Wanted: Dead | Review

Wanted: Dead é um hack and slash, misturado com ação e tiro em terceira pessoa, desenvolvido pela Soleil Ltd. e publicado pela 110 Industries SA. O título se gaba de ser criado pelas mentes por trás de nosso adorado Ninja Gaiden, prometendo confusões e loucuras para Ryu Hayabusa nenhum botar defeito. Ousado, não é mesmo?

Será que o jogo faz jus ao pedigree de seus desenvolvedores? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

Anos oitenta, são vocês outra vez?

Ah, leitora. A vida, via de regra, costuma ser sempre a mesma. Os acontecimentos se repetem, a rotina se instala e, como dizia Nine Inch Nails, podemos prever o futuro pelo simples fato de tudo ser sempre a mesma coisa, dia a dia, mês a mês, ano a ano. Por isso, tudo que surpreende, ao menos segundo minha lógica, deve ser louvado.

Vide Wanted: Dead. Quando conferi os primeiros trailers, me interessei pura e simplesmente por ser vendido como uma nova empreitada da turma que nos presenteou com Ninja Gaiden. Salvo o terceiro título, cujo nome não deve ser invocado, todas as entradas da série são titãs do hack and slash. Logo, admito que entrei com uma expectativa considerável para analisar este que falaremos agora.

E fiquei realmente satisfeito, ainda que por motivos diferentes do que imaginava. Confuso? Sigam no raciocínio que verão a racionalidade por trás da coisa. Salvo por ter uma história envolvente, o título conseguiu entregar quase tudo a que se propunha, de uma forma ou outra. E, por certa ótica, até além do que poderíamos esperar.

Wanted: Dead
Mirou em cobre, acertou foi ouro. (Imagem: Divulgação)

Comecemos pela trama. Wanted: Dead nos coloca no controle da Tenente Hannah Stone, uma policial de Hong Kong que integra o chamado Zombie Squad, um esquadrão de elite formado por criminosos de guerra e outros barra-pesada. Uma missão simples, em teoria, acaba enrolando nossos protagonistas em uma teia de bizarrices, violência e maquinações corporativas que nunca poderiam ter imaginado estar.

A base da história é bem simples, mas serve o propósito. Em muitos pontos, ela reforça a impressão que tive de estar assistindo um filme dos anos oitenta. A estética cyberpunk me fez lembrar bastante de Blade Runner e Total Recall, e os diálogos e performances dos personagens selam ainda mais a homenagem. Se foi intencional, não posso dizer. Mas, de todo modo, achei um mimo.

Porém, não muda o fato que a motivação central é um tanto quanto simples. Contudo, a interação entre os membros do esquadrão e seu comandante conseguem humanizar bastante nossa protagonistas e seus compadres. Alguns são menos divertidos que os outros, mas achei divertido vê-los batendo boca e fazendo graça um dos outros.

Wanted: Dead
Esse não é um dos chegadas da Hannah. (Imagem: Divulgação)

A jogabilidade de Wanted: Dead se divide entre os momentos de doideira e porradaria louca, e os de calmaria e minigames, que mostram como nossa heroína e seus amigos se divertem. Comecemos pelo que fazemos mais: descer a lenha em um número considerável de inimigos similares e sem nenhum apego à vida. Como sempre, não é mesmo?

Contamos com a possibilidade de lutar de perto, utilizando uma espada, e de longe, com armas como fuzis, pistolas, espingardas e coisas do tipo. Quando atiramos, a câmera se posiciona por cima do ombro. Como qualquer jogo com armas criados após Resident Evil 4, abençoado seja. Para a espada, contamos com combos, dashes e parry.

É bem legal zanzar pelo campo de batalha trocando espadadas e tiros com os inimigos, mudando entre armas e utilizando a pistola para contra-atacar determinadas ofensivas. Os controles são simples e funcionam, na maioria do tempo, quando precisamos de mais precisão. Contudo, morri uma quantidade de vezes pela personagem custar se colocar em cobertura, ou bater no vento com um inimigo bem do lado. Uma mira automática faz falta demais, admito.

O jogo não perdoa, e perdemos muita vida com ataques. Ainda que possamos recuperar parte batendo de volta com a espada, levar chumbo de todos os lados com ninjas tentando te fatiar não é fácil. É legal quando conseguimos passar, mas me frustrei demais em algumas partes. Felizmente, os caras do Zombie Squad nos ajudam. Cada um dos 3 conta com uma habilidade especial, entre nos reviver uma vez, lançar granadas ou executar inimigos.

