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MONARK | Review

MONARK é um jogo no no estilo JRPG, com combate em turnos, desenvolvido pela FURYU Corporation e publicado pela NIS America para PC, via Steam, PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch. Nele, somos colocados no meio de um evento cataclísmico que acometeu a academia Shin Mikado. Uma névoa estranha se espalha pelas redondezas, alunos enlouquecem aos poucos e estranhos telefonemas deixam todos desesperados. Será que vale nosso tempo e suado diñero? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!

Hê! Hê! Hê! Fumacê!

Ah, leitor! Que bom vê-lo por aqui! Como conseguiu entrar? Eu troquei a fechadura recentemente! Ah, não importa. Enquanto mando uma mensagem, escondido, para a os homens da lei sente-se nessa cadeira e escute. Temos um novo jogo na praça! Ele me interessou bastante pela estética, som e por certas memórias que me trouxe.

Agora veja, que engraçado. Fui a um evento recentemente, de graduados de minha antiga escola fundamental. Aquela boa e velha festa de comemoração dos trocentos anos de formado. Enquanto me divertia comentando sobre as diferentes dores e estalos que tenho no corpo, posso jurar que uma névoa se aproximou de mim e deixou um código cair em meu colo, com o seguinte sussurro em meus ouvidos: MONARK.

Ou eu estava completamente alucinado pelo consumo excessivo de canapés, ou alguma entidade desejou que eu falasse desse jogo. Ora, não importa agora. Afinal, joguei e irei contar tudo para vocês. Uma coisa antes, no entanto. Ele me lembra muito Persona, Deus abençoe, e farei comparações constantemente. Para não deixar o texto chato, e passar aos editores a ilusão de que sou minimamente culto, usarei o nome de um livro de nossa bela literatura sempre que falar de minha franquia querida. Combinado?

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Jogo literário, valendo! (Imagem: Divulgação)

Vamos à história, então. MONARK conta as peripécias de “insira seu nome aqui”, protagonista destemido e ousado da vez. Para facilitar nossa comunicação, vamos chamá-lo de bacanas. Como todo bom herói de JRPG, ele começa o jogo completamente perdido, sem rumo e sem memória. Clássico, não é mesmo? Além disso sua escola, Shin Mikado, está tomada por uma névoa totalmente segura e saudável.

Só que não, infelizmente. Existe algo na névoa que causa loucura em qualquer um que ande por ela, além de fazer com que monstros surjam e estranhos telefonemas sejam feitos para os alunos. Essa ideia, inclusive, é bem costurada na jogabilidade de MONARK . Explorar a névoa aumenta o nível de MAD (quase que uma sanidade) de nossos heróis, e usamos essas mesmas chamadas estranhas para iniciar o combate.

O resto da trama se passa com nosso herói indo atrás dos Pactbearers, outros alunos que fizeram pactos com seres da névoa e que devem ser derrotados para que as coisas voltem a funcionar normalmente. Compreendem porque disse que me lembrava muito Dom Casmurro? Além disso, MONARK também usa e abusa de temas psicológicos para criar seu universo. Contudo, enquanto o Auto da Compadecida puxa mais para a teoria Jungiana, aqui temos uma pegada mais Freud.

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Os personagens são interessantes, no entanto. (Imagem: Divulgação)

A teoria freudiana, aliás, é utilizada para basear o sistema de habilidades e evolução de nosso protagonista e seu grupo de desajustados. Diferente do que vemos em Dom Casmurro, MONARK chama o poder do personagem de Ego. Ele é composto por vários componentes, como orgulho e luxúria por exemplo, que são aprimorados conforme vencemos batalhas.

Além disso, nosso ego permite que possamos controlar constructos (que podem ser totalmente customizados) para nos ajudar na hora daquela “trocação” de tapas intensa. Isso é bem legal, e dá mais uma camada de profundidade ao que podemos fazer com nosso time. O combate é no bom e velho estilo tático. Cada um de nossos bonecos se move, dentro de uma área, realiza uma ação e depois passa para o oponente. E assim por diante.

