The Lara Croft Collection | Review
Lara Croft, a lendária exploradora de tumbas dos videogames, enfim, fez sua estreia no Nintendo Switch. Mais de seis anos após o lançamento do console, finalmente um jogo com o selo da personagem chega à família de consoles com a coletânea The Lara Croft Collection, disponibilizada no fim de junho. Composta por Lara Croft and the Temple of Osiris, que chegou em 2010, e Lara Croft and the Guardian of Light, de 2014, a coleção traz dois jogos muito elogiados em seus lançamentos originais, mas em uma perspectiva completamente diferente daquela vista na mais recente trilogia Tomb Raider.
Quer saber o que achei da Lara explorando vastas selvas e as profundezas das tumbas egípcias e astecas, encarando quebra-cabeças intrigantes e hordas de inimigos sobrenaturais? A resposta eu te trago agora, em mais uma review do Pizza Fria!
Conhecendo a coletânea
Como disse acima, The Lara Croft Collection é uma coletânea inédita lançada para Nintendo Switch, que contém dois jogos “clássicos” da heroína: Lara Croft and the Guardian of Light e Lara Croft and the Temple of Osiris. O primeiro atingiu 85 no Metacritic, enquanto o segundo ficou com média de 74, ambos em suas melhroes versões. E, como Temple of Osiris é uma sequência direta de Guardian of Light, os jogos compartilham várias semelhanças em termos de design, mecânica de jogo e conceitos. Aqui estão alguns dos principais pontos em comum:
- Perspectiva isométrica: Ambos os jogos apresentam uma perspectiva isométrica, um desvio significativo dos jogos tradicionais de Tomb Raider em terceira pessoa. Isso dá aos jogos uma sensação mais de arcade e permite um foco mais amplo nos quebra-cabeças e no design dos níveis.
- Foco em puzzles: A mecânica central de ambos os jogos é a resolução de quebra-cabeças, muitas vezes envolvendo a manipulação do ambiente e a utilização de habilidades específicas dos personagens. Os quebra-cabeças são projetados para serem desafiadores e muitas vezes necessitam de cooperação e experimentação para serem resolvidos.
- Gameplay cooperativa: Ambos os jogos são projetados para serem jogados cooperativamente. Em The Guardian of Light, os jogadores podem se juntar a um amigo para jogar como Lara e Totec. Em The Temple of Osiris, o jogo pode ser jogado com até quatro jogadores, controlando Lara, Carter, Ísis e Hórus. O jogo é ajustado para acomodar o número de jogadores presentes, alterando os quebra-cabeças e desafios para se adequar ao grupo.
- Ambientes exóticos: Tanto em The Guardian of Light quanto em The Temple of Osiris, os jogadores são levados a locais exóticos e misteriosos. No primeiro, Lara explora selvas densas e ruínas astecas, enquanto no segundo, ela se aventure nas tumbas egípcias e pirâmides antigas.
- Sistema de combate: Ambos os jogos apresentam um sistema de combate que envolve uma variedade de armas e equipamentos. Os jogadores podem personalizar seu arsenal, experimentando diferentes combinações para combater os inimigos que encontram.
- História leve: Embora ambos os jogos apresentem histórias centradas em mitologias antigas (asteca em The Guardian of Light e egípcia em The Temple of Osiris), a narrativa em ambos é bastante leve, servindo mais como um pano de fundo para a ação e os quebra-cabeças do que como um foco principal do jogo.
No geral, enquanto cada jogo tem suas próprias características distintas e se destaca de maneira única, ambos compartilham uma base comum que respeita a marca Lara Croft e fornece aos jogadores uma experiência de jogo divertida e recompensadora. Vamos falar individualmente de cada um deles agora.
Lara Croft and the Guardian of Light
Lara Croft and the Guardian of Light foi o primeiro lançamento que faz parte da coletânea, e trouxe uma nova perspectiva para Lara Croft. A história do jogo é projetada mais como um pano de fundo para os confrontos e armadilhas que Lara deve enfrentar. Lara descobre um antigo espelho na América do Sul que libera um demônio maligno, e o Guardião da Luz, Totec, desperta para ajudar Lara a salvar a humanidade. A história e o diálogo são certamente os aspectos mais fracos do jogo, com um humor mal colocado e diálogos banais – e ainda sem localização em português.
No entanto, o gameplay de Lara Croft and the Guardian of Light é satisfatório. O jogo utiliza uma perspectiva aérea, onde você controla Lara (ou Totec, no modo cooperativo) com o direcional e mira com o analógico, proporcionando um gameplay fluido e ágil. Além disso, o jogo permite aos jogadores customizarem seus personagens com quatro armas ao mesmo tempo, incentivando a experimentação com diferentes combinações de equipamentos.
