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Warhammer 40,000: Darktide | Review

Warhammer 40,000: Darktide é um jogo de tiro cooperativo online/offline (com bots), daquele estilo de hordas famoso por Left 4 Dead, desenvolvido e publicado pela Fatshark. O título nos coloca no controle de um, dentre vários, prisioneiros colocados a serviço do Deus-Imperador, através de sua Inquisição, para tentar resolver os problemas pelos quais a Hive City de Tertium está passando.

E aí, será que vale a pena aceitar essa missão? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.

Imperium, vulgo pior lugar para se trabalhar

Warhammer, leitoras e leitores. Que universo divertido de se jogar e conhecer, mas não tanto de viver. Tentem lembrar daquele emprego chato que tinham, com o chefe mala, o salário baixo e a desmotivação. Agora, imaginem algum lugar pior. Não, mil vezes mais terrível. Isso, pessoas, se aproxima do dedinho do sofrimento de quem trabalha no Imperium Of Man, a principal facção do mundo no qual se passa nosso jogo de hoje.

Mas, comecemos com uma pequena introdução, não é mesmo? Warhammer 40,000: Darktide, como o nome pode vir a sugerir, se passa no universo de Warhammer 40,000. A franquia começou, timidamente, em meados da década de 80. Inicialmente lançado como um jogo de tabuleiro, e dos bons devo dizer, fez um sucesso fenomenal, que mantém até os dias de hoje.

A saga também fez incursões no mundo dos videojogos eletrônicos, em diversos estilos como RTS, FPS e até isométricos. Posso estar alucinando, mas até acredito ter jogado um que colocava um ogryn, um dos caras grandões, para poder disputar na cozinha quem fazia o lagarto com laser mais saboroso! Eu, mentindo? Que absurdo leitora, jamais faria isso. Agora, lembra daquele velha dívida de 20 milhões que tínhamos? Sério agora, resta dizer que esse é um IP com história e, devo dizer, até uma certa complexidade. Será que fizeram jus, dessa vez? Bom, vejamos.

Warhammer 40,000: Darktide
Estátua! (Imagem: Divulgação)

A trama de Warhammer 40,000: Darktide começa com nosso personagem customizado preso em uma nave-presídio chamada Tancred Bastion. No meio de seu agradável passeio, nosso protagonista descobre que a nave está sendo atacada por um culto da sombras, e sai lutando e quebrando tudo até conseguir fugir com a ajuda de uma oficial do Império dos Homens chamada Zola.

Ela nos leva para a hive city de Tertium, a bordo de uma base espacial chamada Mourningstar (grande nome, aliás) e nos oferece a chance de uma vida: arriscar nossas vidas inúteis e facilmente substituíveis em diversas missões para tentar manter a cidade funcionando, enfrentando toda sorte de cultos e aberrações, ou ir nadar sem capacete no mar de estrelas que é o espaço. Nada melhor, não é mesmo?

Daí a coisa se desenrola enquanto um dos líderes da base busca por um culpado, e vamos ganhando mais confiança. Não que mude tanta coisa, eu creio, pois ainda somos tratados com certa cautela independente de onde formos. O que, aliás, faz sentido dentro do universo 40,000. Uma coisa que não curti é que a trama não é apresentada de forma muito coesa, o que a torna difícil de entender e acompanhar. Em um título com um pano de fundo tão vasto, isso é uma grande pena. Ao que compreendi, pelo formato do jogo, a ideia era fazer como em Destiny ou The Division. Contudo, não sei se caiu tão bem aqui.

Warhammer 40,000: Darktide
Os cenários contam sua própria história. (Imagem: Divulgação)

Começamos Warhammer 40,000: Darktide criando nosso boneco ou boneca, com uma suíte até que bem interessante. Escolhemos coisas como o mundo que viemos, como foi nossa infância, qual momento definiu nossas vidas e o motivo de nossa prisão. Fisicamente, escolhemos a voz (que define como a personagem lida com o mundo em volta), rosto, cabelo e barba, muitas cicatrizes e tatuagens. Eu achei o máximo, pois além de estar firme dentro do que se espera de uma pessoa que vivem no Warhammer-verso, podemos nos conectar mais com a voz que ouvimos enquanto detonamos os hereges e mutantes de Tertium.

Após isso, escolhemos uma entre as quatro classes. Veteran, que foca armas de alcance longo, Zealot, de perto, Psyker, que possui alguns poderes mágicos e Ogryn, que é grandão e forte, mas lento. Elas tem uma boa diferença entre si, oferecendo maneiras muito diferentes de lidar com os perigos que enfrentamos nas missões. Por exemplo, um cara que jogue de Veteran vai querer evitar estar no meio da bagunça, por não ser muito durável. Já o Zealot, classe que usei mais que todas, é feliz rodando o braço no meio da galera.

Cada classe possui uma habilidade única que favorece se estilo de jogo, e a define. Por exemplo, o Zealot avança gritando para a frente e ganha dano extra. O Psyker, que acumula um recurso que é fatal se atingir 100%, pode liberar para se resfriar e lançar os inimigos ao chão. Outra coisa interessante é a barra de toughness, que serve como um escudo. Ela enche se estivermos perto dos aliados, ou batendo no mano a mano com os inimigos. Se ela quebrar, tomamos dano na vida e, se a vida acabar, perdemos uma das barras que temos. Se perdermos todas, morremos de vez.

Não posso reforçar como o gunplay de Warhammer 40,000: Darktide é gostosinho de jogar. As armas, sejam elas de contato ou distância, possuem um bom tranco, dando aquela sensação de força quando acertam o alvo. Além disso, todas tem um modo secundário de fogo que amplia a utilidade do arsenal. Tem uma espada que possui uma lâmina de motosserra, que pode ser ligada para executar alguns inimigos mais fracos. Nem preciso dizer como isso é maneiro, não é mesmo?

