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7 filmes para ver antes de jogar Ghost of Tsushima

A equipe da Sucker Punch, responsável por Ghost of Tsushima, já mostrou em diversos trailers e materiais de divulgação a importância do cinema de Akira Kurosawa. O premiado diretor japonês dirigiu trinta filmes em seus cinquenta anos de carreira, sendo um dos cineastas mais importantes do Japão e da história do cinema mundial. Suas obras influenciaram diretores como George Lucas (Star Wars), Sergio Leone (Por um Punhado de Dólares) e vários outros. E, enquanto o título não é lançado, criamos uma seleção especial com alguns filmes do renomado diretor japonês que podem ter influenciado o jogo de diversas maneiras, como citado acima. Sendo assim, pegue sua pipoca e se prepare para a nossa lista especial com 7 filmes para ver antes de jogar Ghost of Tsushima!

A conta é simples: se você começar hoje, dia 10 de outubro, dá para ver um por dia até o lançamento do jogo, marcado no dia 17. Mas, antes de começar, precisamos explicar algumas coisas…

7 filmes para ver antes de jogar Ghost of Tsushima
A fotografia do jogo é incrível. (Imagem: Divulgação)

As influências da equipe para Ghost of Tsushima

Segundo entrevista ao JovemNerd, Billy Harper, diretor de animação da Sucker Punch, fala que as maiores inspirações da equipe de criação vieram do cinema, sobretudo das obras de Kurosawa:

“O estilo de Kurosawa é mais próximo do nosso, mas também gostamos do estilo único de ‘13 Assassinos’, porque conta a história de samurais que precisavam evoluir para lutar de uma forma diferente. Então é uma mistura.”

Billy Harper, diretor de animação da Sucker Punch.

Além disso, o diretor de animação enfatizou que o estilo de fotografia e de narrativa são bem peculiares em filmes japoneses sobre samurais. Ou seja, é algo bem distinto do que é observado nas narrativas ocidentais. Portanto, isso exigiu uma adaptação da equipe na hora de reproduzir alguns elementos:

“Uma das grandes coisas com a qual nós precisávamos aprender a ficar confortáveis foi a importância e o peso de elementos como tensão, momentos com câmera parada, o espaço e coisas deste tipo.”

Billy Harper, diretor de animação da Sucker Punch.

Já Nate Fox, diretor criativo do jogo, falou em entrevista para a Entertainment Weekly como a obra de Kurosawa influenciou no desenvolvimento de Ghost of Tsushima e, para isso, citou algumas obras do autor:

“Acho que uma [das influências] mais evidentes é o filme Sanjuro. É um filme que mostra, bem em seu final, um duelo entre dois samurais. A tensão que esses dois guerreiros têm, eles esperam pelo outro dar o primeiro movimento, e um deles acaba morto depois de um único ataque de espada. Nós tentamos adaptar isso diretamente para os duelos em nosso jogo. Os samurais nesse filme têm uma dignidade e um coração que realmente nos esforçamos para capturar.”

Nate Fox, diretor criativo de Ghost of Tsushima.

Fox também cita o filme Os Sete Samurais, dizendo ser ele o ponto de inspiração para definir o conceito de samurai utilizado no jogo. Para ele, “os samurais nesse filme têm a dignidade e o espírito que nós nos esforçamos em absorver”.

Vale ressaltar que o jogo oferece uma câmera especial com efeitos de filme em preto e branco intitulada “Kurosawa Mode”. A homenagem foi mostrada na edição do State of Play de maio, que foi focada exclusivamente no título. Essa câmera não é apenas um filtro, sendo elaborada através de algumas pesquisas sobre as curvas que podem ter existido no tipo de filme utilizado pelo diretor.

7 filmes para ver antes de jogar Ghost of Tsushima
O “Modo Kurosawa” é mais do que um filtro preto e branco. Imagem: Divulgação

Yojimbo (O Guarda-Costas)

O filme rodado em 1961 traz uma trilha sonora assinada por Masaru Satō e a direção de fotografia de Kazuo Miyagawa. A história se passa no ano de 1860, onde o ronin (samurai que não segue a um mestre) chega a uma cidade que sofre com uma guerra entre duas gangues.

