TOEM: A Photo Adventure | Review
Um pequeno time de desenvolvedores independentes sueco com o nome de Something We Made (em português, “algo que nós fizemos”) fez uma pequena e deliciosa aventura fotográfica com o nome de TOEM: A Photo Adventure.
Este é um jogo cujo tema central é a fotografia, mas de um jeito muito diferente do reconhecido New Pokémon Snap!, pois TOEM: A Photo Adventure se inspira muito no gênero point-and-click, o mesmo de jogos como The Secret of Monkey Island, e simultaneamente passa a sensação desses gostosos livros com passatempos para encontrar e desvendar mistérios, como Onde está o Wally?.
Disponível para Nintendo Switch, PlayStation 5 e computadores Windows e Mac (por meio de Steam e Epic Games Store), nem vou esconder que gostei do jogo.
Quer descobrir os motivos pelos quais gostei tanto de TOEM: A Photo Adventure, vem comigo nesta análise para o Pizza Fria!
Diga “xiiiiiis”!
Sabe aquela sensação de criar expectativa por ver um trailer e de finalmente iniciar o jogo pela primeira vez pra conferir como realmente é?
Pois então, descobri TOEM: A Photo Adventure na apresentação Indie World de agosto e logo pensei, “Tá aí um jogo para a lista de desejos”!
A esta altura da vida, já não sei dizer se foi a fotografia que me aproximou do jornalismo ou se foi o jornalismo que me aproximou da fotografia.
Em encontros familiares, amiúde era eu o responsável por empunhar a câmera.
Quando as câmeras digitais começaram a surgir então… Gostava de carregar as pilhas, o cartão de memória de incríveis 512 MB e partia em bicicleta ver cantões da cidade para fotografar. Aquela típica aventura urbana e pseudo-cult-intelectual adolescente em busca de um grafite esquisito, um muro colorido ou de uma cena inusitada.
Tenha em mente que ainda faltava um pouquinho para a revolução do iPhone e a popularização dos smartphones acontecerem.
Lembro de alguém dizer “fotografia é a arte do acaso.” Você percebe um instante, clica e só descobre depois o momento que capturou. Isso acontece até com as câmeras dos smartphones.
TOEM: A Photo Adventure, uma aventura fotográfica
Mas sabe o que isso tem a ver com TOEM: A Photo Adventure?
Ao contrário do ótimo New Pokémon Snap, suas fotografias vivem sem a necessidade de receber pontos.
Qual enquadramento? Não importa!
Zoom e proximidade com o objeto? Pose diferente?
Nada disso importa, já que as fotos neste jogo guardam momentos e, se o momento certo for capturado, algum problema pelo mundo será resolvido.
Simples assim, sem avaliação nem pontos.
A aventura começa na casa da sua avó, quem te presenteia com uma câmera analógica. Uma máquina simples e robusta com zoom e capacidade para carregar mais de uma centena de fotos ao mesmo tempo.
Sem muito contexto, estamos nos preparando para uma jornada. Vamos peregrinar com uma personagem que me lembra uma ovelhinha simpática!
Pegue sua mochila do chão, faça um breve retrato de sua avó para aprender a usar o equipamento que foi dela e saía de casa para fotografar a natureza.
Ao longo do jogo, a ovelhinha conhece figuras (que vão de figurinhas a figuraças) e sob seu ponto de vista como jogador você será o encarregado de solucionar problemas de todos os tipos – grandes e pequenos – para receber carimbos pelas boas ações e ganhar viagens de ônibus gratuitas.
O jeitão point-and-click faz das lentes da câmera o seu ponteiro, e eu não quero estragar surpresas, dada a natureza do jogo, mas vou deixar dois exemplos!
Membros do clube de fotografia estão espalhados por todos os lugares de TOEM e nos oferecem desafios.
A primeira fotógrafa-escoteira avistada deixou a singela charada sobre pequeninos soldados que nunca se rendem.
Pensando literalmente, comecei a tirar a câmera e procurar por soldados como os de Toy Story pelas cercas, pelos arbustos… Até que deixei pra lá! Algumas telas depois, vi umas formiguinhas incansáveis e cliquei!
Fácil, né? Depois vão surgindo outros, como fotografar uma hipopótamo tímida que se esconde sempre quando vê a câmera! E agora?
Além dessa polaroid guardada no álbum, a câmera ainda serve como um indicador. Este é o caso do faroleiro cujos binóculos estão quebrados e por isso ele não consegue ver os barcos no meio de uma tempestade. Cabe a você aproveitar a iluminação dos raios, apontar a câmera e mantê-la fixa por alguns instantes para focar e revelar cada barquinho. Assim são alguns dos quebra-cabeças.
Pela aventura, sua câmera ganha funções novas, como um tripé e uma buzina. Sem falar que você pode fazer tudo como se fossem selfies e até mudar a expressão na fuça da ovelhinha!
A insustentável leveza do clique
TOEM é um desses jogos que eu não saberia dizer o que tem nele que me prendeu. Sabe como fotografar é tudo sobre a imagem, mas também sobre o barulhinho do obturador quando clicamos? É nesse instante que uma cortina mecânica se abre para deixar luz passar e gravar o que vemos.
Assim como num jogo, a fotografia aguça nossos sentidos por estímulos visuais e sonoros a partir da ponta dos dedos que apertam um botão. O resultado a gente vê em seguida!
Veremos cenários inspirados nas bucólicas paisagens do interior escandinavo, de onde são os desenvolvedores da Something We Made.