Os puzzles são o ponto chave, já que são bem engenhosos e requerem a cooperação de ambos os personagens, que possuem habilidades diferentes. Os quebra-cabeças evoluem ao longo do jogo, de simples exercícios a elaborados enigmas que incentivam a cooperação e a resolução de problemas em conjunto. Lara Croft and the Guardian of Light se manteve divertido mesmo quando jogado solo, adaptando os quebra-cabeças para que possam ser resolvidos por um único jogador.
No quesito visual, tenha em mente que Lara Croft and the Guardian of Light é um jogo de 2010. Mesmo assim, rodando no Switch, com um hardware de 2017, é de se considerar que o game oferece um visual bem atrativo, com ambientes detalhados, com muita verticalidade, permitindo que os jogadores vejam novas áreas ou revisitam as já exploradas ao longe. Além disso, muitos objetos são destrutíveis e parecem ótimos ao explodir. No entanto, a detecção de colisão durante algumas lutas contra chefes pode ser um pouco falha, o que às vezes pode interromper a imersão no mundo criado pela Crystal Dynamics.
Por fim, Lara Croft and the Guardian of Light faz jus a sua média de 85 pontos, sendo uma excelente aventura, seja jogando cooperativamente ou solo. Com um visual renovado e puzzles inteligentes, nem mesmo a história meio banal é capaz de estragar a experiência, afinal, ela é totalmente focada no gameplay.
Lara Croft and the Temple of Osiris
Lara Croft and the Temple of Osiris dá sequência à Guardian of Light, desta vez, levando a arqueóloga britânica mais famosa pelas Pirâmides do Egito. A narrativa envolve a descoberta de um local sagrado dedicado a Osíris, um deus traído por Seth, uma entidade maligna na mitologia egípcia. Lara e seu rival, Cartel Bell, despertam Seth e são aprisionados nos monumentos sagrados, enquanto o vilão ganha tempo para acumular poder. A missão de Lara é coletar as relíquias de Osíris para ressuscitá-lo e, assim, impedir que Seth destrua o mundo. Essa história é mais emocionante e interessante, cheia de referências mitológicas, mas também não é muito aprofundada. O foco, claramente, também não é a narrativa.
Em termos de gameplay, Lara Croft and the Temple of Osiris segue a premissa do anterior, misturando resolução de quebra-cabeças e momentos pontuais de combate, com Lara usando uma variedade de armas para combater criaturas mitológicas. Com até quatro jogadores podendo jogar de forma cooperativa (somente offline), os quebra-cabeças aumentam de escala conforme o tamanho do grupo. O sistema de combate é um ponto positivo, mas a câmera nem sempre acompanha o número de jogadores na tela. O game ainda oferece um sistema de looting que permite ao jogador usar pedras preciosas adquiridas durante o jogo para abrir baús cheios de itens mágicos.
No âmbito audiovisual, Lara Croft and the Temple of Osiris é um jogo caprichado, com cenários ricos e mais detalhes que o antecessor. Ele ainda conta com legendas em português do Brasil, o que ajuda a aumentar a imersão e a compreensão da narrativa.
Vale a pena comprar The Lara Croft Collection?
Ao analisar a coletânea The Lara Croft Collection, é claro que tanto Lara Croft and the Guardian of Light quanto Lara Croft and the Temple of Osiris trazem algo único para o Nintendo Switch. Ambos os jogos foram bem-sucedidos em levar a personagem icônica em um gameplay mais arcade, enquanto mantêm a essência de exploração, resolução de puzzles e ação que definem a franquia Tomb Raider. A perspectiva isométrica e a jogabilidade cooperativa proporcionam uma experiência distinta dos títulos tradicionais da série. Além disso, cada jogo apresenta sua própria ambientação exótica, história mítica e variedade de quebra-cabeças e desafios.
É verdade que a ausência de uma narrativa mais profunda é um ponto que poderia ser melhorado. Mas se considerarmos outros elementos de gameplay, ou mesmo que o foco de ambos os jogos não é a história, é possível se divertir bastante com The Lara Croft Collection. Se você ainda não conhece os jogos, e é um fã da franquia, pode ser um bom jogo para se ter no Switch, em especial se considerarmos a portabilidade para jogatinas mais curtas.
The Lara Croft Collection está disponível exclusivamente para Nintendo Switch por R$ 59,99. Lara Croft and the Guardian of Light pode ser jogado no PC, via Steam, PlayStation 3 e Xbox 360, enquanto Lara Croft and the Temple of Osiris chegou para PC, via Steam, PlayStation 4 e Xbox One.
*Review elaborada com código fornecido pela Feral Interactive.