The Last of Us Part II Remastered | Review
Eu deixo essa informação na minha bio, disponível em todos os posts que faço aqui no site: The Last of Us Part II é um dos meus jogos preferidos de todos os tempos. Logo, quando a versão remasterizada do game foi revelada para PlayStation 5, em novembro de 2023, não posso negar que fiquei contente em ver um dos meus jogos favoritos sendo relançado, com a promessa de trazer melhorias técnicas e de conteúdo para renovarem a experiência.
Por isso, já deixo um adendo: esse texto é voltado exclusivamente à análise do que The Last of Us Part II Remastered se propôs. Não falarei sobre elementos de gameplay e narrativa – exceto uma feature bem específica – já que tenho minha análise do lançamento original publicada e não mudaria uma vírgula do que escrevi há quase quatro anos. Inclusive, se você nunca jogou a Part II, recomendo a leitura. Agora, sem mais delongas, vamos para mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Havia necessidade de remasterização?
A primeira pergunta que muita gente se fez quando The Last of Us Part II Remastered foi anunciado foi se havia a necessidade de uma nova versão do jogo ser lançada. As razões, claro, vão muito além de uma simples estética, que é o que o nome remasterização se associou no universo dos games. Aumento de resolução, melhorias em iluminação, atualização de tecnologia sonora, um ou outro ajuste em algo que poderia estar quebrado e seria isso. Em quase uma totalidade dos games, temos uma receita para a remasterização. No entanto, esse não é o caso de The Last of Us Part II.
O motivo é bem simples: apesar do título ter sido lançado há quase quatro anos (o tempo passa muito rápido, não é mesmo?), tiveram poucas novidades na indústria que justificassem o Remastered. Alguns poderiam alegar que, com o PlayStation 5, o jogo ganharia mais fluidez, com o aumento da taxa de quadros, por exemplo. Vejam bem: desde maio de 2021 já está disponível um patch gratuito, que adiciona suporte aos 60 FPS na versão nativa de PlayStation 4. Logo, esse argumento cairia por terra.
Outras podiam alegar que, com o poder superior do PS5, o título poderia ganhar melhorias visuais que justificassem a versão remasterizada. Bom, a versão original já é um espetáculo visual, elogiadíssima pelos visuais e features realistas e tudo mais. Honestamente, por mais que tenham tido algumas melhorias, elas são quase imperceptíveis ao olho nu e sem um poder de comparação se você não tiver com o original aberto na mesma tela, para ver o que está realmente diferente e melhor.
Mas a remasterização veio mesmo assim…
Pois é, mesmo que, ao meu ver, The Last of Us Part II não necessitava de uma versão Remastered nesse momento, ela veio. As razões, claro, são várias e a Sony/Naughty Dog poderiam explicar melhor. Do lado de cá, apenas suposições: temos uma série de TV fazendo um enorme sucesso e com uma segunda temporada em produção (que, inclusive, será baseada na Part II), temos um console mais poderoso, que conta com recursos exclusivos que foram explorados pelos desenvolvedores e também temos uma iminente versão de PC a caminho, que embora ainda não tenha sido anunciada, é provável que chegue antes da segunda temporada da referida série.
Então, com o jogo em mãos, pude terminar mais uma vez a história, e jogar as novidades prometidas pela desenvolvedora, que são poucas para o público geral: um modo roguelike chamado Sem Volta, três fases que foram cortadas da versão final e um modo para tocar violão livremente, a qualquer hora, pelo menu principal do jogo. Vamos analisar cada uma delas, em partes.
Sem Volta
Considerada a principal novidade de The Last of Us Part II Remastered, a Naughty Dog nos apresentou a um modo roguelike inédito, denominado Sem Volta. Basicamente, ele leva o jogador para sessões em fases do jogo, que se apresentam de forma aleatórias, enfrentando desafios variados e obtendo recompensas – que só podem ser usadas dentro do próprio modo.
Embora ele tenha uma pegada voltada para um gênero mais específico – que não combina muito com o universo The Last of Us – eu considerei a adição bem vinda. Roguelike não é meu estilo de jogo preferido, mas a forma como ele é apresentado no game entregou uma experiência suave – até pela diferente seleção de dificuldades que é possível fazer. Um exemplo: você começa podendo jogar apenas com Ellie e Abby e, conforme avança no progresso dessas personagens, desbloqueia outros não jogáveis durante o jogo principal, como Lev, Dina, Jesse e até Joel.
Para os fãs de roguelike, onde são incentivadas a recompensas, o modo estimula os jogadores competirem em superar os desafios em um menor tempo, além de aparecerem em um placar mundial, o que deixa o modo com um valor de replay ainda maior, aumentando consideravelmente o tempo de gameplay em The Last of Us Part II Remastered.
Performance com violão
Outra novidade apresentada em The Last of Us Part II Remastered é o modo Performance com violão, que basicamente pega a mecânica de tocar violão do jogo, disponível no jogo base, e a transporta para o menu. A adição é válida, visto que uma simples busca pelo YouTube e podemos ver a complexidade do sistema, bem como versões de músicas famosas criadas por jogadores em todo mundo. O modo é bem interessante para os entusiastas musicais, porque, além do violão, é possível tocar banjo e até guitarra, além de usar diferentes tipos de cordas no violão, produzindo sons diferentes.
Além disso, é possível personalizar mais a experiência, escolhendo cenários, diferentes efeitos, ou se vai tocar com Ellie, Joel ou até mesmo uma versão digitalizada do compositor do jogo, Gustavo Santaolalla.
