encontrar o máximo possível é uma necessidade. Além disso, os chips necessários tanto para lidar com equipamentos tecnológicos quanto aqueles que são utilizados para melhorar nossas habilidades geralmente estão escondidos nos cantinhos das salas. E, até, armas poderosas que encontramos quebradas e podem ser reparadas caso tenhamos essa skill no nível adequado.

Outro ponto de System Shock 2: 25th Anniversary Remaster que realmente me agrada é a exploração. A espaçonave é gigante e cheia de pequenos detalhes que, além de aumentar nossa imersão e criar uma atmosfera terrível, também faz parecer que aquele era um lugar onde pessoas viviam e trabalhavam. Pessoas que, a julgar pelos diários que encontramos, não tiveram um bom fim e sofreram muito com o que aconteceu. Esse cuidado, infelizmente, não é algo que vemos com tanta frequência em jogos atuais.
Em se tratando de melhorias, o título traz um suporte nativo para mods (alegrando a comunidade), uma opção de multiplayer muito bem vinda, suporte para controles, refinamentos no uso do teclado e mouse, melhorias gráficas com opção de alta resolução, acertos de qualidade de vida e muito mais. Todas adições que preservam o máximo do original enquanto o deixa mais palatável para as novas gerações, algo que acredito ser essencial nesse tipo de empreitada.
Quanto ao negativo, creio que System Shock 2: 25th Anniversary Remaster represente muito bem algumas tendências antigas que são meio estranhas hoje em dia. Por exemplo, o jogo é muito mais linear que seu antecessor, mas segue sendo confuso em certas explicações e compreensão de algumas mecânicas, além de contar com uma interface pouco intuitiva e certos momentos que testam a paciência do jogador. Nada de terrível ou que mate a experiência, mas não deixam de ser uma pequena pedra no sapato.

Sons e Visuais
Julgando como um título de sua avançada idade, System Shock 2: 25th Anniversary Remaster ainda consegue entregar visuais bem legais e atmosféricos que, sendo sincero, agradam muito e ficaram bem mais agradáveis com as atualizações dessa versão. O design dos monstros é bizarro, a espaçonave e cheia de detalhes e todos os modelos foram muito bem criados e aprimorados. Salvo a repetição de cenários tudo aqui está no nível chique demais.
O mesmo pode ser dito da trilha sonora e, em especial, dos efeitos. Cada barulho que ouvimos é reproduzido com maestria, de tal forma que toda a jogabilidade se torna mais tensa e emocionante por causa deles. É raro hoje em dia e, em minha opinião, conta como mais um dos vários motivos que tornam o jogo um clássico atemporal.

Vale a pena jogar System Shock 2: 25th Anniversary Remaster?
System Shock 2: 25th Anniversary Remaster, leitores e leitoras de meus olhos, conseguiu ser um jogo tão decisivo e influente quanto seu predecessor, sendo responsável por ajudar a definir tendências e inspirar uma legião de títulos posteriores. Essa afirmação, fico feliz em dizer, se torna ainda mais forte e clara após passar umas horas jogando este remaster.
Temos uma história intrigante e envolvente, um cenário que implora para ser explorado ao limite, mecânicas de combate muito divertidas,uma imersão fora do normal, muitas opções para construção de builds das mais variadas e uma série de melhorias que fazem o título rodar liso em máquinas mais atuais. Salvo algumas coisas mais enjoadas, como a falta de explicação em alguns momentos e a UI defasada, não há do que reclamar.
Sendo assim, System Shock 2: 25th Anniversary Remaster continua sendo uma pedida tão obrigatória hoje quando era vinte e cinco anos atrás. O título tem tudo para agradar os fãs de terror e sci-fi dos mais variados, e é um jogo essencial para todos os fãs de medos e sustos espaciais. Se essa for sua vibe, ou se estiver buscando algo legal para passar o tempo, pode ir tranquilo.
System Shock 2: 25th Anniversary Remaster está disponível para PC, via Steam, Epic Games Store e GOG.com, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, e Nintendo Switch.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Nightdive Studios.
System Shock 2: 25th Anniversary Remaster
BRL 88,99Prós
- Narrativa intrigante e envolvente
- Muitas opções de builds para nosso herói
- Remasterização deixou o título muito mais acessível e fácil de apreciar
- Sonoplastia excepcional
- Mapa bem construído e cheio de coisas para explorar
Contras
- Pode ser meio difícil de entender em alguns momentos
- Interface um pouco poluída demais
- Sem legenda em português