Wanted: Dead
Trocar entre bala e lâmina é essencial. (Imagem: Divulgação)

Após certa quantidade de dano, os inimigos se tornam vulneráveis a execuções. E são nelas que Wanted: Dead brilha. Com o simples pressionar de dois botões vemos nossa camarada Hannah fazer manobras e técnicas que deixariam John Wick impressionado. Inclusive, acho que vi algumas que poderiam ser colocadas em qualquer um dos filmes.

Além disso, temos um sistema de desmembramento que aumenta mais ainda a violência, espalhando sangue por todos os lados. A árvore de habilidades da protagonista, inclusive, permite com que executemos inimigos instantaneamente após decepar um pedaço ou outro. Tudo exagerado, bombástico e, vamos ser sinceros, perversamente divertido.

Por fim, temos os minigames. O jogo têm de karaokê até um jogo de navinha, daqueles estilos dos arcades de antigamente. Achei uma boa também, porque cada um é ligado ao desenvolvimento de Hannah com um de seus colegas de equipe e ajudam a dar mais um sopro de vida na duração do jogo, e no fator rejogabilidade.

Wanted: Dead
As execuções são the tops. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Os visuais de Wanted: Dead, por outro lado, são bem pobres. Lembro de ter lido na descrição da Steam que o jogo era uma ode a sexta geração de consoles, da época do saudoso PS2, e diria que quase chegaram lá. O título me lembra aqueles lançados para o PS3, lá pro fim de sua doce vida. Temos modelos animados de forma estranha, texturas serrilhadas e um ar de velha guarda. Os cenários e design dos personagens principais são bem legais, no entanto.

A trilha sonora é a grande querida, para mim. Seja com composições originais cantadas, seja com tracks de combate, tudo casa muito bem para gerar uma vibe chique demais. Novamente, minhas memórias dos filmes de ação de outrora foram revividas, e isso me acalentou o frio coração. As músicas que podemos ouvir na jukebox da delegacia, por exemplo, são demais. As vozes, no entanto, são bem bizarras. A protagonista parece uma versão feminina do Arnold na época do primeiro filme do Conan. Se foi intencional ou não, nunca saberemos.

Wanted: Dead
E… corta! (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Wanted: Dead?

É tempo, leitores e leitoras. Wanted: Dead vale nosso tempo e dinheiro? Bom, essa é uma questão delicada. Comecemos por analisar os prós e contras. Pelo lado positivo, o jogo tem uma identidade visual maneira, uma trilha sonora pauleira, vibes de filme dos anos oitenta, um combate desafiador mas divertido, uma quantidade boa de minigames e o ritmo frenético das lutas e execuções são demais.

Por outro lado, os controles podem gerar uma revolta considerável às vezes, aumentando a sensação de frustração devido ao fato de muitos embates exigirem que sejamos precisos para sair com vida. Os gráficos são bem meh, com texturas serrilhadas e bonecos mal animados. Ah, lembrei-me agora, a disposição dos checkpoints não é legal. Por vezes morremos e somos enviados para o início de uma sessão, perdendo tempo por nada.

Ao fim e ao cabo, o veredito de Wanted: Dead cai muito mais em quanto ele te conquista com seu jeitão retro, com os ares bombásticos do combate, da trama de filme de ação da velha guarda e com a trilha sonora. Eu, particularmente, fiquei encantado com o conjunto do pacote. Em verdade, Wanted: Dead tem alguns problemas chatos que o impedem de ser uma indicação pra todos os grupos. Mas, particularmente, acho que vale a pena tentar. Se curtir o gênero e estiver a fim de se divertir com uma aventura despretensiosa, enquanto releva algumas limitações claras, devo dizer que recomendo essa belezinha.

Wanted: Dead chega hoje para Xbox Series X|SPlayStation 5 e PC, via Steam e Epic Games Store.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela 110 Industries SA.

Wanted: Dead

7.5

História

7.0/10

Jogabilidade

8.0/10

Sons e visuais

8.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • O combate é bem divertido
  • Execuções bem feitas e animadas
  • Uma ode aos anos 80 e aos títulos de ação
  • Trilha sonora divertidíssima
  • Design de alguns personagens e cenários é bem legal

Contras

  • Os controles podem ser bem frustrantes
  • Gráficos bem simplórios
  • Checkpoints mal distribuídos
  • Sem localização em PT-BR

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.