Warhammer 40,000: Darktide
Lá vem ele minha gente. (Imagem: Divulgação)

Warhammer 40,000: Darktide é um jogo naquele estilo horde, como disse, e tem o hábito de lançar ondas e mais ondas de inimigos em nossa direção. É nessa hora que ele brilha. O jogo não possui fogo amigo, então isso quer dizer que podemos usar todo nosso poderio bélico sem medo de ser feliz, o que acaba em combates emocionantes e divertidos demais.

Jogando com amigos, então? Melhor ainda. Juntando com as armas, seus modos, classes e habilidades, e temos uma boa receita para uma jogatina de qualidade. E precisamos usar tudo isso para nos dar bem, hein? O jogo não pega leve, e os diversos inimigos especiais obrigam o jogador a entender como funciona sua classe e como ela é compensada, e compensa, pelas forças das outras.

O jogo se passa em missões, que pegamos em um terminal que fica no Mourningstar. O processo é bem simples, selecionamos a missão e esperamos achar um grupo. Não tive muitos problemas, e das vezes que não achei seres humanos fui colocado com os bots. O que foi uma lástima, pois são bem básicos. Eles atiram e nos levantam, felizmente, mas ações como nos curar, pegar itens de missões primárias e secundárias, e outras coisas do tipo, estão além de suas capacidades.

O objetivo maior de Warhammer 40,000: Darktide é ficar fazendo e refazendo missões para subirmos de nível, vermos algumas coisas cortadas da trama, pegarmos armas melhores e, depois, enfrentar as mesmas missões nas dificuldades mais altas. Isso não é um problema grande nas primeiras horas, mas a busca incessante pelos itens de cores mais poderosas acabar por se tornar enfadonha um pouco para frente. Esse, creio eu, é um problema inerente aos jogos desse modelo e que pode ser aliviado conforme o tempo, e os patches, for passando.

Outro negativo é que, por conta disso, o jogo acaba repetindo muito suas missões que, por definição, possuem pouca variação em objetivos e coisas para fazer. Além disso, algumas delas são confusas e – mesmo sendo um linha reta, acredite se quiser – são fáceis de se perder. Mais de um grupo em que entrei debandou após ficar tentando entender o que deveria ser feito, que não foi bem explicado acredito, ou por não saber em qual dos N corredores iguais entrar.

Warhammer 40,000: Darktide
É na doideira que o jogo brilha. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Warhammer 40,000: Darktide possui visuais muito bons, com uma atmosfera bem maneira e, principalmente, uma atenção aos detalhes do universo 40,000. Seja pelas armas, pelos personagens ou pelos lugares que vamos, tudo pinta a cara do Imperium of Man com muito primor e sucesso. Eu fiquei realmente impressionado com algumas fases, e também pelos modelos dos inimigos que enfrentamos. Realmente, ficou chiquérrimo. Uma pena, apenas, que o layout das missões tenha ficado tão estranho.

A trilha sonora do jogo ficou muito boa, principalmente com as músicas que tocam enquanto a horda de inimigos vem correndo para cima da gente. Achei uma pena, só, que ela não é tão utilizada quanto poderia ser a meu ver. As vozes também ficaram muito boas, principalmente a do Psyker paranoico. Além disso, as interações entre os personagens na hora das missões também ficou um mimo.

Warhammer 40,000: Darktide
Se as paredes falassem… (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Warhammer 40,000: Darktide?

Warhammer 40,000: Darktide, leitores e leitoras. Será que vale a pena jogar? Gastar nosso tempo curto nessa bola azul no meio do espaço, e o papel moeda tão suado? Oras pois, venham comigo então. Como falamos, o jogo está bem divertido de jogar, com bons controles, um tchan na hora de atirar, classes que definem bem os estilos de jogo e um bom potencial cooperativo. Além disso, fãs do universo irão se sentir representados.

Do negativo, citamos que algumas fases são confusas, a estrutura das missões se repete com frequência e que o ciclo de jogo, após muitas horas, pode se tornar meio repetitivo. Além disso, a forma que a trama é passada não foi ideal, acredito, e tive um problema com certas partes dos mapas ficarem pretas e sem carregar. Contudo, esses pontos são muito comuns em jogos que seguem esse caminho, principalmente em seus primeiros anos. Ao menos pelo que pude observar.

Ao fim e ao cabo, meus queridos e queridas, temos duas perguntas. É fã de Warhammer 40,000 e jogos de tiro? Então, Warhammer 40,000: Darktide é parada obrigatória. Aprecia apenas o segundo? Bom, ainda assim diria que vale a pena conferir. Warhammer 40,000: Darktide não é perfeito, de fato, mas ele acerta o suficiente para valer a pena de se jogar ou, ao menos, acompanhar sua evolução conforme novas atualizações forem saindo. O game está disponível para PC, via Steam e Microsoft Store, bem como para Xbox Series X|S. Assinantes Game Pass jogam sem custo adicional.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Fatshark.

Warhammer 40,000: Darktide

+ R$ 89,95
8

História

7.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

8.5/10

Extras

7.5/10

Prós

  • Jogabilidade e mecânicas de tiro são uma beleza
  • Classes distintas favorecem varios estilos de jogo
  • Captura com maestria o estilo 40,000
  • Jogar com amigos é bem legal
  • Legendado em pt-br

Contras

  • Algumas missões são confusas, fazendo ficarmos perdidos ou sem saber o que fazer
  • Problemas de carregamento de textura
  • A forma que a trama é apresentada não fica legal
  • Estrutura das missões se repete muito, podendo deixar o jogo um pouco repetitivo
  • Os bots são bem limitados

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.