Fases Perdidas
Pra mim, as Fases Perdidas foram as principais adições de The Last of Us Part II Remastered. Poder jogar um pouquinho mais dessa obra prima, de uma forma inédita, foi incrível. Embora os desenvolvedores falem que as fases são apresentadas em um estado inacabado, eu não esperava ver algo como estava. As três fases disponibilizadas estão prontas e trazem aos jogadores detalhes interessantes do jogo. A primeira delas é a Festa em Jackson, que mostra Ellie interagindo com a comunidade de Jackson, antes dos eventos que ditam o ritmo do jogo. Mesmo sem áudio e animações concluídas, é interessante ver que os devs programaram uma forma diferente para apresentar os fatos que vemos no fim do jogo.
Das fases cortadas, a minha preferida foi a Esgoto de Seattle, no Dia 2 de Ellie, quando ela está a caminho do hospital. Na versão original, após cairmos no esgoto, vamos para a parte final dessa fase, que seria muito maior, e teria puzzles envolvendo correntezas e a protagonista na necessidade de superar esses desafios, bem como algumas adições interessantes e alguns sustos. Adoraria que esse trecho tivesse feito parte do jogo final.
Por fim, a terceira, mas excelente fase, se chama A Caçada, e também envolve Ellie, na reta final do jogo, no trecho da fazenda. A fase começaria com Ellie caçando algo, que está em sofrimento e ela não para. Um prenúncio para o que aconteceria? Uma lembrança do que aconteceu? Fato é que a construção ficou bem interessante e, pelo que é dito nos comentários dos devs, a ideia era mostrar o estado emocional de Ellie após os acontecimentos de Seattle. Apesar da fase ser muito legal, ela ter sido cortada, e os acontecimentos terem sido apresentados como foram, de fato foi uma escolha melhor para a narrativa.
Em comum, todas as fases trazem um vídeo de introdução com comentários da equipe de desenvolvimento, bem como comentários opcionais incluídos durante o gameplay delas, proporcionando um aprofundamento no processo criativo por trás do jogo. Foi uma experiência bem legal ter isso jogável, e não como um simples vídeo no YouTube.
Outras melhorias interessantes
The Last of Us Part II Remastered traz outros recursos interessantes ao PlayStation 5. Acima, disse sobre o suporte aos 60 FPS que foi adicionado gratuitamente em um patch à versão de PS4, mas aqui o game traz novidades específicas, aproveitando do poder do PS5. A principal delas é suporte a 4K e VRR, permitindo que em equipamentos compatíveis, a taxa de quadros seja desbloqueada, e a resolução se mantenha estável.
O game também traz um suporte completo aos Cartões de Atividade, aquelas dicas que aparecem para quem eventualmente está agarrado em alguma parte. Desde como e onde obter colecionáveis, abrir cofres, bem como solucionar puzzles do jogo e avançar em determinada parte. Está tudo ali, bem explicado, e de fácil acesso aos jogadores.
O game também ganhou um tempo de carregamento otimizado, o que é bem vindo. A versão de PS4 não oferecia esse recurso. No entanto, a melhoria mais fantástica que eu senti foi relacionada ao DualSense. É incrível como que, usado corretamente, o controle transforma completamente a experiência. Um exemplo é no trecho com Abby, onde precisamos atravessar uma viga entre um prédio destruído e o hotel, onde ela acaba caindo na piscina. Atravessar essa viga, com o DualSense, nos faz sentir a tensão da personagem, que tem pavor de altura, já que o controle simplesmente responde de uma forma mais lenta ao que o jogador faz, aumentando até mesmo o peso dos botões. É uma sensação incrível.
Vale a pena comprar The Last of Us Part II Remastered?
Concluindo, The Last of Us Part II Remastered oferece uma experiência renovada e enriquecida do já aclamado jogo original. Apesar de haver questionamentos sobre a necessidade de uma remasterização, considerando que a versão original já apresentava um alto nível de qualidade técnica e artística, esta nova edição acaba se justificando por várias razões. As melhorias técnicas, como suporte a 4K, VRR, e otimização do tempo de carregamento, junto com a inovadora implementação dos recursos do DualSense, oferecem uma imersão ainda mais profunda no universo do jogo. Adições como o modo roguelike “Sem Volta”, o “Performance com violão” e as intrigantes “Fases Perdidas” trazem novas dimensões à experiência, expandindo a jogabilidade e o engajamento.
Para os fãs de The Last of Us, esta remasterização é, sem dúvida, uma oportunidade valiosa de revisitar e aprofundar a conexão com um universo tão rico e emocionalmente envolvente. Para novos jogadores, é uma porta de entrada perfeita, oferecendo a melhor versão possível de um dos jogos mais significativos da última década. Levando em conta todas as melhorias, os conteúdos adicionais e a possibilidade de vivenciar a história de Ellie e Abby com um nível de detalhe e imersão sem precedentes, The Last of Us Part II Remastered vale definitivamente a pena, tanto para entusiastas de longa data quanto para novatos no mundo dos games.
Para os jogadores que já possuem The Last of Us Part II no PS4, haverá a opção de atualizar para a versão digital Remastered por R$ 50 no lançamento, o que é um valor bem aceitável para o conteúdo adicional. Além disso, os saves do jogo original poderão ser importados para a nova versão e as conquistas aparecem automaticamente. O jogo chega no dia 19 de janeiro por R$ 249,50.
*Review elaborada com código fornecido pela Sony.