Thymesia | Review
Dark Souls é sem dúvidas uma das franquias mais influentes da última década. Influência essa que acabou dando origem à vários jogos incríveis, como Nioh, Hollow Knight, Blasphemous, The Surge, entre outros. É difícil mensurarmos o tamanho que o trabalho realizado pela FromSoftware e por Hidetaka Miyazaki teve nesse última década, mas podemos ter uma ideia com o sucesso que foi Elden Ring. E Thymesia traz muito dessas referências para tentar criar uma experiência parecida com os jogos do estúdio japonês.
Apesar de vários excelentes jogos terem se inspirado no trabalho da FromSoftware, podemos afirmar que poucos desses jogos tiveram sucesso nessa tarefa. E é comum virarmos o rosto para jogos “soulslike” independentes ou que não possuem a qualidade do título original. Porém alguns raros jogos se sobressaem e conseguem trazer uma boa experiência dentro do gênero, ou até mesmo reinventá-la de alguma forma. Thymesia é esse jogo, um excelente soulslike muito inspirado nos jogos da FromSoftware que consegue se equiparar com os jogos dela.
E se você é um jogador que gosta de passar raiva e superar aqueles chefes que parecem impossíveis, vem comigo para mais uma análise antecipada do Pizza Fria, porque eu acho que Thymesia é pra você.
O que é Thymesia?
Thymesia é um jogo de ação e aventura com elementos de RPG, do subgênero “soulslike”, o jogo foi desenvolvido pela OverBorder Studios e publicado pela Team17. O jogo está sendo lançado para PC, Nintendo Switch, Xbox Series X|S e PlayStation 5 na próxima quinta, 18.
Apesar do jogo se tratar de um “soulslike”, Thymesia tem pouco a ver com Dark Souls e muito mais a ver com Bloodborne e Sekiro: Shadow Die Twice, ambas franquias da nossa amada FromSoftware.
O jogo conta a história de um mundo devastado por uma praga que acabou matando milhares de pessoas, porém havia reino chamado Hermes que era conhecido por manipular doenças e infecções e transformá-las em antídotos, esse reino soube manipular a praga e prosperar no meio do caos. O jogador então assume o papel de Corvus, um alquimista guerreiro que decide lidar com os males que assolam o mundo. E é essa a introdução de Thymesia, a partir daqui o jogo contará a sua narrativa através de diversos documentos espalhados pelo mapa e dos diálogos com os personagens apresentados. Só por essa premissa podemos ver claras inspirações de Bloodborne, além da estética do jogo.
Estética essa que é bastante única, pois mistura os visuais vitorianos e góticos do jogo da FromSoftware, com inimigos e cenários da idade média. Isso acaba gerando um universo de fantasia que não sabemos ao certo o período histórico que se passa, trazendo uma identidade artística de cair o queixo.
A estrutura do jogo
Antes de explicarmos melhor sobre o combate e os detalhes de Thymesia, vamos entender um pouco de como o jogo em si funciona. O jogo em sua estrutura é bastante simples e lembra muito os jogos mais tradicionais do subgênero de soulslike. Durante o jogo você irá explorar os mapas lineares para descobrir atalhos e caminhos interconectados enquanto tenta não morrer para os inimigos.
Ao todo são 4 grandes mapas, que possuem vários caminhos e segredos escondidos e no fim de cada um deles há um chefe principal da história (que diga-se de passagem são todos muito bons). Esses mapas pode ser acessados novamente para fazer missões secundárias com objetivos diferentes, como achar um item específico ou destruir um número X de estruturas no cenário. Essas missões alteram o layout da fase trazendo novos inimigos, reposicionando outros, novos caminhos e novos itens. Então vale a pena voltar em uma mesma missão para adquirir mais recursos para facilitar a sua jogatina.
Durante a sua jornada você encontrará vários documentos que contam um pouco mais do universo do jogo, que são bastante interessantes. Porém, existem muitos documentos espalhados no jogo e muitos documentos longos, eventualmente se torna cansativo ler tanto texto ainda mais nesse tipo de jogo.
Falando agora um pouco da progressão do jogo, em Thymesia você tem o clássico sistema de almas, onde você deve gastar esses recursos para comprar itens e evoluir o seu personagem. Entretanto esse sistema é bastante simplificado aqui, pois você só tem três status para evoluir, sendo eles Strenght (Força), Vitality (Vitalidade) e Plague (Praga), que afetam respectivamente seu dano da espada, sua vida e seu dano com armas de praga (um sistema que vou explicar mais frente).
Após subir de nível em Thymesia você além de receber os upgrades do status que você evoluiu, você também recebe um “ponto de talento”. Os pontos de talentos são a sua principal forma de evoluir e progredir no jogo de fato, e servem para desbloquear novas habilidades para o Corvus. Essas habilidades afetam drasticamente a jogabilidade e moldam o seu estilo de jogo. Por exemplo você pode gastar esses pontos na árvore das habilidades de parry para melhorar o uso dessa habilidade.