O filme apresenta o icônico personagem Kuwabatake Sanjuro, interpretado por Toshirō Mifune, que se aproveita de sua esperteza para adquirir dinheiro e, ao mesmo tempo, salvar a cidade de ambas as gangues. Para isso, ele se alterna ao associar-se aos dois grupos, os manipulando e tirando proveito da situação, sobretudo por sua habilidade com a katana. Assim, a trama se desenrola através das ações do protagonista e o despreparo dos dois grupos, sendo um filme satírico e repleto de lutas.

Tsubaki Sanjûrô (Sanjuro)

Sanjuro é um filme japonês em preto-e-branco de 1962, estrelado pelo genial Toshiro Mifune. É uma sequência do Yojimbo. Seguindo a linha fanfarrão, o do personagem apresentado no filme anterior, ele conta a história de um grupo de jovens samurais que acreditam que o lorde Mutsuta é corrupto. Sendo assim, um deles denuncia ao superintendente e ele concorda em intervir. No entanto, quando o grupo se encontra secretamente para discutir a situação em um santuário, Sanjuro surge de surpresa e os adverte a não confiarem no superintendente.

Mesmo sendo inicialmente desacreditado pelo grupo, ele os salva de uma emboscada. Mas quando o socorrista está prestes a sair, eles percebem que Mutsuta e seus familiares devem estar em perigo, o que o faz ficar e ajudar aos jovens samurais. Com seu estilo canastrão, o personagem principal consegue resolver os problemas encontrados e salva a todos. Porém, no fim, Sanjuro reluta em lutar contra Hanbei, que está indignado com sua perda de dignidade, que só poderá ser salva ao matar Sanjuro, apresentando um impasse entre katanas incrível (sobretudo para a época).

Ran (Os Senhores da Guerra)

É um filme franco-japonês de 1985, do gênero drama de guerra, com roteiro baseado na peça Rei Lear, de William Shakespeare. A trama shakespeariana é remontada no Japão do século XVI, onde o senhor feudal Hidetora, patriarca do clã Ichimonji, decide dividir seu reino entre os três filhos: Taro, Jiro e Saburo. No entanto, conforme a tradição, o filho mais velho é favorecido, causando uma crise nas relações familiares, que, segundo a sociedade japonesa, são formais especialmente junto à nobreza.

Porém Saburo contraria os desejos do patriarca, criticando seu plano, o lembrando da maneira como conquistou seus domínios, chamando-o de “velho tolo” por acreditar que seus filhos manteriam lealdade a ele. Indignado, Hidetora bane Saburo e também Tango, seu servo mais fiel, que tenta persuadi-lo do erro que está cometendo. Contudo, o servo não obtém sucesso. A partir disso, Hidetora segue com seus planos e vê sua família ruir enquanto seus filhos lutam entre si. Assim, ao ver o massacre que provocou, Hidetora enlouquece e vaga pelas ruínas como um fantasma, juntamente de Tango e Kiyoami, o Bobo. Por fim, diante de uma trama intensa de guerras e loucura, Hidetora se reconcilia com Saburo, mas ambos acabam falecendo quando faziam planos para viver pacificamente.

Shichinin no samurai (Os Sete Samurais)

Os Sete Samurais, um dos maiores clássicos de Kurosawa, foi rodado em 1954, rendendo ao diretor o Leão de Prata do Festival de Veneza no mesmo ano. A história transcorre no Japão feudal do século XVI, em uma pequena aldeia que sofre com constantes ataques. Seus moradores decidem buscar ajuda e encontram o velho samurai Kambei, que aceita defendê-la.

Contudo, para que a defesa da aldeia tenha sucesso, ele precisa reunir mais seis samurais, que treinam a a população para resistir aos inimigos. Mas a trama se desenrola em mais de 3 horas de filme, colocando o espectador no meio das ações e das batalhas de uma maneira surpreendentemente incrível. Os combates do filme são interessantes e a reflexão final mostra que a vitória não é para todos. Kikuchiyo, um dos samurais, merece destaque especial, sobretudo por mais uma atuação incrível de Mifune, presente em diversos filmes do diretor japonês. O personagem em questão também é filho de moradores que sofreram nas mãos de saqueadores, e isso traz uma carga emocional muito forte ao excêntrico samurai.

