Total War: PHARAOH | Review
Como historiador, sempre curti bastante estudar sobre o Egito Antigo, embora seja um tema bem distante do que pesquiso atualmente. No entanto, com Total War: PHARAOH, pude me aproximar um pouquinho mais dos tempos da graduação, em que estudava por dias sobre as maravilhas do Egito, incluindo a Idade do Bronze, retratada no game, e que está bem perto do seu colapso. E, após jogar a preview, e agora a versão final, podemos dar um veredito mais digno ao game. Nele, a história se passa durante o poderio de Ramsés III, que vê a expansão ocidental e os próprios conflitos políticos se desembolarem bem diante de seus olhos.
Portanto, analisaremos mais uma empreitada da franquia Total War, da SEGA e a Creative Assembly, que já está disponível na loja Total War: PHARAOH, no Steam, ou na Epic Games Store, onde o game está em pré-venda. Enfim, prepare-se para guerras monumentais e todo o caos político da época nesta review do Pizza Fria!
Uma história de muitas guerras
A trama de Total War: PHARAOH nos transporta para um cenário em que o faraó está morto, desencadeando uma disputa pelo domínio entre egípcios, cananeus e hititas na região. Nesse contexto, todos almejam tornar-se o novo e grandioso faraó da área. Para alcançar tal posição, é possível orquestrar jogadas políticas, conquistar influência e suplantar aqueles que estão à frente. No entanto, antes disso, é necessário lidar com o caos da guerra, instabilidades sociais, desastres naturais e, para complicar ainda mais, proteger o povo dos europeus. Sempre eles…
Assim, o jogo oferece a opção de escolher entre oito líderes de facções, representando Egito, Canaã e o Império Hitita, cada um com unidades e estilos de jogo distintos. Isso proporciona a oportunidade de selecionar uma abordagem que se adapte melhor às estratégias de combate preferidas. No entanto, Total War: PHARAOH não simplifica as coisas; esta edição se destaca pela imprevisibilidade das batalhas, com reforços inimigos chegando inesperadamente. Conquistar o trono prova ser uma tarefa árdua.
A ideia central explorada em Total War: PHARAOH é que os jogadores desempenhem múltiplos papéis de liderança. Seja no calor da batalha, nas complexas questões diplomáticas habilmente abordadas pelo jogo, ou na gestão eficaz dos territórios, é essencial ser competente em todas as frentes, sem margem para erros. Assim, o jogo segue a conhecida fórmula que demanda tempo para aprender a jogar e, não menos importante, para executar cada passo com maestria. É, talvez, a experiência mais complexa na franquia, o que, surpreendentemente, agrada a quem aprecia desafios.
Por fim, é relevante destacar que este rico jogo, ancorado em uma série de eventos históricos, transporta os jogadores para cenários variados, como as margens do rio Nilo, a Península do Sinai, a Anatólia, entre outros locais, mantendo sempre o estilo e a qualidade gráfica característicos da franquia. Em meio à representação de toda a barbárie, o jogo consegue capturar toda a beleza singular da região, entre desertos e oásis.
Campanhas personalizadas e mais novidades
Total War: PHARAOH apresenta um recurso inovador centrado na personalização das campanhas, permitindo que modifiquemos o curso dos acontecimentos para piorar ou melhorar nossa situação. Essa abordagem é ideal para aqueles que buscam desafios ou simplesmente desejam envolver-se em batalhas para dominar todo o Egito. Além disso, cada campanha é única, proporcionando variações infinitas.
Confesso que considero a franquia Total War bem complexa e desafiadora, e em alguns momentos, acabo por negligenciar a parte mais estratégica, indo direto para os embates. Vale ressaltar que um simples turno no jogo pode estender-se por mais de 10 minutos, exigindo paciência e uma estratégia bem elaborada. Muita estratégia, para ser preciso. E é esse o diferencial do game ao ser comparado a um RTS, por exemplo.
Dessa forma, o game renova a abordagem da franquia, mantendo seus pontos comuns. Elementos familiares, como uma variedade de unidades, paisagens e fatores que influenciam nas vantagens e desvantagens em combate, tornam a adaptação mais acessível. No entanto, este título traz algumas adições interessantes. Enfrentaremos detalhes como mudanças climáticas repentinas, capazes de transformar completamente os campos de batalha e afetar nossas unidades. Além disso, o perigo do fogo surge, podendo consumir os campos de batalha.
Assim, o que já era complexo e desafiador recebe novos elementos que podem ser decisivos. Total War: PHARAOH consegue manter uma forte base histórica, proporcionando uma riqueza de detalhes fascinante para os jogadores e entusiastas de estratégia em turnos.
Vale a pena comprar Total War: PHARAOH?
Através da versão final, foi perceptível um refinamento do jogo, especialmente em termos gráficos e de desempenho, o que é muito positivo. E esse é um detalhe que incomoda. Além disso, explorar as complexidades e encantos do Egito Antigo tornou-se uma experiência muito mais suave em Total War: PHARAOH. O jogo mantém o padrão de qualidade característico da Creative Assembly, destacando-se, neste caso, pela ênfase política em suas edições. Aqui, é possível manipular toda a hierarquia para alcançar o ápice do poder. No entanto, vale ressaltar que a dublagem do game deixou bem a desejar, sendo um pouco estranha.
Um ponto bem interessante do jogo é que durante as batalhas, podemos sofrer com vários tipos de adversidades naturais: tempestades de areia, raios, incêndios perigosos, entre outros. Devemos prestar atenção a todos os detalhes para aproveitar as desventuras alheias. Seja como um líder benevolente ou um expansionista audacioso, em Total War: PHARAOH, a guerra é o caminho predominante. Controlar enormes exércitos por meio de uma câmera totalmente móvel adiciona uma camada adicional de detalhes úteis para compreender cada unidade.
Assim, ao experimentar o game, fica evidente a qualidade técnica e gráfica da franquia, introduzindo também elementos que se alinham com a narrativa histórica. Aliás, este é o principal mote do jogo. É mais uma dinâmica do jogo que requer paciência para ser dominada, proporcionando uma experiência mais enriquecedora. Em um mundo onde as artimanhas políticas são comuns, subir na carreira política no jogo reflete, de certa forma, a realidade contemporânea.
Concluindo, Total War: PHARAOH é um jogo bacana, mas é importante destacar que ainda é uma experiência voltada para entusiastas de estratégia e gerenciamento de recursos. Mas isso está longe de ser um problema. O que poderia ser criticado aqui é que parece ter faltado um pouco de criatividade na equipe de desenvolvedores, ainda que o jogo tenha trazido uma ou outra novidade. Desta forma, o jogo pode soar para alguns como “mais do mesmo”. De toda forma, vale a experiência.
*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela SEGA.