No jogo existem várias árvores de habilidades para você gastar esses pontos de talentos, e cada uma dessas árvores foca em partes diferentes do combate do jogo, e do estilo de jogo de cada pessoa.
Em Dark Souls, há um item importantíssimo que acabou se tornando um ícone do gênero, que é o Estus Flask. Esse item é basicamente as suas poções disponíveis, e o uso desse recurso acabou sendo herdado para quase todos os jogos que se inspiraram na franquia Souls, e em Thymesia não é diferente. Entretanto aqui os desenvolvedores decidiram abordar esse sistema de uma maneira bastante diferente e criativa. Em resumo, você ganha um item chamado de “Alchemical Resource”, ao derrotar inimigos de elite, esses itens servem para você dar upgrades nos seus frascos, porém você deve escolher se quer aumentar a quantidade, a eficácia ou colocar um modificador.
Os modificadores são itens especiais encontrados nos mapas que dão efeitos diferentes nos seus frascos, como mais cura, uma bonificação de ataque ou de defesa e etc. Além do do fato de você poder modificar os frascos você também irá desbloquear outros tipos de frascos que fazem coisas diferentes, então cabe a você escolher qual te agrada mais para o seu estilo de jogo.
O combate
Assim como Bloodborne é a principal inspiração para os visuais e a temática de Thymesia, Sekiro Shadows Die Twice é sem dúvidas a inspiração do combate aqui. O combate do jogo é rápido, ágil e extremamente focado em “parrys”, e tudo isso obviamente pode ser customizado através dos pontos de habilidades citados acima.
Assim como em Sekiro, todos os inimigos tem duas barras de vida (no caso do jogo da FromSoftware é a postura), que são a barra de vida normal e a barra verde que representa as feridas. Para derrotar um inimigo você deve acabar com a barra de feridas, ao invés da vida dele, porém você só abre essas feridas batendo no inimigo normalmente com a sua espada, pois os ataques normais afetam a vida, e os ataques de garra afetam as feridas. Entretanto lembre-se que se você demorar muito para atacar um inimigo as feridas dele sararão, fazendo ele recuperar toda a barra secundária de vida.
Falando assim pode parecer complexo, mas em resumo você terá a sua disposição ataques normais e os ataques de garra que afetam respectivamente as barras de vida e de feridas, e para matar um inimigo você deve acabar com a barra de feridas. Entretanto ao carregar um ataque de garra, você poderá criar uma cópia da arma do inimigo para usar uma vez contra ele, essas são chamadas de armas de praga.
As armas de praga não afetam necessariamente as feridas do inimigo, isso depende da arma que você roubar. Por exemplo uma lança afeta mais a vida do inimigo e o arco e flecha atinge mais as feridas do inimigo. Então saber gerenciar quais armas de praga você quer ter consigo para enfrentar os diferentes tipos de monstros do jogo. Porém, os inimigos tem uma chance de largaram fragmentos dessas armas que servem para você comprar uma versão infinita da arma e até mesmo melhorar ela.
Para usar essas armas de praga, o jogador gastará a barra de praga, que funciona como uma “mana” para usar as habilidades e armas especiais do personagem, e para recuperar esse recurso você deverá atacar as feridas dos inimigos usando a sua garra de corvo. Então gerenciar todos esses recursos enquanto tenta atacar as duas barras de vida do inimigo torna o combate de Thymesia praticamente uma dança.
O inimigos do jogo obviamente não vão ficar parados enquanto você ataca as feridas deles, e isso traz ainda mais dinâmica para o jogo, pois além de te atacarem normalmente os inimigos podem fazer uma espécie de ataque pesado que brilha em verde e não pode ser bloqueado ou afetado por “parry”, te obrigando a desviar ou atirar uma pena no inimigo. As penas em Thymesia são facas que servem para contra atacar ataques pesados para deixar a guarda do inimigo aberta para mais ataques, entretanto você possuí um numero limitado delas obrigando você a gerenciar bem esse recurso e saber bem em quem e em quais golpes gastar elas.
Alguns inimigos também possuem um “ataque ultimate”, que brilha em vermelho e não pode ser impedido, te obrigando a somente desviar deles, mas esses ataques são raros.
Vale a pena jogar Thymesia?
Thymesia é surpreendentemente incrível, e traz um pouco de cada soulslike famoso para criar uma experiência diferente e que vai agradar os fãs de Sekiro Shadows Die Twice. Apesar de se vender como um jogo difícil, Thymesia é bastante acessível e não é tão desafiador quanto promete, o título é feito por um estúdio pequeno e extremamente talentoso, que conseguiu criar uma experiência diferente e única dentro de um gênero tão saturado, tudo isso por um preço extremamente acessível por um jogo dessa qualidade.
Thymesia chega nesta quinta-feira, 18, para PC via Steam, Nintendo Switch (Cloud Edition), Xbox Series X|S e PlayStation 5.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GTX, com código fornecido pela Team17.