Terra Alia: Spell-finitive Edition | Review
Aprender uma nova língua é um desafio. Mas a mágica de Terra Alia: Spell-finitive Edition pode ser uma forma mais “fácil”, sendo um bom quebra-gelo para a barreira linguística, apresentando um mundo totalmente interativo. O game da 30 Parallel, lançado para VR, através da Quest Store, produzido originalmente para PC, via Steam, e Nintendo Switch, tem justamente a ideia de ensinar gradativamente novas línguas, algo que me chamou muita atenção. Focando especificamente na versão de VR, o título consegue usar a movimentação e o microfone como aliados.
No entanto, para muitos, a ideia de jogar em realidade virtual pode ser desafiadora e entediante, sobretudo com uma proposta tão diferente como essa. Diante disso, diversas perguntas surgem: será que o jogo ensina? Além disso, mais importante… ele é divertido? É claro, existem muitas nuances a serem respondidas através dessas duas questões, e iremos emiuçar tudo isso em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Uma narrativa simples pelo mundo das palavras
A história de Terra Alia: Spell-finitive Edition não é lá digna de se tornar um filme hollywoodiano, mas ela existe, e serve como fio condutor para toda a jogabilidade. Nela, encarnamos um estudante de uma escola tecno-mágica. Portanto, andaremos por corredores, resolvendo quebra-cabeças, conversando com outros personagens e treinando uma das dez línguas: francês, inglês, português, espanhol, italiano, russo, chinês, japonês, coreano e alemão. Continuando, logo ao entrarmos no jogo somos apresentados a uma linhagem de desenvolvimento deste mundo distinto, formado por humanos, elfos e orcs. Com uma carta na mão, convite de seu antigo tutor, começamos essa aventura.
Relativamente linear, esta trama visa nos colocar para descobrir os mistérios deste mundo, usando a linguagem como fonte de poder. É claro, ao contrário de um jogo de plataforma, manter uma narrativa sólida em uma experiência VR é realmente desafiador. Jogos com pegada mais “cinematográfica”, como Vader Immortal: A Star Wars VR Series, não conseguem ser tão profundos neste ponto, mas divertem. E, honestamente, é isso que realmente importa. Nesse sentido, o pano de fundo serve e o processo de aprendizado, meio que por repetição e assimilação, ocorre. Pode parecer banal para alguns, mas ver um objeto, ler seu nome em outra língua e poder ouvir e repetir, é legal demais.
Portanto, no aspecto narrativo, Terra Alia: Spell-finitive Edition é bem simples. Contudo, é bem justo entender as dificuldades dos desenvolvedores em ampliar uma história dentro da realidade virtual. Aliás, esse é um desafio complexo observado neste meio. Como dono de um Meta Quest 2, confesso nunca ter ficado 100% submerso narrativamente. No entanto, este jogo consegue nos deixar interessados no processo de aprendizado de uma nova língua, o que já é o suficiente para mim.
A jogabilidade em VR
A jogabilidade é um dos pontos interessantes de Terra Alia: Spell-finitive Edition. Assim, a ideia de podermos escolher um idioma nativo para lançar feitiços e desbloquear habilidades acaba sendo o grande destaque, juntamente com a diversidade de idiomas disponíveis. Durante essa aventura, somos auxiliados por Falco, um falcão androide cheio de habilidades, que nos ajuda a lutar contra uma série de inimigos que vão surgindo ao longo do tempo. Sim, é isso mesmo: você terá que lutar ao longo do jogo e, para isso, precisará resolver alguns quebra-cabeças linguísticos e, além disso, usar uma série de feitiços. Portanto, o jogo não é feito apenas de diálogos e aprendizado, tendo um pouco de ação.
E olha, preciso mencionar que o sistema é um pouco confuso no início, mas vamos logo pegando o jeito. As lutas de Terra Alia: Spell-finitive Edition não são lá de tirar o fôlego, mas servem ao propósito básico de ensinar uma nova língua, nem que seja na pressão. Ou seja, se funciona, está tudo lindo. Para nos locomovermos, podemos usar o teletransporte ou o analógico esquerdo. A última opção é mais dinâmica e imersiva. Porém, confesso que depois de uma hora, estava ficando tonto. E acredite, não é comum isso acontecer. Mas vale ressaltar aqui, que o uso de qualquer VR deve ser limitado. Ou seja, precisamos evitar passar horas com os óculos.
Resumindo, entre pegar objetos, conversar com NPCs, repetir palavras captadas pelo microfone do VR, Terra Alia: Spell-finitive Edition consegue ser imersivo, mas sem exageros ou inovações absurdas. Aliás, o sistema de níveis e habilidades lembra um pouco os RPGs. Mas é bem pouco mesmo, não se empolgue. Desta forma, mesmo que não tenha grandes emoções, a ideia de se aprender uma língua observando os objetos, ouvindo suas pronúncias e lendo os textos que a tela apresenta, é algo muito legal.
O destaque deste ponto fica para a excelente captação do microfone do VR, muito útil para corrigir nossa pronúncia. Embora ela não tenha um nível de detalhamento como alguns cursos de inglês online, por exemplo, ela nos faz repetir a palavra até acertarmos. E, por mais idiotas que possamos parecer, para quem está ao nosso redor, é algo que funciona. A prática vai levando a perfeição, não é mesmo!?
Vale a pena jogar Terra Alia: Spell-finitive Edition?
Visualmente, Terra Alia: Spell-finitive Edition é bem condizente com os outros jogos de VR. Não é aquela coisa maravilhosa, mas atende muito bem para trazer imersão para os jogadores e jogadoras. O design de um mundo tecno-mágico é bacana, entre florestas, castelos e outros ambientes de fantasia. Assim, mesmo com as limitações desta tecnologia, temos uma boa sensação de imersão deste mundo fantástico. Além disso, os sons e a própria trilha sonora complementam bem a experiência. É tudo bem funcional. Não é uma obra-prima, mas para a sua ideia de ensinar uma nova língua por meio de desafios e interações, está ótimo! Aliás, tive poucos problemas de desempenho, o que é um ponto positivo.
Resumindo, Terra Alia: Spell-finitive Edition é um jogo muito funcional e interessante para quem quer aprender uma nova língua. É claro, é um desafio ficar muito tempo utilizando o VR, mas vale a pena, sobretudo para quem quer aprender o básico. Como não tive a experiência de jogar a versão para consoles, fica inviável a comparação. Contudo, pelos momentos que tive, fora alguns pequenos bugs e a tonteira, achei ótima a proposta e a execução do jogo. Não é o meu tipo de jogo favorito, confesso. Mas, como professor, é inegável o papel pedagógico deste jogo, mesmo com suas limitações.
*Review elaborada em um Meta Quest 2, com código fornecido pela 30 Parallel.