World War Z VR | Review
Imagine: hordas enormes zumbis (chamados de Zeke na franquia) surgindo de todos os lados, indo em sua direção. Esse é o tipo de cenário que World War Z VR, jogo da Saber Interactive disponível para Meta Quest 2, Quest 3 e Quest Pro, e SteamVR se propõe, transportando o universo já conhecido do livro, do cinema e do jogo original para a imersão total da realidade virtual. A ambientação é bem familiar a quem conhece a franquia: um surto global coloca a humanidade em risco, forçando os sobreviventes a resistirem em zonas seguras enquanto enfrentam ondas implacáveis de mortos-vivos.
Desta forma, a promessa do jogo é clara: ação intensa, armas pesadas e hordas cinematográficas. Mas será que a experiência entrega tudo o que promete? Confira nossa análise!
Jogabilidade: imersão na medida certa, mas com algumas limitações
World War Z VR é estruturado como boa parte dos shooters em primeira pessoa feitos para VR, focando na campanha solo. Logo no início, você escolhe seu operador, que conta com características específicas, ajusta vantagens e prepara seu arsenal. Durante a experiência do jogo, a sensação de manusear armas é bem satisfatória, com recargas fluidas e a possibilidade de alternar entre modos mais realistas ou simplificados. A movimentação, o inventário e a interação com o cenário são responsivos, mantendo um bom padrão técnico.
No entanto, a ausência de um modo cooperativo online é um ponto difícil de ignorar. Diferente da versão tradicional, aqui não há como contar com amigos para dividir o peso das missões. O jogador é acompanhado somente por dois companheiros de IA que, apesar de úteis em raros momentos, cometem uma série de erros desastrosos, como andar para dentro de nuvens tóxicas, travar o caminho durante os combates e até mesmo errarem inimigos que estão ao seu lado. Em um jogo com tantas hordas e desafios, a falta de trabalho em uma equipe real compromete a dinâmica, dificultando bastante a sobrevivência ou a conclusão dos objetivos.

E, nesta parte, World War Z VR acaba sendo extremamente frustrante, já que mesmo no nível médio, o jogo traz uma dificuldade considerável. Talvez o jogo seja balanceado futuramente, não sei. Mas, o que foi visto até então é uma experiência fluida, legal, mas muito complicada por conta da limitação dos nossos companheiros virtuais.
Milhares de zumbis na tela
Se há algo que World War Z VR consegue executar muito bem, é colocar uma infinidade de zumbis na nossa frente. As ondas são muito rápidas, numerosas e criam momentos dignos do filme, principalmente quando eles escalam uns sobre os outros para alcançar o jogador. As armas, desde espingardas a torres montadas, transmitem impacto e poder, garantindo um combate visceral. Mas nem tudo é perfeito aqui.
Jogando sozinho, confesso ter ficado com a péssima sensação de estar sobrecarregado, algo constante, sobretudo ao encarar as desafiadoras hordas. Algumas áreas exigem controle preciso do campo de batalha e uso inteligente de recursos como arame farpado ou metralhadoras fixas, mas isso não é tão simples quanto parece. Infelizmente, tal como citado anteriormente, a IA não acompanha o nosso ritmo, nos forçando a ter que carregar o peso inteiro da defesa, o que pode transformar trechos intensos em situações tenebrosas como o fracasso ao assegurar um objetivo.

Missões e progressão
As fases presentes em World War Z VR seguem um formato relativamente previsível, mas funcional: nele, temos de avançar pelo cenário, completar objetivos simples (como apertar botões, acionar alavancas ou coletar itens) e enfrentar hordas em pontos-chave, talvez o ponto mais previsível da aventura. Apesar de haver variedade de armas e alguns desbloqueáveis, a repetição de padrões reduz a sensação de novidade após algumas horas, sendo o grande diferencial, para o bem ou para o mal, as experiências vividas em cada partida.
Os cenários, que incluem desde ruas de Nova York a locais em Hong Kong, funcionam bem dentro da proposta caótica apresentada, mas sofrem com iluminação excessivamente escura em certos trechos, dificultando a visibilidade mesmo após ajustes de brilho e contraste. Em VR, isso afeta diretamente a experiência, já que é fácil se perder ou ter dificuldades para localizar inimigos e recursos. Isso sem contar com a repetição de inimigos e os gráficos limitados da versão para Meta Quest 2. Misturando isso, a experiência acaba não sendo tão bonita, embora a imersão esteja lá. Inclusive, a mira das armas em World War Z VR funciona incrivelmente bem, algo bem realista, se é que posso considerar isso.

Questões mais técnicas
No Meta Quest 2, plataforma em que World War Z VR foi testado por mim, o jogo mantém o desempenho bem estável e controles bem implementados, ainda que as animações de zumbis sejam por vezes robóticas e artificiais. Apesar de polido na parte de interação e responsividade, alguns detalhes estranham, como a impossibilidade de recarregar espingardas manualmente ou a sobreposição pouco natural de elementos na recarga dos armamentos. São pequenos deslizes que, embora não inviabilizem o jogo, tiram uma parte da imersão.
Além disso, preciso mencionar que as telas de carregamento acabem sendo repetitivas e um pouco demoradas, algo que também diz respeito às limitações da plataforma e a um trabalho meio que “mal otimizado” dos desenvolvedores. É claro, isso é um detalhe e alguns jogos também contam com isso. Felizmente, durante os combates, o jogo não apresenta travamentos ou quaisquer problemas de desempenho. Com isso, conseguimos ter um maior controle dos diferentes inimigos, que continuam surgindo esporadicamente no decorrer das missões. Se você ficar parado, por exemplo, pode ter certeza que um zumbi vai te surpreender!

Vale a pena jogar World War Z VR?
De certa forma, World War Z VR é um título que cumpre quase tudo o que promete no quesito ação contra hordas e entrega alguns momentos de pura adrenalina, especialmente para quem quer simplesmente atirar sem parar em centenas de inimigos. A ambientação, o armamento e a escala das batalhas impressionam, mas a falta de multiplayer online pesa bastante na experiência de jogo, deixando a campanha single player mais solitária e difícil do que deveria. Isso fica ainda pior pela limitação técnica das duas IAs parceiras, que mais atrapalham do que auxiliam na hora de lidar com os ataques em horda, a parte mais importante e difícil do jogo.
Para quem busca um shooter de zumbis em VR e não se importa muito em enfrentar o apocalipse praticamente sozinho, já que as IAs pouco ajudam, World War Z VR traz, sim, uma boa camada de diversão. Porém, acredito que o modo mais fácil acaba sendo um pouco menos frustrante do que os outros, tamanha a dificuldade apresentada ao longo das missões. No entanto, preciso mencionar que, para aqueles que esperavam reviver o espírito cooperativo do título original, o World War Z VR infelizmente pode deixar a sensação de que está faltando um pedaço importante, que é a parceira multijogador, que traria uma dinâmica bem bacana para a realidade virtual.
*Review feita em um Meta Quest 2, com código fornecido pela Saber Interactive.
World War Z VR
R$ 74,90Prós
- Imersão em um mundo apocalíptico funciona muito bem
- O controle das armas e apetrechos é muito bem executado
- Jogo apresenta bom desempenho, sem travamentos
Contras
- A inteligência artificial do jogo é terrível
- Por conta dos parceiros da IA serem limitados, a dificuldade aumenta absurdamente nos ataques das hordas
- Os zumbis se movem de maneira muito robotizada
- Falta um modo de jogo cooperativo online