Rashōmon (Às Portas do Inferno)

Esse não é um filme de samurai, mas traz um enredo incrível que pode ter influenciado em alguns pontos a narrativa de Ghost of Tsushima. Filmado em 1950, seu roteiro é assinado por Shinobu Hashimoto e pelo próprio Kurosawa, que o baseiam em dois contos de Ryūnosuke Akutagawa, “Rashomon” e “Yabu no Naka”. Estrelado por Toshirō Mifune, Machiko Kyō e Masayuki Mori, o filme se passa no Japão do século XI, onde um um lenhador, um camponês e um sacerdote discutem sobre um julgamento no qual o sacerdote havia sido testemunha.

O julgamento se trata de um caso onde um bandido estuprara uma mulher e assassina o marido dela. A partir disso, o filme segue uma estrutura narrativa não convencional. Sendo assim, ela sugere aos espectadores a impossibilidade de se obter a verdade sobre um acontecimento quando há diferentes de pontos de vista. Tanto na língua inglesa como em outras línguas, Rashomon se tornou um termo para qualquer situação onde a veracidade de um evento é difícil de ser verificada por contar com julgamentos conflitantes vindos de diferentes testemunhas.

Kumonosu-jō (Trono Manchado de Sangue)

Kumonosu-jō, literalmente “Castelo Teia de Aranha” é um filme de 1957, que transpôs a obra Macbeth, de William Shakespeare, para o Período Sengoku. O filme foi considerado pelo crítico literário Harold Bloom, como a melhor adaptação cinematográfica da obra de Shakespeare.

A trama se passa no Japão do século XVI, onde as guerras civis movimentam a ilha. Os samurais-generais Washizu Taketori (Toshirō Mifune) e Miki (Minoru Chiaki), voltam aos seus domínios após uma longa batalha vitoriosa que é narrada logo no início do filme. Porém, no caminho, um misterioso ser profetiza futuro de Washizu, alegando que o guerreiro se converterá no Senhor do Castelo do Norte. Assim, a partir deste fato o general, influenciado por sua esposa, se vê em meio a uma trágica e sangrenta luta pelo poder.

Kagemusha (A Sombra de um Samurai)

A Sombra de um Samurai é um filme japonês de 1980, do gênero drama de guerra. Sua trama se passa durante o Período Sengoku, onde guerras civis aconteciam por todo o Japão, onde os líderes desejavam conquistar Quioto. Entre eles estão: Shingen Takeda, Nobunaga Oda e Ieyasu Tokugawa.

Em 1572, Shingen parte em direção a Quioto. Porém Nobunaga e Ieyasu unem esforços para impedi-lo. Shingen aproxima-se demais do campo inimigo e é alvejado por um atirador. Gravemente ferido, ele ordena aos seus conselheiros que, se ele morrer, que a sua morte seja ocultada a todos durante três anos. Sendo assim, inúmeros boatos sobre sua morte surgem, mas um sósia assume seu lugar sem ninguém perceber. Assim, ele cria respeito no clã Takeda, mantendo os inimigos, que acreditam que ele está vivo, bem distantes.

Extra: Mifune: The Last Samurai (Mifune: O Último Samurai)

Por último, um extra fechando nossa lista de 7 filmes para ver antes de jogar Ghost of Tsushima. O documentário biográfico também conhecido como Mifune, dirigido por Steven Okazaki em 2015, merece ser citado. O documentário narra a vida do lendário Toshiro Mifune, ator e estrela internacional, conhecido por estar presente em 16 filmes de Kurosawa.

No entanto, sua carreira vai além, fazendo ao todo 130 filmes e sendo premiado por 60 deles. Além disso, juntamente de Kobayashi Masaki, outro grande cineasta japonês, fez em 1967 o filme Joi-uchi (Rebelião). Presente também em produções internacionais, Mifune participou de filmes como Tora! Tora! Tora!, em 1969, Grand Prix, de 1966, e Hell in The Pacific (Inferno no Pacifico) em 1968. O ator estrelou também Shogun, série americana para TV em 1980. Por fim, o ator faleceu em Tóquio, em 24 de dezembro de 1997.

Ghost of Tsushima está em pré-venda por R$ 228,00 com 20% de desconto, e será lançado no dia 17 de julho, exclusivamente para PlayStation 4.

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.