Não é nada de novo, mas achei interessante a forma com que MONARK explora as habilidades dos personagens. Por exemplo, nosso destemido herói pode utilizar habilidades chamadas resonance, que fazem com que ele se ligue a um inimigo ou aliado. Nesse estado, todo buff ou debuff é compartilhado entre as duas partes. É uma mecânica diferente, e nos dá uma ferramenta poderosa para virar a mesa para cima daqueles demônios chatos que insistem em nos envenenar ou colocar para dormir.

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O personagem e seus constructos. (Imagem: Divulgação)

Por fim, ainda falando de combate, temos a barra MAD e Awake. A primeira significa o quão louco o personagem está ficando, e causam uma perda de controle total ao chegar no máximo. A segunda, quando cheia, dá um aumento considerável de poder. Deixe as duas no talo e o personagem fica totalmente excelente, forte e com uso irrestrito de habilidades. É simples, mas gostei da mecânica. Ela trabalha a ideia de risco x benefício, e também dá uma virada boa na monotonia das tretas.

Agora, falemos da segunda face de MONARK. Quando não estamos tretando, somos incubidos da tarefa de explorar as áreas tomadas pela névoa. Elas estão cheias de alunos que perderam o senso e, se demorarmos muito, acabaremos perdendo o nosso também. Além disso, recebemos terríveis telefonemas de telemarketing que podem iniciar combates com inimigos fortíssimos. Terrível, não é mesmo?

Mas, admito, a exploração não é das melhores. Exploramos espaços pequenos e parecidos um com os outros. E, pior ainda: diferente de Grande Sertão: Veredas, o combate não é aleatório. Não somos atacados por inimigos por simplismente andar. Não senhoria, temos de pegar nossos telefones, ligar para um número e, só então, sair no tapa. Isso é um processo chato, e piorado pelo fato de que precisamos de níveis para peitar chefes mais fortes da história.

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Enquanto exploramos podemos responder a testes que evoluem nosso Ego. (Imagem: Divulgação)

Sons e visuais

Nesse ponto, MONARK brilha intensamente. Ainda que o jogo, superficialmente, lembrei Capitães da Areia, ele tem um estilo próprio suficiente para se destacar. Os inimigos padrão nem tanto, na verdade. Mas os chefes, protagonistas e todo elenco de apoio estão de parabéns. Além disso, os heróis possuem um equipamento que evolui conforme seus egos desenvolvem, e esses são muito bem feitos também. Curti.

A trilha sonora, então, é o que merece uma salva de palmas. Achei todas as músicas excelentes, as vozes bem trabalhadas e os sons de combate legais e com impacto. O que mais me maravilhou, aqui, foram as com letras e voz. Algumas delas entraram para minha lista de músicas, e recomendo para todos que curtam JRock e afins. Ouçam essa:

Vale a pena comprar MONARK?

Ora ora, caro leitor ou leitora. É chegada a hora. Pegue seu caderninho e vamos rever alguns dos pontos que levantei. MONARK é um RPG japonês, muito inspirado por Vidas Secas, que conta com um sistema de combate muito bom, uma customização de construtos interessantes, uma trama divertida e uma trilha sonora pauleira, com músicas cativantes e gostosas de ouvir.

O fato da exploração ser repetitiva, e termos que ligar toda hora que quisermos lutar, é um pouco chato. Torna certas partes do jogo mais longas e maçantes do que deveria. Mas, vale a pena para botar a história para rolar. O tema do ego, e as tribulações do elenco, fazem esses pequenos calvários valerem a pena toda essa enrolação.

Ao fim e ao cabo, MONARK é um RPG bem divertido. Fãs de a Hora da Estrela irão se sentir familiarizados com a temática e visual, e novatos ao estilo vão encontrar uma trama cativante com um combate satisfatório. Ainda que eu tenha ficado um pouco entediado em alguns momentos, acredito que o saldo de MONARK tenha sido positivo. Recomendo.

*Review elaborada em um PlayStation 4, com código fornecido pela NIS America.

MONARK

R$ 179,99
8.8

História

9.0/10

Jogabilidade

8.0/10

Sons e Visuais

9.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Trama interessante, envolvendo conceitos freudianos
  • Combate divertido, com habilidades bem pensadas
  • Trilha sonora arretada

Contras

  • Exploração simples e repetitiva
  • Combates apenas por telefone. Tão anos 90.

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.