Os cinco lugares retratados em TOEM estão divididos em trechos pequeninos que lembram maquetes. Essa divisão ajuda a manter o foco, uma espécie de microgerenciamento ótico – uma delícia para descobrir o próximo sujeito, apontar a câmera e clicar.
O traço destas miniaturas parece ter vindo de um livro de encontrar o Wally. Ou daqueles com as páginas todas ilustradas nos quais devemos tentar resolver um enigma escondido entre os milhares de personagens, cada um fazendo uma coisa completamente distinta e todos cheios de vida.
Essa paleta monocromática coexiste com os arredores campesinos, praianos e urbanos.
Pode não ter nada a ver com o que passou pela cabeça dos artistas, mas TOEM me lembrou uma outra obra vinda da Suécia: o famoso diretor Ingmar Bergman rodou, lá em 1957, – talvez você tenha ouvido falar, é um dos melhores filmes jamais feitos – Morangos Silvestres, um drama de estrada em preto e branco.
Eu não sei justificar bem o porquê, apenas me lembra. E pesquisando vi que o nome do filme em sueco, Smultronstället, que significa literalmente “o pedaço de chão com morangos silvestres”.
Mas além disso, é uma expressão idiomática que fala sobre um lugar secreto, quase sempre com forte valor pessoal ou sentimental e que ninguém mais conhece. É aquele canto secreto seu, perdido no mundo, e que ninguém mais conhece ou atribui valor.
Hmm! Acho que agora faz sentido. Os desenvolvedores até colocaram no site oficial que TOEM é “um jogo que te encoraja a ‘parar e cheirar as flores’”. Aliás, fica implícito no começo que “TOEM” significa algo por aí… Quando você jogar, você volta aqui pra me contar suas conclusões! 😉
Enfim, qualquer pessoa que tenha saído em uma viagem solo com uma câmera fotográfica na mão sabe o que esse momento de abstração pessoalmente significa. Será por isso que associo filme e jogo.
Peraí!
Vamos voltar à primeira impressão, já falei do visual e até da premissa.
Mas os temas musicais compostos por Launchable Socks e Jamal Green são um deleite. Os compositores até “aparecem” no jogo como um mago e como um boneco de neve para a solução de uma das tarefas!
Essa ovelhinha fotógrafa (é uma ovelhinha, né?) passa por localidades diversificadas visualmente – o campo, a floresta, a praia, a cidade grande e os montes nevados. Cada composição pertence ao lugar enquanto abraça perfeitamente o estilo visual adotado em TOEM.
Tudo isso pra falar que o trajeto de TOEM é encantador e impactante. Um jogo para deixar o jogador absorto. Eu quero dizer, com alguma prudência, que foi o indie mais gostoso e entretido que joguei em 2021 até agora.
Vale a pena jogar TOEM: A Photo Adventure?
O grande pecado é que o simpaticíssimo jogo não está traduzido ao português (nem do Brasil, nem de Portugal, nem de Angola, nem nenhum).
Uma pena, pois a compreensão de alguns pedidos passa pelo que está sendo falado e jogadores que não dominam outro idioma possivelmente ficarão perdidos. Uma pena mesmo, pois os diálogos são muito bem escritos e divertidos. Existe vida nos personagens peculiares e caricatos do mundo de TOEM.
TOEM foi feito para jogadores de todas as idades, assim como Onde está o Wally? entretém crianças de 8 a 80 anos. Ocasionalmente, a cabeça frita um pouquinho ou algumas respostas são estranhas, algo que acontece em muitos point-and-clicks. Tudo bem, é perdoável!
Um jogo como este é pra ser difícil e, por isso, a peregrinação dura quase oito horas para complecionistas. É uma duração razoável que deixará jogadores com vontade de mais! Vale avisar que alguns mistérios beeeeem caricatos fazem parte da aventura.
No final das contas, TOEM é um jogo muito descontraído, leve, divertido e relaxante!
Lançamento marcado para 17 de setembro para Nintendo Switch, Playstation 5 e computadores (por meio de Steam e Epic Games Store).
Ficha técnica
Desenvolvido e publicado pela Something We Made (site oficial), uma desenvolvedora sueca independente, TOEM é o primeiro jogo do time e chega para computadores com Windows e macOS (via Steam e Epic Games Store) e para os consoles Nintendo Switch e PlayStation 5.
A aventura é apenas para um jogador que vai viajar por cinco lugares bem diferentes e resolver os quebra-cabeças com a ajuda da câmera e das fotografias.
A classificação etária é livre para todas as idades no Nintendo Switch.
Steam | Epic Games Store | Nintendo Switch | PlayStation 5 |
---|---|---|---|
preço indisponível | R$ 37,99 | R$ 101,95 | preço indisponível |
Requisitos mínimos para computadores
TOEM: A Photo Adventure é um jogo bem leve:
- Sistema operacional de 64 bits
- Windows 7 ou mais recente ou macOS
- 4 GB de memória RAM
*Review elaborada em Nintendo Switch com código fornecido pela Something We Made.
TOEM
R$ 37,99Prós
- Incrivelmente gostoso de jogar
- Personagens simpáticos e divertidos
- Relaxante
- Belas ilustrações inspiradas pelo interior escandinavo
- Trilha sonora calma
Contras
- Como todo point-and-click, algumas soluções são estranhíssimas
- Queria dizer aqui que é curto, mas na verdade queria mais TOEM
- Não está em português do Brasil (ou qualquer outra variante)
- Custa quase o triplo no Switch